07/12/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #544 - Pedro Reinato


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso convidado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Pedro Reinato tem 41 anos. É roteirista, script doctor e professor. Possui especialização em Literatura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2004), mestrado (2008) e doutorado (2015) em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo – USP. Já criou conteúdo para diferentes plataformas dos seguimentos editorial, publicitário e audiovisual. É professor da Pós-graduação da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) no curso de Roteiro Audiovisual. É coordenador pedagógico e professor dos cursos de Formação de Roteiristas e Oficina de Séries da Roteiraria. Também dedica-se ao desenvolvimento de roteiros para longas e séries em diferentes núcleos criativos.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui em São Paulo, há boas opções de salas de cinema de rua, como o Cine Sala, o Cine Sesc e o Reserva cultural. Porém, as salas do Petra Belas Artes na Rua da Consolação são as minhas preferidas. Há bastante diversidade de títulos contemporâneos  nacionais e internacionais. Além da exibição eventual de  clássicos do cinema.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

“A Clockwork Orange”, do Kubrick, acho que vi em um corujão da Globo, quando eu era adolescente. Foi o primeiro filme que eu assisti e me deu um nó existencial! Depois mergulhei nesse filme para entender como aquilo era feito e como se dava a produção do efeito no expectador.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Essa pergunta sempre é difícil. Mas tenho uma relação especial com o cinema do David Lynch. Sempre revejo os filmes dele. O Eraserhead está no topo da minha lista.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

“O pagador de promessas”, de Anselmo Duarte, é um paradigma do cinema brasileiro. É uma adaptação do texto da peça excelente do Dias Gomes.  O filme aborda a fé a partir de uma premissa popular e isso é muito potente. A direção do Anselmo Duarte é esteticamente madura para aquele tempo. Até o Glauber foi lá no set ver como a coisa estava sendo feita... depois ele criou polêmica, mas isso é outra história...

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter mais horas de vida vendo filmes do que falando com humanos.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Com certeza não! Geralmente a programação é ditada pelo marketing das distribuidoras, né? Business...

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

É uma experiência muito específica, por isso, acredito que sobreviva a era dos streamings.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

“The third man”, do Carol Reed. É um filme excelente e clássico indispensável para qualquer cinéfilo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Como diz a pedagogia de D. Bosco, “Prudência e água benta nunca é demais”.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que temos uma boa safra por aqui. Filmes como “Temporada”, do André Novais, “A torre das Donzelas”, da Susanna Lira, “Tinta Bruta”, do Marcio Reolon e Felipe Matzembacher, “O Sol”, da Lô Politti, “Helen”, do André Collazzi,  e o próprio “Bacurau” , do Kleber Mendonça Filho, são exemplos da diversidade vozes e da potência da produção cinematográfica brasileira contemporânea.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Ator, Othon Bastos. Realizador, Gabriel Mascaro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“É a suspensão da descrença”.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Fui ao cinema assistir “Cast away”, do Robert Zemeckis. O cinema estava lotado. Bem atrás de mim, tinha um senhor que tentou adivinhar o que ira acontecer no filme todo e dava pitacos sobre o roteiro! “Olha, agora vai acontecer isso...”,  “Ele é muito burro, se fosse eu...”, “Não acredito que ele está falando com uma bola...” Enfim, uma experiência e tanto!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não é um filme: é um delírio.

 

15) Muitos diretores de cinema  não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não é requisito não. Nem todo diretor é o Scorsese! O importante é que o realizador conheça aquelas obras com as quais a sua arte dialoga...

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O inspetor Faustão e o Mallandro, do Mario M. Bandarra. Esse é foda.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Jogo de Cena, do Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Ah, não! Não tenho perfil para isso não! hahaha

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Ah, com o Cage, o “Mandy”, do Panos Cosmatos, é um filmão!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Gosto do “Palavras de cinema”, que tem um conteúdo ótimo.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

MUBi !