06/01/2012

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Crítica do filme: 'Sentidos do Amor'

A grande virtude da humanidade é seguir em frente, haja o que houver. Com um raciocínio parecido com esse, o novo trabalho do diretor David Mackenzie explora ao extremo a maioria dos nossos sentidos, sob a ótica do amor. O comovente drama é um filme bastante original que leva o espectador a pensar em cima de tudo aquilo que está ocorrendo no planeta.

Na trama, uma cientista especialista em epidemias e um chef de cozinha (ambos vivendo na Inglaterra) começam a escrever uma história de amor após os traumas no passado de cada um deles. Porém, como prova dessa união, enfrentarão uma epidemia de escala global: as pessoas estão perdendo, um por um, os sentidos levando todos ao colapso de suas emoções. Será que esse amor é mais forte que tudo?

O ‘aprender a viver’ sob novas condições é o grande ponto de debate do filme escrito por Kim Fupz Aakeson. O primeiro sentido que se perde é o olfato, depois o paladar e os personagens ficam sem saber o que fazer. Alguns pensam positivamente, outros abandonam totalmente a ‘normalidade urbana’, um verdadeiro caos é montado em muitas cidades. Como Darwin falava em seus textos em séculos passados: Somente os mais fortes vão sobreviver. Mas será que há sobrevivência em um mundo sem sentido, literalmente falando?

Acompanhamos a história sob a ótica dos amantes Michael e Susan (Ewan McGregor e Eva Green). Assim que perdem o primeiro dos sentidos, mudanças ocorrem nas suas vidas. Oportunidades de conhecer novas coisas também, a cena na banheira onde comem creme de barbear e um sabonete exemplifica bem essa teoria. Conforme a raiva (sentimento que é uma espécie de interseção entre as perdas de sentido) chega, o casal apaixonado sabe que mais um sentido foi perdido e tem que recomeçar de novo, aprendendo novas maneiras de se viver.

A reflexão quando termina a fita é a prova que o filme toca em pontos importantes e de tamanho interesse pelo público. Não deixem de conferir a saga amorosa desses dois corações, aprendendo a viver num mundo sem sentido.