07/10/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #120 - Allan Deberton


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de fortaleza. Allan Deberton é produtor, diretor e roteirista, formado em Cinema na Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Diretor de curtas premiados, seu primeiro longa Pacarrete, estreou no 22th Shanghai Internacional Film Festival. No Brasil, foi o grande vencedor do Festival de Gramado 2019, ganhador de 8 Kikitos, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção. Premiado Melhor Diretor no 24th International Film Festival of Kerala (Índia).


Obs: Grande Allan. Seu primeiro longa-metragem, super elogiado por pessoas que admiro e sigo que escrevem sobre cinema, é um dos que está anotado para eu assistir. Ainda não consegui assistir. Para um cinéfilo, não conseguir assistir ao filme que quer muito ver é uma tristeza danada rs. Mesmo ainda não tendo visto seu primeiro, já no aguardo do segundo (prometo assistir mais rapidamente)! Siga em frente em nosso universo audiovisual, precisamos de pessoas como você para a nossa maravilhosa cultura sempre vencer sobre qualquer argumento sem fundamento de quem não acredita que ela seja importante.


1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinema do Dragão. Programação requintada e espaço para todos e todas. Quando tem filme no Dragão já sei que é bom. Curadoria impecável de Pedro Azevedo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Casamento de Muriel, de P. J. Hogan. Assisti mais ou menos na mesma época de Louca Obsessão de Rob Reiner. Estava viciado na "Videoteca Caras", na época. Foi uma oportunidade de, ainda garoto, prestar atenção em enquadramentos, narrativa e, principalmente, às performances. Um pouco sobre cinema que fui conquistando aprendizado sem perceber.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Vittorio De Sica. Ladrões de Bicicleta.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil, de Walter Salles. Me fez chorar, me fez conhecer o Brasil, me fez torcer pelo cinema brasileiro e querer estar dentro dele.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter o cinema como combustível.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito não. Vejo cada coisa estranha em cartaz... e tanto filme incrível inacessível. Sei que isso também depende das distribuidoras e dos títulos que tem e dos que não tem disponíveis. Acho que tudo tem como melhorar.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Gloria, de Sebastian Lelio.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Já reabriram. Rezar pra dar certo.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Gosto de pensar da diversidade que, de alguma forma, parece ser só nossa. É múltiplo e rico e a qualquer momento, do nada, pode surgir um jovem talento. Gosto muito de pensar nosso cinema descentralizado, dando vez e espaço para histórias e contadores do Brasil adentro.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Walter Salles.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Viajar para outro mundo, mesmo que seja o nosso.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Assistindo Tudo pra ficar com ele, uma comédia romântica com Cameron Diaz. Assisti sozinho, fugindo de uma aula da faculdade (eu estudava Contábeis na época). Tinha uma cena musical "Ele é grande demais pra caber aqui", sobre um pênis grande de alguém e as protagonistas imaginando isso e tendo orgasmo a la broadway. Todo mundo na cena cantava alegremente em busca deste pênis enorme. Se eu fiquei em choque imagina uma mãe de uma menina de 13 anos que estavam ao meu lado.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti, mas acho a cena que viralizou um clássico. É coisa de gênio.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Me ponho nesse grupo. Queria ver mais filmes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Dirty Dancing remake pra tv com Abigail Breslin.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Ailen Wuornos: The Selling of a Serial Killer.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Já. É frequente quando a gente está em festivais, lugar de descobertas. Muitas das palmas foram sinceras.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação.