Até aonde vai o amor de uma mãe na busca pelas concretizações dos desejos de uma filha que não está mais por perto? Escrito pela roteirista Marta Sánchez e dirigido pela cineasta Patricia Ferreira, o longa-metragem espanhol Thi Mai consegue mesclar com muita objetividade as superfícies de momentos cômicos com uma profundidade elegante para falar sobre luto e desejos não realizados. Camuflado de filme água com açúcar, o projeto é sobre a renovação de algum sentido na vida de uma mulher na terceira idade após uma perda terrível. Disponível no catálogo da Netflix.
Na trama, conhecemos a comerciante Carmen (Carmen Machi) que vive seus dias ao
lado do marido Javier (Pedro Casablanc)
gerenciando uma loja de materiais de construção e pequenos reparos. Certo dia,
recebe a terrível notícia do falecimento da filha, que mora na capital, depois
de um acidente de carro. Tentando entender os rumos do destino, acaba
descobrindo que o processo de adoção que sua filha iniciou para adotar uma
criança no Vietnã foi concluído e assim resolve partir para Hanói ao lado das
inseparáveis amigas Rosa (Adriana Ozores)
e Elvira (Aitana Sánchez-Gijón).
Há uma certa poesia acoplada na ótica da perda, do luto. O
contraponto de uma nova vida depois de um trágico acontecimento em uma família
acaba se tornando complementar para aliviar as dores que o destino causou.
Colocando uma lupa sobre o processo de adoção internacional, onde famílias
mundo à fora buscam mais a cada ano, (principalmente na figura do personagem de
Eric Nguyen, Dan), entendemos os
lados dessa jornada através também dos profissionais que organizam a burocracia
e acompanham todo o processo.
Com direito a belas paisagens, situações a lá filmes da
sessão da tarde, diálogos inusitados e pra lá de engraçados, ótimo espaço para
coadjuvantes brilharem em suas respectivas subtramas, Thi Mai é uma ótima surpresa no catálogo da mais famosa rede de
streamings disponível no Brasil.