16/11/2024

Crítica do filme: 'O Sucessor'


As verdades surpreendentes que colocam em evidência o desequilíbrio nada evidente. Selecionado para o Festival Varilux de Cinema Francês 2024, O Sucessor, é uma daquelas obras impactantes que causam muitas surpresas com suas reviravoltas. Intrigante do início ao fim, esse projeto nos leva até uma análise profunda sobre o comportamento humano e as escolhas que o destino coloca de maneira surpreendente pelo caminho. Dirigido por Xavier Legrand, um dos mais promissores cineastas contemporâneos, inclusive já indicado ao Oscar em 2014 pelo curta-metragem Avant que de tout perdre.

Na trama, conhecemos a história de Ellias (Marc-André Grondin), um homem que se vê em grande crescimento na carreira no mundo da moda em uma Paris atual. Após uma notícia surpreendente, ele precisa voltar pra casa, em Montreal, para ajeitar as questões referentes ao falecimento do pai com quem não tinha muito contato. Chegando lá, é surpreendido por uma série de descobertas macabras que mudam pra sempre sua trajetória.

A construção do personagem principal, nossos olhos nessa história, apresenta seus contrastes da euforia até os dilemas. Partindo dessas extremidades, essa construção estabelece os alicerces que situam o público sobre dois pontos importantes: a chegada até o sucesso e os problemas familiares. As dúvidas que se seguem, quando a surpresa chocante se coloca em sua frente, e as emoções a flor da pele sendo um desequilíbrio evidente, são componentes que alimentam a carga dramática – principalmente seu final aberto a interpretações.

Depois de surpreender o universo cinéfilo com seu primeiro e chocante filme (Custódia), o cineasta francês Xavier Legrand dessa vez volta a colocar o dedo nas feridas da sociedade costurando sua narrativa de forma inteligente que vai ganhando fôlego aos poucos, preparando os olhares para um clímax angustiante. Assim, com o leque de profundidade sendo apresentado aos poucos – guiado pelas personalidades dos personagens, caminhamos por um suspense arrepiante onde a culpa ganha dois lados da moeda.

Angustiante e fugindo de qualquer previsibilidade chegamos até um desfecho forte que vai gerar inúmeras interpretações! Sem dúvidas, um dos melhores filmes do Festival Varilux de Cinema Francês desse ano!