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14/12/2023

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Crítica do filme: 'Soldado Universal'


O faz de conta e seus paralelos com a realidade. Trazendo como protagonistas dois dos rostos mais famosos quando pensamos em filmes de ação de algumas décadas atrás, Jean-Claude Van Damme e Dolph Lundgren, Soldado Universal busca se colocar como uma crítica ao militarismo e as pretensões das grandes potências em transformar soldados em seres imbatíveis. Muito longe da realidade? Talvez! Mas as brechas para as reflexões são inúmeras, principalmente se o espectador conseguir ter um olhar atento em meio a bombas, tiros e pancadarias.


Dirigido pelo cineasta alemão Roland Emmerich, sua primeira assinatura da direção de um filme norte-americano, o longa-metragem conta a história de Luc (Jean-Claude Van Damme), um soldado enviado ao Vietnã no final da década de 60 que após estar entre a vida e a morte, ganha nova chance de vida, mesmo que forçadamente, agora na pele de super soldado, fruto de uma experiência militar. Buscando entender o mundo décadas depois de quase morrer na guerra, Luc é perseguido por Andrew (Dolph Lundgren), um soldado sanguinário que conhece de outros tempos.


Misturando a ficção científica e a ação, a narrativa pratica um exercício de imaginar um mundo com soldados imbatíveis, algo que por si só levaria a vantagens impensáveis em futuras guerras. Essa costura é interessante pois os paralelos que surgem podem também ser vistos como críticas sociais aliadas a um avanço tecnológico. Mas será a força e brutalidade os caminhos para a paz?


As passagens de tempo, começando no fracasso do avanço norte-americano no Vietnã, são importantes para vários recortes que são mostrados. Esse contexto de um período turbulento da história, não só a norte-americana, o antes e depois dentro dessa linha temporal, de duas décadas e meia, faz com que a narrativa caia nas armadilhas dos clichês mas sempre resgatado por possíveis espelhos em relação ao avanço da sociedade e principalmente ao senso crítico que caminha em forte crescente.


Com um orçamento perto dos 20 milhões de dólares e uma receita que superou a casa dos 100 milhões somente em bilheteria em todo o mundo (na primeira semana faturou logo 10 milhões estando presente em quase 2.000 salas), Soldado Universal logo se tornou um enorme sucesso na carreira do astro belga Jean-Claude Van Damme. Inclusive Van Damme e Lundgren estiveram presentes na mega divulgação do filme no Festival de Cannes no início dos anos 1990, fato que ajudou o marketing da produção em uma era onde a internet ainda estava pra nascer.


O projeto logo virou uma franquia, com seis filmes ao todo e não necessariamente com todos os atores principais voltando para seus personagens, aproveitando a enxurrada de filmes de ação que ganhavam a atenção dos espectadores a partir da década de 90. O filme também ganhou uma minissérie de três episódios em forma de quadrinhos escrita por Clint McElroy.


Para quem se interessar em conferir a esse trabalho, o filme está disponível no catálogo da Prime Video.



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Crítica do filme: 'Jerry Maguire - A Grande Virada'


O amor e o poder na era da ganância. O concorrido, midiático e rentável universo dos esportes americanos vira pano de fundo para uma história de amor e dedicação aos olhos de um workholic que precisa redesenhar seus objetivos passando por aprender a dar valor aos que o cercam na vida pessoal. Assim, podemos rapidamente definir Jerry Maguire - A Grande Virada, um dos melhores filmes dos anos 90 escrito e dirigido pelo cineasta californiano Cameron Crowe, inspirado na vida do agente esportivo Leigh Steinberg.


Na trama, conhecemos Jerry Maguire (Tom Cruise), um badalado empresário de esportistas que vai do céu ao inferno quando, no auge da carreira, é demitido da empresa onde trabalha. Buscando um recomeço no mercado competitivo que está, vai em busca de firmar parceria com um jogador de futebol americano chamado Rod (Cuba Gooding Jr.) que é puro coração. Nessa jornada, Jerry contará com a ajuda da ex-secretária Dorothy (Renée Zellweger) com quem viverá um grande amor.


Quinto filme consecutivo de Tom Cruise com mais de 100 milhões de dólares em faturamento de bilheteria (algo que se repetiria mais pra frente na sua vitoriosa carreira), Jerry Maguire navega pelo olhar crítico ao capitalismo, onde o dinheiro e o poder se tornam obsessão de muitos deixando para trás laços importantes. As redescobertas do protagonista, numa óbvia relação a uma jornada de redenção se mesclam com uma história de amor água com açúcar mas mesmo assim carismática. Nessa última parte vale o destaque para a atriz Renée Zellweger que na época estava em baixa na carreira.


A narrativa percorre conflitos emocionais ligados a uma era de obsessões, uma frenética corrida por posição social. As linhas do roteiro surgem cheias de críticas sociais, uma forma bastante madura de refletir um eterno estado de aflição. O panorama midiático é muito bem estabelecido pelas lentes do ex-repórter da Revista Rolling Stones Cameron Crowe, um cineasta brilhante, com um olhar cirúrgico para os epicentros de um discurso.


Na trilha sonora, outra área que Crowe conhece como poucos, a produção teve permissão de ninguém mais ninguém menos que Paul McCartney para usar duas partes instrumentais das canções ‘Singalong Junk’ e ‘Momma Miss America’ que estiveram no álbum McCartney lançado pelo eterno beatle no início da década de 70.


Indicado para cinco Oscar, venceu na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Cuba Gooding Jr.), e com um orçamento na casa dos 50 milhões de dólares, o filme faturou quase 300 milhões em bilheterias em todo o mundo, se tornando um enorme sucesso. Pra quem se interessar, o filme está disponível na Paramount Plus, Prime Video e HBO Max.



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29/10/2023

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Crítica do filme: 'O Senhor das Armas'


Escrito e dirigido pelo cineasta neozelandês Andrew Niccol, com um orçamento de cerca de 40 milhões de dólares, conseguindo quase dobrar esse número somente em bilheteria, O Senhor das Armas é um verdadeiro soco no estômago que já começa mostrar a que veio na sua abertura, uma das mais chocantes das últimas décadas, nos levando para o assustador mundo, infelizmente o mesmo em que vivemos, que tem uma arma para cada doze pessoas no planeta. Seguindo os passos de um traficante de armas, personagem esse baseado em partes na vida do comerciante russo de armas Viktor Bout, desde os anos 80 até os dias atuais, O Senhor das Armas é uma chocante e muito bem construída crítica à indústria bélica.


Na trama, conhecemos Yuri Orlov (Nicolas Cage), um descendente de ucranianos que chegou na América com a família se passando por judeus e criado no Brooklyn. Durante um momento de sua vida percebe uma oportunidade em um universo que não conhecia, o de traficar armas e logo se torna um alguém influente nesse meio. Correndo para o encontro com a violência, levando seu irmão Vitaly (Jared Leto) para os negócios e sem um pingo de dó na consciência ao longo de tempo ele começa a ser perseguido pela interpool aqui centralizado na figura do agente Valentine (Ethan Hawke).


Qual é a sua guerra? Por meio de um protagonista narrador, um recurso muito interessante que segue a narrativa, vamos sendo guiados para os bastidores de uma poderosa indústria, repleta de vilões, pessoas insensíveis. Sem passar a mão nem humanizar seu inconsequente e sem coração personagem principal o projeto caminha a passos detalhados onde joga o público de frente para a reflexão. A direção de Niccol é fascinante, apresenta por meio do chocar os conflitos e até mesmo dilemas que se seguem na vida de Yuri. Esse último, um intrigante personagem, que blindado por seu egocentrismo não consegue chegar nem perto de alguma dor na consciência. Um brilhante trabalho de Nicolas Cage.


Com armas espalhadas em diversas zonas de guerra, passando por momentos marcantes que remodelaram a geopolítica mundial, como o fim da União Soviética, e também a ascensão de ditadores impiedosos na África, Yuri parece, a cada novo lugar que vai, nos levar para verdades escondidas, momentos que precisamos refletir pois o espelho de muito do que vemos ao longo de quase duas horas de projeção não é muito diferente do que acontece em diversos lugares do mundo nesse mesmo instante.


Esse ano, foi confirmada uma continuação, com Nicolas Cage reprisando seu emblemático personagem quase duas décadas após o primeiro filme. Pra quem quer assistir o primeiro filme, está disponível no catálogo da Prime Video.


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28/09/2023

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Crítica do filme: 'O Grande Dragão Branco' * Revisão*


Os caminhos para a inspiração de vencedor. Inspirado na vida de um famoso lutador de artes marciais chamado Frank Dux, O Grande Dragão Branco é o longa-metragem de ação responsável por alavancar a carreira do até então quase desconhecido ator belga Jean-Claude Van Damme. O desejo de vencer uma competição secreta em Hong Kong, no melhor estilo luta livre, com três dias de lutas eliminatórias é a linha de partida de um roteiro que vai em direção ao confronto final numa clara referência ao antagonismo evidente entre o herói e o vilão.


Na trama, conhecemos Frank Dux (Jean-Claude Van Damme) um capitão do exército norte-americano que resolve abandonar seu posto e se inscrever num torneio secreto e sangrento de luta livre em Hong Kong que reúne especialistas em várias modalidades. Assim, aos poucos, conhecemos melhor o passado do protagonista e seus ensinamentos na arte do Ninjutsu por um mestre japonês. Isso nos leva ao confronto final de Frank Dux contra um lutador que nunca perdera uma luta.


Antes de mais nada, é importante sabermos quem foi o verdadeiro Frank Dux. Referência nas artes marciais, principalmente o Ninjitsu Americano, entre 1975 e 1980 fez mais de 300 lutas e com um incrível placar de 300 vitórias! Sim! Ele nunca perdeu! Desenhado para ser um paralelo com esse fera das lutas, o Frank Dux da ficção não poderia ter tido um intérprete melhor: o campeão de kickboxer e na época aspirante a ator Jean-Claude Van Damme. Desse casamento os cinéfilos amantes dos filmes de ação ganharam uma referência que percorreu por décadas grande filmes do gênero.


Mas voltando para o filme... O Grande Dragão Branco tem o passo a passo da simplicidade quando pensamos em estrutura narrativa, com todas as peças bem definidas, e um objetivo evidente de chegar até o clímax do antagonismo, a batalha entre herói e vilão. Tudo gira em torno das batalhas em Hong Kong e pinceladas de como Frank chegou até ali. Muitas vezes parece que estamos vendo um video-game onde selecionamos os personagens e colocamos eles para lutarem. E não fiquem pasmos se acharem que esse ou outros filmes de ação foram grande referências para famosos jogos de diversos consoles ao longo de várias gerações.


Com direito a participação especial do vencedor do Oscar Forest Whitaker, e dirigido por Newt Arnold, para quem se interessar, O Grande Dragão Branco está disponível no catálogo da Prime Video.



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25/09/2023

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Crítica do filme: 'Falcão - O Campeão dos Campeões' * Revisão *


Quando acreditamos em segundas chances. Longe de ser um dos mais elogiados filmes da carreira de Sylvester Stallone, inclusive indicado ao Framboesa de Ouro em algumas categorias, Falcão – O Campeão dos Campeões se tornou um dos mais emblemáticos filmes com o ator que foram exibidos na saudosa Sessão da Tarde. Trazendo para o público uma história girando em torno de uma turbulenta relação entre um pai e seu único filho, o projeto dirigido pelo israelense Menahem Golan busca trazer reflexões sobre erros e segundas chances.


Na trama, conhecemos Lincoln (Sylvester Stallone), um solitário caminhoneiro que após a ex-esposa Christina (Susan Blakely) adoecer de uma grave doença vai de encontro ao único filho do casal, Michael (David Mendenhall), um garoto mimado pelo avô Jason (Robert Loggia), com quem deverá passar alguns dias. Buscando recuperar mais de uma década em apenas alguns dias, Lincoln embarca em uma jornada tumultuada onde precisa assumir seus erros em troca de uma segunda chance. Ao mesmo tempo em que busca ter uma melhor relação com o filho, percorrendo quilômetros pelas estradas norte-americanas, o protagonista tem o sonho de vencer o principal torneio de queda de braço do país.


Sem pretensão de ser um filme com inúmeras lições sobre a relação entre pais e filhos, mas com a necessidade de impor grandiosidade demasiada em um duelo entre o herói e o vilão, o longa-metragem até consegue ser profundo em seu refletir. O drama se torna um elemento de importância que circula o desenvolvimento dos personagens. Assim chegamos até alguns dos conflitos: uma doença terminal que acaba tendo que unir dois parentes com um enorme hiato no convívio, as desilusões de um homem que abandonou a esposa e o filho pequeno por não se sentir apto a dar uma vida confortável a eles, um egoísmo de um avô influente pelo poder que tem mas sem sensibilidade para entender o momento. A narrativa se desenvolve em bom ritmo por essas estradas da vida.


Exageradamente indicado ao Framboesa de Ouro, Falcão - O Campeão dos Campeões não é nem de longe um filme ruim. Tem muitos paralelos com a realidade de muitos, seja nas relações conflituosas que são apresentadas, seja na questão dos sonhos que precisam ser regados com a força de vontade e muitas vezes sozinho. Pra quem se interessar, o filme está disponível no catálogo do Telecine e da Prime Video. 



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23/09/2023

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Crítica do filme: 'Cassandro'


Quando o seu sonho se torna o reflexo de tantos outros. Lançado mundialmente no Festival de Sundance desse ano, Cassandro caminha sobre as empolgantes mentirinhas dos ringues de luta livre que escondem as verdades dos dramas da vida real. Com um olhar profundo para a sexualidade e os conflitos familiares, o longa-metragem escrito e dirigido pelo cineasta norte-americano Roger Ross Williams busca alcançar a melancolia as vezes se perdendo no desenvolvimento lento de sua narrativa mas nada que atrapalhe as lindas mensagens que o projeto transmite.


Na trama, conhecemos Saúl (Gael García Bernal), um jovem nascido em El Paso (Texas) que tem o sonho de ser lutador profissional de luta livre e mora com a mãe Yocasta (Perla De La Rosa) no lado mexicano da fronteira com os Estados Unidos. Ele é gay e está em um relacionamento escondido com um homem casado. Enfrentando o preconceito em um esporte machista, quando começa a se destacar, resolve adotar o nome de ‘Cassandro’ virando uma referência para milhares de amantes desse esporte.


Ambientado no final da década de 80, início dos anos 90, Cassandro navega em um olhar profundo para família. Somente tendo proximidade com a mãe, já que o pai os abandonara de vez por conta da sexualidade do filho, Saúl parece viver seus sonhos em segredos, seja o de ser um grande lutador, querido pelo público, ou mesmo ter uma relação amorosa onde não precise esconder quem ele é. Há um conflito doloroso com o pai, figura que lhe fez amar o esporte que viraria sua profissão. A força da amizade e os encontros pelo caminho acabam construindo novas maneiras de enxergar o mundo que vive. Gael García Bernal está brilhante no papel principal.


O filme não tem um grande clímax, o que poderia ser um problema, mas um ótimo desfecho completa qualquer lacuna que pode ter ficado pelo caminho. No desenvolvimento, a narrativa se perde ao alcançar a melancolia, estaciona em um ritmo lento, mas nada que atrapalhe as mensagens que o filme carrega em suas linhas do roteiro que conseguem serem transmitidas de forma objetiva e com altas cargas de emoção.



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Crítica do filme: 'Antes de Partir'


Faça o que ama enquanto puder. Buscando traçar muitas reflexões em uma conflituosa relação entre um pai e seu único filho, Antes de Partir nos leva para uma profunda jornada dramática na visão de um senhor na fase final de vida que, sem planejar, encontra o amor de diversas formas, um sentimento congelado ao longo do tempo que se acomodou nos pesares, nas tragédias, na distância. O simbolismo e a importância de uma das mais fortes relação humanas são os elementos contundentes para entendermos esse longa-metragem, dirigido pela dupla Oded Binnun e Mihal Brezis, com roteiro baseado no livro The Etruscan Smile do escritor espanhol José Luis Sampedro.

Na trama, conhecemos Rory MacNeil (Brian Cox) um emburrado senhor que vive seus dias isolado na distante Vallasay, uma ilha na Escócia. Quando precisa de um atendimento médico que não tem por aquelas terras, arruma um pretexto para se consultar de emergência e vai para São Francisco nos Estados Unidos visitar o filho Ian (JJ Feild), um especialista em gastronomia molecular, que não vê faz uma década e meia. Ao longo do tempo que passam juntos, entre encontros e desencontros, uma aproximação acontece, principalmente por Rory enfim conhecer pessoalmente seu neto que o faz encontrar novos rumos para sua fase final da vida.


Filhos como reflexões de seus pais. A jornada por aqui, centralizada no protagonista, acaba abrindo margens para entendermos a visão de terceiros sobre a figura rabugenta, que volta e meia esbraveja em gaélico (língua essa que chegou pela Escócia no século V). Chega a ser um conflito sobre a imaturidade contra o que o destino traz de renovador no momento. Um senhor de idade que sabe estar no últimos dias e as formas que a vida lhe entrega situações, até mesmo uma grande paixão. As surpresas pelo caminho são elementos que reforçam os conflitos que vive o personagem.


A narrativa contorna o complexo universo do abstrato. O amor, o perdão ganham novas formas de serem demonstrados através de uma pulga atrás da orelha que é o arrependimento. O que você faria se tivesse poucos dias de vida? Essa pergunta segue com Rory sem deixar de traçar paralelos com histórias e mais histórias do lado de cá da telona.  Antes de Partir pode ser definido como uma inesperada jornada de autoconhecimento onde o inesperado se une aos dilemas de toda uma vida.



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22/09/2023

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Crítica do filme: 'Aparências'


As pessoas são capazes de tudo para sustentar um iminente declínio de seus casamentos? O prestígio, a posição social aqui se misturam com a desconfiança, a problemática de um inconsequente relacionamento com um stalker, a infidelidade, mentiras e mais mentiras. Aparências, lançado em 2020 nos cinemas franceses e dirigido pelo cineasta Marc Fitoussi nos leva até as peças de um declínio em um casamento que parecia perfeito. Entre ataques e contra-ataques vamos rumando para um inacreditável desfecho onde percebemos as verdades de dois cúmplices de suas ações através da impulsividade e do complicado jogo das aparências. O projeto conta com uma destacada atuação da maravilhosa atriz francesas Karin Viard.


Na trama, conhecemos Eve (Karin Viard) e Henri (Benjamin Biolay), um casal francês de classe alta que moram faz anos na Suíça. Ela uma competente gerente de uma biblioteca, ele um maestro rumo aos mais altos cargos de sua prestigiada profissão. Vivendo sob os holofotes da posição social que conquistaram, esse casamento se encontra em um presente frio. Quando Eve descobre a traição do marido com uma professora que dá aula ao único filho do casal, a protagonista se joga em uma noite de inconsequências se relacionando com o problemático Jonas (Lucas Englander). Quando um passa a descobrir a traição do outro, a trama vai se desenvolvendo rumo ao imprevisível.


A impulsividade é algo relevante nessa reflexão matrimonial. No radar de um cotidiano que parecia perfeito, como peças de um dominó posicionadas para uma enorme queda, somos guiados para a construção de uma narrativa brilhante, onde as reviravoltas são encontradas através do descontrole, em ações inconsequentes de uma guerra não declarada que acaba sendo imposta. Assim, acompanhamos os obstáculos que se amontoam na vida do casal muito pela visão da esposa em intensos 110 minutos de projeção.


O título não poderia ser mais certeiro, Aparências! O medo de perder a posição social que foi construída ao longo de anos de uma relação se torna peça chave para o entendimento de alguns porquês ao longo dos labirintos que se metem esse casal em total desencontro. De drama, o filme vira um suspense daqueles que não conseguimos tirar os olhos da tela nos levando ao imprevisível dentro de um desfecho avassalador.


Pra quem se interessar, o filme está disponível no catálogo da Prime Video!



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04/09/2023

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Crítica do filme: 'Rambo - Programado Para Matar'


Antes de embarcar na terceira aventura do pugilista mais famoso do planeta cinema, Rocky Balboa, Sylvester Stallone foi chamado para interpretar um outro personagem que seria ao lado do garanhão italiano um dos mais emblemáticos de sua carreira. Rambo - Programado Para Matar, baseado na obra homônima do escritor canadense David Morrell, é um filme de ação que explora o conflito pós-traumático ao lado de uma crítica social profunda em um Estados Unidos pós Guerra do Vietnã.   


Na trama, ambientada na fictícia cidade de Hope, em Washington, conhecemos John Rambo (Sylvester Stallone), um ex-membro de uma das principais forças especiais do exército norte-americano, os boinas verdes, que sobreviveu aos horrores do Vietnã e volta para casa após cumprir seus deveres militares. Ele resolve ir até a cidade onde um amigo do seu pelotão de elite reside, mas acaba sendo perseguido e preso, praticamente sem motivos, por um carrancudo xerife local chamado Will Teasle (Brian Dennehy) e acaba se refugiando em uma área florestal onde é caçado. Só que seus inimigos não esperavam que ele se sente melhor nessas condições do que em qualquer outras.


Lançado no início da década de 80 e dirigido por Ted Kotcheff, o projeto nos leva para dentro da mente de um homem treinado para matar, completamente sem família, um nômade que só sabe uma direção. A narrativa em seu desenvolvimento explora com eficácia um fator importante por aqui, o trauma. Os abalos emocionais mostrados, os gatilhos provocados, por meio de lampejos em forma de flashbacks vamos tendo uma ideia do complicado cenário emocional que estamos sendo testemunhas. Aliás, esse filme é um prato cheio para psicólogos!


Dentro do fator da Guerra do Vietnã, nesse pós-conflito, Rambo simboliza milhares de soldados que voltaram para casa e foram destroçados pela opinião pública, alguns até sem conseguir um simples emprego qualquer. A crítica social aqui se expande para a política de armas dos Estados Unidos. 

    

Rambo - Programado Para Matar é longe de ser uma obra-prima mas é muito mais que um filme de ação qualquer pois consegue gerar o refletir sobre assuntos que viriam a se tornar atemporais.




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01/09/2023

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Crítica do filme: 'Efeito Borboleta'


Você mudaria seu passado se pudesse? Buscando refletir sobre essa intrigante pergunta, o excelente Efeito Borboleta, um dos grandes filmes de ficção científica dos anos 2000 nos guia através de um roteiro inteligente, dinâmico, para uma curiosa trajetória de conflitos de um jovem que por uma inusitada circunstância do destino consegue voltar no tempo e reviver situações emblemáticas de sua vida. Escrito e dirigido pela dupla Eric Bress e J. Mackye Gruber, o projeto bate na tecla das incontroláveis variáveis de um olhar para a teoria do caos, percorrendo as alterações de eventos e os desdobramentos imprevisíveis. Um prato cheio pra quem curte narrativas que navegam na ficção científica e principalmente viagens no tempo.


Na trama, conhecemos Evan (Ashton Kutcher), um jovem já perto da fase adulta que ao longo de sua vida manifesta falhas de memórias sempre em momentos de alto estresse. Certo dia, por meio de diários que escrevia, consegue voltar no tempo para momentos em que nunca pensara mais encontrar. Buscando consertar determinadas situações traumáticas no passado, acaba criando novas variáveis tão ou mais complicadoras, muitas dessas que envolvem a vida de seu grande amor Kayleigh (Amy Smart).


Em um universo infinito de variáveis, em qual delas você se sente mais confortável de que é a linha correta a seguir? Essa é uma questão importante, algo que corre em paralelo as alucinantes situações que vive o protagonista. A narrativa liga o turbo na não linearidade, algo que faz com que o espectador precise ter atenção já que praticamente uma sequência influencia a outra. Essa construção é feita de maneira brilhante tendo como norte as incontroláveis variáveis de um olhar composto por linhas temporais, física e toda a problemática que gira em torno. Parece que estamos montando um quebra-cabeça onde peças novas entram e desmontam as já montadas.


O universo também incontrolável do abstrato recorte do sentimento também é uma mola propulsora da narrativa. Há espaço para a importância da amizade, dos sonhos, do amor, esse último talvez o ponto fixo e estopim de mudanças quando o protagonista se distancia do ‘eu quero’ e começa a tomar atitudes sobre ‘o que fica melhor para eles’. Algo que não deixa de ser um lopping reflexiva sobre crise existencial.


Passam-se gerações e Efeito Borboleta continua sendo pauta de conversas, indicações. É um filme que depois de assistido faz o espectador pensar sobre muitas coisas e o que talvez poderia se mudar havendo possibilidade. Pra quem se interessar, o filme está disponível no catálogo da Prime Video e da HBO Max.



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19/08/2023

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Pausa para uma série: 'Cangaço Novo'


É sempre política, até quando é guerra. Mostrando a saga de um homem, exonerado do exército, ex-bancário, que vira assaltante de banco, em total reconexão com um passado do qual só tinha lampejos de lembranças, Cangaço Novo, novo seriado brasileiro da Prime Video, com um total de oito episódios na sua primeira temporada, é um explosivo projeto que vai da violência até perdidos laços familiares. Com episódios dirigidos por Fábio Mendonça e Aly Muritiba, deixando fortes traços de críticas sociais e aos problemas estruturais, sociais, que atingem várias partes do Brasil, Cangaço Novo passa por cima de qualquer simples análise sobre heróis e bandidos mostrando que o buraco é mais embaixo.


Na trama, ambientada na Cidade fictícia de Cratará, no Ceará, conhecemos Ubaldo (Allan Souza Lima), um homem com um presente repleto de conflitos em São Paulo, cidade onde mora. Recém demitido de um banco onde trabalhava, apertado para pagar as despesas hospitalares do pai internado, atravessa o país por causa de uma carta dizendo sobre uma possível herança, fato que o leva para uma cidadezinha no sertão cearense onde descobre ser filho de um cangaceiro conhecido na região. Logo se vê em novos conflitos, com a violência inserida no cotidiano e entre vinganças, corrupções políticas em terras repletas de histórias ligadas à desgraças, acaba virando parte de um bando violento que assalta bancos por toda a região ao mesmo tempo que tenta se conectar com as duas irmãs que nem sabia que existiam, isso tudo em um lugar onde ele não é invisível.


O sentido de família aqui chega de diversas formas que vão desde a fé passando pelos traumas de um passado nunca esquecido, os problemas sociais enfrentados pela má administração do dinheiro público ferindo famílias pobres em um lugar com recursos limitados, até mesmo o sobrenatural. Problemas com a distribuição da água, uma eleição turbulenta, traições, a volta do movimento de banditismo, seguindo a linha de que pai é quem cria, Ubaldo começa aos poucos a redescobrir sua história.


Flashbacks em preto e branco abrem os episódios, detalhes que viram elementos complementares de uma narrativa dinâmica que mostra diversos pontos de vistas num roteiro que apresenta muitos detalhes ligados aos porquês de um jogo que só se ganha não respeitando as regras. No melhor estilo faroeste, com violência fortemente presente, com jagunços, politicagem, tensões entre famílias com passado e presente de rivalidades aos poucos vamos vendo a criação de uma espécie de Robin Hood Sertanejo num sertão de novos tempos, um anti-herói que simboliza parte de um movimento social conhecido no final do século XIX e início do Século XX.


O elenco é excelente, com nomes como: Marcélia Cartaxo, Ricardo Blat e a sempre impactante Hermila Guedes. Mas os destaques vem de rostos pouco conhecidos do grande público, o trio que forma o protagonismo: Allan Souza Lima, Thainá Duarte e Alice Carvalho. Essa última em uma atuação marcante, na pele de uma personagem que ficará nas nossas memórias por muito tempo!  


Com um final aberto, repleto de pontas soltas, fatos que deverão se desenvolver ao longo de novas temporadas, Cangaço Novo chega com o pé na porta mostrando verdades de velhos e novos tempos.




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16/08/2023

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Crítica do filme: 'Crime na Rodovia Paraíso'


Os horrores de um crime imperdoável. Escrito e dirigido pela cineasta Anna Gutto, em seu primeiro longa-metragem, Crime na Rodovia Paraíso busca refletir sobre um tema impactante, o tráfico de pessoas, através do olhar de uma batalhadora caminhoneira que se vê sem saída, envolvida em um esquema. Mas o que deveria ser um filme impactante, se torna superficial, com uma narrativa com falhas, sonolenta, presa numa relação pouco aprofundada entre dois irmãos. Lançado em julho do ano passado nos Estados Unidos e disponível atualmente no catálogo da Prime Video, o filme tem no elenco Juliette Binoche e Morgan Freeman.


Na trama, conhecemos Sally (Juliette Binoche), uma mulher solitária que viaja com cargas por todo os Estados Unidos com seu caminhão. Seu irmão Dennis (Frank Grillo) está preso, e de dentro da prisão coloca Sally para ajudá-lo com alguns favores para sair das enrascadas que se mete atrás das grades. Num último movimento para ajudá-lo, já que Dennis está perto de sair da prisão, Sally se depara com uma situação impactante. Ela precisa transportar ilegalmente algo que não sabe o que é para um determinado homem. Quando descobre que se trata de uma jovem, ela resolve ajudar a garota percorrendo estradas perigosas, bandidos e o olhar da polícia, na figura de Gerick (Morgan Freeman), um consultor com mais de 50 anos de experiência, que começa a fechar o cerco contra ela.


O olhar fixo na protagonista limita a percepção como um todo de um problema global. Sally é uma trabalhadora que não consegue se desprender da relação conflituosa que tem com o irmão, faz as entregas que ele pede, cega de que está ajudando. A troca de perspectiva e a tentativa de entendimento da situação grave em que se meteu é um ponto de virada no seu olhar, só que a forma como a história é contada a partir dessa desconstrução acaba deixando lacunas pelo caminho. Quando há espaço para uma reflexão sobre a situação terrível que vive a jovem sequestrada, a narrativa entra na óbvia associação aos traumas que vive na sua vida sem esperanças, quando se depara com a relação de outras famílias um olhar diz mais que mil palavras. O papel da polícia caminha no superficial, contorna a trama dentro da já batida obviedade, não se aprofunda em instante algum.


O grande mérito do projeto é buscar alguma reflexão para um assunto pesado, terrível. Um atentado aos direitos humanos, um crime ultra violento que causa sequelas inimagináveis, a privação de vidas, um negócio completamente ilegal, desumano, que movimenta bilhões de dólares para inescrupulosos bandidos. O tráfico de pessoas, infelizmente é uma realidade. É função do cinema colocar para reflexão, as vezes até mesmo como papel de denúncia, assuntos doloridos de nossa sociedade.





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30/07/2023

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Crítica do filme: 'Supernova'


As dores incuráveis de uma tragédia. Numa região remota, em uma estrada de pouco movimento, uma mulher em fuga com os dois filhos estão prestes a serem o centro de uma situação dolorosa onde o espectador enxerga os fatos a se seguirem através da visão de três personagens. Alcoolismo, machismo, egoísmo, o desespero, são alguns dos elementos que envolvem a forte narrativa. Escrito e dirigido por Bartosz Kruhlik o longa-metragem polonês busca suas reflexões através do exato momento onde o inesperado encontra o destino.


Na trama, conhecemos Iwona (Agnieszka Skibicka), uma mulher que já não aguenta mais as terríveis crises familiares provocadas pelo vício em álcool do marido Michal (Marcin Zarzeczny) e resolve fugir de casa, que fica numa comunidade rural, andando estrada a dentro com os dois filhos do casal. Nessa fuga, uma tragédia acontece, fazendo com que a vida desses dois personagens se cruzem com o arrogante Adam (Marcin Hycnar) e do policial Slawek (Marek Braun).


Em uma reunião de emoções dolorosas, o projeto tem o mérito de traçar um enorme e cirúrgico raio-x de alguns personagens que são os pontos de vistas principais sob o calor emocional de uma traumática situação. Assim, conhecemos um policial atormentado pela situação que presencia e que esconde um segredo na sua relação com a vítima, um mimado e inconsequente homem de meia idade ligado ao governo e um outro homem que se sente culpado pelos acontecimentos que se seguem. A partir do fato central da trama, um aterrorizante caos é instaurado, sendo imprevisível saber como essa história termina.


A justiça, seus limites e as leis dos homens. Há espaço também para o ponto de vista dos que deveriam lidar com a situação. As autoridades policiais paralisadas, atônitas, na cena do crime se perdem no procedimento e em não saber o que fazer para contornar o ocorrido. A reação pública é imediata quando a fragilidade da justiça se mostra evidente.  


O título, supernova, é uma menção aos novos começos após uma explosão de uma estrela, algo como um ciclo de alguns destinos que durante a vida renascem, vivem e morrem novamente. Um certeiro paralelo que tem tudo haver com o que assistimos ao longo de cerca de 80 minutos de projeção.



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22/07/2023

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Pausa para uma série: 'O Negociador'


A verdade é o único caminho. Abordando diversas questões dentro da linha de ação de uma equipe do Gate, o novo seriado brasileiro da Prime Video, O Negociador, apresenta ao espectador conflitos, traumas, dramas, de um experiente negociador, envolto em uma crise emocional que precisa lidar com um abalo traumático de num passado recente e seu cotidiano repleto de variáveis já que a violência faz arte da sua própria rotina. Ao longo de oito intensos episódios de sua primeira temporada O Negociador busca refletir em cima das ações dos personagens e principalmente na linha que existe entre a justiça e justiceiro.


Na trama, conhecemos Gabriel Menck (Malvino Salvador) um policial que fez parte do processo de reestruturação do GATE, se tornando seu principal negociador. Num presente, retornando de uma licença após a morte da esposa e ainda em evidente estresse pós-traumático, ele precisa lidar com seu dia a dia, uma nova major que assume o comando da sua equipe, os olhares duvidosos de seu ex-mentor e em paralelo o olhar da corregedoria que caminha para acusá-lo pela morte da esposa.


Produzido por Zasha Robles e Gustavo Mello, com direção de Isabel Valiante, esse thriller policial possui uma narrativa consistente que busca um olhar amplo para os dilemas de alguns personagens quando a vida pessoal se choca com o lado profissional. Além do protagonista e seus conflitos, ganham espaço uma major (interpretada pela ótima Barbara Reis) que assume o comando tático depois de passar um tempo de treinamento na SWAT que possui um relacionamento no passado com outra pessoa da equipe e Embates com outros membros do time tático. Também há um olhar pra um suspeito chefe do GATE com óbvias questões misteriosas.  


A informação como interesse público ou questão de segurança? O papel da mídia em cima das ações ganham espaço na figura de uma repórter em muitos momentos deveras crítica em relação aos desfechos de algumas operações. Em paralelo enxergamos a parte política que acabam se associando à impudências dentro de todo o teatro de operações. Adotando o lema: ‘Hoje ninguém morre’, vemos uma equipe de homens e mulheres que se descontroem não limitando questões a certas ou erradas, tudo é muito mais profundo.


A cada episódio um novo caso de sequestro e uma subtrama envolvente sobre uma investigação sobre a morte suspeita da esposa do protagonista. Com isso, a série se torna dinâmica, até mesmo com um ritmo eletrizante espalhando surpresas principalmente na última cena do episódio que fecha a temporada que além e ser uma baita surpresa deixa margens para uma possível próxima jornada.



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09/07/2023

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Crítica do filme: 'Contagem Regressiva' (Revisão)


Quase três décadas atrás chegava aos cinemas de todo o mundo um longa-metragem com alta carga de tensão que nos apresentaria um dos mais cruéis vilões da década de 90, um especialista em explosivos com sede de vingança. Dirigido pelo cineasta jamaicano Stephen Hopkins, estrelado pelos espetaculares Jeff Bridges e Tommy Lee Jones, Contagem Regressiva gira em torno das memórias de um passado repleto de violência em um país onde o conflito armado era algo cotidiano e as opções que existem em seguir em frente ou se amarrar em pensamentos conflitantes. A aflição, a inquietação estão bem evidentes nas composições de personagens antagônicos que encaram seus traumas e inseguranças numa linha tênue entre o desassossego e o nada a perder. Na trilha sonora a famosa canção do grupo irlandês U2, With or Without You.


Na trama, conhecemos Jimmy Dove (Jeff Bridges), um boa praça, querido por todos, experiente oficial do esquadrão antibombas da cidade de Boston, já perto da aposentadoria, que vive uma vida repleta de adrenalina mas com tons de felicidade já que está prestes a oficializar o relacionamento com a namorada, a violinista Kate (Suzy Amis). Em paralelo a isso, um perigoso irlandês chamado Ryan Gaerity (Tommy Lee Jones), especialista em explosivos, escapa de uma prisão de segurança máxima chamada Castle Gleigh e embarca para os Estados Unidos em busca de vingança começando a tocar o terror pela cidade de Boston atingindo todos ao redor de Jimmy. Aos poucos vamos descobrindo segredos do passado do protagonista, que está ligado à Gaerity. Assim um duelo é estabelecido.


Como superar um trauma? O ótimo roteiro flerta com as maneiras que o ser humano tem de enfrentar marcas angustiantes de um passado. Jimmy esconde de todos quem era e o que fez no início de sua fase adulta na Irlanda, isso é algo que ele precisa enfrentar na sua nova vida, no renascer que lhe fez suportar as atrocidades que passaram na sua frente mas sem deixar de pesadelos corroerem noites aliado a um medo imperceptível mas em todas as vivas memórias. As linhas do roteiro possuem respiros para o refletir do espectador junto a uma desconstrução profunda de seu protagonista que entra em colisão com os maiores medos quando se vê com as mãos atadas.


A obsessão é a semente das ações de quem não tem nada a ganhar e nada mais a perder. Do outro lado dessa história, conhecemos um psicopata, agressivo, violento, que usa da sua inteligência para alimentar sua sede de vingança guardada nos pensamentos das décadas onde esteve preso, sem contato com o mundo. A dificuldade do remorso e suas interpretações para o que houve na Irlanda anos atrás o colocam como uma verdadeira bomba relógio capaz de qualquer coisa para cumprir seu desejo de magoar intensamente quem enxerga como inimigo mortal. A narrativa e toda a construção audiovisual de Hopkins e equipe fazem os dois personagens brilharem em cenas repletas de tensão por todos os lados.


Esse projeto tem algumas curiosidades. O primeiro deles, e que poucos sabem, é que Jeff Bridges recusou o papel principal no filme Velocidade Máxima para realizar esse longa. Sorte do Keanu né? Ambos os filmes foram lançados no mesmo ano, sendo que o estrelado por Reeves alcançou um sucesso bem maior. Outro fato curioso é que o filme tem vários vencedores do Oscar no seu elenco, além de Bridges e Jones, Forest Whitaker tem um papel de destaque, além de Cuba Gooding Jr., esse último apenas com uma participação. Outro fato: No filme, Jeff contracena com o pai Lloyd Bridges


Saudades daqueles ótimos filmes de ação dos anos 90? Corre e vá conferir Contagem Regressiva, disponível na Prime Video.



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08/07/2023

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Crítica do filme: 'O Chef Italiano'


Será que alguns trens só param uma vez em uma estação? Disponível no catálogo da Prime Video, a co-produção Itália/Austrália O Chef Italiano adota um forte tom melancólico para mostrar as profundezas do luto, as desilusões de uma vida onde as escolhas modificaram um caminho de brilho. Dirigido pela cineasta Ruth Borgobello, em seu primeiro longa-metragem, o filme é ambientado na belíssima Údine, cidade italiana ao norte com menos de 100.000 habitantes, lar do famoso time Udinese, onde inclusive o ídolo Zico jogou entre 1983 e 1985. O investir num drama existencial sem firulas românticas é de um acerto elogiável fazendo o refletir surgir através do curso de um protagonista em crise.


Na trama, conhecemos Marco (Flavio Parenti), um jovem perto dos 40 anos que teve a chance de sua vida no passado, quando tinha uma carreira promissora como chef em um badalado restaurante de Nova Iorque. Ele precisou abandonar tudo por conta de uma fatalidade com a mãe e regressou para o lugar onde foi nascido e criado. No presente, vive desiludido, sem rumo, trabalha em uma fábrica mas tem um outro trabalho ocasional ligado à alta gastronomia, projeto esse que leva com o melhor amigo Claudio (Lino Guanciale). Após uma tragédia, se vê ainda mais sem rumo e em um luto nada passageiro, paralelo a isso conhece a turista australiana Olivia (Maeve Dermody) que está em Údine para vender o apartamento dos avós que emigraram para aquela região da Itália na década de 50. Aos poucos, o ainda sonhador protagonista vai perceber que o destino lhe reserva outras oportunidades.


Como faz para abrir mão dos sonhos por outras pessoas? É o certo a se fazer? Conforme vamos conhecendo Marco percebemos suas angústias e os porquês de algumas atitudes. A vida não foi fácil para ele, que sentiu na pele as dores da perda o que acabou estabelecendo uma relação um pouco difícil com o pai. As escolhas do passado, principalmente abandonar sua carreira, onde trabalhava muito mas era feliz, fez com que ele se tornasse um reflexo de sua tristeza. O choque para ele chega, por coincidência, através de outra tragédia, só que dessa vez mesmo mais maduro começa a interpretar o destino de uma outra forma, até com a ajuda de enigmáticos sonhos. A variável do amor e as curas de algumas feridas abertas dão um ar de esperança e se somam rumo a um desfecho aberto, interpretativo.


Indicado da Austrália para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2018, O Chef Italiano não é uma comédia romântica mas o romantismo está ali bem próximo da realidade onde o faz de conta não acontece. Se mantém em um tom de melancolia mas sem perder o ritmo, os ótimos diálogos e a boa narrativa ajudam a contar essa interessante jornada.  



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06/06/2023

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Crítica do filme: 'Trancada'


A árvore boa não pode dar frutos ruins. Chegou ao catálogo da Prime Video um suspense que gira em torno dos conflitos de uma mãe com um passado de inconsequências, se vendo em uma situação complexa tendo que lidar com variáveis incontroláveis. Dirigido pelo cineasta D.J. Caruso com um roteiro assinado por Melanie Toast, em seu primeiro roteiro para um longa-metragem, Trancada se guia pelas suas linhas de intensa tensão numa caminhada repleta de simbolismos que retratam conflitos, a luta entre o se entregar ou manter esperança.


Na trama, conhecemos Jessica (Rainey Qualley), uma jovem de vinte e poucos anos, ex-viciada em drogas, com um recentemente passado vivido em algum tipo de reabilitação, que se vê em uma situação complicada quando fica presa dentro da dispensa da velha casa onde está morando de forma provisória com os dois filhos pequenos, ao mesmo tempo em que reaparece em sua vida Rob (Jake Horowitz) o ex-namorado viciado, pai das crianças. Lutando contra o tempo, contando com a ajuda da filha mais velha, mas ainda assim uma criança, e buscando soluções para sair dessa situação, a protagonista enfrentará seus medos.


Rodado todo no Estado do Tennessee, nos Estados Unidos, Trancada busca sua base nas complexidades de uma mãe buscando redenção. Lutando contra os demônios de seu passado ligado a inconsequência, a protagonista parece ter superado essa fase e embarcado na jornada de ser uma mãe melhor para seus filhos. Presa naquele lugar, se vê em conflito com o fato de ainda se achar uma péssima referência como mãe, até mesmo com conflitos não resolvidos com sua própria. O espaço onde fica trancada é pequeno mas esse tenso suspense consegue ampliar aquele cômodo, entendendo de forma objetiva medos e partes do passado de uma protagonista que briga até o último instante para não perder a esperança.


Somos colocados na visão da protagonista a todo instante, sem saber ao certo o que acontece longe daquele cômodo. Com os poucos recursos e os abalos psicológicos que sofre, Jessica se vê num ponto crítico, onde decisões precisam serem tomadas. De forma complementar, a fé ganha seu espaço, com uma protagonista perdida em seus pensamentos angustiantes que logo viram dilemas e com acesso ao mundo caótico que a levou em grande parte até ali. É um ótimo trabalho de Rainey Qualley, que é filha também da maravilhosa atriz Andie MacDowell.

 


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17/05/2023

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Crítica do filme: 'Uma Doce Revolução'


A revolução que está em todos nós. Escrito e dirigido por S.E. DeRose, atualmente disponível na catálogo da Prime Video, Uma Doce Revolução nos leva a um recorte do início da década de 60, aos olhos de uma mulher que de alguma forma inspira um detalhe importante na legislação de direitos civis norte-americano quando uma palavra foi incluída na lei: gênero. Baseado em fatos reais, o roteiro navega nesse instante de mudanças em um Estados Unidos segregado e repleto de preconceitos por todos os lados.


Na trama, conhecemos Grace Gordon (Anna Friel), uma mulher que vê sua vida de luxo, com os pés na futilidade, se perder na falta de dinheiro após retornar a sua cidade natal depois de se separar do segundo marido. Com o falecimento do pai, que era um juiz respeitado, vai atrás de um emprego e percorre o machismo e preconceito da época. Aos poucos começa a se reaproximar de um antigo conhecido, um congressista (Kelsey Grammer) ligado à legislação da nova lei dos direitos civis.


Em uma época de luta pelos direitos iguais, onde o preconceito racial ganhava fortes manifestações por toda a maior potência do mundo, acompanhamos a visão de uma mulher que acaba virando um importante alicerce na luta pela independência feminina. Mas o roteiro não coloca apenas esse ponto de vista. Através de Walter (Aml Ameen), Jubilee (Pauline Dyer) e Mattie (Starletta DuPois) temos a visão dos negros em uma época de forte segregação racial, toda a luta, sofrimentos e preconceitos vividos em uma época de oportunidades desiguais.


A narrativa busca refletir bastante sobre os conflitos desses tempos, inserindo um romance com o fator político, fato que transforma o congressista em um alicerce importante por conta da sua maneira de enxergar o mundo ao seu redor. A forte trajetória da emancipação feminina aqui é ligada ao empreendimento, conclusão que consolida a independência mesmo com o machismo reinando. Uma Doce Revolução é atemporal, nos mostra um pequeno recorte de uma época de conquistas mesmo que no presente a luta nunca termine.



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15/05/2023

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Crítica do filme: 'Um Filho'


O real sentido do que é ser pai. Abordando uma complicada e cheia de variáveis relação entre pais e filhos, o longa-metragem Um Filho é um impactante drama que em 15 minutos conquista a atenção do espectador embarcando em uma jornada dolorosa cheia de altos e baixos, mentiras, onde a infelicidade, a dor imperceptível se tornam protagonistas. Baseado na peça teatral do próprio diretor Florian Zeller, esse é um filme necessário para todos que gostam de refletir sobre relacionamento entre pais e filhos.


Na trama, ambientado na cidade de Nova York, conhecemos Peter (Hugh Jackman), um homem com enorme sucesso na sua vida profissional, que se tornou pai novamente faz pouco tempo e mantém um relacionamento com nova esposa Beth (Vanessa Kirby). Toda sua rotina muda completamente quando Kate (Laura Dern), sua ex-esposa o avisa que o filho adolescente deles Nicholas (Zen McGrath) está passando por uma fase difícil e precisa do pai. Assim, Nicholas vai morar com o pai e a relação deles irá passar por muitos conflitos, afetando em todas as esferas a vida do pai.


Uma mãe desgastada na relação com o filho, um pai tentando se reaproximar, um filho na solidão de seus quase imperceptíveis conflitos. Nesse triângulo familiar, vamos entendendo alguns porquês jogados em lembranças, em um passado marcado pela ruptura. Atingido profundamente com a separação dos pais, deslocado perto das pessoas da mesma idade, Nicholas não consegue se encontrar, seja com no elo com a mãe, seja na tentativa de reestruturar laços com o pai que atualmente está dedicado a formação da nova família. Os conflitos vistos são inúmeros, há dor, incapacidade de rápidas resoluções, diálogos repleto de desespero. Será que a culpa pela fase difícil que o filho passa reflete nas inconsequências de seus pais?


Assim, chegamos na visão de Peter sobre tudo que acontece nas pouco mais de duas horas de projeção. O roteiro gira muito em torno desse pai que busca a todo instante respostas nas lembranças para seu conturbado presente, não sabendo lidar com os problemas do filho, o fazendo recriar momentos na relação com o próprio pai, Anthony (Anthony Hopkins), um homem que se dedicou ao trabalho e deixou a família em segundo plano. Seu maior conflito passa pelo fato de não querer repetir a relação que tinha com seu pai mas a vida é repleta de variáveis incontroláveis, fato que causa tamanho desespero, afetando seu relacionamento com Beth, seu trabalho.


As decisões difíceis que os pais enfrentam, o olhar incerto para o futuro, a visão da psiquiatria, também ganham espaço. A depressão aguda é um mal que assola famílias por todo o mundo, a discussão sobre o tema nesse projeto é um importante alerta que gera reflexões.

 


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08/05/2023

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Crítica do filme: 'The Doors' (Revisão)


O meteoro The Doors. No início da década de 90, chegava aos cinemas de todo o planeta um longa-metragem pulsante que retrataria a história de uma das bandas mais influentes da década de 60 com um enorme foco no seu líder, o compositor e vocalista Jim Morrison, um astro do rock que viveu menos de 30 anos mas marcou sua história na indústria fonográfica, lembrado até hoje, com hits que ultrapassaram gerações. Dirigido por Oliver Stone, o filme marcou a carreira do ator Val Kilmer.


Na trama, ambientada na década de 60, conhecemos Jim Morrison (Val Kilmer) na fase adolescente quase adulta como estudante de cinema, leitor assíduo, que passava seus dias caminhando por Venice Beach na Califórnia até desenvolver uma ideia voltada à música, junto com amigos formou uma das bandas de maiores sucessos da história do Rock and Roll, o The Doors. O filme segue a trajetória de Jim desde os primeiros acordes de ‘Light my Fire’ (um dos primeiros grandes sucessos da banda) até o declínio na carreira profissional e pessoal, se entregando por completo aos seus problemas com seus vícios até seu falecimento, aos 27 anos na França.


Com vários movimentos da cultura pop surgindo a cada nascer do sol, o The Doors nasceu de forma meteórica e quase inusitada, atravessando a ponte do amadorismo até chegar a carreira profissional. Incendiando aos noites por onde passava, a banda comandada por Jim Morrison, em poucos meses, após as primeiras reuniões, já tocavam pela cidade e logo foram conquistando seu espaço na disputada cena musical da época. O trabalho de Stone busca detalhar os momentos importantes da trajetória da banda mas com um foco quase que total na figura de seu grande protagonista.


Nesse projeto acompanhamos o recorte da vida de Jim Morrison a partir de sua passagem, nos tempos de estudante de cinema, na prestigiada UCLA (onde se formou no ano de 1965), do reencontro com o ex-amigo de faculdade Ray Manzarek que após a leitura de um poema, resolveram criar a famosa banda, o longa0metragem também mostra o conturbado relacionamento com a namorada Pamela (Meg Ryan), além de expor os problemas gravíssimos com o excesso de drogas e álcool, esse último ponto o levou ao descontrole e seu iminente fim veio aos 27 anos, quando morava na França. Ele foi enterrado no Cemitério Père Lachaise em Paris.


Um dos pontos altos do polêmico projeto gira em torno da atuação impactante de Val Kilmer como Jim Morrison, realmente um dos pontos altos da carreira do ator que ficou conhecido pelo papel durante toda sua carreira. Para quem curte saber mais sobre o início, meio e fim de figuras conhecidas e impactantes no cenário musical, esse filme é imperdível!



 

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