Se você fosse o mar, eu seria uma onda. Em seu segundo longa-metragem como diretor, o cineasta nascido em Lund (Suécia) Alain Darborg traz para o público um thriller muito bem amarrado em um drama conjugal onde o castelo de cartas construído se descontrói em instantes quando um plot twist inesperado surge. Disponível na Netflix, o projeto sueco traça um pequeno raio-x sobre as linhas nada amistosas entre os provocados e os provocadores dentro de um doentio jogo mortal.
Na trama, conhecemos o casal Nadja (Nanna Blondell) e David (Anastasios
Soulis), a primeira tem o sonho de ser médica, o segundo é um recém-formado
engenheiro. Nos arcos iniciais, a um pequeno vai e vem na linha temporal para
entendermos um pouco sobre como o casal já enfrenta várias fases boas e ruins
ao longo desse relacionamento. Certo dia, após uma terrível semana com uma
série de discussões entre os dois, David surpreende a amada com um plano de
mini-férias com direito a caminhar nas montanhas e acampar sob a aurora boreal.
Nadja está grávida e ainda busca coragem para conversar sobre isso com David.
Chegando até o local, o casal não imaginava que seria alvo de um grupo ou
alguém que não quer que eles deixem o lugar com vida.
O mérito da direção é buscar conseguir transmitir além das
incertezas, até mesmo alucinações, por imagens e ações todo o caos emocional
que surge para a dupla de protagonistas. Mesmo com o início construtivo para
entendermos melhor a forte relação que possui o casal, quando vira-se a chave
para thriller tudo fica um pouco confuso, até alguns fragmentos de flashbacks
que não indicam muita coisa. A parte essencial para entendermos os porquês que
surgem lá na frente, vem do início de relacionamento deles, após o pedido de
David e num instante seguinte morando juntos, no que vira um conturbado e cheio
de desilusões aos montes onde logo início o noivado vai de mal a pior. Mas
porquê isso? Só por causa do relacionamento que esfriou ou tem mais alguma
coisa? Um fato inusitado é que eles moram ao lado de um cinema, talvez alguma
licença cinéfila dos roteiristas.
O roteiro é mais fácil de ser analisado quando chegamos ao
final e poucas peças ficam sobrando no tabuleiro. A força em cena dos atores é
fundamental para nos chocarmos com as revelações que ocorrem no decorrer do
projeto. Se fosse pra definir o filme em poucas palavras, diria assim: Um forte clima de tensão na neve, onde nada é
o que parece.