28/11/2020

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13 Filmes Sobre Pais E Filhos – Parte 3


Seguindo em nossa jornada sobre esse tema complicado e bastante abordando de diversas maneiras por inúmeras produções pelo mundo todo ano, dessa vez reunimos filmes da Romênia, Israel, França, EUA, Argentina, um clássico sobre o tema com Christopher Walken e Sean Penn no elenco, até curta-metragem separamos para essa parte 3 de nosso especial.

 

O Caderno de Tomy (Argentina)

 

Ame, leia, veja, escute...e pense em mim de vez em quando. Baseado em uma história real, o longa-metragem argentino O Caderno de Tomy é uma história, antes de mais nada, sobre um último desejo de mãe para filho. Abordando temas delicados como a linha tênue entre procedimentos legais e a eutanásia, a difícil tarefa de dizer adeus, o projeto gera muitas emoções pois em nossas vidas já conhecemos ou conhecemos alguém que já conheceu quem teve câncer. Disponível na Netflix, o filme pode também ser definido como uma grande mistura de sentimentos. Escrito e dirigido pelo cineasta Carlos Sorin.

 

Na trama, conhecemos uma mulher de 40 e poucos anos (interpretada pela ótima atriz argentina Valeria Bertuccelli) que é diagnosticada com um câncer terminal. Seu marido (Esteban Lamothe), sempre ao seu lado, faz de tudo para que ela fique bem nos seus últimos dias em um quarto de hospital. Certo dia, fugindo de um quadro depressivo por conta de sua situação, resolve escrever um diário endereçado a seu filho pequeno, a cada página que escreve ela conta sobre sua experiência de estar ali mas também todos seus desejos par ao futuro dele. Além do diário, resolve ir twitando sobre sua rotina e acaba ficando famosa involuntariamente saindo em jornais e aparecendo na televisão.

 

Quando ser corajoso e forte é nossa única opção. Não é um filme fácil, há muita dor pelo caminho dos 84 minutos de projeção. Os diálogos da protagonista com o médico chefe são sinceros, fortes e com uma maturidade gigante. Sedação paliativa ou eutanásia, os contornos dessa linha tênue chegam já no arco final dando bastante profundidade para o polêmico tema.

 

Por mais que não seja o foco principal, está dentro de outros subtópicos o sentido do relacionamento de pais e filhos. Além disso é algo profundo, dolorido e notório que não é fácil para ela nem para todos ao seu redor. As cenas dos arcos finais deixam nossos corações apertados. O Caderno de Tomy gera muita reflexão sobre o sentido de nossas vidas e o que fazemos com ela.

 

Se Algo Acontecer...Te Amo (EUA)

 

Só o amor vence batalhas que durante muito tempo não pensamos em como superar. Como contar os reflexos de uma tragédia através da técnica de animação em menos de 15 minutos? O vazio existencial, a solidão. Uma tristeza que abala o casamento, portas abertas de uma lembrança que machuca mas que mostra uma esperança. Se Algo Acontecer...Te Amo, curta-metragem disponível na Netflix (que legal ter curtas em algum streaming!), busca transformar pequenos minutos em grandiosos momentos contando o recorte de uma família, suas desilusões e algum caminho para a esperança. Escrito e dirigido pela dupla Michael Govier e Will McCormack o projeto transforma a dor em forma de traços e tinta.

 

Utilizando as técnicas de animação, o drama Se Algo Acontecer...Te Amo mostra uma família que tem sua rotina completamente afetada com lembranças após uma tragédia acontecer com a filha dentro de um colégio norte-americano. Em 12 minutos somos testemunhas de um avassalador recorte de uma família abatida pelo luto.

 

A sombra, o espírito. A interpretação para tudo o que vemos vem de cada um de nós. Fica forte a tendência de que os sentimentos podem ser identificados como as sombras que vão e vém nesse pequeno grande filme. A paleta de cores se mostra presenta e sem entrelinhas indica o colorido quando geravam lembranças da filha. Govier e McCormack tem um grande méritos de conseguir envolver o espectador do primeiro ao último minuto. Um projeto corajoso e muito emocionante.

 

 

Uncle Frank (EUA)

 

Você vai fazer as coisas como querem que você faça ou da maneira como você quer fazer? Escrito e dirigido por Alan Ball (produtor de seriados de sucesso como A Sete Palmos e True Blood), em seu segundo longa-metragem como diretor, Uncle Frank é sensível recorte passado no início da década de 70 onde um professor universitário não assumidamente gay precisa enfrentar seus grandes fantasmas do passado quando seu pai falece. Delicado e com reflexivos diálogos, o filme percorre todas as dores de um personagem (e os ótimos coadjuvantes) inteligentes e cativantes. Os atores Peter Macdissi e Paul Bettany conseguem extrair de seus personagens todo amor e carinho de uma relação secreta que passa uma grande verdade para o lado de cá da tela. Um emocionante filme, disponível na Amazon Prime.

 

 

Na trama, conhecemos a jovem Beth (Sophia Lillis) que mora no interior dos Estados Unidos e não possui muitos sonhos na vida. Sua grande referência acaba sendo o seu tio Frank (Paul Bettany) um homem inteligente, educado, professor da Universidade de Nova Iorque, distante do resto da família, por motivos que a princípio não sabemos, que a faz entender alguns conceitos básicos para que tenha independência e consiga ser quem ela realmente quiser ser. Os anos se passam e Beth passa para a mesa Universidade que o tio dá aulas e acaba, durante uma festa meio que secreta, descobrindo que ele é gay e vive casado com Wally (Peter Macdissi), um engenheiro aeronáutico, a mais de 10 anos. Dias depois, Frank recebe a notícia que seu pai, avô de Beth, faleceu, e os dois precisam embarcar para a cidade natal deles para o funeral.

 

 

Há uma impressionante linda passagem entre os arcos, harmônicos e com recheio de emoções perdidas ou encubadas principalmente do amargurado protagonista que acaba se descontruindo e se construindo novamente aos nossos olhos. Não chega a ser um road movie mas é um caminho de descobertas, ou, encerramentos de capítulos não terminados de um passado que vivia gritando dentro de Frank. A delicadeza percorre todos os menos de 100 minutos de projeção, mesmo nas partes mais dolorosas como os preconceitos sofridos há uma quebra de hipocrisia com sarcasmos e muitos risos, alguns desses provocados pelo ótimo personagem Wally (o quase desconhecido por aqui, o ator libanês Peter Macdissi em grande atuação).

 

 

Fica mais rico ainda o filme se analisarmos pela ótica de Beth, a referência em quase tudo que conhece sobre livros e vivência vem desse tio tão especial para ela, como se fosse uma filha para ele. Uncle Frank não deixa de tocar o ponto principal a todo instante, relacionamentos pais e filhos, na linha do protagonista e na de muitos dos personagens coadjuvantes, seus conflitos e suas escolhas. Um belo trabalho de Bell e cia.

 

 

 

Caminhos Violentos (EUA)

 

Violência gera violência. Explorando uma relação explosiva entre pai e filho, o cineasta nova iorquino James Foley nos apresenta um longa-metragem repleto de questões que envolvem principalmente questões familiares e a falta de uma maturidade em um início de uma fase adulta conturbada, sem muitas referências. Somos testemunhas de caminhos inconsequentes, violentos em uma primavera de 1978 no interior da Pensilvânia. Vale o destaque também para a trilha sonora, com direito a canção Live to Tell da Madonna. Destaques para as atuações de Christopher Walken Sean Penn.

 

 

Na trama, conhecemos Brad Jr. (Sean Penn), um jovem que trabalha com um bico pouco rentável e vive com a mãe, a avó e o irmão em uma simples casa na Pensilvânia. Brad Jr. se apaixona por Terry (Mary Stuart Masterson) com quem deseja fugir da cidade e ter uma nova vida. Mas, ao mesmo tempo, Brad tem em sua vida novamente o seu pai, o bandido Brad Sr. (Christopher Walken) com que começa a ter uma reaproximação que culminará em um desfecho tenso, frio e sangrento.  



Baseado em fatos reais, At Close Range, no original, possui um roteiro bem desenvolvido, assinado por Nicholas Kazan. As verdades da vida são colocadas todas expostas, nem toda trama tem um final feliz, como muitas trajetórias inconsequentes e/ou perdidas do lado de cá da telona. O foco é total na relação complicada entre pai e filho, uma verdadeira luta entre a imaturidade e o pensar sem escrúpulos. Toda a trajetória é violenta, desde o abandono da ex-esposa e dos filhos até a maneira como lida com isso e os inconsequentes atos que se seguem. Um filme marcante, com cenas fortes que apresentam ao público uma história chocante, indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim.

 

 

Charter (Suécia)

 

Se tivesse que escolher, você ficaria com sua mãe ou seu pai? Indicado da Suécia ao próximo Oscar na categoria Melhor Filme Estrangeiro, Charter, escrito e dirigido pela cineasta sueca de 34 anos Amanda Kernell, possui um arrepiante abre alas, um diálogo no escuro que diz muito sobre sentimentos dúvidas/incertezas que veremos ao longo dos intensos 94 minutos de projeção. No início tudo é muito misterioso, aos poucos vamos descobrindo as verdades e alguns porquês (nem todos) sobre como todos os personagens foram parar ali naquela situação complexa que envolve guarda das crianças, a polícia, assistentes sociais, e uma mãe em fuga com os próprios filhos. Um drama profundo, muito bem dirigido. A atuação de Ane Dahl Torp é uma das melhores dos últimos anos quando pensamos em filmes europeus.

 

 

Na trama, conhecemos Alice (Ane Dahl Torp) uma mulher que precisou se distanciar dos dois filhos, Elina (Tintin Poggats Sarri) e Vincent (Troy Lundkvist) por alguns meses esperando sair a decisão sobre a custódia das crianças. Mas certo dia, Vicent liga para mãe no meio da noite e isso faz com que ela volte correndo para o lugar onde seus filhos vivem e acaba sequestrando as crianças com destino às ilhas canárias. Mas o pai das crianças, o indecifrável Mattis (Sverrir Gudnason) não deixará barato e aciona a polícia em busca do paradeiro deles.

 

 

O roteiro bate na tecla ‘Peso na consciência’ constantemente. Há uma mágoa imensa dos filhos para com a mãe deles. Por conta de escolhas do passado, isso fica evidente com mais clareza quando analisamos as atitudes pela ótica da filha Elina. Mas as demonstrações de arrependimento os une, quando o espírito materno grita, atitudes desesperadas e impulsivas se jogam na tela gerando uma fuga para redescobertas e um entrelinhado pedido de desculpas embutido em cada atitude simpática vindo dessa mãe que se distanciou mas voltou.  Charter é uma poderosa Fita nórdica que fala sobre assuntos importantes que acontecem diariamente no mundo, principalmente quando envolve filhos, pais e separação.

 

 

On the Rocks (EUA)

 

As verdades precisam ser contadas ou descobertas? Analisando um peculiar raio-x da desconfiança na cabeça de uma esposa que se sente afastada do marido, a cineasta Sofia Coppola (que escreve e dirige esse projeto) nos leva em bom ritmo a uma trama repleta de ótimos diálogos mesmo com um clima amargurado que percorre toda a trama. Entre um drink e outro pai e filha nos divertem com diálogos sobre casamentos, o mundo, traições, escolhas, atos machistas. Bill Murray Rashida Jones nos brindam com ótimas atuações. As passagens dos arcos são lindas, metáforas de interseção entre a cidade e os problemas cotidianos entre quatro paredes.

 

 

Na trama, conhecemos Laura (Rashida Jones) uma escritora que está em uma péssima fase no seu trabalho e ainda começa a desconfiar da constante falta de tempo do seu marido Dean (Marlon Wayans). Nisso, surge seu pai Felix (Bill Murray) na história, um negociante de artes bem sucedido, sedutor, bom vivant, que acha ser o maior conhecedor sobre relacionamentos da face da terra. E assim, no vai e vém pelas principais ruas de uma nova Iorque que nunca dorme pai e filha tentarão descobrir se há segredos de Dean.

 

 

Uma pulga atrás da orelha é uma expressão que se encaixa na vida da protagonista. Em busca da própria aventura, Laura tenta a todo instante analisar cada variável da vida que leva e acaba entrando em constante pane emocional quando vestígios de mentiras aparecem em sua frente. Nessa hora que surge a figura do pai, de cara vemos uma relação pai e filha muito amistosa, resumindo é objetivo e deveras protetor por parte do mais velho. Caricato, porém, exalando carisma, o seu excêntrico Felix vira algo marcante na história, méritos do sempre hilário Bill Murray. Os ótimos diálogos não avançam muito em profundidade e a situação matrimonial ganha contornos de background em alguns momentos.

Mesmo não sendo perfeito, On the Rocks nos apresenta um drama disfarçado de comédia elegante com pitadas sobre um recorte do que acontece entre quatro paredes.

 

 

Mãe e Muito Mais (EUA)

 

Há sempre espaços nas histórias da vida para um final melhor. Camuflado de comédia bobinha Mãe e muito mais, é muito mais que uma historinha água com açúcar. Consegue traçar paralelos reflexivos sobre idade, dúvidas, incertezas dentro de um contexto de amizade que passa de mães para filhos. Escrito e dirigido pela cineasta Cindy Chupack (produtora do famoso seriado Sex and the City) o filme aposta em três recortes de relacionamento mãe x filho diferentes, com três artistas fantásticas que transpiram carisma.  Ao longo de simpáticos 100 minutos, o longa-metragem, que está disponível no catálogo da Netflix, caminha, nem tão raso, nem tão profundo, por assuntos tabus dentro desses relacionamentos.

 

Na trama, conhecemos as inseparáveis amigas Carol (Angela Bassett), Gillian (Patricia Arquette) e Helen (Felicity Huffman) que viveram a vida toda no interior de uma grande cidade e todas elas presenciaram a formação de cada um dos respectivos filhos delas. Quando em uma conversa argumentam sobre os porquês dos filhos não ligarem no dia das mães, impulsivamente resolvem ir atrás deles, que são amigos, e moram, cada um em sua casa, em Nova Iorque. A partir daí, casa uma delas tentará entender situações, melhorar relacionamentos e aparar problemas do passado pensando sempre em ter um futuro melhor no relacionamento mães e filhos.

 

 

Aquela sensação angustiante de ver o filho crescer e se importar pouco com a mãe. Esse raciocínio é a alma das personagens, seus objetivos passam por essa questão e o que o roteiro faz para descascar esse tema é muito produtividade, pois, habilmente, consegue abre abas, como subtemas, para questões existenciais resolvidas dupla, mãe e filho. Andando pelas ruas de Nova Iorque, muito parecido com a sensação de vários outros filmes (clichê mas bem válido), as mamães chegam à encruzilhada de que talvez não possam ser tão perfeitas como elas pensam, nem seus filhos.

 

 

Falando sobre traição, sexualidade, síndrome do ninho vazio, questões mal resolvidas de um passado longe mas presente o trio de amigas se descontroem aos olhos mais atentos em busca de um novo norte. Por isso, podemos afirmar que Mãe e muito mais é uma jornada convincente que mostra muito sobre relacionamentos de mães e seus filhos.

 

 

 

Tempestade de Areia (Israel)

 

Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade. Selecionado como representante de Israel ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017, Tempestade de Areia, falado todo em árabe, abre mais uma vez os campos de discussões sobre culturas e tradições sobre os direitos da liberdade de escolha na vida das mulheres que vivem cercadas de imposições de costumes. Na linha de frente da história estão duas mulheres corajosas que sofrem com essas imposições. A cineasta israelense Elite Zexer, em seu primeiro longa-metragem, consegue criar um drama delicado recheado de argumentos para discussões sobre o despertar da necessidade de mulheres que não possuem liberdade de escolhas.

 

 

Na trama, conhecemos Layla (Lamis Ammar) uma jovem filha de uma família de beduínos (parte de um grupo árabe habitante dos desertos) que consegue convencer seu pai a deixar ela freqüentar a faculdade. Lá, conhece um grande amor e decide tentar resolver sua situação com seu pai Suliman (Hitham Omari), esse que acaba tomando decisões drásticas em relação a isso. Ao mesmo tempo, sua mãe Jalila (Ruba Blal) está irritada com o segundo casamento de seu marido e busca, mesmo em meio aos próprios conflitos, entender a situação de Layla e ajudá-la.

 

Atrás dos véus, estão duas mulheres fortes e corajosas, mãe e filha. Um conflito ideológico, oriundo de tradições e culturas, é imposto para a jovem Layla. Querendo lutar pelo seu direito de amar quem ela bem desejar, entra em choque com a imposição do pai de arranjar um casamento com quem ele quer. Já sua mãe Jalila viveu todo o drama de não saber com quem iria se casar e sofre atualmente com a preferência do marido para a segunda esposa. Os retratos emocionais se refletem nas situações mostradas, como as necessidades que Jalila passa com suas filhas enquanto a nova esposa do marido tem uma nova casa com geladeira funcionando e eletricidade. 

 

 

A passividade do pai em alguns momentos chama a atenção. A mãe, figura forte e muito centrada tenta ajudar sua filha em certos momentos mas sempre na dúvida do que realmente quer para ela. Com o sofrimento imposto pelo segundo casamento de seu marido, as prováveis conseqüências de ajudar a filha a ir atrás do destino que ela quer são jogadas para escanteio, prevalece o amor pela filha. As escolhas que são feitas, já no ato final, mostram os conflitos e até onde conseguimos ir pra lutar contra quem amamos.

 

 

Vencedor do Grande Prêmio do Júri na categoria World Cinema Dramatic no Festival de Sundance, Tempestade de Areia é um grito de socorro para essas mulheres que vivem presas em conflitos sem poder respirar suas próprias escolhas e conhecer o que é liberdade.

 

 

Tempestade (França)

 

Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos. Vencedor de dois prêmios no aclamado Festival Internacional de Cinema de Veneza em 2015, Tempête, no original, dirigido pelo francês Samuel Collardey, é uma daquelas pérolas sensíveis, raras, que explora a ausência até seu último suspiro. Dúvidas e escolhas são bastante explorados pelos personagens, repletos de indagações e sonhos, quase análogos à incerteza quando estamos passando por uma fase adolescente para a fase adulta. Um recorte maduro sobre a paternidade e a busca por melhores condições para uma família.

 

 

Na trama, conhecemos o pescador Dom (Dominique Leborne), um homem perto dos quarenta anos que trabalha em alto mar ficando pouco tempo por mês em terra. Ele recentemente se divorciou e conseguiu a guarda de seus dois filhos, Mailys (Mailys Leborne) e Matteo (Matteo Leborne) que escolheram ficar com ele por terem problemas com a mãe. Mesmo ausente, Dom sempre preenche a casa onde vive com os filhos de amor e carinho, mesmo com algumas irresponsabilidades. Quando a filha fica grávida aos dezesseis anos, Dom precisará encarar escolhas que mudarão para sempre os rumos dessa família.

 

 

A ausência é um tema importante, explorado com leveza, também acompanha toda a história, os caminhos da maturidade até a responsabilidade, grande dilema do protagonista. Há um certo descontrole quando se vê cheio de tempestades em sua vida, com a eminência da perda da guarda de seus filhos e a decisão de pensar em um trabalho remunerado que o deixe mais presente, em terra, perto deles. Movido pelo amor que tem pelos filhos, o protagonista embarca em uma transformação em sua vida pessoal e profissional, se apegando em seus sonhos para escrever um horizonte cheio de esperança e estabilidade.

 

 

Um pai ausente mas amoroso, irresponsável com detalhes da vida mas que ajuda quando está por perto. Dom, personagem marcante, é um retrato de parte da sociedade que na busca pro melhores condições para a família acaba abdicando de momentos importantes na formação dos filhos. Tempestade é um recorte que exala humanidade, duro, transformador quando estamos em um limite de nossas forças e de como todos os dias podemos aprender mais sobre nosso mundo.

 

Um Lindo dia na Vizinhança (EUA)

 

A mudança do mundo destruído pelas palavras. Um cotidiano das emoções em forma de declamações, um livro contado sobre a arte das emoções. Baseado em fatos reais, mais precisamente do artigo de Tom JunodCan You Say ... HeroUm Lindo dia na Vizinhança, que estreou faz poucos dias no concorrido (por termos muito poucas salas) circuito brasileiro de exibição, navega pelos sentimentos de forma bastante simples que dão a entender algo parecido a original, as declamações de pensamentos nos levam ao instantâneo ato de pensar sobre aquilo buscando referências em nossas próprias vidas. No papel principal o ator Matthews Rhys, em atuação apenas ok. No papel coadjuvante, nosso eterno Forrest. Tom Hanks é um ator diferenciado, sempre em busca dos mais complexos personagens e sempre com maestria para nos contar suas histórias. Somos sortudos por ser da mesma geração desse gênio da arte de interpretar. A direção é da cineasta californiana Marielle Heller (do elogiado Poderia Me Perdoar?).

 

 

Na trama, conhecemos um rabugento jornalista Lloyd Vogel (Matthew Rhys, do ótimo seriado The Americans) que após uma ordem de sua chefe, precisa fazer um texto de 400 palavras sobre o famoso apresentador de público infantil, Fred Rogers (Tom Hanks). Conforme vai conhecendo mais a fundo seu entrevistado, o protagonista começa a passar por mudanças profundas na sua forma de pensar e expressar seus sentimentos, principalmente com o recém aparecido pai.

 

 

Um Lindo dia na Vizinhança é um projeto peculiar que você precisa ser convencido que ele pode ser uma boa experiência. Não deixa de ter também quebra de certos paradigmas como o olhar para a câmera. A tal da inteligência emocional, a partir da inspiração. Um Lindo dia na Vizinhança é um filme que você precisa ser convencido que ele pode ser uma boa experiência, isso pode acontecer. A paciência é um fator importante. Nas imperfeições, a subtrama do protagonista e sua saga em reconciliar com seu pai seja pouco profunda, quando Hanks sai de cena o filme dá umas despencadas, mesmo Chris Cooper estando ótimo no papel do pai do protagonista.

 

 

Onde ir onde quando a alma está ferida? Um fator interessante é que há uma conversa franca com o espectador. Uma grande sessão de terapia que ultrapassa as barreiras da telona. Muitos podem se identificar demais com a história contada, sobre pais e filhos. Psicólogos, psicanalistas, psiquiatras precisam assistir a esse filme. Gera um bom debate.

 

Bacalaureat (Romênia)

 

Ética é a concepção dos princípios que escolhemos, moral é a sua prática. Depois de encantar o mundo cinéfilos com filmes como 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, o renomado cineasta romeno Cristian Mungiu volta ao universo cinematográfico, após um hiato de quatro anos, com o profundo longa metragem Bacalaureat, que lhe rendeu nada mais nada menos que o prêmio de melhor diretor no último e badalado Festival de Cannes. Explorando os caminhos tumultuados que um pai precisa tomar para que sua filha tenha uma vida distante dos problemas de onde vivem, Mungiu acaba fazendo uma grande exploração bastante Kantiana traçando um paralelo emblemático entre escolhas e consequências no mundo atual.

 

 

Na trama, conhecemos o médico Romeo (Adrian Titieni), um homem de idade mediana que mora com sua mulher Magda (Lia Bugnar) e sua filha Eliza (Maria-Victoria Dragus) em um bairro de classe média de uma cidade da Romênia. Romeo possui uma amante, Sandra (Malina Manovici), por quem possui um carinho enorme. Quando sua filha Eliza sofre uma violência a caminho da escola e isso a impede de completar a tempo questões de uma prova importante para o futuro dela, Romeu precisará caminhar por uma estrada onde uma linha tênue divide as posições da ética e da moral.

 

 

Um dos fatores mais interessantes do fantástico roteiro, escrito pelo próprio diretor do filme, é que as ações e consequências que vemos ao longo dos 122 minutos de projeção parecem um grande debate filosófico, pisando em linhas éticas e morais, passando pelo tráfego de influência e manipulação em um sistema de ensino rígido. Todas as peças contribuem para o debate, Romeo é apenas nossos olhos nesse tabuleiro de escolhas, um homem comum, com seus princípios, talvez nada diferente de mim ou de você.

 

 

As ações das pessoas influenciam o comportamento do indivíduo. Sem uma mancha no currículo e com uma reputação irreparável, Romeo em poucos dias ultrapassa todos os limites éticos possíveis fazendo com que sua personalidade mude e que as emoções fiquem à flor da pele. As variáveis do protagonista são muito bem exploradas pelas lentes inteligentes de Mungiu, percebemos o constrangimento e a decepção caminharem lado a lado, Romeo fica completamente esgotado. Os embates e diálogos com sua filha são as cerejas no bolo, definindo também uma necessidade de Eliza em trilhar seus próprios pensamentos, se distanciando da proximidade de seu pai e tomando as atitudes que melhor achar.

 

 

Bacalaureat, infelizmente, não tem previsão de estreia no Brasil. Uma pena, discutir sobre a maneira de se comportar regulada pelo uso (moral) e os costumes (ética), é um prato cheio para nós cinéfilos que gostamos de traçar paralelos com nossa realidade. Esse filme tem muito de muitos lugares. 

 

 

Fences (EUA)

 

Mude suas opiniões, mantenha seus princípios. Dirigido e protagonizado pelo genial artista Denzel Washington, Fences fala sobre a vida de um homem, seus conflitos, suas convicções e suas relações conturbadas e cheias de princípios com sua família. Baseado na peça homônima de enorme sucesso escrita por August Wilson (que assina o roteiro), e também protagonizada por Denzel nos teatros (papel que lhe rendeu o prestigiado prêmio Tony em 2010), o longa metragem tem momentos de pura poesia que nos faz pensar a cada minuto sobre nossa vida e nossos sonhos nesse imenso mundo cheio de diversidades em que vivemos. Talvez a cereja do bolo, as atuações de Denzel e Viola Davis são magistrais.

 

Na trama, ambientado na década de 50 nos Estados Unidos, acompanhamos a trajetória de Troy Maxson (Denzel Washington) um homem analfabeto, que foi preso por anos, e depois trabalhou duro todos os dias para sustentar sua família, de origem humilde, em um bairro familiar norte americano. Frustrado toda vida por não conseguir ter sido um jogador de baseball profissional, com todo o talento que tinha, seu destino lhe reservou outra história e assim ele vive o cotidiano entre um drink e outro, tentando se manter consciente em casa e no relacionamento conturbado que possui com sua mulher Rose Maxson (Viola Davis) e seus dois filhos além de ter que cuidar do irmão Gabriel (Mykelti Williamson), um ex-combatente do exército que voltou com problemas da guerra.

 

Mesmo falando de assuntos familiares complicados, com a ótica totalmente em cima nas escolhas que o protagonista toma, o filme respira poesia e leveza. As lições que o texto de August Wilson provoca no espectador são inúmeras. As cercas do título fazem total sentido, é o paralelo com Troy que parece ter colocado uma grande proteção em volta de quem os cerca. Mesmo com atitudes impulsivas e seguindo uma regra de disciplina fervorosa, Troy é o retrato de grande parte dos trabalhadores norte americanos de origem humilde na década de 50, esperando por chances que às vezes nunca chegam, lutando contra preconceitos todo dia. Podemos fazer uma analogia com os tempos atuais de crise não só no Brasil mas em boa parte do planeta.

 

O filme ganha contornos mais dramáticos quando Troy conta a sua esposa Rose, com quem é casado há 18 anos, que terá um filho em breve de uma amante. Essa cena já vale o ingresso, Viola e Denzel não dão só show, dão aula em cena. A partir desse ponto, muita coisa muda na visão de Rose mesmo Troy tentando se manter firme em suas atitudes e as conseqüências que chegam a partir disso, como o distanciamento do filho mais novo que é praticamente expulso de casa certo dia pelo pai.

 

 

Fences possui cerca de 140 minutos, e praticamente nem sentimos. Podemos dizer que é um teatro filmado, com poucos cenários e impactantes diálogos. É uma história forte, muito bem escrita e atuada que conta com atuações espetaculares de dois dos melhores atores norte-americanos em atividade. Bravo! 

 

 

Más Notícias para o Sr. Mars (França)

 

Os velhos acreditam em tudo, as pessoas de meia idade suspeitam de tudo, os jovens sabem tudo. O novo trabalho do cineasta alemão Dominik Moll (O Monge) é antes de tudo um filme que dita suas regras nas entrelinhas da loucura de uma mente reclusa e exausta dos seus caminhos iguais dia após dia. Explorando bastante seu caricato protagonista, Moll transporta para tela, de maneira bem leve (e muitas vezes bem estranha), as dezenas de possibilidades que o ser humano tem todo dia de acordar e sair da rotina estressante.

 

 

Na trama, somos apresentados a Philippe (François Damiens), um analista de sistemas que vive uma vida certinha, cheia de regras e pacata em uma cidade francesa. Perto de fazer quase 50 anos sua ex-mulher, uma repórter famosa de uma emissora francesa,  decide de uma hora para outra se mudar para a Bruxelas, deixando os dois filhos adolescentes para ele cuidar. Só isso já seria impactante em sua rotina mas para deixar mais maluca essa história, Philippe começa a enfrentar problemas no seu trabalho, tendo que trabalhar com um funcionário que vai alterar de vez os rumos dessa história.

 

 

É preciso paciência e colocar nossas células cinzentas para buscar as associações que o roteiro também escrito pelo diretor busca explorar. Obviamente, a crise de meia idade é o ponto de start para que o fechado protagonista comece a navegar em sua controlada loucura que afeta (e ele também é afetado) a todos que o cercam, desde os novos ‘amigos’ de trabalho, a ira de um supervisor escandaloso, sua relação com os dois filhos, a distância de sua ex-esposa e o aparecimento em tons fantasmagóricos hilários de seus pais.  

 

 

Exibido no Festival de Berlim em 2016, esse curioso projeto, tem como protagonista o excelente e versátil ator belga François Damiens.

 

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27/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #194 - Carolina Vianna


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Carolina Vianna é licenciada em Letras (português-italiano) pela UNESP e bacharel em filosofia pela UNIFESP. Pós-graduada em Fundamentos da Cultura e das Artes pela UNESP no Instituto de Artes de São Paulo. Atuou como professora por um tempo, mas hoje trabalha no fascinante mundo da aviação. Segue apaixonada por arte e gosta de viajar, ler, dançar, comer - e claro, ver um bom filme. Em 2005 se assumiu cinéfila e em 2015 aceitou que sua memória não conseguia lembrar de todos os filmes que assistia. Então, encontrou no @cineblogsemnome (seu Instagram) uma forma de armazenar os melhores filmes que tem visto por aí. 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Petra Belas Artes, CineSesc e Espaço Itaú de Cinema porque são salas com uma programação mais alternativa fora do circuito comercial.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Meu pai gostava muito de filmes e alugava muitas fitas VHS às sextas-feiras na volta do trabalho. Então, era isso o que fazíamos juntos frequentemente nos finais de semana quando era criança, mas entrar em uma sala de cinema somente aconteceu pela primeira vez muito tempo depois que ele faleceu. Eu poderia citar os filmes que assisti na infância ou os preferidos do meu pai, mas na realidade o que tornou o cinema um lugar diferente para mim foi o contexto afetivo que ele me proporcionou.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pedro Almodóvar. A Pele que Habito; Maus Hábitos, Volver e Má Educação.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Até esse momento o favorito é A História da Eternidade porque o filme transborda em poesia e intensidade os sentimentos e sonhos dos personagens. Um combo de interpretação, fotografia e trilha sonora que me arrebataram.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

A cinefilia para mim é uma experiência para além do mero entretenimento porque cinema para mim é algo que faz pensar e humaniza.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Os cinemas que eu frequento me fazem acreditar que sim.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A História da Eternidade (2014).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Mesmo que reabram respeitando normas de distanciamento e segurança eu pessoalmente não me sinto confortável e segura por isso prefiro aguardar pela vacina e incentivar outras formas de manter a chama do cinema acesa.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Embora os filmes comerciais sejam maioria e as boas produções não tenham a divulgação e reconhecimento merecidos, o cinema brasileiro tem sim produções excelentes.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Melo, Wagner Moura, Dira Paes, Sonia Braga, Lázaro Ramos e Irandhir Santos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“Um modo divino de contar a vida.” (Federico Fellini)

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Era uma quarta-feira à tarde com pouquíssimas pessoas no meu cinema preferido e eu fui sozinha me sentindo a privilegiada por poder escolher o melhor assento com calma. Quando as luzes se apagaram entrou um espectador atrasado e um pouco eufórico pedindo licença para passar e se sentou praticamente ao meu lado. Achei desnecessário, fiz a linha cinéfila chata dei aquela respirada, reclamei mentalmente e nem olhei para o lado.

Terminou o filme com a escassa plateia extasiada, as luzes se acenderam e quando finalmente olho para o lado o espectador atrasado era Nando Reis!

Deveria ter pedido para ele cantar Por Onde Andei, mas eu só fui embora mesmo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca ouvi falar. Joguei no Google para saber e isso me ajudou a decidir pelo bálsamo da ignorância sobre o tema.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não precisa, mas se for cinéfilo da maneira como eu entendo a cinefilia talvez fizesse do cinema um lugar ainda mais fascinante.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida? 

Crime Delicado (2006) mas eu estou disposta a tentar novamente. A verdade é que eu padeço de vergonha alheia então filmes que tenham o Adam Sandler no elenco já entram na lista de pior filme da minha vida só de ver o trailer.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não consigo citar apenas um: What Happened, Miss Simone?; Alive Inside; À Procura de Sugar Man; A Fotografia Oculta de Vivian Maier.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Com certeza sim embora não me lembre.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Nunca assisti nada motivada pela atuação de Nicolas Cage. O único filme que ele atuou e eu assisti na adolescência foi Cidade dos Anjos e achei ok.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não acompanho nenhum site especificamente de maneira assídua. No Instagram sigo vários @ como: cinematografiaqueer, outrocine e guiadocinefilo.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #194 - Carolina Vianna

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #193 - Verônica Cysneiros


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Verônica Cysneiros é uma moça que não é crítica de cinema, quem sabe um dia, mas que ama cinema, ama ler sobre cinema e ama falar sobre cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Com a Pandemia não tenho ido aí cinema, mas as minhas preferidas são o Cinesystem do Américas Shopping (proximidade com a minha casa e salas super novas, o som de lá e incrível) e Kinoplex Rio Sul (próximo do meu trabalho e salas Vip). Ambos os cinemas têm uma boa seleção de filmes. Tem também os Estações Botafogo, com filmes mais alternativos, mas pecam por serem salas que atacam a minha rinite... rs

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que lembro de ter visto foi Fantasia. Mas a nível de pensar o cinema como cinema acho que foram Twister, Titanic e mais tarde Avatar com a introdução do 3D.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Que pergunta difícil! Hahahahahaha Hoje respondo David Fincher com Seven.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus. Ele é perfeito de história, edição, direção, elenco. Aliás, Cidade de Deus é também resposta para a pergunta 2. Até aquele momento eu não sabia ainda que podíamos ter filmes brasileiros tão bons assim.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Além de gostar de ver filmes, acredito que é também gostar de saber sobre cinema. Sobre os diretores, roteirista, quem fez a fotografia, a edição. Ficar ligada nas premiações e festivais. E saber tanto o passado, o presente e o futuro dos filmes. Ou seja saber a história e o que será lançado também. E ver pelo menos também uns 4 filmes por semana. Isso em semanas ruins ok? rs E ter muito prazer nisso.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, a maioria visa bem o circuito comercial e não abre muitos espaços para produções mais independentes, exceto quando estão indicadas ao Oscar, por exemplo. Outra coisa que percebi há um tempo: muitas pessoas escolhem o filme na hora. Percebi isso com um grupo de amigos. Quando eu vou ao cinema, já saio / saía com o filme em mente. Mas eventualmente saio / saía com um grupo de amigos e às vezes decidíamos ir ver um filme depois de almoçarmos. Eles quase nunca sabiam o que estava em cartaz, olhando apenas na hora para a programação.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. O cinema é um evento social. Além disso, nenhuma tv por maior que seja substituirá a imagem e o som de uma sala de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Ponto Cego / Blindspotting, citei esses dias na minha IG.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Complicado. Eu trabalhei 15 anos com eventos, que assim como o cinema sofreu demais com a paralisação das atividades. Quando falo cinema, refiro-me tanto as produções quanto as salas. Mas ao mesmo tempo acho que o Corona se alastra com muita facilidade. E é uma doença muito perigosa. Uma sala de cinema é um ambiente muito propicio para isso. Vi alguns vídeos de salas que explicavam como seriam as normas de segurança, mas não fui convencida. Os filtros de ar são bactericidas. Mas estamos falando de um vírus não? Além disso, pessoas estão autorizadas e comer, o que pra mim significa sem máscaras. Assim, eu escolho voltar aos cinemas apenas depois de uma vacina.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito bom! Bacurau e A Vida Invisível são obras primas. As produções para a TV e streaming também caminham para o mesmo lado, Bom Dia Verônica foi uma das melhores séries que vi nos últimos anos. Assinei junto com a Disney Plus a GloboPlay e quero dar um maior espaço para as produções nacionais. Tenho dado, mas ainda acho pouco, preciso aumentar esta quantidade. Há uns dois anos tive a oportunidade de assistir ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Vi a Fernanda Montenegro de pertinho! Hahahahahaha E foi um clima tão bom.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Pode ser diretor? Daniel Rezende, sou fã! Mas se precisar ser ator, a Fernanda Montenegro eu acho que é garantia de qualidade em qualquer produção!

 

12) Defina cinema com uma frase:

cinema é arte, é entretenimento, é ensinamento, é amadurecimento, é transposição para outras realidades, faz parte da minha vida.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

 Já expulsei uns 10 pré-adolescentes que estavam fazendo algazarra. Se eu vou em uma sessão à tarde e em um filme pipoca, eu sei da probabilidade de terem gritos e bagunça. Agora se eu vou em uma sessão às 22:00 para ver Casamento Grego, aí eu não sou obrigada. Após vários shhhhhh sem sucesso, saí da sala já mandando um quero falar com o gerente. Chegou o gerente. Repeti que eu não era obrigada as 22:00 ter aquele pessoal gritando no meu ouvido, que eu só queria relaxar após um dia de trabalho. E perguntei ainda onde estava o responsável por aquelas crianças e se eu teria que reclamar com o juizado de menores. O grupo foi convidado a se retirar.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

E eu que achava que o Cigano Igor era um ator ruim. Mas a Carla Perez se superou.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não são? Sempre achei que fossem! Sempre tive a ideia que para se fazer cinema é necessário amar o cinema e se você ama o cinema, vai consumir filmes. Então acho essencial sim gostar e consumir muito cinema (ou séries que seja) para ser um bom diretor.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Cats. Era A Reconquista, mas Cats conseguiu se superar. Nada ali salva. Fotografia ruim, direção de arte ruim e sem uma escala definida, atuações horríveis, roteiro inexistente. As músicas são bem chatas também, mas aí já é um problema que vem do musical.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Acho que Honeyland, achei de uma sensibilidade impressionante. Teve um do Michael Moore que eu vi há muitos anos por acaso na GNT, não me lembro o nome, mas ele terminava com um depoimento do CEO da Nike da época que me fez parar de consumir a marca. Então, esse também me marcou.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Olha, confesso que acho isso meio ridículo a não ser que a equipe do filme esteja presente, neste caso as palmas seriam direcionadas a eles. Mas já me empolguei uma vez com a galera e aplaudi Vingadores Ultimato. Justo um filme de parque de diversões... Hahahahahahaha Mas eu gosto de filmes de parques de diversões também!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Rocha, essa foi fácil!!! Amo A Rocha. Me julgue!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Plano Crítico, os textos dos caras são muito bons!

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Crítica do filme: 'Se Algo Acontecer...Te Amo'


Só o amor vence batalhas que durante muito tempo não pensamos em como superar. Como contar os reflexos de uma tragédia através da técnica de animação em menos de 15 minutos? O vazio existencial, a solidão. Uma tristeza que abala o casamento, portas abertas de uma lembrança que machuca mas que mostra uma esperança. Se Algo Acontecer...Te Amo, curta-metragem disponível na Netflix (que legal ter curtas em algum streaming!), busca transformar pequenos minutos em grandiosos momentos contando o recorte de uma família, suas desilusões e algum caminho para a esperança. Escrito e dirigido pela dupla Michael Govier e Will McCormack o projeto transforma a dor em forma de traços e tinta.


Utilizando as técnicas de animação, o drama Se Algo Acontecer...Te Amo mostra uma família que tem sua rotina completamente afetada com lembranças após uma tragédia acontecer com a filha dentro de um colégio norte-americano. Em 12 minutos somos testemunhas de um avassalador recorte de uma família abatida pelo luto.


A sombra, o espírito. A interpretação para tudo o que vemos vem de cada um de nós. Fica forte a tendência de que os sentimentos podem ser identificados como as sombras que vão e vém nesse pequeno grande filme. A paleta de cores se mostra presenta e sem entrelinhas indica o colorido quando geravam lembranças da filha. Govier e McCormack tem um grande méritos de conseguir envolver o espectador do primeiro ao último minuto. Um projeto corajoso e muito emocionante.

 

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26/11/2020

Crítica do filme: 'O Caderno de Tomy'


Ame, leia, veja, escute...e pense em mim de vez em quando. Baseado em uma história real, o longa-metragem argentino O Caderno de Tomy é uma história, antes de mais nada, sobre um último desejo de mãe para filho. Abordando temas delicados como a linha tênue entre procedimentos legais e a eutanásia, a difícil tarefa de dizer adeus, o projeto gera muitas emoções pois em nossas vidas já conhecemos ou conhecemos alguém que já conheceu quem teve câncer. Disponível na Netflix, o filme pode também ser definido como uma grande mistura de sentimentos. Escrito e dirigido pelo cineasta Carlos Sorin.


Na trama, conhecemos uma mulher de 40 e poucos anos (interpretada pela ótima atriz argentina Valeria Bertuccelli) que é diagnosticada com um câncer terminal. Seu marido (Esteban Lamothe), sempre ao seu lado, faz de tudo para que ela fique bem nos seus últimos dias em um quarto de hospital. Certo dia, fugindo de um quadro depressivo por conta de sua situação, resolve escrever um diário endereçado a seu filho pequeno, a cada página que escreve ela conta sobre sua experiência de estar ali mas também todos seus desejos par ao futuro dele. Além do diário, resolve ir twitando sobre sua rotina e acaba ficando famosa involuntariamente saindo em jornais e aparecendo na televisão.


Quando ser corajoso e forte é nossa única opção. Não é um filme fácil, há muita dor pelo caminho dos 84 minutos de projeção. Os diálogos da protagonista com o médico chefe são sinceros, fortes e com uma maturidade gigante. Sedação paliativa ou eutanásia, os contornos dessa linha tênue chegam já no arco final dando bastante profundidade para o polêmico tema.


Por mais que não seja o foco principal, está dentro de outros subtópicos o sentido do relacionamento de pais e filhos. Além disso é algo profundo, dolorido e notório que não é fácil para ela nem para todos ao seu redor. As cenas dos arcos finais deixam nossos corações apertados. O Caderno de Tomy gera muita reflexão sobre o sentido de nossas vidas e o que fazemos com ela.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #192 - André Santa Rosa


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Recife. André Santa Rosa é jornalista, crítico e poeta, escreve sobre cinema para Diário de Pernambuco além de ser editor e crítico do site Notas Críticas. Tem formação em crítica pela Escola Livre de Imagens, colabora com projetos de produção cultural e outros projetos de jornalismo como as revistas Propágulo e Gruvi. Alguns trabalhos como escritor já foram publicados em revistas e sites de poesia e sua primeira publicação tem data para 2021. Em 2019 foi membro do Júri Curtas Brasil, do Canal Brasil, que elegeu o melhor curta do Janela Internacional de Cinema do Recife. Em 2020 foi finalista do Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

As salas do Cinema da Fundação. São duas salas (uma no Derby e outra no Poço da Panela) que tem uma programação em equilíbrio com o que saiu dos festivais europeus, tipo Berlim e Cannes, junto dos lançamentos de cinema brasileiros independentes. Também, aos finais de semana apresentam sessões especiais de clássicos aos sábados e domingos. Os clássicos geralmente são selecionados com um gancho objetivo com a realidade, com algum fato que acabou de rolar na semana.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que comecei a ter essa sensação quando fui sozinho ao cinema pra entender qual era parada. Isso ainda na pré-adolescência, com uns 13 anos. Nessa época eu queria ver tudo, todos os clássicos e saber o que tinha de melhor. Lembro que fui sozinho ver uma exibição de Janela Indiscreta, quando ainda morava em Maceió. Foi meio que um clique: “poxa, existe muita coisa a se pensar sobre esse filme e sobre cinema”.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Fico entre Éric Rohmer e Edward Yang. Mas filme favorito fico como YiYi, do Edward Yang.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Copacabana, Mon amour. Acho que existe um tipo de sujeira e delírio daquela época que o cinema brasileiro perdeu. Ainda é um cinema que está muito interessado em entender o país, num sentido sócio-cultural, mas de alguma maneira se tornou mais careta, com exceções claro. Existem também várias coisas que não cabem mais em Copacabana, Mon amour, porém, Sganzerla conseguiu criar um troço que é o caos e a vertigem que o nosso cinema deveria ser. Acho que por ter tão pouco pra fazer aquilo, ele se permitia ser qualquer coisa. Inclusive, tem trilha de Gilberto Gil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho é um olhar específico para o cinema. Para além de amar cinema e querer estar em um ambiente de pessoas que compartilham disso, é sobre fazer parte de uma tradição moderna de encontrar desdobramentos e afetos com cinema, que excedem o ato de simplesmente ver filmes. Na verdade é bem mais complicado, inclusive existe um livro inteiro de Antoine Baecque, chamado Cinefilia, pra entender como foi que isso surgiu.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Em Recife, quatro salas (pelo menos) tem uma programação e curadoria “mais ligada”. Mas é a minoria, já que um cinema de shopping tem 10 salas passando as mesmas coisas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não, mas acho que futuramente vai existir um filtro maior. Acho que ainda tem muita gente fã de blockbuster que não abre mão das salas. Esse grupo fica por um tempo e aí os cinemas de rede vão ter que repensar seu funcionamento. Já circuito de filme independente a mesma coisa, não abre mão dos festivais presenciais e nem de frequentar o cinema cotidianamente. Acho que os cinemas fora do circuito comercial não serão tão afetado por streaming e etc. Talvez fique só quem já frequenta de verdade e as pessoas mais casuais passem a ficar mais em casa.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Como só passou em festival, vou indicar Sertânia (2020), de Geraldo Sarno.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Parte de mim fica meio indignada, que por conta de pressão política, as igrejas já estejam abertas e alguns cinemas não. Faço essa comparação porque são estruturas que têm o formato muito semelhante, não à toa aqui em Recife muitos cinemas de rua viraram igrejas evangélicas quando fecharam. Então é aquela coisa, os aparelhos culturais são os com menos financiamento e os últimos a abrir.

Mas, por outro lado, acho que não existe promessa de medida de segurança certa. Você vai ao cinema e aceita que a consequência pode ser ficar doente.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Existe uma produção muito variada e muito rica. Mas acho que o melhor não tá no eixo Rio-São Paulo. Tem um pessoal fazendo muita coisa legal no Ceará, Minas Gerais e um pessoal mais independente aqui em Pernambuco. Quando se tem um cinema que vive de edital muita coisa fica em jogo, como os nomes que sempre aprovam e o mesmo pessoal que é mais bem quisto sempre com muita vantagem nesses processos. Isso acaba gerando muito policiamento entre os próprios realizadores.

Contudo, a gente tá em boa fase, os investimentos dos governos de Lula e Dilma deram resultados muito bons. Até porque essa própria descentralidade de anualmente termos filmes de Minas, Pernambuco e Ceará só é possível por conta desses investimentos. E torna a produção nacional muito mais interessante e profícua.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fico curioso pra saber qual a próxima de Affonso Uchoa.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a experiência contemporânea mais próxima da realidade e da mágica.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não é exatamente inusitada, mas o último filme que vi antes do começo da pandemia foi Fim de Festa, de Hilton Lacerda, na pré-estreia dele no Cinema São Luiz. Era um sábado pós-carnaval, quando todo mundo fica doente, então o barulho das pessoas tossindo eram muito constantes e constrangedores. Acabou que duas semanas depois não tinha mais uma sala aberta em Recife e eu fico imaginando que ali já estávamos na pandemia, mas sem ter noção disso.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

O final é socialista.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que ajuda muito, para qualquer coisa na vida, você saber o que foi feito antes. Mas não precisa ser cinéfilo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vou dizer o pior desse ano: Mulan.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Edifício Master, do Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não ahahahaha.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Gosto de um que ele tá bem caricato, que se chama Color Out of Space (2019).

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

É bem variado. Eu leio bastante as críticas dos jornais locais, que conhece os críticos e também escrevo pra um. Também leio a Cinética, Plano Aberto, Zagaia em Revista e um pessoal mais atuante no instagram como Plano Cinema, Cineset e vocês da Guia do Ciné
Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #192 - André Santa Rosa

25/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #191 - Pedro Coutinho


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Pedro Coutinho tem mestrado em cinema pela Columbia University. Em 2018, lançou Todas As Razões Para Esquecer, seu primeiro longa-metragem, como diretor e roteirista. O filme foi indicado ao grande prêmio do cinema brasileiro de melhor comédia do ano e, atualmente, está disponível na Netflix. Seus dois curtas-metragens O Nome do Gato e O Jogo foram selecionados para mais de 60 festivais nacionais e internacionais. Dirigiu também a segunda temporada da série de televisão Elmiro Miranda Show, da TBS. Escreveu o piloto e foi roteirista final da série Eu, Ela e 1 Milhão de Seguidores do Multishow. Colaborou no roteiro de O Homem Perfeito de Marcus Baldini. Além disso, já dirigiu comerciais para grandes marcas, como: Coca-Cola, Netflix, P&G, Bayer e McDonald’s.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Reserva Cultural. Por achar que tem uma programação mais globalizada, trazendo filmes de diversos países, sem ter uma preocupação específica com demandas de gênero e mercado. 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Rei Leão.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Antonioni. Deserto Vermelho.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus, porque foi muito impactante quando vi a primeira vez, pois foi num momento de escolhas profissionais, pra mim, e ter assistido Cidade de Deus na época do lançamento abriu horizontes no sentido do tipo de cinema e histórias que poderiam ser contadas aqui.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Assistir qualquer tipo de filme, independente do gênero e nacionalidade, ou seja, aquela pessoa que não escolhe filme, assiste.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que não... As salas, geralmente, são dominadas pelos filmes que tem mais investimento em marketing, não que seja um problema, mas é a realidade. 

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não, apesar de achar que o número de salas vão diminuir, infelizmente, devido a oferta que temos hoje em dia nas nossas casas, mas a experiência de ver um filme numa tela de cinema é única. Nunca vai acabar. 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Climas do diretor turco Nury Bilge Ceilan. Fala sobre o fim de uma relação com sensibilidade ímpar.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não me acho em condições de opinar sobre esse assunto. As autoridades de saúde que estão aptas para determinar ou não a abertura das salas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que a qualidade vem evoluído muito, principalmente, nas duas últimas décadas, amplificando nossa variedade de filmes e gêneros e aumentando muito a confiança do público com o nosso cinema. O problema é o retrocesso atual que está acontecendo na Ancine. Nesse momento não sei mesurar o quanto já está afetando nossa produção, mas, com certeza, é um grande baque para todo um mercado que vinha num crescimento constante.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Frase do Orson Welles, mas resume tudo pra mim:  cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Teve uma vez que fui ameaçado por um pitboy (palavra da moda de uma época no Rio) porque pedi para ele fazer silêncio cinco vezes, assistindo um filme do Woody Allen. Foi engraçado que quase no final do filme, depois do meu último pedido, ele se levantou e disse que ia me esperar lá fora para brigar, mas no final não deu em nada.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Desculpa, mas não sei o que é rsrsrsrs.

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não necessariamente. Cinema pra mim é saber conduzir emoções, traduzir em imagens sensações que espectador possa se identificar e refletir. Se o diretor consegue fazer isso, pra mim é indiferente se ele é cinéfilo ou não.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa, já vi tanto filme ruim, mas o primeiro que me veio à cabeça agora foi O Especialista, mas têm vários outros, até piores.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Hoop Dreams.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, algumas vezes, principalmente em pré-estreia de filmes de colegas rsrsrsrs.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Minha memória é péssima, então o que lembro agora é o Vício Frenético.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IMDB.

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Crítica do filme: 'Uncle Frank'


Você vai fazer as coisas como querem que você faça ou da maneira como você quer fazer? Escrito e dirigido por Alan Ball (produtor de seriados de sucesso como A Sete Palmos e True Blood), em seu segundo longa-metragem como diretor, Uncle Frank é sensível recorte passado no início da década de 70 onde um professor universitário não assumidamente gay precisa enfrentar seus grandes fantasmas do passado quando seu pai falece. Delicado e com reflexivos diálogos, o filme percorre todas as dores de um personagem (e os ótimos coadjuvantes) inteligentes e cativantes. Os atores Peter Macdissi e Paul Bettany conseguem extrair de seus personagens todo amor e carinho de uma relação secreta que passa uma grande verdade para o lado de cá da tela. Um emocionante filme, disponível na Amazon Prime.

 

Na trama, conhecemos a jovem Beth (Sophia Lillis) que mora no interior dos Estados Unidos e não possui muitos sonhos na vida. Sua grande referência acaba sendo o seu tio Frank (Paul Bettany) um homem inteligente, educado, professor da Universidade de Nova Iorque, distante do resto da família, por motivos que a princípio não sabemos, que a faz entender alguns conceitos básicos para que tenha independência e consiga ser quem ela realmente quiser ser. Os anos se passam e Beth passa para a mesa Universidade que o tio dá aulas e acaba, durante uma festa meio que secreta, descobrindo que ele é gay e vive casado com Wally (Peter Macdissi), um engenheiro aeronáutico, a mais de 10 anos. Dias depois, Frank recebe a notícia que seu pai, avô de Beth, faleceu, e os dois precisam embarcar para a cidade natal deles para o funeral.

 

Há uma impressionante linda passagem entre os arcos, harmônicos e com recheio de emoções perdidas ou encubadas principalmente do amargurado protagonista que acaba se descontruindo e se construindo novamente aos nossos olhos. Não chega a ser um road movie mas é um caminho de descobertas, ou, encerramentos de capítulos não terminados de um passado que vivia gritando dentro de Frank. A delicadeza percorre todos os menos de 100 minutos de projeção, mesmo nas partes mais dolorosas como os preconceitos sofridos há uma quebra de hipocrisia com sarcasmos e muitos risos, alguns desses provocados pelo ótimo personagem Wally (o quase desconhecido por aqui, o ator libanês Peter Macdissi em grande atuação).

 

Fica mais rico ainda o filme se analisarmos pela ótica de Beth, a referência em quase tudo que conhece sobre livros e vivência vem desse tio tão especial para ela, como se fosse uma filha para ele. Uncle Frank não deixa de tocar o ponto principal a todo instante, relacionamentos pais e filhos, na linha do protagonista e na de muitos dos personagens coadjuvantes, seus conflitos e suas escolhas. Um belo trabalho de Bell e cia.

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24/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #190 - Pedro H. Azevedo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Jaboatão dos Guararapes (Pernambuco). Pedro H. Azevedo tem 27 anos, segue à risca o conselho do ET Bilu e vive sempre em busca de conhecimento, estudante de Engenharia Mecânica, aficionado por cinema e todas as suas possibilidades, também gosta de literatura e se interessa por tecnologia. Criou, junto com sua irmã gêmea, o Um Toque de Cinema para registrar seus pensamentos e impressões sobre o cinema. Sonha em fazer seus próprios filmes.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em Jaboatão, só temos as salas da Cinépolis do Shopping Guararapes, que são boas em qualidade técnica, mas, como a grande maioria dos multiplex, tem uma programação mais voltada para os grandes blockbusters e reservam poucas sessões para filmes que não estão nesse circuito. Felizmente temos Recife aqui do lado que possui uma maior variedade de cinemas, tanto em multiplex quanto em “cinemas de arte”. Dos de Recife, o cinema que tem a melhor programação é o Cinema da Fundação. Tem filmes novos de todos os lugares do mundo, filmes da região e filmes clássicos, além de excelentes mostras e festivais. Mas é válido falar do histórico Cinema São Luiz, sala histórica e linda do Recife, que recebe vários festivais e premières.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Essa é difícil de responder. Não lembro de ter passado por nenhuma grande epifania assistindo a um filme específico, mas momentos chaves que me levaram a amar o cinema. Meus pais me criaram desde muito pequeno assistindo a filmes, lembro de ter o VHS de O Rei Leão e minha irmã de A Branca de Neve e os Sete Anões, e de ficarmos assistindo ambos repetidas vezes. Também lembro de ir ver as animações da Disney e os filmes da Xuxa e do Didi nos cinemas, era sempre um grande evento para mim.

Para não deixar tudo muito vago, cito uma sessão que me marcou muito na infância. O primeiro filme do Homem-Aranha, de Sam Raimi. Lembro de ir com minha mãe e irmã e de encontrarmos o cinema do Shopping Recife abarrotado de gente. Quando fomos comprar os ingressos já não tinham mais sessões dubladas disponíveis e tivemos que assistir ao filme legendado. Essa foi minha primeira vez vendo um filme legendado na vida. Foi uma experiência mágica ver o que eu assistia nos desenhos animados na TV e lia nos quadrinhos ganharem vida da forma magistral que foi, em uma tela gigante e em uma sala lotada.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Essa pergunta é cruel demais. Ter que dizer um só nome entre os vários diretores que me impactaram é bem difícil, mas vamos lá. A posição de diretor favorito para mim é algo que vai mudando conforme vamos assistindo e conhecendo mais coisas. Hoje o lugar é de Wong Kar-Wai e o meu filme favorito dele é sua obra-prima Amor à Flor da Pele.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Som ao Redor, de Kléber Mendonça Filho. Foi o primeiro filme que eu vi que mostrava algo tão próximo de mim. Eu finalmente vi Recife, a capital do meu estado e a cidade que eu passo boa parte da minha vida, na tela grande, com personagens que falavam com o mesmo sotaque e expressões que a gente usa por aqui, sem nenhuma afetação ou caricatura. Isso me fez entender melhor o poder de representatividade que o cinema carrega e me fez enxergar o cinema como algo próximo da minha realidade. Além de tudo isso, o filme é excelente.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é ser apaixonado por assistir filmes. Quando digo “apaixonado” é ser meio obcecado com o cinema. É querer se aprofundar cada vez mais na arte cinematográfica, procurar saber mais da história e da técnica do cinema, mas não para se gabar por conhecer muito e ter vistos muitos filmes, mas para sempre aproveitar e ampliar ao máximo a sua experiência com os filmes que assiste.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que a questão nem é de entender ou não de cinema, a programação da grande maioria das salas são feitas pensando no aspecto financeiro da coisa e isso dificilmente vai mudar. Se quando Vingadores: Ultimato foi lançado as redes de cinema passaram ele em praticamente todas as salas foi por causa da demanda que ele criou, nenhuma exibidora grande iria reduzir o número de salas de Vingadores para colocar um outro filme menos conhecido que muito provavelmente não geraria a mesma receita que Vingadores.

Acho que uma maior diversidade na programação dos cinemas passa muito mais por ampliar a visão do público para o que está sendo feito em todos os cantos do mundo e no próprio Brasil do que nos programadores das redes multiplex. Nesse caso, vejo o trabalho dos produtores de conteúdo que falam sobre cinema e da crítica como os responsáveis por mostrarem as inúmeras possibilidades que o cinema possui.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Se algum dia criarem uma realidade virtual que simule com perfeição uma sala de cinema elas poderão acabar, se não, impossível.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Um Elefante Sentado Quieto (2018), de Hu Bo. O filme tem quase 4 horas, mas eu garanto, vale a pena.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que essa pergunta deveria ser respondida por médicos, virologistas e epidemiologistas que entendem melhor o risco de contágio em uma sala de cinema. Aqui, Alguns cinemas já reabriram seguindo protocolos de segurança para minimizarem a chance de contágio, mas eu ainda não tive coragem de ir e nem sei se vou antes de tomar a vacina contra covid-19.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito bom. Confesso que conheço pouco do cinema brasileiro, mas do que eu ando vendo atualmente, tenho gostado bastante. A presença e os prêmios ganhos por filmes brasileiros nos grandes festivais internacionais dos últimos anos são uma prova da qualidade do nosso cinema. Infelizmente a continuidade dessas conquistas está ameaçada pelo atual governo federal, que paralisou a ANCINE, abandonou a Cinemateca Brasileira e possui uma política anti cultura.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kléber Mendonça Filho. Até agora todos os seus trabalhos foram excelentes para mim.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O mais próximo da perfeita materialização da mente, do coração e da alma humana.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Lembro de uma sessão lotada de algum filme do Harry Potter, não consigo me lembrar agora qual foi, que um grupo de adolescentes queriam chamar mais atenção do que o filme. Ficaram fazendo piadinhas e falando alto, até que um outro grupo de meninas que estavam sentadas duas fileiras a frente deles perderam a paciência e começaram a gritar com eles. A resposta deles para elas foi jogar pipoca nelas e elas revidaram na mesma moeda. Sendo que nem todas as pipocas acertavam os alvos e aí as outras pessoas que eram alvejadas pelos grãos também revidavam e boa parte da sessão aconteceu com pipoca voando de um lado pro outro.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Esperando o Cinemark incluí-lo na sessão de clássicos para assistir e dar meu veredito.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não, só acho estranho querer trabalhar com cinema sem ser apaixonado por cinema. Eu vi declarações recentes de grandes diretores como Werner Herzog, David Lynch e Hayao Miyazaki dizendo que mal assistem a filmes, mas acho que pelo menos na juventude eles tiveram alguma relação forte com o cinema e depois que criaram uma relação mais pessoal com a linguagem cinematográfica ficaram desinteressados em ver a visão de outros autores.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Eragon, de Stefen Fangmeier. Tinha acabado de ler o livro e quando vi que iria ter um filme fiquei maluco. Fui ver no cinema com um hype inacreditável e tive a maior decepção em uma sala de cinema na minha vida, o filme é uma bomba terrível.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Senna, de Asif Kapadia. Não tem como ser outro. Assim como o cinema, Fórmula 1 é uma das minha paixões e esse filme é a melhor combinação já feita entre esses dois mundos.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Já sim, mas não para um filme. Bato palmas em sessões onde pessoas que trabalharam no filme estão presentes, para prestigiar o trabalho deles. A mais icônica foi na sessão de estreia de Bacurau no Recife, no lendário Cinema São Luiz. Tive a honra de assistir junto com boa parte da equipe que fez o filme, incluindo Kléber Mendonça Filho, Juliano Dornelles e a maravilhosa Sônia Braga. As palmas das minhas mãos saíram doendo de tanto batê-las hahahaha.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação, de Spike Jonze. Acho que ele também está sensacional em Kick-Ass, de Matthew Vaughn.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Atualmente leio mais os reviews e vejo as listas feitas por usuários no letterboxd.

 

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