26/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #226 - Thales Azevedo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Natal (Rio Grande do Norte). Thales Azevedo (@thalesrn) é membro fundador da ACCiRN (Associação de Críticos de Cinema do RN), pós-graduado em cinema e discente do curso de psicologia. Um apaixonado pelo melhor cinema argentino, mas que costuma aplaudir, em qualquer lugar do mundo, produções que brindam ao neorrealismo italiano como essência. Entretanto, seu amor maior reside na análise de obras que trazem visibilidade àqueles que sentem, na cor da pele, na falta de consciência de classe, na identidade de gênero e na orientação sexual, todos os dissabores do preconceito. Afinal, representatividade importa.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

​No que tange à programação, a rede Cinépolis, em especial a do Natal Shopping, têm uma maior diversidade de filmes em exibição e, principalmente, uma sala dedicada ao cinema de arte. Por isso, coloco alguns pontinhos na frente da concorrência.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Jurassic Park (1993).

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tento separar a biografia do autor e a sua filmografia. É necessário frisar isso quando respondo essa pergunta com Woody Allen. E, para mim, seu melhor filme é Meia-noite em Paris (2011).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Até pouco tempo atrás era O Pagador de Promessas (1962), porém, Aquarius (2016) mudou tudo isso. Acho que ambos trazem um retrato social, político e cultural tão bem exposto em forma de crítica.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É responder um questionário sobre cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não. O apelo comercial sempre fala mais alto e acaba determinando as escolhas. Um cinéfilo jamais colocaria um blockbuster para ocupar 50% das salas de um mesmo cinema. 

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Um debate bem atual sobre essa temática tem surgido com a decisão da Warner Bros. de lançar seus filmes na plataforma de streaming HBO MAX. As pessoas esquecem que o cinema não é apenas um local de exibição de títulos, mas, principalmente, um lazer por excelência, um hobby centenário, adotado por pessoas em todo mundo. Décadas atrás, com a popularização dos aparelhos de TV nas casas, esse mesmo receio foi suscitado e o resultado dessa previsão nós já conhecemos. A propósito, mesmo que eu construísse um cinema em meu lar, eu continuaria frequentando salas e mais salas, pois a sensação de estar lá é insubstituível.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Asphalte (2015).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Se a reabertura seguir os devidos protocolos de segurança, eu não vejo problema. As salas que tenho frequentado atualmente têm seguido as orientações à risca.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

A arte, em geral, tem um poder incrível de ressignificação em momentos críticos da história mundial. O Brasil, atualmente, enfrenta uma das maiores crises do seu setor audiovisual, mas é gratificante ver tantas obras maravilhosas ultimamente (não vou citar exemplos para não cometer injustiças), que trazem tais obstáculos impressos em seus argumentos, ilustrando uma bela crítica sóciopolítica.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é o meu lugar ao sol, mesmo estando no escuro de uma sala fechada.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Um dia eu entrei sozinho numa sala de cinema que estava vazia. Ao iniciar o filme, havia 5 pessoas e uma delas me perguntou se poderia sentar ao meu lado. Não lembro qual era o filme, mas quero acreditar que era um bom terror e a pessoa estava com medo. (risos)

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Talvez a minha maior vergonha alheia.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Há diretores que produzem obras icônicas, mas não dedicam parte de suas vidas a assistir a filmes. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Há tantos, mas vou citar um que não deixa nada a desejar nesse quesito: Cinderela Baiana (1998).

 

17) Qual seu documentário preferido? 

Difícil eleger apenas um, mas fico com Paris is Burning (1990).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim. A catarse pede isso em algumas poucas obras.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Preciso mesmo escolher um? Com uma arma apontada para mim responderia Cidade dos Anjos (1998).

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

www.setcenas.com.br