O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de recife. Clara Oliveira tem 20 anos, é estudante
do segundo período de Cinema e Audiovisual, apaixonada por suspenses, comédias
românticas e terror. Faz parte do portal de entretenimento Oxente, Pipoca? (Instagram @oxentepipoca),
onde também comenta sobre filmes e séries.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
As salas Cinemark do
Shopping RioMar, por mais que não sejam as que eu mais visite (já que são
longe da minha casa). Tenho a impressão que é o cinema que mais tem opções de
filme na programação, e costuma ir além dos mais comerciais, lançando alguns
independentes que normalmente não são exibidos nas outras redes. Algumas vezes
era o único passando um filme que eu queria muito ver.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Talvez Harry Potter e
as Relíquias da Morte - Parte 1, foi o primeiro filme da saga que consegui
assistir no cinema e a experiência é muito diferente de ver em casa. Estar em
uma sala rodeada por pessoas vivenciando a mesma coisa que você é especial. É
um daqueles momentos que eu daria tudo pra voltar no tempo e repetir exatamente
como foi da primeira vez. O fato de ser um dia de estreia com todos reagindo ao
filme ao mesmo tempo, vibrando, gritando e chorando cria uma memória que vai
muito além do filme em si.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Tenho que ficar entre Christopher
Nolan e Greta Gerwig. Do Nolan
seria Inception, que foi o primeiro
filme de sua filmografia que assisti e acabou mudando a maneira como eu
enxergava o cinema e todas as possibilidades de contar uma história. Amo os
outros longas do diretor mas esse ainda é incomparável pra mim. Da Greta eu
diria Little Women, a forma como ela
passa sentimentos reais pro filme me pega muito. As personagens são profundas e
a história é linda, além de ser uma adaptação perfeita do livro.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Sei que é clichê ser nordestina e responder O Auto da Compadecida mas eu não
conseguiria escolher outro. Foi lançado no ano em eu nasci, cresci assistindo
esse filme em todas as oportunidades que tinha e continuo rindo das mesmas
piadas. São muitas memórias afetivas e provavelmente é o filme brasileiro
favorito da maior parte da minha família também.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Ser apaixonado pela forma única que o cinema tem de contar
histórias e estar sempre interessado em descobrir coisas novas. Sou
extremamente contra a noção de superioridade que alguns ditos cinéfilos tem por
não gostar de filmes "mainstream". Não existe um jeito certo de
experienciar o cinema, filmes diferentes impactam pessoas diferentes, e eu acho
isso maravilhoso.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Não. Pelo fato de serem empresas o interesse maior se torna
o lucro, os filmes com atores mais famosos ou de companhias mais conhecidas
sempre vão ser priorizados, por isso acaba não havendo muito espaço para
apresentar outras produções.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Duvido muito, mesmo com a popularização das televisões e dos
streamings as salas de cinema continuam gerando bilhões em bilheteria todo ano.
Assistir a um filme no cinema acaba se tornando um evento, e não é uma sensação
que dá pra replicar em casa.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Um Contratempo. É
um filme espanhol lançado em 2016, do gênero suspense. Segue a história de um
homem que acorda em um quarto de hotel, com sua amante morta ao seu lado, e ao
se tornar o principal suspeito do crime decide contratar uma advogada para
reconstituir o que aconteceu e criar sua defesa. O diretor Oriol Paulo criou uma narrativa que deixa o espectador vidrado
desde o início e continua surpreendendo quanto mais avança. Está disponível na Netflix.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
É uma questão que depende muito de cada cidade, em locais
onde os casos realmente estão controlados acho válido.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
É incrível para quem está por dentro das produções e conhece
os lançamentos menores. A qualidade do cinema brasileiro realmente não é um
problema, a falta de visibilidade no mercado para a maioria dos filmes é. Acho
que falta oportunidade pro espectador médio conhecer produções fora do eixo Globo Filmes, por exemplo.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
João Miguel. Ele
é maravilhoso em todos os seus papéis e sempre traz algo a mais para os filmes
de que participa.
12) Defina cinema com
uma frase:
É a arte de transformar sentimentos em filmes.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Fui numa sessão de Homem-Aranha:
No Aranhaverso em que uma criança na fileira da frente passou o filme
inteiro virando de 5 em 5 minutos pra mãe pra perguntar "Quando é que ele
vai virar o homem-aranha?"
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Uma pérola do cinema nacional.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Pra dirigir um filme não, pra dirigir um filme bom, talvez.
É bem mais fácil entender o que funciona e o que não funciona em uma obra
audiovisual quando você tem um conhecimento mais expandido sobre. Não basta
querer contar uma história, é preciso entender a forma como isso se transpõe
pro cinema.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Acho que um que realmente me tirou do sério a ponto de não
aguentar mais e passar cada minuto torcendo pro filme acabar foi Missão: Impossível 2. Eu digo isso
sendo fã da franquia, que tem alguns filmes impecáveis, como Missão: Impossível - Efeito Fallout,
lançado em 2018. O segundo, entretanto, é uma bomba de proporções
inimagináveis, não tem qualquer tipo de substância e é só ação em cima de ação,
além de reciclar um mesmo plot twist até dizer chega. Assisti em março desse
ano e se me perguntar já não lembro de quase nada.
17) Qual seu
documentário preferido?
Difícil lembrar de todos para fazer uma comparação válida,
mas o melhor que vi esse ano (e acabei reassistindo mais duas vezes) foi Estou Me Guardando para Quando o Carnaval
Chegar. Está na Netflix e é sobre a população de Toritama, município do
interior de Pernambuco, sua relação com a produção de jeans na cidade e a
exploração a qual são submetidos e muitas vezes nem percebem. O documentário é
muito humano, no final você sente que realmente conhece e entende aquelas
pessoas. Recomendo demais.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim, principalmente em dias de estreia. A vez mais longa
provavelmente foi assistindo Bacurau no
Cinema São Luiz, no mesmo dia que Kléber Mendonça Filho e o elenco
estavam lá, no andar de baixo. Acho que fiquei uns 5 minutos batendo palma, e
outras pessoas ao meu redor ainda continuaram por um pouco mais de tempo.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Acho que A Lenda do
Tesouro Perdido. É bem "sessão da tarde" e eu não consigo não
achar divertidas essas narrativas de aventura que envolvem um monte de pistas.
Se a franquia tivesse um 3º filme eu assistiria com certeza.
20) Qual site de cinema
você mais lê pela internet?
CinemaBlend, os
críticos tem um gosto bem parecido com o meu, então fica mais fácil escolher o
que assistir.