13/02/2021

Crítica do filme: 'Ponto Vermelho'


Se você fosse o mar, eu seria uma onda. Em seu segundo longa-metragem como diretor, o cineasta nascido em Lund (Suécia) Alain Darborg traz para o público um thriller muito bem amarrado em um drama conjugal onde o castelo de cartas construído se descontrói em instantes quando um plot twist inesperado surge. Disponível na Netflix, o projeto sueco traça um pequeno raio-x sobre as linhas nada amistosas entre os provocados e os provocadores dentro de um doentio jogo mortal.

Na trama, conhecemos o casal Nadja (Nanna Blondell) e David (Anastasios Soulis), a primeira tem o sonho de ser médica, o segundo é um recém-formado engenheiro. Nos arcos iniciais, a um pequeno vai e vem na linha temporal para entendermos um pouco sobre como o casal já enfrenta várias fases boas e ruins ao longo desse relacionamento. Certo dia, após uma terrível semana com uma série de discussões entre os dois, David surpreende a amada com um plano de mini-férias com direito a caminhar nas montanhas e acampar sob a aurora boreal. Nadja está grávida e ainda busca coragem para conversar sobre isso com David. Chegando até o local, o casal não imaginava que seria alvo de um grupo ou alguém que não quer que eles deixem o lugar com vida.


O mérito da direção é buscar conseguir transmitir além das incertezas, até mesmo alucinações, por imagens e ações todo o caos emocional que surge para a dupla de protagonistas. Mesmo com o início construtivo para entendermos melhor a forte relação que possui o casal, quando vira-se a chave para thriller tudo fica um pouco confuso, até alguns fragmentos de flashbacks que não indicam muita coisa. A parte essencial para entendermos os porquês que surgem lá na frente, vem do início de relacionamento deles, após o pedido de David e num instante seguinte morando juntos, no que vira um conturbado e cheio de desilusões aos montes onde logo início o noivado vai de mal a pior. Mas porquê isso? Só por causa do relacionamento que esfriou ou tem mais alguma coisa? Um fato inusitado é que eles moram ao lado de um cinema, talvez alguma licença cinéfila dos roteiristas.


O roteiro é mais fácil de ser analisado quando chegamos ao final e poucas peças ficam sobrando no tabuleiro. A força em cena dos atores é fundamental para nos chocarmos com as revelações que ocorrem no decorrer do projeto. Se fosse pra definir o filme em poucas palavras, diria assim:  Um forte clima de tensão na neve, onde nada é o que parece.