02/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #351 - Rodrigo Passolargo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Rodrigo Passolargo tem 33 anos, é roteirista, escritor e produtor cultural cearense. Formado em Economia e graduando em História, com pesquisa voltada ao regional nordestino, cultura popular e armorial. Cursou também Cinema na Casa Amarela Eusélio Oliveira - UFC, e Documentário Autoral com Carlos Nader. É crítico do site SMUC - Só Mais Uma Coisa e criou o Laboratório de Escritores através da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará em parceria com a Biblioteca Pública Gov. Menezes Pimentel. Roteirizou e dirigiu “S.A.C”, selecionado no 30° Cine Ceará e 6ª MILC; roteirizou “Etiqueta”, selecionado para o DFB Festival, 6ª Mostra ICA e Festival de Cinema Fantástico - 6º POE. Participou do “Eu Amo Fortaleza - 293 Anos”, documentário produzido pelo Jornal O Povo e Sintonia Filmes. Compôs o Júri Oficial da Mostra Competitiva do IV Cine Festival.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha:

Amo o Cineteatro São Luís da minha cidade. É um dos cinemas mais lindos e com melhor acústica do Brasil.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Primeira sessão de cinema que fui foi na Praça de Quixeré, interior do Ceará. Tinha 7-8 anos. Era filme de Cangaço e só depois descobri que era Lampião, O Rei do Cangaço (Carlos Coimbra. 1964). Todo mundo levava sua cadeira de casa. Projetor no pano branco numa rua escura que dava na Praça.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Me divido entre Glauber Rocha com Deus e Diabo na Terra do Sol e Rosemberg Cariry com Siri-Ara e Notícias do Fim do Mundo.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Os acima. São filmes que me fizeram entender a importância do cinema, da minha história, do meu recorte na sociedade.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Amar cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim. Aqui em Fortaleza, as curadorias dos cinemas São Luís e Dragão do Mar são exemplos para o Brasil. Não se restringem somente a exibição, mas a formação, abertura para comunidade, mesas e diálogos com produções e incentivo local.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Aproveitem que têm muitos festivais de cinema online/gratuito e prestigiem cinema nacional. Ótimos filmes como os curtas Os Últimos Românticos do Mundo, Noite de Seresta, Eu Empresa. Longas como O Barco, Sertânia.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Com todos os perrengues e sucateamentos, é o melhor do mundo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Rosemberg, Bárbara e Petrus Cariry. Alan Deberton. Wanderlandia Melo. Difícil dizer só um.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é arte, técnica e resistência.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

29º Cine Ceará. Era noite de exibição de Greta do Armando Praça, com Marco Nanini. Antes, teve exibição de curtas. Um deles era o potiguar O Grande Amor de um Lobo (Kennel Rogis). Que por sinal ganhou melhor roteiro pra curta naquele festival). Foi inusitado porque atrás de mim sentou Marco Nanini (um amor de pessoa) e curta começou com trilha de Aldair PlayBoy. Pensei “Não é todo dia que você está num dos maiores festivais de cinema do Brasil, sentado quase encostado com o Lineu da Grande Família e escutando Falso Amor. Épico”

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

”Voa, Passarinho”.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que para dirigir um filme não precisa amar cinema. Para ser um bom diretor/cineasta, sim.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não lembro (por isso ele deve ser ruim). Mas posso não lembrar porque sempre aprendo mais com filmes ruins do que os bons.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Difícil. Mas Caldeirão de Santa Cruz, do Rosemberg e Soldados de Borracha, do Wolney Oliveira.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Sou da época que passava Con Air - Rota da Fuga, no SBT. Mas gosto de Cidade dos Anjos, pois combina com a cara de cachorro pidão dele.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu acompanho mais críticos em si do que portais, como Diego Benevides, Kamilla Medeiros, Arthur Gadelha, Mylla Fox, CineVitor, que são críticos que admiro e me importo com suas visões.