11/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #308 - Lucca Leal


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Lucca Leal tem 19 anos, é estudante de cinema e atualmente sua vida está 100% dedicada a falar, escrever, estudar e produzir conteúdo sobre a sétima arte. Tem um canal de críticas no Youtube chamado "L-79".

 

1)  Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha:

Eu sempre priorizo ao máximo a qualidade de imagem e som, ou seja, minha sala favorita é a melhor da minha região. A sala IMAX do UCI do New York City Center. É uma sala onde você é transportado para dentro do filme, em uma total imersão.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O filme que me fez mudar minha percepção sobre o cinema foi Corra!, que inclusive foi o primeiro filme que decidi escrever sobre ele. Foram duas páginas de reflexões acerca da obra e alguns detalhes que reparei.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é o brasileiro Eduardo Coutinho, que considero o maior documentarista que esse mundo já viu. Meu filme favorito do diretor é “Edifício Master”, lançado em 2002.

 

4)  Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme nacional favorito é o já consagrado Cidade de Deus. Me impressiona como todas as áreas do cinema (fotografia, direção, atuações, arte, montagem...) estão completamente alinhados para contar daquela estória fascinante e muito real. Para quem vive no Rio de Janeiro o filme gera uma identificação muito forte. Não é só um filme, é uma realidade.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é ser uma apaixonada por cinema. Aquela pessoa que sente prazer em ver filmes, seja ele ruim ou bom, toda experiência é uma boa experiência. Todo filme, inclusive os considerados ruins, acrescentam algo a sua bagagem cinematográfica, e quem entende isso vai longe na cinefilia.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Entendem principalmente do lado comercial. Os cinemas mais próximos a mim são praticamente todos voltados para o grande público, sempre priorizando os maiores sucessos, o que vai render bilheteria. A curadoria é baseada em: Qual filme me renderá mais?

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Creio que não. Da mesma forma que a ida ao estádio para ver um jogo de futebol não acabou com a chegada do rádio ou da televisão. A sala de cinema proporciona uma experiência coletiva que nenhum outro meio é capaz de gerar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

 

- O filme que indico é “Jogo de Cena”, do diretor Eduardo Coutinho. A proposta do filme é sensacional. Intercalando atrizes e mulheres “comuns” o filme brinca com nossa percepção e inicia um jogo para adivinharmos quem tá contando sua própria estória e quem está encenando.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Porém falta amparo do governo, seja ele federal, municipal ou regional. Deixar os cinemas sem nenhuma forma de apoio é um crime a cultura.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Incrível, mas poderia ser mais. Sou um grande apaixonado por cinema brasileiro e me passa todos os dias novos filmes incríveis que chegam ao mundo por meio do cinema nacional, no entanto o que falta é visibilidade, seja por divulgação por um aumento no número de salas.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça Filho é hoje o diretor brasileiro que mais me enche os olhos quando recebo alguma notícia sobre filmes dele. Tanto curtas como longas Kleber arrasa.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma máquina de construção e desconstrução de estórias.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Já vi uma família chegando com 2 pizzas gigantes e refrigerantes de 2 litros. Subiram até a última fileira e ali ficaram o filme todo conversando, comendo e tirando fotos.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Uma obra de arte sem precedentes. Incompreendido. (Contém muita ironia)

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Cinema é composto por alguns pilares, que eu dividiria em referências, técnica e sensibilidade. Ser cinéfilo só te ajuda na primeira e parcialmente na segunda, então se você dominar a técnica, com muito estudo em livros e botando a mão na passa, e ter uma sensibilidade apurada para contar uma história você pode ir longe.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Acredito que Cats, de 2019. Foi vergonhoso assistir isso no cinema, não sabia onde por a cara.

 

17) Qual seu documentário preferido?

O já citado por mim, Edifício Master. É de uma ternura incrível. Maior nome do cinema de conversa.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Algumas vezes. A última que me recordo foi em Jojo Rabbit.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Ele não tem um papel de tanto destaque, mas fico com Kick Ass por ser o mais fresco na memória. Bem divertido.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Atualmente não tenho acompanhado muito sites, mas gosto muito de ler as críticas do Pablo Vilaça.