As relações humanas e as estações do ano andam de mãos dadas num filme que apresenta um retrato poético sobre o observar e suas conclusões. Selecionado para a mostra Um Certo Olhar no último Festival de Cannes, o delicado drama japonês Sol de Inverno atravessa um interessante recorte de três pessoas completamente diferentes tendo a referência como elemento que se chega até um despertar.
Numa das 14.125 ilhas geladas do Japão encontramos três
personagens que através de um objetivo passam por reflexões sobre a própria
vida. Um garoto chamado Takuya (Keitatsu
Koshiyama) pratica Hockey mas se fascina pela patinação artística, ajudado pelo
professor e ex-atleta Arakawa (Sousuke
Ikematsu) começa a treinar junto de Sakura (Kiara Takanashi), uma garota prodígio desse esporte, para uma
competição em duplas. Mas algo entre as alegrias, imaturidade e olhares
curiosos podem ser obstáculos no forte vínculo criado.
Escrito e dirigido por Hiroshi
Okuyama, esse é um filme que acontece no estático, num nada previsível
vazio existencial que acaba indo de encontro aos personagens. Tentar traduzir o
profundo das emoções - com margens para interpretações - é um dos pontos bem
lapidados de um roteiro que possui um discurso que anda pelas estradas da
melancolia sem se perder. A narrativa é ponderada, sua força acontece muitas
vezes num olhar, num gesto, elementos que ganham intensidade no campo do
refletir.
Sobre as águas do oceano pacífico, as relações humanas
encontram as várias formas de enxergar situações personificado pela força do
sentido das estações do tempo. Assim, logo chegamos no preciso que essa trama
nos traz, o elemento que é a interseção dos três personagens, a referência,
como ponto que se chega até a paixão e incertezas. No centro de tudo, Arakawa é
o vértice que representa os encontros e desencontros, ligando todos os personagens.
Sol de Inverno é
uma obra sobre pessoas e suas percepções sobre os próprios sentimentos que se
apresentam em conflitos circulando – entre dúvidas e imaturidade - as emoções
de gestos carinhosos, as riquezas das amizades, com as dores de preconceitos.