A gente é o que a gente sente. Seguindo esse lema, o diretor
Marcos Prado (diretor do excelente “Estamira”) chega aos cinemas com seu
novo trabalho “Paraísos Artificiais”.
Entre uma e outra viagem psicodélica, os personagens viajam de Amsterdam ao
nordeste do país ao som da música eletrônica. Com algumas cenas calientes, há
uma entrega muito grande de Nathalia
Dill, Luca Bianchi e Lívia de Bueno
para com seus personagens e a história em si. A crítica negativa vai para a
montagem, há muita informação nos 15 minutos iniciais, quando o espectador
percebe tenta se acostumar com a não linearidade que acompanha a trama até o
seu desfecho.
Na trama, percorremos o mundo das ‘raves’, enormes festivais
de arte e cultura alternativa com o background sonoro de música eletrônica.
Assim conhecemos o trio formado por Nathalia
Dill (que encarna sua primeira protagonista no cinema) e sua Érika, que
sonha em um dia ser uma bem-sucedida DJ internacional. A bela Lívia de Bueno, intérprete da
apaixonada e inconsequente Lara e o mais protagonista de todos, Nando, um rapaz
que sofre as consequências de um ato infeliz em uma viagem, interpretado por Luca Bianchi. Os três vivem
experiências sensoriais (no sentido das drogas mesmo) intensas que trazem
enormes consequências para o resto de suas vidas, como prisão, relacionamentos
não aproveitados e uma surpresa que o destino apronta.
Olhar as estrelas no céu, sentir a alucinação ao extremo, ver
o pôr do sol, tudo isso tem muito significado para aqueles jovens aventureiros.
Tecno music, Disk Jóquei, inúmeras drogas, muita gente não conhece, não entende
sobre o que o universo desse filme fala. O “Ping Pong” na linha temporal só tem
a conclusão de que o destino está em todo lugar. A não linearidade compromete o
longa em alguns momentos, a montagem ficou esquisita, não dá o ritmo necessário
para sustentar a história. Quem consegue achar atrativo o modo como foi montado
esse filme se sente mais próximo da história, é uma questão deveras pessoal. Para
os que se afastarem da história (Quando a memória cinéfila desperta), irão
haver semelhanças ou lampejos de “Réquiem
para um Sonho”.
Amizades são quebradas, vícios de drogas, novos raciocínios
surgem após o encontro com a consequência. A relação entre os irmãos (Nando e
Lipe) é muito afetada após a morte do pai, é um dos núcleos mais sólidos da
trama, mais fica um pouco para trás por conta das outras histórias que o filme
conta. O ator que faz Lipe (irmão do protagonista), César Cardadeiro, é talentoso, transforma o seu personagem coadjuvante
em um dos melhores e necessários papéis para o filme.
Com um final sugestivo, “Paraísos Artificiais”, é um longa que quando foca na fuga do mundo
imprevisível das drogas e nas escolhas do passado que atormentam o protagonista
se torna muito interessante e por isso merece ser conferido. Veja e tire suas conclusões.
Viva o cinema nacional!