As interpretações que a vida nos mostra. Dirigido pelo ótimo cineasta Antoine Fuqua (Dia de Treinamento), um dos mais recentes lançamentos da Netflix é o suspense O Culpado. O filme busca uma conexão logo de cara com o espectador mas acaba caindo na armadilha de seu próprio roteiro que buscando surpreender acaba deixando tudo muito confuso em um primeiro momento. Busca seu dinamismo na ótima atuação de Jake Gyllenhaal, o longa-metragem cresce nos arcos finais onde as peças parecem se encaixar gerando um melhor entendimento dos seus mistérios seja em qual ótica você estiver fisgado. O projeto é baseado no espetacular longa-metragem dinamarquês Den Skyldige (Culpa).
Caminhando de maneira confusa nas linhas do suspense
psicológico, o projeto mostra um dia tenso na vida do estressado Joe Baylor (Jake Gyllenhaal), um policial, operador
do 911, que só está nessa função porque fora rebaixado de cargo após alguma
questão que se antecede a um julgamento do qual ele vai participar o dia
seguinte. Tenso e descontrolado em muitos momentos, vamos vendo a reação dele
ao logo de todo o turno quando recebe uma chamada de uma moça chamada Emily
pedindo socorro ao que parece ser uma sequestrada tentando contato. Aos poucos
vamos descobrindo a verdadeira história por trás dessa ligação.
Parece que acompanhamos histórias paralelas nos primeiros
arcos confusos. Essa difícil tarefa de decifrar o filme logo no início acaba
nos levando para o lugar do curioso onde queremos entender a todo instante o
quebra-cabeça instaurado com as migalhas jogadas pelo caminho. Talvez por
buscar força para seu iminente plot twist, o roteiro desalinha em relação a nossa
capacidade de compreensão. Há um foco então na figura do protagonista, estúpido
em muitos momentos, com problemas com a família e um julgamento mal explicado
que terá que passar nas horas seguintes. Como análise de comparação, como é
praticamente um remake não temos como não comparar, o original indicado ao
Oscar pela Dinamarca em 2018 consegue ser muito mais efetivo em todos seus
arcos prendendo realmente a atenção do espectador bem mais que nessa releitura
norte-americana.
O movimento dos planos é muito interessante, pra quem curte
perceber as técnicas de cinema esse filme é um bom laboratório, principalmente
nessa questão dos planos. Um exemplo é em uma das onde a tensão toma conta das
chamadas que o protagonista recebe e um Plano Detalhe é instaurado em cena
tornando a cena uma enorme potência. Antoine
Fuqua é um grande diretor que tem no seu protagonista um dos pontos altos,
com Gyllenhaal fazendo de todo para
criar o clima de tensão necessário para ser o trilho onde a história passa.