08/10/2020

Crítica do filme: 'A Walk on the Moon'


Os indecifráveis códigos do amor. Debutando como diretor de longas-metragens no ano de 1999, com esse trabalho, o ator, produtor e cineasta Tony Goldwyn (o vilão do filme Ghost) tem o mérito de através das linhas do roteiro assinado pela ótima roteirista Pamela Gray, encontrar delicadeza e maturidade para mostrar conflitos e escolhas de uma mulher que faz reflexões sobre a vida de maneira introspectiva, tendo que optar ou não pela inconsequência e as certezas que encontra nas suas atitudes. O projeto conta com duas atuações fantásticas e emocionantes dos artistas Diane Lane e Liev Schreiber. Um filme que poucos conhecem e que merece ser encontrado.


Na trama, ambientada no verão do recheado ano de 1969 nos Estados Unidos, conhecemos Pearl (Diane Lane) e Marty (Liev Schreiber) um casal que vive seu cotidiano dentro da mesmice e que passa parte da estação mais quente do ano em uma espécie de retiro com outras famílias conhecidas. Ela é dona de casa enquanto ele conserta televisores para viver. Eles formam um belo casal, cheio de harmonia mas algo não está muito certo aos olhos de Pearl. Quando a protagonista conhece o caixeiro viajante, vendedor de blusas, Walker Jerome (Viggo Mortensen), desejos escondidos e uma vontade de imaginar e viver coisas diferentes da mesmice que vive ganham contornos dramáticos quando ela passa a ter um caso com Walker.


Uma mulher em crise existencial? Seria muito simplista de nossa parte analisar o filme sobre uma ótica tão sem argumentos. Em Walk on the Moon, um filme atemporal, observamos a todo instante Pearl deixar escapar a infelicidade como migalhas nos diálogos reflexivos com o marido. Vivendo dentro de um contexto, anda pela corda bamba das tradições em contraponto aos desejos escondidos. Os diálogos sobre sonhos não concretizados da protagonista e a sogra é algo profundo, um sentimental jogo de quebra cabeça, uma das sequências mais profundas e impactantes desse filme. Mas não é só com o marido que Pearl vive problemas, os conflitos com a filha deixam de ser coadjuvantes e se tornam cada vez mais explosivos. Vale o destaque também para a atuação da ganhadora do Oscar pelo filme O Piano, Anna Paquin.


Inconsequência, liberdade limitada, woodstock. Com uma trilha sonora maravilhosa e bastante influente dentro dos contextos da história, Walk on the Moon mostra um recorte atemporal de uma família com problemas no casamento, na relação pais e filhos, e como a maturidade pode ser fator importante para entendermos melhor as escolhas que fazemos.