O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Natal (Rio Grande
do Norte). Thales Azevedo (@thalesrn)
é membro fundador da ACCiRN (Associação de Críticos de Cinema do RN),
pós-graduado em cinema e discente do curso de psicologia. Um apaixonado pelo
melhor cinema argentino, mas que costuma aplaudir, em qualquer lugar do mundo,
produções que brindam ao neorrealismo italiano como essência. Entretanto, seu
amor maior reside na análise de obras que trazem visibilidade àqueles que
sentem, na cor da pele, na falta de consciência de classe, na identidade de
gênero e na orientação sexual, todos os dissabores do preconceito. Afinal,
representatividade importa.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
No que tange à programação, a rede Cinépolis, em especial a do Natal Shopping, têm uma maior
diversidade de filmes em exibição e, principalmente, uma sala dedicada ao
cinema de arte. Por isso, coloco alguns pontinhos na frente da concorrência.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Jurassic Park
(1993).
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Tento separar a biografia do autor e a sua filmografia. É
necessário frisar isso quando respondo essa pergunta com Woody Allen. E, para mim, seu melhor filme é Meia-noite em Paris (2011).
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Até pouco tempo atrás era O Pagador de Promessas (1962), porém, Aquarius (2016) mudou tudo isso. Acho que ambos trazem um retrato
social, político e cultural tão bem exposto em forma de crítica.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
É responder um questionário sobre cinema.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Acredito que não. O apelo comercial sempre fala mais alto e
acaba determinando as escolhas. Um cinéfilo jamais colocaria um blockbuster
para ocupar 50% das salas de um mesmo cinema.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Um debate bem atual sobre essa temática tem surgido com a
decisão da Warner Bros. de lançar
seus filmes na plataforma de streaming HBO
MAX. As pessoas esquecem que o cinema não é apenas um local de exibição de
títulos, mas, principalmente, um lazer por excelência, um hobby centenário,
adotado por pessoas em todo mundo. Décadas atrás, com a popularização dos
aparelhos de TV nas casas, esse mesmo receio foi suscitado e o resultado dessa
previsão nós já conhecemos. A propósito, mesmo que eu construísse um cinema em
meu lar, eu continuaria frequentando salas e mais salas, pois a sensação de
estar lá é insubstituível.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Asphalte (2015).
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Se a reabertura seguir os devidos protocolos de segurança,
eu não vejo problema. As salas que tenho frequentado atualmente têm seguido as
orientações à risca.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
A arte, em geral, tem um poder incrível de ressignificação
em momentos críticos da história mundial. O Brasil, atualmente, enfrenta uma
das maiores crises do seu setor audiovisual, mas é gratificante ver tantas
obras maravilhosas ultimamente (não vou citar exemplos para não cometer
injustiças), que trazem tais obstáculos impressos em seus argumentos,
ilustrando uma bela crítica sóciopolítica.
11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.
Fernanda Montenegro
12) Defina cinema com
uma frase:
Cinema é o meu lugar ao sol, mesmo estando no escuro de uma
sala fechada.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.
Um dia eu entrei sozinho numa sala de cinema que estava
vazia. Ao iniciar o filme, havia 5 pessoas e uma delas me perguntou se poderia
sentar ao meu lado. Não lembro qual era o filme, mas quero acreditar que era um
bom terror e a pessoa estava com medo. (risos)
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Talvez a minha maior vergonha alheia.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Há diretores que produzem obras icônicas, mas não dedicam
parte de suas vidas a assistir a filmes.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Há tantos, mas vou citar um que não deixa nada a desejar
nesse quesito: Cinderela Baiana
(1998).
17) Qual seu
documentário preferido?
Difícil eleger apenas um, mas fico com Paris is Burning (1990).
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim. A catarse pede isso em algumas poucas obras.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Preciso mesmo escolher um? Com uma arma apontada para mim
responderia Cidade dos Anjos (1998).
20) Qual site de cinema
você mais lê pela internet?
www.setcenas.com.br