15/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #475 - José Vitor Rack


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São José do Rio Preto (São Paulo). José Vitor Rack tem 39 anos. É Jornalista, escritor, autor-roteirista, membro da Associação Brasileira de Autores Roteiristas, especializado em criação de produtos audiovisuais e para o teatro. Criador do coletivo de dramaturgia Texto Brasileiro.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A melhor atualmente é a Sala Vip do Riopreto Shopping. Isso é uma lástima pois não temos mais salas de cinema de rua por aqui. Dentre as opções em shoppings que temos essa é a que traz mais filmes europeus, ou americanos com um viés mais artístico.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Não tem um primeiro filme. Sempre soube que o cinema é especial. Sempre fui deslumbrado por ele.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Martin Scorsese, Alice Não Mora Mais Aqui.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Bye Bye Brasil e Bar Esperança. São filmes que desnudam a alma do nosso povo sem apelação, com uma visão alegre, festiva, positiva.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É saber que cada filme é uma oportunidade de aprendizado, autodescoberta e encantamento.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, de jeito nenhum. Podem entender de ganhar dinheiro, mas não de cinema.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Nunca.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Toda a filmografia de Andrè Techiné e de Costa-Gavras.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Bom, já temos as vacinas e as pessoas já voltaram aos cinemas. Eu prefiro aguardar um pouco.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

 Já temos nível internacional. Falta sair do clichê nos roteiros.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Torres.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A chave que abre as janelas de nossa alma.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Ah, eu presenciei um rompimento de casal no meio do filme. Foi bem desagradável. Mas faz parte da vida.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Puro suco de Brasil.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não, não é obrigatório. Aliás, é muito enriquecedor quando alguém de teatro, de TV ou de qualquer outra área se arrisca. Sempre enriquece a linguagem.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não sei dizer. Quando não gosto de alguma coisa, eu me esqueço dela bem rápido.

 

17) Qual seu documentário preferido?

A Ponte.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Não. Sou tímido.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Arizona Nunca Mais.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Amazon Prime.

 

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14/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #474 - Isabela Olivio


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é Catanduva (São Paulo). Isabela Olivio tem 21 anos. É estudante de Direito, e atualmente estagiária na área do Direito. Entretanto, desde pequena tem um grande amor pelo cinema e por isso, decidiu se dedicar também aos estudos da sétima arte. Pensando nisso, criou um perfil nas redes sociais para falar sobre cinema, o Retrato Cinéfilo. 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Infelizmente, em Catanduva só tem um cinema, e pior, ouvi falar que tem chances de fechar. Mas, no tempo em que pude aproveitar do cinema da cidade, sempre foi muito prazeroso, apesar de não contemplar grande programação.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Meus pais sempre foram apaixonados por filmes, então desde criança sigo assistindo os mais variados filmes. Apesar de já ter assistido antes quando criança, o primeiro filme que me fez pensar e pesquisar mais sobre cinema foi Star Wars – O Retorno de Jedi.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil demais escolher um, porque cada um me toca de uma maneira especial, mas digo de passagem o Steven Spielberg. Eu sou apaixonada por Indiana Jones. 

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Difícil escolher também, mas vou mencionar Central do Brasil, Que Horas Ela Volta?, e O Auto da Compadecida. O último é um filme bem popular entre nós, e é especial para mim, pois cresci assistindo e quanto mais velha fui ficando, mais eu identificava o drama brasileiro no filme. Além disso, acho o humor brasileiro genial. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Na minha opinião, ser cinéfilo é além de gostar de assistir filme. Uma pessoa cinéfila para mim, é aquela pessoa que se interessa pelos filmes mais a fundo, que quer conhecer e entender cada vez mais essa arte, e por isso, assiste cada vez mais filmes e se aprofunda na história e produção destes. 

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que a maior parte dos cinemas são comandados por interesse popular e consequentemente no interesse por questões econômicas.  

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Se depender de nós, nunca. Seguindo a linha de como estamos atualmente, dá a impressão que é possível que acabe um dia, entretanto, acredito que se depender dos amantes do cinema, as salas de cinema nunca vão acabar, pois resistimos sempre. 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Indico o filme Quanto mais Quente Melhor. Eu sou apaixonada por esse filme, amo cada detalhe, e acho que muitos não viram. 

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Com certeza não, o correto é reabrir depois da vacinação. Mas olha, estou com uma saudade GIGANTE do cinema. 

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

São muitos filmes brasileiros ótimos lançados todos os anos, mas, infelizmente, o cinema nacional é desvalorizado pelo próprio país. 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

São vários os artistas brasileiros que gosto de acompanhar, cito o Wagner Moura, Kleber Mendonça Filho, Fernanda Montenegro e Sônia Braga. 

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é a expressão da magia da produção e liberdade de representar fatos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não é muito fora do comum, mas nunca tinha acontecido isso comigo. Eu e minha mãe fomos assistir Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo!, e não tinha uma alma na sala de cinema, ficamos só nós duas, fiquei chocada. 

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Vish, nunca assisti... devo? rs 

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

Acredito que sim, acho que quem trabalha com cinema, acaba sendo cinéfilo. Se ser cinéfilo é conhecer e ter interesse pelo cinema, um cineasta precisa ser cinéfilo, até porque para ser cineasta, essa pessoa teve que estudar muito e conhecer muitos filmes. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida? 

Recentemente, procurei mais sobre a franquia Halloween, porque vai lançar em outubro o novo Halloween Kills (momento divulgação rs). Pensando nisso, eu vi que não tinha assistido um dos filmes, o Halloween – Ressurreição, pois devia ter ficado sem assistir. 

 

17) Qual seu documentário preferido? 

Gosto bastante de Paris is Burning, Jogo de Cena, e menciono também Ilha das Flores que assisti na infância e voltei a assistir atualmente. 

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?   

Pelo que eu me lembre, nunca cheguei a bater palmas, mas com certeza bati palmas internamente rs. 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu? 

Acredito que o melhor filme com o Nicolas Cage que já vi foi A Rocha. 

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Estou sempre lendo sites/blogs ou perfis nas redes sociais de criadores de conteúdo sobre cinema, inclusive o Guia do Cinéfilo. Mas especificamente leio o AdoroCinema, Cinema com Rapadura e Papo de Cinema. 

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Com certeza o Telecine Play.

 

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13/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #473 - Felipe Mattar


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). Felipe Mattar tem 22 anos. Perambula pelo paralelo 30 S e contempla os momentos que serão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui não há grande variabilidade, em termos de programação, entre as salas, usualmente mantidas por grandes redes de cinema (tanto as locais, como GNC, quanto as internacionais, como Cinemark) e localizadas em shoppings centers. Mesmo assim, é possível notar uma variação na programação de salas (inclusive, as de uma mesma rede) conforme o perfil de público frequentador do respectivo shopping. A minha predileta se localiza em um shopping muito próximo de onde eu moro, o Moinhos, cujo público, predominantemente de faixa etária mais elevada e intelectualmente mais inclinado, acaba determinando que as programações privilegiem antes filmes autorais (independentes e/ou aspirantes às premiações) do que grandes blockbusters.

 

Ainda assim, a cidade conta com pequenos cinemas de rua e centros culturais, que no momento lutam para manterem-se abertos. São lugares maravilhosos de celebração da cultura local e mesmo cinematográfica, de um modo geral. Espero, assim que a situação pandêmica se supere, poder conhecer e frequentar novos centros como esses.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Na verdade, a percepção do cinema como "um lugar diferente" -- especialmente, aqui levando em consideração que as minhas impressões se construíram de uma perspectiva ainda infante -- já surgia tão logo eu me deparasse com uma enorme "pipoqueira", de dentro da qual jorravam e saltitavam pipocas (que, desta vez, não eram as de microondas, retiradas de um armário), ou mesmo com vastas fileiras de cadeiras elegantemente estofadas com um especial tecido vermelho, pensado para o bem da melhor acústica. Muitos foram os filmes que semanalmente eu desde cedo tratava de conferir ao lado de meu pai e de minha mãe: Harry Potter, animações Pixar e até produções esquecíveis, de pouca inspiração. Mas o primeiro filme do qual aqui tenho a recordação lúdica e onírica do espaço de cinema é Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, que fui assistir no ano de estreia. Sim, um filme sem grande originalidade e, quem sabe, de temática saturada, mas, ainda assim, integrante de uma das maiores criações da história do cinema, continuação da saga da jornada de nosso querido herói, Indy, e, talvez o mais importante, contaminada pela inesgotável magia de Spielberg -- que muito contribui para a magia do próprio cinema. Foi a partir dessa fatídica ida ao cinema que meu pai, cinéfilo de que descendo, pôde abrir as portas da magia para o meu ainda parco conhecimento.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Damien Chazelle. Whiplash.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

A que horas ela volta? Senti como se estivesse assistindo ao perfeito casamento entre a crítica ácida de Parasita, o retrato apaixonado e realístico de Roma e o espírito de pertença e brasilidade que nenhuma produção internacional teria sido capaz de reproduzir. Tudo isso condensado na performance da nossa Regina Casé.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Tenho uma visão, posso dizer, bem objetiva daquilo que é ser um cinéfilo. Ser cinéfilo é não se apegar aos gêneros cinematográficos (terror, comédia, ação,...), às programações e cartilhas do jornal da semana ou à notificação das novidades da semana da Netflix. É ter a sensibilidade de apreciar a grande concatenação de esforços e pequenos detalhes que compõem a autoria (ou coautoria, melhor dizendo) de uma obra: os tons de luz, o posicionamento dos objetos de cena, os olhares e intenções dos atores, os cortes e as perspectivas, os movimentos de câmera e, em suma, as normas fundamentais de coerência daquele universo que está sendo proposto e retratado (com suspensão de descrença, quando preciso). Como cinéfilo, quero assistir a tudo o que foi, é e será marcante na história cinematográfica (nunca deixando de procurar entender as razões disso, inseridas em um contexto social, de recepção de público), sem me privar, no entanto, de acompanhar aquelas produções estigmatizadas pelo fracasso (novamente, compreendendo por que assim o são ou foram um dia).

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, acredito que as programações são feitas por pessoas incumbidas de um planejamento eminentemente mercadológico.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

NÃO! Eu, o Tarantino e quem quiser nos acompanhar não vamos deixar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Aos Olhos de Ernesto (2019), disponível no TelecinePlay. Foi filmado na minha cidade. Menção honrosa para: Na Mira do Chefe (2008), disponível na HBOMax. Me veio à mente agora e vale a pena.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Mas, como já temos a vacina, acredito que a abertura com restrições (a depender da situação de cada localidade e de seus respectivos leitos hospitalares) é a medida emergencial mais adequada para evitar que empreendimentos, empregos e investimentos se percam por inteiro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Após a retomada do cinema brasileiro, valiosas produções têm, a despeito de todas as inúmeras dificuldades, sido lançadas. Ainda há uma grande predominância de comédias vulgares (possivelmente, devido ao retorno de bilheteria que garantem), que, ainda que não me agradem, detêm o seu valor artístico, mas surpresas recentes, falo de Bacurau e A Vida Invisível, são um grande alento.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não me oriento por artistas, pois até mesmo os melhores são falíveis, mas por resultados artísticos (confio muito na crítica especializada, justamente por isso).

 

12) Defina cinema com uma frase:

"I steal from every movie ever made". Não preciso citar o autor da frase, acredito.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não me lembro de algo mais inusitado do que eu e meu pai, esperançosos e entusiasmados com a suposta volta do velho normal, indo ao cinema, em janeiro deste ano, assistir a "Mulher Maravilha: 1984" na nossa habitual sala, do shopping Moinhos, e nos deparando com uma sessão de segunda à noite, 21h, inteiramente vazia. Aproveitamos como se estivéssemos, meses antes, comparecendo a mais um grande lançamento da poderosa Warner Bros. e do DCEU, para conferir a produção em primeira mão, com casa cheia. Foi um dos melhores momentos desta tão negativa época. Fizemos questão de nos sentarmos nos exatos assentos a que correspondiam os nossos ingressos, de onde tiramos divertidas selfies para registrar a nossa inigualável bravura em face dos que preferiram privilegiar os streamings (sem qualquer ofensa e com o perdão da inofensiva brincadeira).

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

"The Room" brasileiro. Deve ser cultuado como tal e estudado nos melhores e nos piores cursos de cinema do país.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que não. Não só porque, como houve pintores e músicos, pode haver cineastas dotados de talento a tal ponto bruto e incondicionado que capazes de produzir valiosas obras sem referências externas, senão os próprios instrumentos de ofício, mas também porque eu não deixaria de considerar como filmes (ainda que discuta se são, de fato, produções artísticas) babilônicas produções de estúdio confeccionadas como que em uma escala fabril e a partir de uma concatenação de passos integrantes de uma fórmula: há público para consumi-las, e a produção não depende de inspirações e referências, ainda que se valha de clichês de gênero já arraigados na indústria, mas do mais puro pragmatismo do diretor e dos produtores a que se reporta. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

É muito difícil escolher e até mesmo lembrar de um digno desse título. Lembro de assistir a Viagem Fantástica (2005), por qualquer razão que jamais poderia vir à mente agora, e divertir-me enormemente com o plot final do filme, que tencionava ser aterrorizante.

 

17) Qual seu documentário preferido?

 

Lixo Extraordinário (2011).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, foi a primeira e única vez que vi algo assim acontecer em uma sala de cinema, o que me surpreendeu muito. Foi em uma sessão de Batman: o Cavaleiro das Trevas; bati palmas com todo o vigor que o balde de pipocas que esvaziei ainda nos trailers me garantira e espero que o grande e saudoso Heath Ledger as tenha recebido com alegria.  

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Vou responder Arizona Nunca Mais, mas preferia responder Willy's Wonderland.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

TelecinePlay.

 

 

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A locadora, produtora e distribuidora Cavideo comemora 24 anos


O FESTIVAL CAVIDEO 24 ANOS será realizado de 16 de julho a 1° de agosto para comemorar os 24 anos da produtora, locadora e distribuidora com exibição de todas as 300 produções da Cavideo na sua nova plataforma streaming, além de Lives especiais, com diretores e críticos, que contarão histórias sobre a Cavideo. Todas as atividades são gratuitas.


Além da mostra, será realizada uma exposição (presencial e online) sobre a Cavideo, com posters de seus filmes, troféus, fotografias, matérias, credenciais, diplomas e vídeos que contam sobre a trajetória da produtos. A exposição presencial será nas Casas Casadas no Espaço Cultural Cavideo e a online será no canal online da Cavideo.


Também será disponibilizado, gratuitamente, na plataforma streaming da Cavideo um curso on-line com 10 aulas de uma hora cada. Não precisa se inscrever, as aulas vão estar disponíveis na plataforma de 16 de julho a 1° de agosto, nas aulas Cavi Borges explica sobre a sua distribuidora de filmes, distribuição, produção de baixo orçamento e as histórias do cinema independente. 


Na mostra 'Mestres', serão exibidos trabalhos de nove diretores homenageados, que fizeram parceria com a Cavideo, além do ator Tonico Pereira. Na programação, filmes de: Neville de Almeida, Sérgio Ricardo, Maurice Capovilla, Luiz Carlos Lacerda, Luiz Rosemberg Filho, Júlio Calasso, Sylvio Lanna, José Sette, Antônio Fontoura.



Alguns destaques entre os filmes do Festival:


JOÃO POR INEZ - curta /doc ( 2021) de Bebeto Abrantes


Sinopse: Comemorando o centenário de João Cabral de Melo Neto esse novo curta metragem mostra imagens inéditas da intimidade do poeta com sua familia.


CEMITÉRIOS GERAIS - curta/experimetal (2021) - de Regina Miranda, Cavi Borges e Bebeto Abrantes


Sinopse: Em protesto pelas 500 mil mortes, 5 atrizes recitam poemas de João Cabral de Melo Neto

 


SONHO DE RUI - longa de ficção ( 2019) - direção: Cavi Borges e Ulisses Mattos


Sinopse: Um ator frustado resolve vender seu apartamento para financiar um filme que será um remake de BRADOCK de seu ídolo Chuck Norris. Dessa vez ele será o protagonista!!!


O CINEMA É MINHA VIDA - Longa/ficção (2021) - direção: Patricia Niedermeier, Rodrigo Fonseca e Cavi Borges


Sinopse: Um diretor de cinema relembra sua vida e obra no camarim da Cinemateca francesa


FADO TROPICAL - longa de ficção (2020) - direção: Cavi Borges


SINOPSE: 2 irmãos se reencontram em Lisboa para jogar as cinzas do pai recém falecido em Portugal e acabam revendo seus relacionamentos.


 

MÚSICA DE HOMEM - curta/ficção - direção: Tonico Pereira


Sinopse: a dor de cotovelo mostrada através de canções pelo ator Tonico Pereira.

 


URUGUAI NA VANGUARDA - longa /doc ( 2019) - direção: Marco Antônio


Sinopse: As novas leis e habitos desse pais latino americano de vanguarda que inspira uma nova vanguarda.

 


OS PRINCIPES (2019) - Longa/Ficção - direção: Luiz Rosemberg Filho


Sinopse: 2 homens fascistas saem pela noite em busca de diversão.



O QUE SERIA DESTE MUNDO SEM PAIXÃO - longa/ficção (2019) - direção: Luiz Carlos Lacerda


Sinopse: Encontro inusitado entre os poetas Lucio Cardoso e Murilo Mendes.



O MUNDO DE ANDY - curta/ficção (2002) - direção: Cavi Borges


Sinopse: primeiro filme realizado por Cavi Borges que mostra ultimo dia na vida de Andy. 



Horários da exposição presencial: de segunda a sexta das 10h as 17h.


Endereço: Casas Casadas - Rua das Laranjeiras 307.


Endereço virtual do Festival: https://vimeo.com/festivalcavideo24anos

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12/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #472 - Caique Henry


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Caique Henry tem 20 anos. É estudante de jornalismo. É um grande apaixonado em arte, em especial o cinema desde filmes alternativos a grandes blockbusters aos estilo Michael Bay. Se aventurou na sétima arte em 2020 com estudos e um curta-metragem, hoje tem um perfil no Instagram.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinépolis Guararapes é a mais acolhedora, confortável e acessível financeiramente.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Vertigo de Alfred Hitchcock.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

É Ingmar Bergman e meu filme favorito dele é Persona.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Pagador de Promessas é um filme de 1962 que utiliza muito bem de uma estética realista (antes do surgimento do cinema novo), mas que crítica a igreja e seus devotos. Além de falar muito sobre a pobreza nordestina e seu êxodo.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é viajar por mundos, culturas e lugares diferentes. É aprender com a diversidade e nunca se manter calado. É viver histórias como se fosse a sua.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, acho que o mercado não se interessa por isso.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não, a comunidade cinéfila é grande e não permitiria acabar com essa experiência tão importante.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Promissor. Entendo que algumas empresas como a Netflix tentem valorizar mais, entretanto, sinto que nosso cinema está indo por um viés muito mais comercial sem qualidade técnica. Porém Bacurau deixou bem claro que cinema autoral (câmera caneta) + comercial podem funcionar.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça Filho.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho.” Orson Welles

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Ir ao cinema e se deparar com adolescentes é a pior coisa que um cinefilo poderia viver, e uma vez vi um grupo de crianças/adolescentes fazendo de tudo um pouco, menos vendo o filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Meme do cinema brasileiro.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não é uma necessidade, mas quando se ama algo normalmente se faz com excelência.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Time Trap de 2017 e o famoso High School Musical.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Homem com uma câmera (1929).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, sempre que eu gosto.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Homem aranha no aranha verso.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cineplot e Plano Crítico.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix e Telecine.

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11/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #471 - João Luiz Vital




O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de João Pessoa (Paraíba). João Luiz Vital tem 27 anos. Artista plástico e quadrinista, começou a fazer os primeiros riscos entre os 4 e 5 anos. Aos 6 ganhou as primeiras revistas em quadrinhos e foi paixão imediata. Desenhava o tempo todo, principalmente coisas relacionadas aos seus filmes, quadrinhos e desenhos animados favoritos. Com 12 anos lançou a sua primeira revista autoral. E ao longo desses anos, fez mais projetos autorais e também trabalhou profissionalmente no mercado, tanto nacional quanto internacional.  Em 2017, 2018 e 2019 realizou exposições de alguns de seus trabalhos, como esculturas e desenhos focados em personagens famosos do cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Tratando-se de programação, os principais cinemas daqui reservam espaço para variados estilos de filmes. Quando é um filme muito esperado ou blockbuster, pela preferência em obter uma grande experiência imersiva, seja pela qualidade técnica ou pela otimização de áudio, escolho as salas Macro XE, pois infelizmente ainda não temos salas IMAX na nossa cidade. Porém, mais importante que a qualidade técnica é a experiência de assistir com seus amigos e comentar antes e depois das sessões, seja em qualquer sala de cinema ou reunidos em sua própria casa (claro, isso antes da pandemia).

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A primeira vez que assisti o Homem Aranha 2 (Sam Raimi) em seu dia de estreia, em uma sessão, que em sua maioria eram fãs, foi um dos momentos mais fantásticos para a criança que lia as histórias em quadrinhos, assistia os desenhos e desenhava o tempo todo, não só super heróis, como também dinossauros, o qual vem outro filme que a primeira que vez que assisti (não no cinema) foi uma sensação tão boa quanto, que é Jurassic Park (Steven Spielberg).         

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Citar apenas um diretor favorito é difícil. Alguns dos que gosto bastante, tem Spielberg (Jurassic Park), Coppola (poderoso chefão), Tarantino (bastardos inglórios), porém, a lista é grande e bem variada.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus. Toda tensão e senso de urgência construído ao decorrer da trama, prende o espectador na tela e faz o mesmo se importar com aquelas personagens e suas duras realidades. Tudo bem amarrado pela ótima montagem e fotografia, utilizada perfeitamente no contexto de oque o protagonista viria a se tornar. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Gostar de cinema (independente de estilo), de saber e entender como algumas coisas foram feitas. Talvez, também gostar de saber curiosidades sobre algumas produções e seus bastidores.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Sim, os maiores cinemas aqui da cidade, além dos blockbusters, também possuem festivais e espaços para filmes internacionais e nacionais mais “cults”.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não, mas, o volume irá diminuir consideravelmente, ao ponto de as salas serem frequentadas apenas por quem realmente gosta de ter a experiência de ir ao cinema, e para assistir alguns filmes específicos. Não só pela facilidade dos streamings, mas também pelos valores cada vez maiores dos ingressos.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram, mas é ótimo.

Um pouco mais antigo indico Ed Wood. Filme que relata um pouco da vida do diretor e de sua relação de ajuda com a clássica estrela dos filmes de horror Bela Lugosi, que foi eternizado como Drácula. Me arrisco a dizer que seja um dos melhores trabalhos de Tim Burton. Por ser preto e branco, grande parte do público deixa de lado, o que acaba fazendo ele quase nunca ser lembrado nas indicações de filmes do Burton.

 

Dos mais recentes indico A Vastidão da Noite, que é de 2020 e estreou pelo catálogo da prime vídeo. Ambientado nos anos 50 em uma cidade do interior dos estados unidos, mesmo prestando uma grande homenagem à os filmes e histórias de ficção científica e alienígenas tão fortes da época, consegue dar nova roupagem, estilo e charme ao gênero. Foi uma grata surpresa no último ano.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Com certeza, tem muita coisa boa sendo produzida, inclusive muita gente boa independente que merecia ser notada pelos grandes estúdios.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Mergulho em uma tela de sensações.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Em uma sessão 3D de Jurassic World, na melhor sala do cinema, em determinado momento do filme, o Indominus Rex vai atacar os protagonistas e a mordida vai em direção à tela, um Homem de meia idade, sentado com suas duas filhas, ao lado do corredor, à três fileiras abaixo de onde eu estava, se assustou dando um grande salto da cadeira que o fez levar uma grande queda enquanto toda a bandeja de pipoca e refringente que estava em seu colo alçou vôo, sujando todos que estavam próximos, além disso, ao se levantar rapidamente  pegando a bandeja, correu para sair da sala e caiu novamente enquanto descia os últimos degraus da escada, e em meio a muitos risos misturados a xingamentos, algumas pessoas próximas as primeiras fileiras o ajudaram a levantar, arrancando palmas e ainda mais risadas da sala, o que fez o homem sorrir, fazer referência e voltar ao seu local, desta vez, sendo ovacionado ao subir as escadas.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Pau que nasce torto, nunca se endireita

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que não. Você pode fazer um filme sem, necessariamente ser um “amante” ou “nerd” do cinema. Claro, isso possuindo ao menos algum conhecimento técnico.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Talvez não seja o pior, mas, o pior que vi mais recente, ano passado, com certeza foi o Halloween do Hubie.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Provavelmente não é o melhor, mas, um dos mais recentes que assisti e me surpreendeu bastante foi o do Tiger King (Netflix), A máfia dos tigres no título brasileiro.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já, várias vezes.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O clássico embate dele contra John Travolta em A outra face. Menção honrosa: Homem-Aranha no Aranhaverso.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Jovem Nerd, cinema com rapadura e omelete.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Mesmo possuindo assinatura da Disney Plus e Prime vídeo, atualmente, é a Netflix.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #471 - João Luiz Vital

10/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #470 - Jorge Casagrande


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Novo Horizonte (São Paulo). Jorge Casagrande tem 35 anos. Auxiliar Administrativo e apaixonado por cinema desde a infância. Colunista do site hqscomcafe.com.br, onde escreve a coluna denominada "Café Arcaico", com o foco principal em resenhas e dicas sobre filmes antigos, clássicos e não clássicos, e obras que marcaram a infância e juventude.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Bom, na minha cidade não tem cinema, infelizmente. Já teve há muito tempo atrás, mas hoje não mais. Para ir ao cinema, tenho que me deslocar até uma cidade próxima e como sempre faço isso com um grupo de amigos/as, a escolha de filmes geralmente é algo mais "pop", Marvel, DC, Star Wars, etc., filmes que exploram toda a tecnologia do cinema, filmes do "cinemão pipoca". E falando especificamente da sala, a mais frequente acaba sendo a Macro XE da Rede Cinepolis.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O filme que mais me impressionou no cinema quando criança foi O Rei Leão. Aliás, este filme tive a honra de assistir no extinto cinema aqui da minha cidade, em 1994 e marcou demais minha infância.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Akira Kurosawa / Sonhos (Yume, 1990)

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Vidas Secas. Porque é uma obra de arte do cinema brazuca. Impressionante, contundente, triste, e o tom meio que documental deixa a obra realista demais, dá até pra sentir o clima seco, o calor, o sol escaldante, a situação penosa da região e de seu povo sofrido.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter o cinema como paixão, seja por hobby ou profissão. É ir além dos filmes, é buscar sua essência, sua história, se aprofundar na sétima arte com afinco e dedicação.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Nunca parei pra pensar nisso, acho difícil até de falar sobre o assunto, porque é uma questão muito ampla. Mas creio que de cinema como "negócios", é preciso ser entendido para fornecer ao espectador a qualidade de serviço, para que esse seja rentável e a roda continuar girando. Agora se eles entendem de cinema como arte, a ponto de serem cinéfilos, ai já não sei dizer.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Sinceramente, espero que não, mas creio que não acabe. O cinema é algo clássico, passado de geração em geração, e sempre se renova, o que mantém o interesse desperto. Claro que, o cinema cult, reflexão, menos comercial, talvez esteja fadado a ser deixado cada vez mais de lado nas salas de cinema (acredito que isso já aconteça), mas o cinema pipoca, com avanços tecnológicos acho que vão sempre garantir bilheteria. O que se pode discutir é, se isso é bom ou ruim, mas isso é uma outra história.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Uma Canta, a Outra não, de Agnès Varda.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, saúde é primordial.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro ainda é de ótima qualidade, sempre foi bom.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça Filho, atualmente.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Pode ser com uma palavra? Vida!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Tem uma que eu protagonizei: Aconteceu quando eu era criança, no extinto cinema aqui da minha cidade. Não me recordo o filme que estávamos vendo, talvez fosse A Princesa Xuxa e os Trapalhões, mas lembro que comecei a brincar com outro menino, mais ou menos da minha idade, nisso me separei dos meus pais e sai correndo pela sala, até que começamos a fazer bagunça na frente da tela, e o lanterninha precisou nos retirar dali. A situação não foi tão inusitada pra mim, mas foi bem embaraçosa para os meus pais quando descobriram que um dos moleques arruaceiros era eu...rsrsrs

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Sendo bem sincero, ainda não perdi tempo assistindo à essa obra de arte do cinema nacional hahaha.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, basta dominar o ofício e entender o assunto que irá abordar.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

10.000 A.C (Mas Roland Emmerich tem o dom de fazer atrocidades, então, outros filmes dele se equiparam a esse também).

 

 

17) Qual seu documentário preferido?

Cabra Marcado para Morrer.

 

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, várias vezes.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cineplayers.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Pra mim isso tem fases, atualmente, por exemplo, tenho assistido muito o Telecine Play.

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09/07/2021

Crítica do filme: 'O Charlatão'


A pior punição é ter uma escolha. Representante da República Tcheca ao Oscar em 2020, O Charlatão, novo trabalho da veterana cineasta polonesa Agnieszka Holland conta partes de uma história real de um homem, sua intuição, sua fé, seu amor proibido e sua ciência que atravessou passagens da antiga Tchecoslováquia nos períodos antes da Grande Guerra, durante a ocupação nazista e a administração comunista. Atendendo centenas de pacientes por dia e taxado de Charlatão pela Imprensa e grande parte dos que desconfiavam de sua ciência, o protagonista, introspectivo, parece perdido dentro de seu egocentrismo e isso é notório nos flashbacks que chegam como preenchimentos de lacunas deixadas pelos arcos iniciais.


Na trama, conhecemos em diversas passagens de sua vida o curandeiro Jan Mikolásek (Ivan Trojan) que na adolescência, depois de ajudar a irmã que estava à beira de ter a perna direita amputada, começa a acreditar que possui um dom ou mesmo alguma habilidade quase inexplicável pelo seu conhecimento de ervas medicinais. Filho de um jardineiro, ele possui um relacionamento muito complicado com o pai que é rompido de vez quando o protagonista foge de casa e busca mais explicações para suas técnicas que se baseiam em diagnósticos por meio de análises das urinas dos que procuravam sua ajuda, técnica que lapidou com uma curandeira no início de sua fase adulta. O tempo passa e a questão da fé e também do amor começam a ganhar protagonismo na sua reclusa vida.


O filme é denso, com arcos um pouco sonolentos que usa dos flashbacks para encontrar seu ritmo, seu dinamismo. Às vezes parece muito confuso com explicações das consequências antes de conhecermos os fatos. Traz em seu contorno a questão da fé, deixando entrelinhas implícitas das guerras internas que o protagonista travava consigo mesmo, talvez por não conseguir perdoar ou achar que estava pecando frequentemente. Até punição vemos, como nas cenas em que aparecem as marcas roxas em seus joelhos. Ligado nessa punição mencionada, sua vida amorosa ganha grande parte do filme além de seus contornos dramáticos, principalmente por viver a limitação de seu amor (correspondido) pelo seu assistente casado Frantisek (Juraj Loj) mas não podendo sair do armário.


O filme chegou aos cinemas brasileiros no mês de julho após passagens por alguns Festivais de nosso país. Herbalista certificado ou charlatão? Muitas perguntas são feitas indiretamente sobre essa ciência da não medicina clássica, nesse combate de doenças com as armas da natureza. Mas quem estava certo? Os que duvidam ou os que acreditavam? Assista ao filme e tire suas próprias conclusões.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #469 - Renata Carvalhosa


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro mas morando em Porto (Portugal). Renata Carvalhosa tem 33 anos. Formada em Administração, com MBA em Gerenciamento de Projetos, criou o perfil @medacincominutinhos no Instagram para extravasar a necessidade de falar sobre cinema, que até o momento só tinha a atenção da sua cadelinha Kimi. Sendo ex-enxadrista atleta, tem como hobby para a memória, decorar nomes dos atores e os filmes/séries que fizeram para encontrar papéis antes da fama e esquecidos do grande público, e conexões entre atores que já trabalharam anteriormente. Então sigam o perfil @medacincominutinhos para saber de curiosidades, críticas e listas de filmes e séries!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui em Portugal os cinemas são bem similares nas programações, normalmente lançamentos que ficam por bastante tempo em cartaz.. mas gosto muito dos Cinemas NOS (é uma empresa de telefonia), pois eles tem mais horários disponíveis e também um intervalo no meio do filme.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Foi o meu primeiro filme, que vi com uns 6 anos, que foi A Família Addams 2, estava tão acostumada com aquela telinha de tubo, que quando vi a grandiosidade da tela grande, apaixonei!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Nossa, que difícil!! Tenho vários... rs. Vou com o Nolan, porque adoro os filmes fora da caixa dele, como Amnésia, A Origem, e o meu favorito é O Grande Truque, pois é uma história bem fechada, mas os plots dão discussões até hoje!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Lua de Cristal, pela... brincadeira! Pra mim, o Que Horas ela Volta? tem uma sensibilidade incrível ao mesmo tempo que mostra cruamente a relação entre as classes, principalmente porque não são tão discrepantes quanto mostram nas novelas; são a mesma classe (classe média), mas um lado se acha "melhor", porque está no extremo acima.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Para mim é imergir no filme, sentir o que os personagens estão sentindo, decifrar aos poucos a história que tá formando bem diante dos olhos e criar o senso crítico, com a experiência, pra analisar a mensagem que o filme passa.. e, acima de tudo: se divertir quando a obra pede isso!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que já há algum tempo os cinemas mais comerciais fazem a programação baseada nos filmes que irão ter maior público para cobrir os custos de manutenção das salas, do shopping, das distribuidoras, lucros... No RJ existiam muitos cinemas que não exibiam filmes mainstream, mas que foram fechando aos poucos...

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não, pois além de ser uma das opções mais democráticas e seguras (fora pandemia) de divertimento, o ambiente de imersão é muito maior que quando assistimos um streaming em casa, onde até o vizinho resolve fazer uma obra quando assistimos o filme que estávamos loucos pra ver.

 

 

 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

As Loucuras de Dick e Jane, acho que muitos só conhecem o Jim Carrey do Máscara, Ace Ventura, Débi e Lóide, mas o humor dele tá muito mais afiado nesse filme! Tem muita comédia física (que ele é um dos expoentes nisso), mas as críticas sobre o colapso na economia de 2008 são na medida pra pensar em como as empresas (e principalmente seus donos) descartam sem pestanejar os funcionários.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Aqui em Portugal reabriram as salas no final de abril, quando a vacinação ainda estava concentrada nos maiores de 60 anos (somente agora, em junho, chegamos à população 40+) e, mesmo com o cumprimento das normas, a discussão foi grande se era realmente necessário sem a imunização mínima de rebanho.

 

Eu sei das notícias do Covid-19 no Brasil somente pelos meus parentes e amigos, evito os noticiários, então acredito que pela instabilidade que o cenário brasileiro ainda tem com relação ao controle da doença, infelizmente não acho que seja hora de reabertura das salas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro tem uma capacidade enorme de se reinventar e ser criativo de diversas formas, já não somos mais o país que só entrega pornochanchada dos anos 70, a violência dos 90/00 ou comédias rasas... infelizmente o cinema brasileiro não tem o devido reconhecimento e investimento internos e mesmo tirando leite de pedra consegue entregar obras originais como Bacurau e sensíveis como Aquarius.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura é, definitivamente, uma das maiores potências brazucas, consegue transitar muito bem desde comedias como Saneamento Básico - O Filme, até Sérgio, que é um filme mais intimista.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É um lugar onde finalmente podemos deixar as máscaras da sociedade cair.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu, meu marido (então namorado na época) e mais 3 amigos fomos assistir à Maratona Odeon em 2009 e um dos três filmes foi Veronica Decide Morrer. Como a Maratona era varando a madrugada e, durante os intervalos dos filmes, saíamos para beber, voltamos para ver o Veronica umas 2h da manhã e, mesmo sendo um filme sensível, o clima era tão de zoação, que depois de muitas cenas da personagem principal demonstrando interesse sexual em um dos internos da instituição, alguém gritou no meio de uma cena dela desnuda com esse interno tocando piano: "COME ALGUÉM, COME O PAULO COELHO PELO MENOS!!", e o cinema foi abaixo na risada.. A pessoa que gritou foi o meu marido.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Uma obra incompreendida que, em 2050 será cult.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Penso que não, pois é um trabalho bem exaustivo, selecionar todas as equipes, fazer a decupagem e muitos diretores se mantém bem técnicos e entregam obras ótimas! Seria de se esperar que sim, já que precisa ter sensibilidade, olhar crítico e imersão tanto na obra, quanto em outras referências pra transmitir a mensagem para o espectador, mas alguns diretores são bem fechados na própria obra não tem problema com isso.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Seria difícil responder se a Netflix não tivesse lançado 365DNI no ano passado...rs. Creio que não precisa de mais explicações pra dizer o porquê que esse filme é horroroso em todos os sentidos! (Exceto cenários na Itália ).

 

17) Qual seu documentário preferido?

Sempre tive uma perna inteira na era analógica, então tudo que mostra como as relações humanas são afetadas pelas redes sociais, como estamos cada vez mais perdendo o poder de análise crítica, a percepção à nossa volta e "preguiça de pensar" por conta disso. Para mim, o Dilema das Redes é um documentário incrível em como somos cada vez mais zumbis por causa nossos telefones.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim! A primeira vez foi com Titanic, que foi uma excursão escolar e também na pré-estreia de Reza à Lenda, onde teve um bate-papo com os atores. Mas sempre bato palmas mentalmente para filmes que me emocionem ou surpreendam.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Nicolas Cage é um ator muito intenso, não se pode dizer que ele não se joga nos papéis!!! Mas, Senhor das Armas é definitivamente o melhor filme pela condução da história, e a atuação dele e do Jared Leto seguram a tensão até o fim.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Leio muito o Cinema em Cena desde muitos anos, passei a acompanhar o Omelete e o Adoro Cinema e, agora acompanharei o Guia do Cinefilo!

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Eu consumo muito a Netflix, tanto para filmes e séries, mas o catálogo português é muito defasado nas estreias que o brazuca, por exemplo, estou esperando Fuja até hoje..

 

 

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08/07/2021

Crítica do filme: 'Sibyl'


As portas que se abrem na luta constante pelo equilíbrio. Sibyl, exibido no Festival de Cannes em 2019, possui um engenhoso roteiro, onde disseca a personalidade de uma protagonista complexa que de maneira egoísta e inconsequente caminha por realidades longe da sua. Provocativo, reflexivo o projeto consegue em suas entrelinhas criar inteligentes paralelos sobre a rejeição em várias óticas que navegam pelas vidas dos personagens. Escrito e dirigido pela cineasta Justine Triet, também abre espaço para reflexões sobre conflitos éticos bem pra lá da linha tênue imposta na não explícita relação entre paciente e profissional de terapia. Conforme vamos acompanhando a obsessão da terapeuta pela história de sua paciente, a primeira vai abrindo portas bem fechadas de suas memórias que de alguma forma possuem paralelos com o que vemos no presente da segunda.


Na trama, conhecemos a psicóloga Sibyl (Virginie Efira) uma mulher que sempre teve dificuldades em lidar com sua família, seu presente a faz constantemente refletir sobre pedaços de sua trajetória chegando a uma auto análise até certo ponto bastante profunda, fatos que divide nas consultas com o seu próprio terapeuta. Luta contra o alcoolismo, inclusive, frequentando constantemente um grupo de ajuda. Para se concentrar no próximo projeto de sua vida, escrever um romance, acaba tendo que abandonar mais de 20 pacientes, alguns inclusive que já acompanhava fazia anos. Mas nesse processo, o telefone toca e do outro lado da linha é Margot (Adèle Exarchopoulos) uma jovem atriz que está desesperada: grávida de 2 meses de um ator de cinema famoso e ainda casado com a diretora do novo filme que está rodando. A psicóloga então percebe que a história é tudo que procurava para criar o universo do seu livro, assim resolve ajudar a jovem mas sempre gravando todas as consultas.


Um pouco nas linhas do famoso seriado In Treatment (que tem todas as temporadas disponíveis na HBO Max) enxergamos primeiro os conflitos entre Psicóloga e Paciente, as formas de ajudar alguém que sofre tanto você. Mas logo fica evidente a questão chave do descontrole de uma vida com feridas que nunca foram fechadas. E nesse caso, não da paciente mas sim da terapeuta. O ponto de clímax desse inteligente trabalho é juntar as peças rumo a esse descontrole, quando tudo se alinha, paralelos e as tais portas abertas de emoções distantes. Quando tudo isso entra em erupção, as indecisões, as angústias, afloram. Percebemos lapsos de egoísmo e muito sofrimento, principalmente no ponto de um amor não correspondido do passado que insiste em ser um fantasma que ela pensara estar adormecido em seu presente.


Resolve romper com a ética que parece sempre ter defendido por causa do seu egoísmo quase indomável de dar chance a seus sonhos após anos se entupindo de problemas, seus próprios e dos outros. É possível julgarmos tal ato? Existe algum meio termo para a questão? Quais são os limites da ética, da moral? Nos fazendo perguntas a todo instante, quem consegue embarcar nesse caminho espinhoso ligado ao campo das emoções que passa a protagonista consegue entender a genialidade de um filme feito para refletir sobre a vida, sobre a arte do recomeçar e reescrever sua própria trajetória.

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Memórias do Nosso Joia - Juan Zapata


Começamos mais um pequeno projeto mas feito com muito carinho:

'MEMÓRIAS DO NOSSO JOIA'. Vários frequentadores do Cine Joia Copacabana enviarão depoimentos por vídeo ou texto que serão postados nas minhas redes sociais e no meu blog ao longo de semanas. Essa foi uma forma que encontrei de relembrar histórias e homenagear esse cinema tão lindo que não existe mais. Nesse depoimento, o amigo, cinéfilo e cineasta, Juan Zapata. Viva o Joia! Viva o Cinema! #memoriasdonossojoia #cinejoia #cinejoiacopacabana
#cinema


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