22/01/2025

Crítica do filme: 'Sol de Inverno'


As relações humanas e as estações do ano andam de mãos dadas num filme que apresenta um retrato poético sobre o observar e suas conclusões. Selecionado para a mostra Um Certo Olhar no último Festival de Cannes, o delicado drama japonês Sol de Inverno atravessa um interessante recorte de três pessoas completamente diferentes tendo a referência como elemento que se chega até um despertar.

Numa das 14.125 ilhas geladas do Japão encontramos três personagens que através de um objetivo passam por reflexões sobre a própria vida. Um garoto chamado Takuya (Keitatsu Koshiyama) pratica Hockey mas se fascina pela patinação artística, ajudado pelo professor e ex-atleta Arakawa (Sousuke Ikematsu) começa a treinar junto de Sakura (Kiara Takanashi), uma garota prodígio desse esporte, para uma competição em duplas. Mas algo entre as alegrias, imaturidade e olhares curiosos podem ser obstáculos no forte vínculo criado.

Escrito e dirigido por Hiroshi Okuyama, esse é um filme que acontece no estático, num nada previsível vazio existencial que acaba indo de encontro aos personagens. Tentar traduzir o profundo das emoções - com margens para interpretações - é um dos pontos bem lapidados de um roteiro que possui um discurso que anda pelas estradas da melancolia sem se perder. A narrativa é ponderada, sua força acontece muitas vezes num olhar, num gesto, elementos que ganham intensidade no campo do refletir.

Sobre as águas do oceano pacífico, as relações humanas encontram as várias formas de enxergar situações personificado pela força do sentido das estações do tempo. Assim, logo chegamos no preciso que essa trama nos traz, o elemento que é a interseção dos três personagens, a referência, como ponto que se chega até a paixão e incertezas. No centro de tudo, Arakawa é o vértice que representa os encontros e desencontros, ligando todos os personagens.

Sol de Inverno é uma obra sobre pessoas e suas percepções sobre os próprios sentimentos que se apresentam em conflitos circulando – entre dúvidas e imaturidade - as emoções de gestos carinhosos, as riquezas das amizades, com as dores de preconceitos.