Os filmes de Zumbis – inclusive os com seres mortos que voltam à vida corredores, como é o caso – existem aos montes por aí. A questão está sempre em como vai ser desenvolvido o contexto, que pode (ou não) ajudar a contar uma história fugindo da mesmice. O novo filme da Netflix, O Elixir, que logo alcançou o Top 10 da plataforma aqui no Brasil, parte de uma dinâmica familiar com atritos, no estilo ‘novelão’ - tudo se desenrolando em torno de um conflito central – para então chegar à sua ação sangrenta, com os iminentes sacrifícios e dilemas, dentro de uma fórmula que segue à risca a cartilha dos filmes de sobrevivência.
Com uma boa direção de Kimo
Stamboel – que vem de uma longa leva de filmes de terror no currículo –,
esta produção indonésia não apresenta nada revolucionário em sua construção
narrativa. Mesmo com certa criatividade, parte logo para uma ação desenfreada,
que se passa em alguns ambientes, trazendo perspectivas variadas. Como já
mencionado, a modalidade zumbi aplicada aqui é a dos ‘corredores’ – e, no
centro dos holofotes, estão os figurantes, em atuações que devem ter sido bem
divertidas serem gravadas.
Um bem-sucedido empresário do ramo de produtos de origem
vegetais (Donny Damara) se vê em uma
tempestade de conflitos na sua família após se casar com a melhor amiga da
filha (Eva Celia Latjuba). Além
disso, está disposto a continuar com a sua empresa, mesmo com ofertas generosas
de terceiros, fato que não é bem aceito por outros integrantes. Durante uma
reunião familiar, ele toma um novo composto que o faz rejuvenescer quase
instantaneamente, mas logo acaba vindo os efeitos colaterais, propagando um
surto zumbi na região onde mora.
A trama busca até se desprender do ‘mais do mesmo’ trazendo a
busca pela juventude como uma rasa crítica social – algo que encosta, em
escalas bem menores, na premissa de A
Substância. Mas o desenvolvimento dos personagens logo se perde no
espaçamento do núcleo. Com sangue pra todo lado, acompanhamos uma mãe em busca
de encontrar o filho, a redenção de uma amizade, um jovem casal que está
prestes a oficializar uma união e o filho deixado de lado por conta da
imaturidade com que enxerga a vida. É como se estivéssemos jogando um
videogame, onde temos que escolher nosso herói ou heroína e seguindo o seu ponto
de vista.
O Elixir não
perde tempo em apresentar o caótico quando se propaga uma substância transformando
humanos em zumbis. A tensão é alcançada, trazendo o medo como uma ferramenta de
confronto. Nessa sucessão caótica de eventos, prazeroso pra quem curte filmes
do gênero, mas nada além de um entretenimento raso, provocando poucas reflexões.
