Histórias que envolvem o elo entre netos e avós — figuras maternas em dobro — sempre carregam uma força especial, ainda mais quando exploradas com sensibilidade no audiovisual. Esse é exatamente o caso do curta-metragem baiano Benção, selecionado para a Mostra de Curtas-metragens do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – Cinemato.
Dirigido por Mamirawá e Tainã Pacheco, este singelo e
poderoso curta de 11 minutos nos conduz ao reencontro de um jovem com suas
raízes. Após ter saído ainda cedo da comunidade onde foi criado, ele retorna já
adulto, em uma espera silenciosa para rever sua maior referência de vida: a
avó. Nesse retorno, mais do que reencontrar uma pessoa, ele se reconecta com
sua identidade e ancestralidade — marcas profundas que o tempo jamais conseguiu
apagar.
O sentimento puro em relação aos avós é apenas o primeiro
passo de um filme que ultrapassa as fronteiras de sua primeira camada fazendo
uma reconexão com a terra, com a família, com ancestrais. Inspirada
em uma história real, a narrativa preenche seu minutos com a força de imagens
que dizem no olhar, nas entrelinhas pulsantes de sentimentos que parecem em
conflito mas na verdade estão voltando a se alinhar.
Sem espaço para um aprofundamento mais amplo da relação, o
projeto segue por uma estrada em linha reta rumo à própria história e raízes,
deixando lacunas intencionais sobre o antes e o depois. Essas ausências, longe
de afastar, acabam aproximando ainda mais o público da jornada apresentada.
Fica uma vontade danada de mergulhar mais fundo e conhecer tudo o que há por
trás dessa história.