01/09/2025

,

Crítica do filme: 'Devo'


Pode ser que você – assim como eu – nunca tenha ouvido falar de uma banda formada no início da década de 1970 que, misturando música, teatro e principalmente, filosofia, conseguiu alçar voos dentro do movimento New Wave. Pioneiros no foguete de visibilidade que foi a MTV, o Devo, como eles próprios se definem, incompreendidos, merece ser redescoberto! E esse é justamente o trunfo de um documentário que acabou de chegar à Netflix.

Com um idealismo surgido há 50 anos, em meio a um cenário caótico dos EUA - em plena guerra do Vietnã - e refletindo cada vez mais sobre a arte como instrumento de ideias, por qualquer meio que seja, um grupo de amigos da Universidade de Kent State despertou para sua própria ideia após o absurdo assassinato de quatro estudantes. Com raízes no art rock, logo assumiram um viés subversivo, sem nunca perder a identidade: pensando de forma crítica, decidiram se expressar através da música.

O documentário Devo nos leva desde o início até os dias atuais dessa banda de décadas de importância – embora talvez não tão reconhecida quanto deveria. Com ótimo material de arquivos e entrevistas, vamos sendo guiados por uma narrativa fascinante, numa cronologia detalhista e repleta de conceitos que marcaram a trajetória de seus membros fundadores. Tendo a ironia afiada e os acordes intensos de suas guitarras, chegamos aos princípios básicos de uma banda que sempre criticou questões que norteiam – até hoje – a sociedade.

Adeptos do termo ‘Involução’ - na qual consiste em acreditar que a humanidade regredia, não evoluía - o Devo chamava a atenção por onde andavam, através de canções que pulsam sátira e os vícios constantes da hipocrisia. Caminhando na incógnita do sucesso, a banda seguiu jornadas nada comerciais e, por incrível que pareça, nunca perdeu sua identidade, fato que formou uma pequena, mas fiel, legião de fãs até hoje. 

Exibido em alguns festivais de cinema pelo mundo, o documentário Devo é muito mais do que o retrato de uma banda de rock que foge do comum. Com ampla contextualização, traz reflexões sobre os caminhos da humanidade, encontrando importantes sentidos - críticas, certezas, afirmações – dentro da sempre conturbada cultura Pop.