16/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #374 - Kit Menezes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Piracicaba (São Paulo). Kit Menezes tem 51 anos, mãe da Carolina, do Rafael e da Gabriela. Dirigiu os curta-metragens “Volume Morto” (2018) e "A velha" (2016). É roteirista e diretora do mini-documentário "dos 80 aos 40, 50..." (2014), exibido em festivais e mostras de cinema. Trabalhou como diretora de arte no curta Estranho Ímpar, dirigido por Beto Oliveira (2015) e do longa-metragem Cães Famintos (2016), do mesmo diretor. Atua com experimentações audiovisuais desde 1996 com trabalhos  reconhecidos de videoarte, premiados no Mapa Cultural Paulista (1999 e 2000). É professora universitária, performer e integrante do NUPECC - núcleo de pesquisa e criação da Casa do pano, de Campinas. "Inscrições do Tempo no corpo presente", projeto contemplado pelo PROAC em 2019, é seu primeiro longa-metragem. Atualmente vive em São Pedro, interior de São Paulo e participa do ICine - forum de cinema do interior paulista.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Já faz algum tempo que os únicos cinemas que temos em Piracicaba são os do Shopping Piracicaba Infelizmente. Eu gostava muito do Cine Arte quando tinha, ficava no mesmo prédio onde existe o Teatro Municipal. Era um cinema que passava mais filmes alternativos, menos comerciais. Filmes de arte.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eu acho que foi Indiana Jones e os caçadores da Arca perdida. Foi um filme de aventura. Lembro de ter ido com minha prima. Lembro do ritual: a pipoca e o filme e depois do filme o sorvete no La Paloma. Acho que é mais a memória afetiva do que do filme em si... não sei, está tudo misturado hoje...

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu gosto de várias diretoras mulheres. Gosto muito da Chantal Akerman, uma cineasta belga incrível que dirigiu o maravilhoso Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles. Esse é meu filme favorito dela!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Difícil escolher um filme favorito... Gosto de muitos. Acho que o que eu mais gosto hoje, dos filmes que tenho assistido recentemente é Vitalina Varella, do diretor português Pedro Costa.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pergunta difícil, ardilosa... tem várias possibilidades de respostas... eu acho que uma das respostas possíveis é dizer que é gostar muito de assistir filmes, mas não qualquer filme. É gostar de assistir determinados filmes que tem a ver com especificidades de repertório, de gosto, de tema, de abordagem. Tem a ver com ser tocado/as pelo filme. Tem a ver com um desejo de também fazer filmes. Porque ser cinéfilo é querer dialogar com o que se assiste, com o que nos toca.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que o cinema é muito pautado hoje por uma relação econômica. Isso não significa não entender de cinema mas entender por uma perspectiva comercial. Existem outras formas de entender cinema.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero sinceramente que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Kbela, da Yasmin Tainá. É um curta, está no youtube.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu acho a produção cinematográfica audiovisual brasileira hoje maravilhosa!!!!!! Tem muita diversidade! E um imaginário muito rico de possibilidades e experimentações.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto do trabalho do João Paulo Maria Miranda, que é de Rio Claro e tem uma trajetória interessante. Mas gosto de muitos outros e outras diretoras também.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Amor.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

As histórias que eu poderia contar são inenarráveis!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um filme dos anos 1990?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Acho que para dirigir um filme é preciso sensibilidade, respeito e repertório. Conhecer algumas técnicas é imprescindível mas muita coisa pode ser criada a partir do que se tem.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Poxa... não sei dizer.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Gosto de muitos. Não sei dizer.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Sim. Bacurau. Foi catártico.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Verberenas.