02/12/2020

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10 filmes sobre Irmãos - Parte I


Nem todo mundo nessa vida pode dizer que tem um irmão ou uma irmã. Dentro desse universo, dos que estão contidos nele, uma série de situações e memórias buscamos rapidamente quando lembramos neles. Nem sempre os relacionamentos são fáceis, as vezes complicados, com hiatos, brigas, desentendimentos mas sempre com uma pontinha de esperança de que no final tudo fique bem novamente. O universo cinematográfico todos os anos aborda recortes as vezes superficiais, as vezes profundos que tem essa temática ‘relacionamento entre irmãos’ envolvida no roteiro. Pensando nisso, resolvemos criar uma lista sobre o tema e reunimos aqui 10 filmes que nos mostram um pouquinho de recortes dessas relações tão diferentes de família para família.

 

Irmã (China)

As memórias que não existiram mas que também nunca se foram. Usando a técnica de stop-motion, a animação chinesa dirigida pela cineasta Siqi Song, transforma uma frustração em uma grande carta poética em forma de animação. Irmã, em seus curtos minutos, fala muito sobre o sentimento das famílias chinesas que viveram dentro dos 30 anos da política de apenas um filho. Selecionado pelo Festival de Sundance ano passado e um dos 5 indicados ao Oscar na categoria melhor curta de animação desse ano, o filme é um relato importante sobre um fato que afetou milhares de pessoas no país mais populoso do planeta.

 

Em 08 minutinhos, ambientado na década de 90, somos envolvidos em um pequeno retrato que vai do imaginário a realidade. Conhecemos um jovem que relata sua convivência com sua irmãzinha, muitas situações que acontecem com a chegada da nova integrante da família, só que descobrimos que essa irmã nunca existiu pois a família do protagonista não poderia ter mais de um filho por conta de uma política de 30 anos das autoridades chinesas.

 

Lançada pelo governo chinês no fim da década de 1970, essa lei que é pano de fundo dessa história, consistia numa lei segundo a qual ficava proibido, a qualquer casal, ter mais de um filho (em outubro de 2013, o governo chinês aboliu essa lei). Fato esse que deixou vários filhos únicos sem a possibilidade de dividir sua vida com um irmão ou irmã. O curta navega nessa vertente e usa a imaginação do pensar como forma de homenagem a todos que não puderam ter um irmãozinho durante todo esse período na China. O cinema é isso, uma maneira de refletir sobre nossas épocas: passado, presente ou futuro.

 

 

Warrior (EUA)

O universo do MMA mais uma vez vira pauta de um longa. Para nos guiar por essa história foram escalados dois atores que tiveram, com certeza, que passar por uma série de treinamento específico para compor seus personagens. Tom Hardy e Joel Edgerton interpretam os irmãos que lutam (literalmente falando) por objetivos diferentes. Os bastidores do evento, os estilos de luta... parece que estamos ligados naquele famoso canal de Tv a Cabo, ao vivo, vendo uma transmissão desse esporte que virou febre no mundo todo. Warrior é eletrizante do primeiro ao último minuto.

 

Na trama, conhecemos a história de uma família que tem na sua essência a alma da luta. Aos poucos vamos vendo o presente de cada um dos membros: um dos filhos é professor de física (do ensino médio americano) com sérias dificuldades financeiras, o outro filho é um ex-fuzileiro naval que sofrera um trauma com sua unidade durante uma de suas missões no Iraque. Ambos, ao decorrer da fita, vão sendo jogados de volta ao octagon (cenário onde ocorrem as lutas dessa modalidade esportiva). Um deles guiado pelos conselhos profissionais do pai, que antes fora um grande treinador de luta olímpica, o outro busca forças na sua esposa que o apoia mesmo não gostando que ele lute.

 

O grande destaque do longa, dirigido por Gavin O'Connor, é o veteraníssimo ator americano Nick Nolte. Com seu personagem, Paddy Conlon, um ex-dependente alcoólico que tem muitos problemas na relação com sua família no passado, consegue explorar todos os aspectos que rondam esse intenso papel. Sempre bom ver experientes artistas representando bem seus personagens.

 

 

Blood Ties (EUA)

A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família. Depois de dar uma pausa nas atuações e se dedicar às direções, o francês Guillaume Canet no ano de 2014 assinou a direção desse filme de ação que possui uma excelente construção, fruto do bom trabalho do roteiro de James Gray, onde os ótimos Clive Owen e Billy Crudup se revezam como protagonistas da história. Blood Ties possui subtramas envolventes mas que só funcionam de fato por conta das ótimas atuações do elenco. Cada qual com sua personagem, ajudam a contar essa explosiva e envolvente história.

 

Na trama, acompanhamos a história de dois irmãos que estão em lados opostos da lei. Após a saída da prisão, Chris (Clive Owen) insiste em ser feliz longe do crime, procurando ser um cara mais correto. Já Frank (Billy Crudup), é um policial esquentado que abandonou um grande amor no passado e não tem um bom relacionamento com seu irmão mais velho. A vida de ambos muda radicalmente quando, no mesmo período, um dos irmãos volta a ser um bandido perigoso e o outro é caçado por um outro ex-prisioneiro.

 

O roteiro não é nada muito diferente do que já vimos em outros filmes do gênero. Um fato que se diferencia das outras fitas é a direção detalhista de Canet. O cineasta, marido da atriz Marion Cotillard (que também está no filme), é inteligente, principalmente sob o ponto de vista das relações familiares que contornam as histórias. Assim, consegue captar toda a essência e sentimentos fervorosos da trama sob as ações dos personagens.

 

O filme entra em um ritmo acelerado do meio para frente. Essa, é uma daquelas fitas que o cinéfilo precisa ter certa paciência pois a apresentação lenta dos personagens se torna extremamente necessária para entendermos certas ações dos mesmos ao longo do longa-metragem. Os personagens principais chegam ao mesmo tempo no clímax das conseqüências das ações cometidas. Nesse momento, fica mais evidente que a história na verdade é sobre o relacionamento de toda uma família marcada por traumas violentos e terríveis.

 

Lembram dos tiroteios e cenas tensas de violência à sangue frio do filme francês Inimigo Público Nº 1 – Instinto de Morte (protagonizado pelo sempre excelente Vincent Cassell)? A construção da maioria das cenas de ação de Blood Ties são nesses moldes. É uma junção de Os Donos da Noite com pitadas pequenas de Fogo contra Fogo. Claro, guardadas suas devidas comparações. Pra quem curte filmes de ação, é um prato cheio!

 

 

Xingu (Brasil)

Livremente baseado em histórias reais e com uma beleza impressionante nas imagens (muito bem aproveitadas pela ótima condução do diretor), “Xingu, trabalho do diretor Cao Hamburger, transforma a saga dos irmãos Villas-Bôas em uma grande aventura.

 

O filme conta a trajetória corajosa de Claudio, Orlando e Leonardo. O irmãos, que estudaram em bons colégios, tinham bons empregos e resolveram largar tudo pela vida na mata. Desde os primeiros passos e os começos de contato com as tribos indígenas, “Xingu”, detalha esse encontro que mudou a vida deles para sempre. Descansando em redes improvisadas, fazendo fogueira, caçando animais, eles lutaram pela primeira terra indígena homologada pelo governo federal. Fato que ocorreu, em 1961, e que completa 50 anos em 2011. Até hoje, irmãos Villas-Bôas são considerados os grandes defensores dos índios no Brasil.

 

Para dar vida aos protagonistas, foram escolhidos três bons nomes do nosso cinema. Claudio Villas Bôas é interpretado por João Miguel, personagem intenso que muitas vezes age mais pelo coração do que pela razão, mais uma ótima atuação desse ótimo ator. Orlando Villas Bôas é o mais político dos três irmãos, volta e meia frequentando as salas arrumadas do governo (tentando sempre algum tipo de benefício para os índios) tem papel importante para o desfecho positivo da história. Felipe Camargo faz muito bem esse papel.  Leonardo Villas Bôas é o personagem de Caio Blat, o mais jovem do trio, um dos mais inconsequentes também, deixou a história cedo, sendo expulso pelos irmãos por engravidar uma índia durante a trajetória. Blat, sempre que em cena com seu personagem, ajuda muito bem a guiar a história.

 

A relação com os índios, desde o primeiro momento é uma mescla de surpresa e descoberta, na maioria das vezes bastante amistosa. Entre um cigarro e outro, os carismáticos irmãos entram mata à dentro tentando se aproximar de muitas tribos indígenas nunca antes contactadas. Enfrentam muitas dificuldades e orquestram uma batalha nas terras e foras delas para consolidar a reserva indígena prometida. Os índios nunca tiveram fronteiras, mas naquele momento era o melhor que podiam ter. Com o governo de olho na Amazônia, os irmãos Villas-Bôas tinham que correr contra o tempo para consolidar o plano de proteger as tribos indígenas.

 

Com boas atuações, uma direção muito segura e imagens maravilhosas, Xingu, é uma ótima pedida! Vá acompanhar essa aventura dos irmãos que foram indicados ao prêmio Nobel e fizeram um trabalho excepcional que muitas vezes fora esquecido pela memória brasileira.

 

 

White Irish Drinkers (EUA)

 

Um filme muito interessante que surpreende pela carga emocional envolvida nessa história de dois irmãos que moram no mesmo lugar mas vivem uma realidade completamente diferente uma da outra. Escrito e dirigido por John Gray (que já dirigiu alguns episódios do seriado Ghost Whisperer), é uma grata surpresa.

 

Na trama, que acontece no Brooklyn em meados da década de 70, dois irmãos buscam uma maneira de sair do bairro em que vivem e ser alguém na vida. Danny (Geoffrey Wigdor) é um impulsivo marginal que vive de pequenos delitos, já Brian (Nick Thurston) é um sonhador que tem na arte do desenho sua válvula de escape para a violência que enfrenta em casa nas mãos do pai. Quando ficam sabendo de uma apresentação dos Rolling Stones num teatro local resolvem fazer um pacto para roubar o local na noite de um concerto.

 

O longa analisa a situação de uma complexa família no Brooklyn em algumas décadas atrás. O sofrimento dos filhos, a incapacidade de ação da mãe (muito bem interpretada pela atriz Karen Allen), o genioso e nada amoroso pai, as dificuldades de morar em um lugar sem grandes oportunidades, a luta pelo primeiro amor, a busca de chances em outro lugar. Cada personagem contribui bastante para que o filme ganhe contornos dramáticos já em seu final.

 

As menções à uma época passada (quando os irmãos eram menores) ajuda a entender todo aquele sentimento que às vezes parece se perder nas atitudes de uma dessas partes. É uma daquelas fitas ideais para que gosta do gênero drama. Não há muitas surpresas ao longo da trajetória dos protagonistas, fica um pouco eminente o desfecho por conta do caminho seguido pelos personagens ao longo da história. Gosta de emoção e personagens envolventes? Dê uma chance a esse filme!

 

 

Tirez la langue, mademoiselle (França)

As lições do coração. Escrito e dirigido por Axelle RopertTirez la langue, mademoiselle tem uma pegada meio ‘sessão da tarde’ mas ao longo dos 102 minutos de projeção vamos vendo desabrochar de maneira delicada e objetiva a mesmice na vida de dois irmãos que trabalham em um mesmo consultório em uma Paris nos dias atuais. A personagem da talentosa artista francesa Louise Bourgoin é a terceira ponta no triângulo amoroso instaurado. O projeto, entre outras coisas, fala sobre as linhas de interpretações do que é o amor em nossas vidas.

 

Na trama, conhecemos os irmãos, quase inseparáveis, Boris (Cédric Kahn) e Dimitri (Laurent Stocker) que vivem uma rotina de mesmice, dividindo um mesmo consultório em uma clínica geral onde também atendem em domicílio. Certo dia, após uma ligação, conhecem a mãe solteira Judith (Louise Bourgoin) por quem rapidamente se apaixonam, provocando uma grande quebra na rotina e relação dos dois irmãos.

 

É difícil tratar o sentimento de amor como uma coisa nova na vida de quarentões mas é exatamente em cima dessa ideia que a trama desse belo trabalho francês se solidifica. Os irmãos doutores são de diferentes maneiras de pensar, Dimitri até certo ponto bastante carente e luta constantemente contra o alcoolismo, já Boris é o que podemos dizer de solitário, rígido e um pouco carrancudo. A vida dos dois muda radicalmente com a descoberta do amor, pela mesma mulher. A partir disso, cada um busca sua felicidade à sua maneira, definindo novos rumos não só na maneira de pensar a vida mas no ganho de uma liberdade que eles nunca tinham observado.

 

Já Judith, mãe de uma pré adolescente, solteira que trabalha como barwoman pelas noites e Paris abre sua personalidade aos poucos. Conforme vamos conhecendo melhor essa intrigante personagem, percebemos os conflitos que se desenvolvem no futuro, principalmente as questões mal resolvidas com o ex-marido, pai de sua filha. 

 

 

Tirez la langue, mademoiselle é uma fita delicada, com o ritmo certo para apresentações dos personagens. Também muito realista, mostrando os conflitos emocionais que podem ser provocados quando o coração bate mais forte por alguém.

 

 

A Gloria e a Graça (Brasil)

Melhor do que todos os presentes por baixo da árvore de natal é a presença de uma família feliz. Dirigido pelo experiente Flávio Ramos Tambellini, que volta a direção de um longa após seis anos, seu último trabalho foi o delicado Malu de Bicicleta (2010)A Glória e a Graça, entre muitas coisas, é um resgate na relação de dois irmãos que por circunstâncias do destino acabaram se separando durante boa parte de suas vidas. O entrosamento em cena de Carolina Ferraz e Sandra Corveloni, protagonistas do filme, é fundamental para que os diálogos ganhem contornos emocionantes e de aproximação com o público. Grande atuação das duas atrizes.

 

Na trama, acompanhamos a trajetória de Graça (Sandra Corveloni) uma mãe solteira que tem dois filhos e acaba descobrindo em uma eventual visita ao médico que possui um aneurisma inoperável na cabeça. Sem ter muito para onde fugir, nem com quem contar, Graça resolve entrar em contato com seu irmão que não vê a muitos anos. Chegando no encontro, Graça descobre que seu irmão agora virou travesti, e agora chama-se Gloria (Carolina Ferraz), dona de restaurante, poliglota, bem resolvida e bem sucedida. Após o surpreendente encontro com o irmão, Graça embarcará em uma viagem de reaproximação com seu único parente vivo.

 

O filme tinha tudo para cair num senso melo dramático mas se veste com uma maturidade impressionante para falar com seriedade de subtramas complicadas que vão do campo jurídico até o campo emocional. A relação da tia com os filhos de Graça é adorável, aprendizagem e muito experiência em uma troca para lá de emocionante, em quebra de tabus que ficam como lições para toda a vida. As surpresas que vemos pelo caminho, principalmente a causa da separação das duas irmãs, preenchem lacunas importantes para entendermos ao longo dos quase 90 minutos de projeção a formação da personalidade dos personagens. Os embates, em diálogos recheados de emoção, entre as duas protagonistas é intenso e conseguem ir além de muito mais que uma superfície, há uma profundidade aliada com humanidade.


A Glória e a Graça é um drama comovente com atuações que são a cereja do bolo. Prestigie o cinema brasileiro.


Neve Negra (Argentina)

O passado não reconhece o seu lugar, está sempre presente. Depois de dez anos de seu último longa-metragem (O Sinal, 2007), o cineasta argentino Martin Hodara volta a tela grande em um ótimo suspense com atmosfera tensa. O roteiro é sublime, nos faz ficar atento até o último segundo. O elenco é de primeira, tendo como cereja do bolo o maior ator da atualidade, o argentino Ricardo DarinNeve Negra é um, sem dúvidas, um dos bons suspenses argentinos dos últimos anos.

 

Na trama, conhecemos o casal Laura (Laia Costa) e Marcos (Leonardo Sbaraglia) que viajam da Espanha, onde moram, para uma cidade gelada na Argentina para resolver questões burocráticas e a herança do pai de Marcos que falecera recentemente. Chegando no lugar, Marcos confrontará uma tragédia no passado de sua família principalmente quando precisa convencer o irmão Salvador (Ricardo Darin) a vender a casa onde vive. Laura aos poucos vai entendendo o jogo quase que psicológico que os dois irmãos mantém reunindo peças de uma quebra cabeça cheio de amargura, solidão e tristeza.

 

Os segredos pertencentes a família começam a cair por terra quando um iminente confronto dos irmãos é imposto por uma futura, possível e rentável venda do terreno onde viveram toda uma vida. As revelações chegam aos poucos, o que deixa o clima cheio de tensão. A esposa de Marcos tem papel importante nesse quebra cabeça, ela segue como os olhos do público a cada peça encontrada para esclarecimento do que realmente aconteceu ali no passado que essa família jamais esqueceu. A reunião de todas as peças culmina em um final chocante, arrebatador.

 

Um dos focos da trama, a amargura de Salvador é nítida, tido como o vilão de sempre por um pai pouco piedoso que descarregou toda sua frustração com o ocorrido no colo do irmão mais velho. A composição de Darin para sua personagem é algo estrondoso, consegue preencher as cenas com poucas falas mas uma expressão que fala muito deixando o público atento para qualquer revelação que chegue em algum instante.

 

Neve Negra foi um estrondoso sucesso na Argentina logo na semana de estreia. Realmente é um filme que mexe com nossas emoções, angustiante até a última gota de sofrimento que chegam em forma de revelações bombásticas de um passado inesquecível de uma família que guardava segredos polêmicos. Fora o excelente roteiro, a brilhante direção e atuações acima da média, um filme com Ricardo Darín no elenco sempre precisa ser visto.

 

Os Infratores (EUA)

Na época de Al Capone e de muitos outros nomes famosos do crime conhecemos uma história de irmandade e muito sangue de uma família, estamos falando do excelente “Os Infratores”. Dirigido pelo australiano John Hillcoat (que comandou o ótimo “A Estrada”) somos guiados até o início da década de 30, entre uma dose e outra, há muita ação e aventura, baseada na obra de Matt Bondurant.

 

Na trama, conhecemos a história dos irmãos Bondurant (Jack, Forrest e Howard) que vivem do contrabando de bebidas, nos primórdios da década de 30. Os negócios iam bem até que um novo chefe local coloca um assistente nos pés dessa corajosa família. Na terra dos valentões e à bordo de um carro que bebe muito álcool essa família irá enfrentar um grande desafio para manter os negócios. Em meio a tiros e muito sangue jorrando na tela temos algumas histórias de amor, uma bastante carnal, outra romântica (com ar jovial). A animada trilha sonora preenche com louvor todas as lacunas que precisam ser completadas. A contextualização é fácil e direta, levando o público facilmente para dentro daquele universo, méritos do roteiro (adaptado) de Nick Cave.

 

Cada um dos ótimos atores efetivamente dá sua contribuição à fita. Guy Pearce consegue ser um ótimo vilão com seu personagem sem sobrancelha, o trejeito estranho e a ironia são muito bem evidenciados pelo ator inglês. Gary Oldman e suas aparições relâmpagos ajudam a dar certa continuidade à trama. Tom Hardy está espetacular na pele do homem que acreditava na própria lenda, acertou em cheio na composição de seu personagem, nome certo no próximo Oscar. No papel do irmão mais novo (aquele que faz muitas besteiras durante toda a fita) poderiam ter sido escolhidos muitos atores, o selecionado foi o Shia LeBeouf, que faz o famoso feijão com arroz e não compromete no papel.

 

Dá pra rir, se emocionar e torcer muito para os personagens que exalam simpatia. Com todos esses ingredientes é uma grande infração cinéfila você não conferir esse filme.

 

 

Shame (EUA)

 

O que fazer para se curar de um vício que está deteriorando gradativamente a sua vida? O novo trabalho do diretor inglês Steve McQueen (Hunger) nos conta o drama de um homem e sua compulsão. A ótima trilha sonora assinada por Harry Escott (que fez também a trilha de Meninama.com) ajuda a narrar esse que é um dos grandes filmes do ano de 2012.

 

Na trama, um compulsivo sexual ao extremo (com uma promissora carreira profissional) vive dias de desespero após a chegada de sua irmã ao apartamento onde mora. Seus dias eram preenchidos com visitas a sites pornográficos, coleção de revistas com tema adulto, masturbações nas pausas do trabalho (no banheiro da empresa) e vários encontros com desconhecidas, sempre terminando em sexo ou ações desse tipo. Quando sua irmã entra na história, sua rotina é abruptamente afetada e isso gera um descontrole intenso.

 

Na apresentação do personagem principal já temos uma ideia do vício que ele possui, com cenas muito verdadeiras (nua e crua em alguns momentos), vamos conhecendo melhor o protagonista.

 

Impressiona a atuação de Michael Fassbender, passa muita tristeza nos olhos por conta desse vício que sofre. Seu personagem Brandon Sullivan é um ninfomaníaco bastante consumido por seus impulsos. O ator alemão comove e se entrega em cenas bem complexas. Infelizmente foi esquecido pela Academia (Oscar). Carey Mulligan está fabulosa no papel de Sissy Sullivan, tem um carisma único e contagia o espectador. Quando aparece cantando um clássico do Sinatra e com uma roupa bem ao estilo Marylin Monroe, vira um dos melhores momentos, simplesmente espetacular.

 

Os irmãos possuem ao longo da trama diálogos intensos (às vezes violento). Um tenta ajudar ao outro mas as barreiras colocadas por cada um deles são muito difíceis de serem superadas. Há muito carinho nessa relação, muitas cenas mostram isso, porém, por conta da tentativa de ajuda de ambos os lados não serem feitas com êxito a eminência de uma tragédia para uma das partes se torna concreto. O final é bem aberto, deixando o público tirar suas próprias conclusões.

 

 

Os Meninos Que Enganavam Nazistas (França, Canadá, República Tcheca)

 

Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer. Dirigido pelo experiente cineasta canadense Christian Duguay, Os Meninos Que Enganavam Nazistas é mais um recorte da grande guerra. Mostra um lado do conflito que dizimou populações de vários países. Aos olhos de dois carismáticos irmãos somos testemunhas dos absurdos que os nazistas faziam, uma perseguição em massa contra os judeus em uma França dividida na década de 40. O roteiro é baseado em fatos reais e na obra Un Sac de Billes – também o nome original desse longa – escrito por Joseph Joffo, um dos protagonistas da história.

 

Na trama, conhecemos a família Joffo, judeus que vivem na França em uma época onde os nazistas ocuparam algumas regiões desse país, tornando a vida de esforçados trabalhadores em um inferno doloroso. Assim, Joseph (Dorian Le Clech) e Maurice (Batyste Fleurial) precisam fugir, seguindo um plano mirabolante feito por seu pai, o barbeiro Roman (Patrick Bruel) para uma região neutra e assim a família poder ser reunida novamente. Passando várias situações de risco e contando com a ajuda de surpreendentes personagens que aparecem na trajetória dos irmãos, os dois precisam unir forças e juntos enfrentar todos os inúmeros obstáculos que vão ter pela frente.

 

Um dos focos da trama é o valor da amizade entre os irmãos. Ambos enfrentam situações extremas na luta pela sobrevivência, em uma França repleta de soldados nazistas. Mostra-se também todo o sofrimento da família e as escolhas difíceis que precisam tomar para proteger a todos. A figura do pai é emblemática aos olhos dos irmãos, barbeiro e trabalhador, vê seu mundo desabar com as ameaças que recebe mas jamais perde a ternura e o carinho pelos seus filhos. Uma bela atuação do ótimo ator argelino Patrick Bruel.

 

O longa mostra o amadurecimento precoce dos jovens e uma vivência que levaram para o resto da vida. Como filme, Os Meninos Que Enganavam Nazistas, não acrescenta muito sobre fatos e relatos já vistos, lidos sobre os conflitos históricos da década de 40 na Europa. Há uma delicadeza na direção em algumas sequências, tenta mostrar todo um sofrimento de maneira até certo ponto superficial.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #199 - Jefferson Victor


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Recife. Jefferson Victor é ator e produtor, formado em Rádio e TV e atualmente cursando Jornalismo pela Uninassau. Também é colunista de 'Cinema & TV' pela Revista Fácil, onde aborda mensalmente críticas sobre as produções e traz as últimas novidades do audiovisual.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Sou apaixonado pelo Cinemark do Shopping RioMar Recife. A Programação é diferenciada, com um leque extenso de opções. Além de sempre exibirem filmes estrangeiros e vencedores de festivais do mundo a fora.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Harry Potter e a Pedra Filosofal foi o meu primeiro filme nos cinemas, quando eu tinha apenas 8 anos. Foi amor à primeira vista! Vê toda aquela magia do filme em tela grande foi demais e me arrepiou do início ao fim! Assim que terminou a exibição e eu sair da sala de cinema, falei pra mim mesmo: "O cinema vai fazer parte da minha vida a partir de agora".

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tim Burton é incrível. Admiro todas as suas produções, mas A Fantástica Fábrica de Chocolates é o meu preferido!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?   

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  Central do Brasil, com a belíssima Fernanda Montenegro. Esse filme toca a minha alma, é um delicado profundo que retrata uma realidade!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É prestigiar e valorizar qualquer tipo de produção cinematográfica. Isso já representa um amor a sétima arte!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Alguns cinemas não atendem muito as expectativas do público, poucos conseguem atrair através de uma boa programação.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Na minha opinião, a experiência de ir ao cinema é algo único e que as pessoas não vão deixar de abrir mão!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Sem Amor (Loveless) é um filme russo, pouco conhecido, que conta a história de uma criança que sofre sem o amor dos pais e de repente desaparece sem deixar rastros. Tudo consequência de deformação familiar, algo que atinge milhares de pessoas. Uma produção reflexiva e necessário para a sociedade!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Se todos os cinemas seguirem as normas de segurança, e o público de distanciamento, não vejo problema na reabertura antes da vacina!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Nos últimos anos o cinema brasileiro vem crescendo muito, desde produções independentes à grandes produções. E atualmente, o nosso cenário é incrível, pois temos filmes com roteiro e efeitos a nível Hollywood. Bacurau é um exemplo recente de que podemos produzir algo de qualidade em nossas terras, valorizando a nossa cultura, os nossos artistas e a toda nossa gente.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Posso citar dois? Leandro Hassum e Paulo Gustavo. Todos os filmes com eles é diversão garantida. Como eu adoro a comédia brasileira, não perco nenhum filme dos dois.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um modo divino de contar uma história de forma grandiosa!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Vou contar algo que me faz rir até hoje. Fui assistir a uma sessão de pré-estreia do filme Não Se Aceitam Devoluções, de Leandro Hassum, juntamente com alguns amigos. Durante a exibição, havia uma senhora que estava sentada na fileira da frente, provavelmente junto com o seu marido. Nas cenas cômicas do filme, ela começava a rir.. até aí normal. Mas, ela levantava da cadeira para bater palmas. Isso em TODAS as cenas engraçadas do filme. Aplaudia e levantava, além de dar gargalhadas extremamente altas. Isso chegou a incomodar algumas pessoas na sala do cinema que estavam nas fileiras de trás, já outras ficavam rindo mais da reação da senhora fazendo isso, do que com o próprio filme. Foi a situação mais hilária que já presenciei numa sessão de cinema!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Passo. Nunca cheguei a ver!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Com certeza. Na minha opinião, é obrigação de qualquer diretor que produz cinema, acompanhar as últimas novidades lançadas. É questão de se atualizar e analisar o que o público está necessitando. Acima de tudo, prestigiar os trabalhos dos colegas!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Tenho uma lista extensa dos piores filmes que já vi na vida. Mas, vou citar o último que assistir e achei terrível. Cats, lançado em 2019. Essa produção superou os limites da bizarrice!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Atualmente, Indústria Americana, que mostra a história de um bilionário chinês que reabre uma fábrica e contrata dois mil operários dos EUA, mas o otimismo inicial não resiste ao conflito entre as mentalidades da China tecnológica e da mão de obra norte-americana.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

O último filme na qual fiz isso foi Extraordinário, com Julia Roberts e o mini talentoso Jacob Tremblay. No final da sessão, não só eu, como todos da sala se levantaram e aplaudiram. O filme conta a história de um garoto que nasceu com uma deformidade facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele começa a frequentar uma escola, como qualquer outra criança, pela primeira vez. No quinto ano, ele precisa se esforçar para conseguir se encaixar em sua nova realidade.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Presságio. Incrível do início ao fim!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Como eu sou colunista de Cinema, acompanho diversos sites internacionais que trazem novidades e exclusivas, como o Entertainment Tonight, Deadline, The Hollywood Reporter. São fontes maravilhosas para quem acompanha cinema ou escreve sobre.

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01/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #198 - Fábio Raimundo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo e colecionador de filmes. Fábio Raimundo tem um canal no Youtube onde apresenta as edições de filmes da sua coleção particular e um perfil pessoal no Instagram na qual posta fotos sendo a maior parte delas da sua coleção de filmes.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A minha sala favorita é do cinema Cinépolis. As salas são bem confortáveis, os filmes em cartazes são variados e oferecem sempre opções com os filmes legendados.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Ainda na infância eu fui ao cinema com familiares e amigos e desde desse dia notei que o cinema de fato é um local diferente. O primeiro filme que eu assisti no cinema foi O Casamento Dos Trapalhões.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

O meu diretor favorito é Dario Argento e o meu filme favorito dele é Suspiria.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Homem Do Futuro. Vejo como um filme de muita qualidade e trabalha bem a questão da Ciência e Tecnologia abordada no filme. Gosto do elenco e das atuações.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É sentir a magia de poder imaginar estar em vários locais e vivenciar inúmeras situações sejam elas mais atípicas ou até mesmo situações que são muito comuns em nosso cotidiano quando estamos acompanhando o desenrolar das histórias dos personagens nos filmes.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Os cinemas hoje estão em shopping centers e muitos deles apresentam uma programação com filmes em sua grande maioria para uma grande massa. Nada contra isso, porém eu gosto de filmes em que a história me prenda do início ao fim, não necessariamente com uma grande quantidade de explosões na tela os inúmeros sustos que se tornam cansativos e repetitivos.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Tirando a pandemia, enquanto estávamos vivendo normalmente os cinemas sempre geram um grande lucro. Hoje em pleno 2020 com a pandemia muitos estúdios estão lançando muitos filmes em mídia Blu-Ray no Brasil por exemplo de filmes que a dois ou até mesmo três anos atrás só haviam sido lançados em DVD. Acredito que o streaming e os cinemas vão permanecer bem firmes por muito tempo.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram, mas é ótimo.

O Fantasma Do Paraíso de Brian De Palma, não ouvi falar muito dele, porém é ótimo. É uma homenagem ao Fantasma Da Ópera, porém com uma trilha sonora levada para o rock n roll.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Ainda vejo como algo arriscado. Por mais que os cinemas tomem todas as precauções necessária para que os frequentadores possam ficar em segurança vejo como mais cauteloso reabrir os cinemas após a vacina.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro tem se destacada muito bem no cinema de gênero, atualmente tivemos ótimos filmes lançados como Bacurau, O Animal Cordial, As Boas Maneiras, Morto Não Fala, mas infelizmente boa parte do pública ainda tem muito preconceito com o cinema nacional, já dizem que não presta antes mesmo de assistir ao filme.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Melo.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Realmente é a sétima maravilha do mundo, a sétima arte.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

A vibração do público na sala em que eu estava assistindo Vingadores Ultimato foi emocionante ver a galera vibrando com os Vingadores e se emocionando com os reencontros dos personagens até então perdidos em Vingadores Guerra Infinita. Sempre que eu revejo Vingadores Ultimato em casa eu me lembro da sessão lotada do cinema, foi algo mágico mesmo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras......

Gosto de filmes de Terror Trash, mas Cinderela Baiana passa dos limites, para mim não é algo assistível rsssss

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que quando o diretor é cinéfilo você tem uma doação maior por parte de quem dirige o filme sendo doada ao projeto. James Cameron e Christopher Nolan são diretores que se preocupam muito com a qualidade dos seus filmes tanto no quesito som e imagem. Isso é muito claro por exemplo quando os filmes destes dois diretores são lançados em mídia física.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A Forma Da Água

 

17) Qual seu documentário preferido?

 

Cinemagia A História das Vídeo Locadoras de São Paulo.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Não, mas estive na sessão de IT Capítulo 1 e o grande grupo que estava no fundo da sala aplaudiu a cena do beijo entre Bill e Beverly.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

60 segundos.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O site do Getro, gosto bastante do canal dele no Youtube.

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Pausa para uma série: Absentia – 1ª Temporada


O desespero de uma nova vida dentro de uma mesma realidade. Protagonizada por Stana Katic (Castle), Absentia tem um dos roteiros mais complicados das séries de mistérios com tiro porrada e bomba da atualidade, mesmo assim coloca uma pulga atrás da orelha do espectador pois os episódios da primeira temporada parecem a todo tempo nos fazer várias perguntas que obviamente surgem entre em uma revelação e outra, deixando a icógnita se teremos respostas ao fim dessa jornada. Uma agente do FBI, um sumiço de anos, uma frenética volta ao convívio aos seus conhecidos e o paradigma das escolhas, isso tudo dento de um background de um assassino misterioso. Pra quem gosta de maratonar uma série com muitas surpresas, Absentia pode ser uma boa dica.  Tem na Amazon Prime.


Nessa mistura de drama pessoal com suspense e ação, acompanhamos a trajetória de uma agente do FBI chamada Emily (Stana Katic) que sumiu por longos seis anos sem ninguém ter muita noção de seu paradeiro até que um certo dia ela reaparece dentro de um tanque cheio de água, onde é salva por Nick (Patrick Heusinger), agente do FBI e seu marido que agora é casado com Alice (Cara Theobold). Após alguns dias e com a imprensa em cima dela, Emily só deseja tentar aos poucos se reaproximar do filho Flynn (Patrick McAuley). Mas tudo muda quando passa a ser a principal suspeita de uma série de assassinatos que estão ligados ao tempo em que ela esteve trancafiada por um misterioso bandido.


Por mais confusão que seja, há uma boa amarração nessa trama que deixa o espectador com os olhos vidrados na tela em busca de respostas as constantes surpresas que os dez episódios da primeira temporada nos trazem. A família acaba trazendo uma série de grandes surpresas pra a protagonista, seja na figura do traumatizado irmão Jack (Neil Jackson), da influência do pai Warren (Paul Freeman) e o não saber lidar com a situação do retorno dela como é o caso de Nick. Há tempo para o drama mas tudo acaba sendo interligado pelo mistério do que realmente aconteceu com Emily durante os seis anos que ficou sumida. Ela é a heroína? Ela é a vilã? Só posso dizer que para tudo há interpretação do próprio espectador.  Que venha a 2ª temporada.

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30/11/2020

Crítica do filme: 'Os Novos Mutantes'


O medo é o lugar comum para tudo que é desconhecido. Depois de adiamentos, calhou de, talvez, o menos badalado filme do universo dos quadrinhos que virou longa-metragem dos últimos anos, estreasse nas salas de cinema logo nesse caótico 2020, onde ainda não encontramos a vacina da Covid 19 e o mundo das artes buscam soluções para atrair público. Os Novos Mutantes, dirigido por Josh Boone (A Culpa é das Estrelas) fala sobre experimentos em mutantes adolescentes com poderes incontroláveis que estão em um lugar desconhecido. Pra quem não conhece esse quadrinho (como é o meu caso) a curta análise do filme chega pela vertente do medo do desconhecido e uma psicologia complexa embaralhada por sonhos e descontrole, obviamente fazendo paralelos com o que sabemos do universo dos X-Mens e a, no caso, eterna batalha entre humanos e mutantes. Sendo assim, por essa ótica, é um filme interessante em alguns momentos. O projeto conta no elenco com uma nova geração de jovens atores, como Maisie Williams (Game of Thrones) e Anya Taylor-Joy (O Gambito da Rainha).


Na trama, ambientada em um universo onde os X-mens já são conhecidos em todo o mundo, acompanhamos a chegada da jovem Dani (Blu Hunt) a uma espécie de centro de tratamento, isolado e controlado pela Dra. Reyes (Alice Braga), essa última uma enigmática administradora desse local que não revela suas intenções completamente. Nesse lugar, Dani conhece mais quatro jovens que estão ali para tentar buscar um controle maior de seus poderes, são eles: Ilyana (Anya Taylor-Joy), Sam (Charlie Heaton), Rahne (Maisie Williams) e Roberto (Henry Zaga). Mas a chegada de Dani acaba desencadeando uma série de situações que são ligadas a sonhos e o grupo de jovens precisa enfrentar reais pesadelos.


A mistura entre thriller e drama é um equilíbrio que objetiva os arcos. Pelo menos essa é a tentativa. Mesmo um pouco confuso para quem não é totalmente ambientado ao universo dessa história nos quadrinhos, podemos manter a ótica sobre o lado humano pois há bons contextos para caminharmos. O filme encosta em temas sem muita profundidade como: a sexualidade, preconceito, as noções de família, política e regras sociais. Os efeitos ganham contornos estratosféricos, feitos para serem vistos nos cinemas. Sobre a tensão, ela percorre os 94 minutos de projeção de forma bem intensa. As respostas não são todas preenchidas e a suposição pode ser um bom complemento para quem gosta de todos os pingos nos ‘is’. Sociedade dividida, rachada em polarizações, alguma similaridade com o lado de cá da tela?

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #197 - Guilherme Santana


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Guilherme Santana tem 21 anos, é estudante de Educação Física, criador do Diário do Cinema, uma Página que começou no Facebook quando ele tinha 14 anos. Hoje, o Diário do Cinema está no Facebook, Instagram (@diariodocinemaoficial), YouTube, TikTok e futuramente no Twitter também. Desde muito criança sempre assistiu muitos filmes por ficar muito em casa, nisso acabou resultando nessa sua paixão por cinema e filmes.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Até hoje a minha sala preferida e a "X-D Extreme" do Cinemark no Shopping SP Market, foi a primeira sala de cinema que eu entrei que era diferente das salas 2D e 3D. Pois ela possui uma estrutura em arquibancada muito inclinada, ou seja, não importa onde você sentar, a pessoa que está na sua frente não irá te atrapalhar. A distância entre uma fileira e outro é boa, então as pessoas conseguem transitar sem problemas, e as poltronas são muito confortáveis com encosto até altura da cabeça. E acredito que o motivo principal que me faz adorar essa sala, e a imersão que ela proporciona, a tela gigantesca com um som incrível. E normalmente nesta sala só passa os grandes lançamentos, então é muito legal assistir os Blockbusters nesta sala.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Sem dúvidas Vingadores (2012), eu poderia mencionar também Kung-Fu Panda que foi o primeiro filme que assisti no cinema e foi uma experiência incrível. Mas quando eu assisti o primeiro filme dos Vingadores eu tinha 12 anos e já gostava muito de heróis em geral, e foi a primeira vez que eu vi pessoas irem a loucura no cinema, todo muito rindo super se divertindo, foi uma experiência sensacional, e a partir daí eu comecei a pesquisar mais sobre os futuros filmes da Marvel, e consequentemente pesquisar sobre cinema também. 

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Olha pra falar a verdade eu não tenho um diretor preferido em particular, existem diretores que eu adoro muito os filmes deles, como o Quentin Tarantino, Steven Spielberg, Tim Burton entre outros. Mas tem uma cara que está começando com tudo, e eu gosto muito mesmo! Dos três filmes que ele dirigiu até agora, que é o Ryan Coogler o diretor de Pantera Negra, se ele continuar lançando filmes incríveis assim, Ryan Coogler tem tudo pra se tornar o meu diretor preferido. E o meu filme preferido dele é Creed.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

 

Tropa de Elite, para mim esse filme é genial tanto tecnicamente como narrativamente, a história bem elaborada os personagens super envolvente, e um filme que mostra uma realidade pelo mesmo na minha visão, sem levantar bandeiras, ele bate em todos os lados e mostra muito bem como era e é até o hoje, a criminalidade no Brasil. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim ser cinéfilo não é apenas gostar de assistir filmes, porque gosta de assistir filme todo mundo gosta, como diria a crítica Carol Moreira: "O cinéfilo é a pessoa que quando vai assistir um DVD, clica na opção bônus". Ou seja, uma pessoa que não vê um filme apenas como um passatempo de duas horas, o cinéfilo é uma pessoa que quer saber como foi feito o filme, qual é a mensagem que o diretor quer passar pra você com determinada cena, vai atrás da história da sétima arte, que ama assistir filmes, e uma pessoa que vê o cinema como um todo.  

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu acredito que às programações são feitas por quem entende de dinheiro e como o mercado cinematográfico funciona. Por que querendo o não, muitos filmes são produtos que precisam ser vendidos, e assim como em qualquer outro rabo existe concorrentes e tendências, então as programações irão variar muito de acordo com o que as pessoas gostam de assistir. Nos anos 50 e 60 as pessoas gostavam de assistir filmes sobre faroeste, então o mercado vai entregar filmes de faroeste, se hoje as pessoas gostam de assistir filmes de Super-Heróis, então o mercado vai entregar filmes de Super-Heróis. O mercado vai investir mais, onde a mais demanda, se pessoas preferem assistir filmes dos Velozes e Furiosos, o mercado precisa de mais salas para exibir esses filmes.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não, pode ser que elas percam ainda mais espaço para os serviços de Streaming, por terem mais acessibilidade, ainda mais se a gente pensar que as crianças que nascerem a partir de 2020, serão pessoas que nasceram sem saber como é viver sem a internet e todas as suas facilidades.  

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Cidadão Ilustre, é um filme espanhol com uma atuação incrível do Oscar Martinez, o filme sabe dosar muito bem o humor e o drama.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Primeiro quem deveria decidir isso são as organizações de saúde, contudo parece que nem eles mesmo sabem o que devem ou não fazer, e olha que as pessoas que estão lá, são pessoas que estudaram, se preparam para a função que exercem. O problema é que tudo relacionado a Covid, virou algo politicamente ideológico, e essa situação que passamos hoje deveria ser combatido de uma forma cientificamente eficaz e não ideológica. 

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

A cada ano o cinema brasileiro vem melhorando, porém a cada dois filmes bons que fazemos, são lançados vinte ruins, existem muitas pessoas que adorariam fazer filmes e que possuem ideias boas, mas não conseguem executar suas ideais por conta de todas as barreiras burocráticas que existem. Se mais pessoas pudessem ter mais oportunidade de fazer filmes, com certeza a qualidade do cinema brasileiro seria melhor. Outro ponto que vejo que precisaria ser mudado também, seria a formação de roteiristas, o Brasil possui muitos bons diretores porém os bons roteiristas da pra se contar nos dedos.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura e o Ailton Graça, esses caras são sensacionais! Mas o Ailton Graça eu acho um excelente ator pela variedade de papéis que ele faz, ele alterna de uma forma genial as atuações de humor e drama.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"Para se fazer um bom filme você só precisa de uma boa história e uma câmera na mão" - Alfred Hitchcock

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu nunca tenho muita sorte de vivenciar situações inusitadas, principalmente no cinema. Entretanto aconteceu uma situação quando eu estava assistindo o filme do Coringa, que vale a pena comentar. Eu estava assistindo o filme, com dois amigos que não entendem muito sobre cinema, e eu percebi que assim como eles muitas pessoas naquela sessão, não estavam com as perspectivas sendo correspondidas pelo filme. Até que um casal que estava há algumas fileiras frente a minha, levantou e foi embora dizendo que não estavam gostando do filme, e o homem ainda disse "da próxima vez eu escolho o filme". Pra mim que estava adorando o filme, fiquei um pouco incomodado com a atitude deles, pois eu estava tendo uma ótima experiência.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Há não.... esse filme eu me questiono até  hoje o que eles queriam fazer com aqui!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, porque se nós levarmos em consideração exatamente o que um diretor faz, qualquer pessoa que estuda audiovisual consegue dirigir um filme. É claro que se o diretor for um cinéfilo pode ajudar muito.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

É um filme que assisti recentemente, e até senti um pouco de vergonha alheia, Space Jam. No começo estava até divertido, mais depois o filme vira uma grande propaganda da Warner Bros. com o Michael Jordan como garoto propaganda.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Lixo extraordinário um documentário brasileiro de 2010, toda a história e a montagem desse documentário é incrível. Eu gosto muito também de um documentário chamado "Terráqueos" com a narração do Joaquin Phoenix, ele fala basicamente sobre como os seres humanos maltrata os animais, e um documentário muito forte e importante. 

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Em vários filmes, mas m normalmente só bato palma se eu gostar muito do filme.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face filme de 1997 esse filme meio trash, mais o Nicolas Cage e o John Travolta mandam muito bem neste filme.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

E um site que leio desde adolescente que é o Adoro Cinema, eu lembro até hoje quando eu não tinha internet em casa e ia para a Lan House ver o site e ler as notícias sobre o cinema. Eu lembro que eu via as notícias e depois assistia alguns vídeos do canal Omelete, que na época eu adorava. 

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29/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #196 - Francisco Andrade


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Sintra (Portugal). Francisco Andrade, nascido e criado em Sintra, algo que o define. É amante de música, filmes, BD, jogos, um nerd semi-profissional. É um apaixonado por moda, ainda mais por sneakers. Das coisas que mais gosta de fazer é assistir a um bom filme com uma ainda melhor companhia, conversando sobre o mesmo, e viajar à deriva nessa conversa. É simples.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Diria a sala de cinema Cinema City, no Beloura Shopping. A programação tem uma mistura de comercial com filmes, p.e, portugueses.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Avatar, de James Cameron, apesar de não gostar da história, realmente fiquei de boca aberta com os efeitos especiais.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

John Krasinski, A Quiet Place.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Variações, um filme que fala da vida de um músico português, já falecido. É uma personagem não compreendida na altura em que viveu, e projeto algumas pessoalidades nessa pessoa.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ter a liberdade de juntar o cinema a uma multiplicidade de temas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Creio que não.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Talvez, espero que não, mas talvez.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

The last mimzy.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Penso que sim, aliás, em Portugal tive a sorte de ver filmes durante a pandemia. Algumas mantêm se abertas, creio, com restrições elevadas. Mas, do que vi, houve civismo, e correu tudo bem.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Não tenho uma opinião formada, mas vi a Cidade de Deus, um filme incrível, de grande qualidade. Há cenas do filme que ainda vivem no meu imaginário, e de muitos amigos meus.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

...

 

12) Defina cinema com uma frase:

Viajar.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Ter ido ver um filme baseado num anime, e ter sido o único que não estava em cosplay (risos).

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um clássico?!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não, de todo, creio que basta ter um imaginário forte e sólido, e ser bom a transmitir as ideias

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O filme Cinderella, live action, que horror!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Life on our planet, recomendo!

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Inúmeras vezes! Principalmente nos filmes da Marvel! Capitão America com o Mjiolnir? Ovação em pé!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Ghostrider!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cambada de Críticos, e Toda uma Cena, ambos no Instagram.

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28/11/2020

Crítica do filme: 'Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa'


O amor é o melhor remédio do mundo. Em mais uma obra sobre os terríveis momentos que o mundo viveu na chegada de um dos maiores vilões da história da humanidade no poder na Alemanha, acompanhamos sob a ótica de uma menina, uma família judia que morava na Alemanha e sua fuga pela Europa em uma época vazia, deficiente de paz, repleta de ódio, medo e intolerância. Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa, baseado no livro de sucesso (publicado em 20 idiomas) da escritora Judith Kerr, é um longa-metragem repleto de arcos interessantes mesmo que não haja uma profundidade maior no tema principal que impactou toda uma legião de famílias pelo planeta. O filme é dirigido pela cineasta alemã Caroline Link (também diretora do elogiado filme Lugar Nenhum da África, filme do início dos anos 2000) e conta com ótima atuação de sua protagonista, a jovem Riva Krymalowski e do ator alemão Oliver Masucci (conhecido por aqui por seu papel no seriado Dark).


Na trama, ambientada no começo dos anos 30, em Berlim, conhecemos a família do jornalista Arthur (Oliver Masucci) e da escritora de óperas e exímia pianista Dorothea (Carla Juri) que vivem junto com seus filhos Anna (Riva Krymalowski) e Max (Marinus Hohmann). Faltando 10 dias para eleições na Alemanha, o jornalista, que é crítico de Hitler, é avisado por amigos que fora colocado em uma lista onde que nessa estiver será perseguido por Hitler caso o mesmo ganhe as eleições. Se guardando do pior, resolve embarcar para um país vizinho junto com toda sua família. Assim, durante meses, lutando contra a falta de oportunidades de trabalho e da perda de toda uma vida material, a família decide ir se mudando de países e para isso precisará estar unida para juntos vencerem.


Os diálogos são bastantes esclarecedores de como os pequenos irmãos enxergavam toda aquela situação vivida pela família. Ao longo das viagens, que acabam se tornando constante pelo continente europeu, há a necessidade de rápida adaptação a novas rotinas, novos costumes, nova cultura. Os horrores do que acontecia na Alemanha com conhecidos chegavam por interlocutores que os visitavam, como o carismático Tio Julius (Justus von Dohnányi).


As indagações constantes de Anna ao pai mostra como o amadurecimento sobre a situação vivida por sua família, em meio ao barril de pólvora que se tornou a Europa, está sempre em desenvolvimento. Nesses emocionantes diálogos, a protagonista e Arthur, a quem tem uma admiração louvável, falam sobre tudo que há no mundo e na sua existência. Fé, o momento atual, cultura, livros. Sonhos simples e ainda distantes. Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa é mais um recorte sobre esses tempos difíceis que a humanidade viveu.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #195 - Luiz Joaquim


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Recife. Luiz Joaquim é autor dos livros Celso Marconi: o Senhor do Tempo (2020) e Cinema Brasileiro nos Jornais (2018) e de artigos sobre cinema em diversas publicações, além de editor do site cinemaescrito.com. Dirigiu os curtas Eiffel (2008) e O Homem Dela (2010). É mestre em comunicação e atuou como crítico de cinema no Jornal do Commercio (1997-2001) e na Folha de Pernambuco (2004-2015), tendo ainda coordenado o Cinema da Fundaj entre 2001 e 2017. É vice-presidente da Abraccine e coordena o Bacharelado em Cinema e Audiovisual na Uniaeso.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Cinema São Luiz. O espaço é um palácio de quase mil lugares, inaugurado em 1952. É a única sala do Estado de Pernambuco que, além de ter um ótimo equipamento de projeção DCP, opera também com um projetor analógico 35mm. Seu programador Geraldo Pinho é um craque em curadoria cinematográfica, sabe combinar senso de novidade com audácia estética e temáticas urgentes quando define os títulos a exibir. É também uma programação que privilegia o cinema brasileiro.  

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Superman: O Filme (1978), de Richard Donner. Tinha apenas 8 anos de idade. Ao sair da sessão, eu tinha certeza de que eu poderia voar se desse um pulo com força.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil dizer. Hoje, entre os contemporâneos, ando atento a tudo o que o Nuri Bilge Ceylan faz, e fiquei abobalhado com o seu A Árvore dos Frutos Selvagens.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Caramba. Vou responder essa e me arrepender daqui a 30 segundos. Olha, acho que A Hora da Estrela é um das coisas mais bonitas que já vi. São raros, muitos raros, personagens tão frágeis, humildes e sofisticados como a Macabeia, e tudo o que Suzana Amaral e Marcélia Cartaxo fizeram ali não se traduz com palavras. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É precisar de filmes como se precisa de água. É querer manter o filme em você o máximo de tempo que conseguir. É devorar o filme em tudo o que ele te oferece além dele próprio.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

São poucas as salas assim. Normalmente são salas de excelências e solitárias. Algumas privadas, outras públicas. E no que diz respeito aos multiplex: com exceção do trabalho que o Adhemar Oliveira faz com sua rede do Itaú, todos os complexos são autômatos em programar pipoca sem sal.  

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito nisso. Se acontecer, já não devo estar por aqui. Será bem mais pra frente. Seres humanos precisam de seres humanos. Cinema resolve bem isso.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vitalina Varela, de Pedro Costa.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Pergunta complicadíssima. Ainda não tenho uma resposta para isso. Tendo ao "não", mas gostaria de escutar mais argumentos sobre o "sim".

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

André Novais Oliveira.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É a extensão sonora e visual do que somos resolvida numa tela gigantesca. 

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

No Cine São Luiz, Recife, anos 1980, sessão de Batman, de Tim Burton. Em meio a uma algazarra absoluta da plateia, alguém jogou uma galinha do mezanino sobre a plateia do térreo. Não foram poucos os xingamentos.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Gréia clássica.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

De jeito nenhum. Salvo engano, Gabriel Mascaro não é cinéfilo e é um excelente cineasta.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Poxa, diversos. Lembrei agora de Zohan: O agente bom de corte, mas sei que já vi piores.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Resposta difícil, mas vou responder com um óbvio (que merece todo o respeito de todos nessa Terra): Cabra Marcado para Morrer.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Diversas vezes. Em festivais não é incomum.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Fácil, O Selvagem da Motocicleta. O 2º: Birdy: Asas da Liberdade.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

cinemaescrito.com

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