04/10/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #528 - Vinicius Augusto Bozzo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Vinicius Augusto Bozzo tem 36 anos. É roteirista, documentarista, editor, músico e ator comediante. Desde 2003, trabalha com produção de conteúdo audiovisual para tv e internet. Produziu diversos programas de televisão, séries para web e documentários para TV (“As histórias de Quintino Cunha”, “Aldeia do Saber”, "Consigo", “Máquina de um Tempo”, "Luz, Câmera e Barreto" e "Aqui é Flamengo"). Atualmente é CEO da Sinfonia Filmes onde dirigiu as animações "Bambolim - A Diversão Sempre Vence" (2017) e "Smartphamily" (2018). É membro da ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas), da ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação) e da Associação Cearense de Críticos de Cinema (ACECCINE). É colunista no portal Cosmonerd, host dos podcasts Se Anime e do Isolados. É formado em Administração em Marketing (UNIMESP) e pós-graduado em Cinema e Linguagem Audiovisual (ESTÁCIO-RJ).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Cine Teatro São Luiz é uma obra prima. Tanto pelo prédio histórico que remonta as primeiras décadas do século 20, como também por uma programação variada. Tanto de filmes de circuito comerciais quanto com mostras especiais e também cinema produzido no Ceará. A curadoria do Cinema é feita pela Secreataria de Cultura do Estado do Ceará e um departamento específico cuida do cinema.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Minha lembrança de ir ao cinema foi para assistir O Rei Leão, a animação da Disney. Lembro do tamanho da tela, de tudo ser muito gigante, ainda mais quando somos crianças.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pergunta difícil. Tem alguns diretores que gosto Christopher Nolan, Jorge Furtado, Damien Chazelle, Jordan Peele, Genndy Tartakovsky pela sua contribuição na animação. Para citar um entre os clássicos, Vittorio De Sica e o filme Ladrões de Bicicleta. Uma obra que continua atual, com ritmo, textura e profunda reflexão.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil por ser um marco na cinematografia brasileira e por registrar uma das atrizes em melhor atuação no cinema mundial, na época. Fernanda Montenegro ganharia o Oscar se o filme fosse americano, mas se o filme fosse americano não seria o Central do Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser um apaixonado pelo cinema e, principalmente, um apaixonado pela linguagem audiovisual. Os desdobramentos desse idioma são a fonte do encantamento de um cinéfilo. Acho que um amante do cinema, observa e enxerga audiovisual em tudo. No filme ou no causo contado por um amigo, não importa o meio. Histórias e imagens construídas a partir dessas histórias são nossa paixão.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acho que cinema, no geral no circuito comercial, é um local de oferecimento de produtos. E como tal, a lei que rege é a do retorno sobre o investimento no produto. Nesse sentido, acho até que quem faz a programação dos cinemas entende dessa linguagem do sistema capitalista. O que é natural. As salas resistentes e guerreiras que oferecem outras programações, dando visibilidade a outros tipos de filmes que não estão no circuito comercial, acabam sofrendo mais para sobreviver. Uma pena. Acho necessário repensar esses mercados como um todo, o Streaming já está forçando essas reflexões.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

As salas podem acabar, o cinema ou a linguagem audiovisual não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

As Aventuras do Barão Munchausen de 1988.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, certamente não. Após a vacina e com protocolos necessários, acho que os cinemas podem voltar como outros mercados, mas antes da vacina acho que não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Vejo o cinema brasileiro com uma crescente de qualidade, quantidade e variedade. O que comercialmente ainda é pocuo percebido. A indústria do cinema nacional depende demais de políticas públicas, o que é natural para uma indústria em formação. Nisto dependemos demais de decisões de pequenos grupos, da política e da boa vontade de lideranças políticas. Nesse sentido, olhando a trajetória do cinema brasileiro e da ANCINE, estamos em um momento difícil em 2021. Estamos parados, estacionados quanto a incentivos, novas produções, fomento, criação de espaços e ações formativas. O real impacto negativo desse momento ainda vamos sentir em 3 ou 5 anos. Por conta do ciclo de produção. Acompanhamos em 2020 e 2021 muitos lançamentos de obras nacionais no cinema e na tv. O que dá uma falsa sensação de que está tudo bem. Só que esses lançamentos são de investimentos, desenvolvimentos e ideias que nasceram há 3, 4 ou 5 anos atrás. Estamos em um momento delicado.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Jorge Furtado. Um meticuloso desenvolvedor de histórias. Se tem ele envolvido eu normalmente assisto.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"Cinema é a importância do que está dentro do quadro e o que está fora.“ Martin Scorsese

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Acho que o mais conhecido filme da Carla Perez.

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Por outro lado, se ele não é um cinéfilo ele tem menos ferramentas para fazer o seu trabalho. É como ir ao mecânico que só usa uma única chave de fenda.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Aqueles que não gosto, prefiro nem comentar... E também me esqueço.

 

16) Qual seu documentário preferido?

 

"O Mercado de Notícias" de Jorge Furtado e "Eu Não sou seu Negro" de Raoul Peck,

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Acho que já, provavelmente em O Rei Leão e também quando assisti ao novo filme do Star Wars junto com vários fãs.

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação (2002), com total certeza.

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cosmonerd é claro, até porque escrevo nele. Também leio muito AdoroCinema, gosto de ler também o site da ABRACCINE que reúne diversos posts de críticos de cinema do brasil. Tenho escutado muitos podcasts também como Sala de Edição e o Primeiro Tratamento.

 

20) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Hoje voltei a assistir muito o Netflix, mas tenho fases, já tive a fase do Prime Video, Disney+, vou alternando.