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15/04/2021

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Crítica do filme: 'A Sombra do Galo'


As verdades após a sonolência. Selecionado para a Competição Ibero-Americana do XVII Fantaspoa, o longa-metragem argentino A Sombra do Galo, La sombra del gallo no original, busca em sua narrativa, nos detalhes ligados à psicologia, o preenchimento de ações e porquês dentro de um cenário caótico de corrupção, mentiras e imposição de comando. Executa com certo sucesso a questão do clima, fundamental para um bom suspense, mas se perde com uma enorme confusão entre o foco principal e as subtramas que aparecem. Flerta com o terror a todo instante mas busca no suspense seu alicerce para o desenvolvimento da trama. Uma trilha sonora incisiva rouba a cena em muitos momentos. Dirigido pelo cineasta argentino Nicolás Herzog.


Na trama, conhecemos Román (Lautaro Delgado), um ex-policial que acaba sendo preso e fica oito anos preso. Ao sair desse tempo de reclusão, retorna a casa de seu pai para ver o estado e decidir se a coloca pra venda, lá é recebido por uma autoridade local, Barani (Claudio Rissi), com quem Román tem alguma espécie de segredo ou esquema, não fica claro.  Sozinho em sua solidão, o protagonista começa a sofrer de algo parecido como uma apneia do sono, levando-o a alucinações, assim surge para ele Angélica (Rita Pauls), uma jovem que sumira anos atrás na região com quem Román começa a se comunicar e assim descobre um esquema de prostituição e tráfico de mulheres.


Sonhos? Alucinações? Pensamentos ligados ao inconsciente? Culpa? Redenção? Muito difícil decifrar o complicado personagem, talvez por não sabermos muito sobre seu passado, de como chegara naquela situação. Há uma melancolia embutida em suas expressões, não entendemos o introspectivo personagem principal logo no início, demora para buscarmos uma certa compreensão. Completamente perdido entre o mundo real e a alucinação, navega entre a linha tênue da interseção sobre tudo que começa a enxergar através da comunicação com a jovem desaparecida.  Dentro dos conflitos contra os que o cercam, sua trajetória vira inconsequente, sufocante, um grito de tristeza em meio ao caos que acaba descobrindo.

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15/03/2021

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Crítica do filme: 'Banklady'


Quando a adrenalina e o prazer acionam um gatilho em forma de transtorno de personalidade. Dirigido pelo cineasta alemão Christian Alvart, em Banklady voltamos para meados da década de 60, em Hamburgo na Alemanha onde uma mulher trabalhadora dentro de uma rotina monótona vira a primeira mulher assaltante de banco da Alemanha. O filme tem vários caminhos interessantes, desde a conturbada linha do bandido carismático, o foco da mídia, até uma psicologia complicada, desiludida no amor. A protagonista, interpretada pela ótima atriz Nadeshda Brennicke, parece viver em outro compasso do que a realidade que a cerca. Interessantíssimo filme alemão.


Na trama, conhecemos Gisela Werler (Nadeshda Brennicke), uma batalhadora que trabalha em uma fábrica de impressão e vive, além de sustentar, os pais já bem idosos. Sem propósitos na vida, vivendo uma solidão evidente desencontrada com seus sonhos de ser popular, ou mesmo, ter a mesma vida das modelos de revistas que sempre observa, a protagonista conhece Hermann (Charly Hübner), um ladrão de bancos que após algumas situações resolve desafiar Gisela para um assalto a banco. A partir desse ponto, a vida de Gisela muda e ela se torna impulsiva e imprevisível. Dentro de um universo machista, acaba sendo elemento surpresa durante um bom tempo.


Quando se impor as inconsequências que chegam em nossos caminhos? A transformação da personagem principal é algo bem notório. Quando vira uma assumida ladra de bancos, divide seu tempo em manter um emprego que já não precisa mais, entrar em conflito com os sentimentos que nutre quase obsessivamente por Hermann e planos cada vez mais audaciosos no seu rentável trabalho criminoso. Além disso, muda a atitude, ganha ares de preocupação com a vaidade principalmente quando percebemos que seus troféus são capas das revistas, quando vira quase uma figura carismática na mídia fervorosa da época.


O filme é dividido em arcos explosivos, tensos com um quê de insensatez psicológica. A chegada da investigação policial quando os crimes se tornam assuntos nacionais fazem o confuso e inexperiente Kommissar Fischer (Ken Duken), responsável pela investigação dos bancos roubados, um grande achado para o roteiro.


Quais os limites da razão e da emoção? Passando por cima dessa pergunta, a protagonista tem sonhos simples com obsessões sendo nutridas dentro dos seus diários choques com o perigoso jogo que sustenta seu ego.

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13/03/2021

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Crítica do filme: 'Loucura de Amor'


A difícil ponte entre os clichês e as inúmeras formas de emocionar o espectador. Simples, objetivo, dinâmico, aventureiro, curioso, amoroso, emocionante. Uma série de adjetivos saltam em nossas mentes logo na abre alas eletrizante, antes mesmo dos créditos, dessa pequena joia divertida espanhola, disponível no catálogo da maior dos streamings, Loucura de Amor. Contando a saga de um homem em busca das descobertas, às vezes hipócritas e desencontradas, para definir o amor acaba se vendo em uma jornada rumo às profundidades desse sentimento, aliado a isso noções quase que educativas sobre a arte de nunca pré julgar a ‘loucura’ alheia. Dirigido por Dani de la Orden com roteiro assinado por Natalia Durán e Eric Navarro.


Na trama, conhecemos Adri (Álvaro Cervantes), um jornalista que trabalha em uma revista badalada escreve sobre os mais diversos e muitas vezes polêmicos temas. Certa noite, saindo com dois inseparáveis amigos e acaba conhecendo Carla (Susana Abaitua) da maneira mais inusitada possível e ambos resolvem curtir aquela noite sem compromisso e depois não se verem mais. A questão é que a tal noite é intensa e inesquecível, deixando Adri desesperado nos dias seguintes atrás daquela mulher que acabara de mudar sua maneira de enxergar o mundo. Ele acaba a achando, e descobre que Carla é paciente em uma clínica psiquiátrica. Assim, o protagonista precisará bolar um plano bem fora do comum para tentar passar mais alguns dias perto do amor de sua vida.


No fundo dos meus olhos, pra dentro da memória te levei. O amor é um dos pilares desse despretensioso filme, lançado sem alarde. Pisando sem medo em diversos clichês, o longa-metragem consegue se enrolar (no bom sentido) em uma fórmula carismática de nos convencer no seu arco principal e nos encher com quebras de paradigmas sociais (dentro de discursos super simples), principalmente a questão sobre a ‘loucura’. Há tempo também para lindos arcos sobre amizade e carinho ao próximo. As emoções e sentimentos são tratados de forma leve e que nos da muita vontade de assistir cada vez mais o desenrolar dessa fábula sobre os incompreensíveis caminho para se chegar ao tão sonhado estado de amor.

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17/01/2021

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Crítica do filme: 'O Porco Espinho'


Toda família feliz é igual mas toda família infeliz é única. Escrito e dirigido pela cineasta francesa Mona Achache, com roteiro baseado na obra A Elegância do Ouriço de Muriel Barbery, O Porco Espinho, lançado no ano de 2009, é um belíssimo filme que usa de diversos contrapontos para nos fazer enxergar todo um contexto sob a ótica de duas solitárias (cada uma à sua maneira): uma jovem super esperta que está decidida a se matar e uma solitária zeladora leitora assídua. Diálogos sobre livros, questões existenciais, cotidiano estressante, impossível não abrir um sorriso e também não ficar com o coração apertado após assistir a esse belo trabalho que diz muito sobre amizade e esperança.


Na trama, conhecemos Paloma (Garance Le Guillermic), uma jovem inteligente, muito à frente do seu tempo, que está decidida a se matar por não mais conseguir aturar sua vida e se sentir deslocada em uma família egoísta, rica e distantes entre si. Mas no prédio que ela mora, não é a única que se sente solitária. Reneé (Josiane Balasko) é a zeladora do prédio e precisa aturar todo tipo de situação no seu dia a dia. Amante dos livros, conversa com os poucos amigos que tem. A chegada de um novo vizinho, Sr. Ozu (Togo Igawa), acaba mexendo com a vida não só de Paloma mas também com a de Reneé, criando inclusive uma amizade entre as duas.


Uma rigidez no pensar e a infelicidade no contraponto. Há duas protagonistas nessa história, o que torna essa jornada ainda mais interessante. Paloma é inteligente, estuda japonês e ama cinema. Com sua câmera portátil, filme situações ao seu redor e toda sua família, além dos moradores do prédio onde mora. Está envolvida de alguma forma no pensar da parábola do aquário, onde se sente limitada, sem saída em muitos momentos. Os desabafos dela são feitos virados para sua câmera, uma espécie de consulta a um psicólogo. Já Reneé impõe no seu lindo pensar limitações por conta de sua classe social e medos, principalmente com a chegada do novo vizinho que mexe muito com sua vida. Quando Paloma e Reneé se aproximam, conseguimos sentir a força da solidão das duas mas também que quando estão conversando a alegria e riso fácil as acompanham. Uma faz a outra ver algum lado bom da vida.


A vida e a morte, a eterna desconfiança sobre o destino. Há uma solidão evidente por trás do conhecimento mas quando esses se aproximam, tudo começa a fazer mais sentido. O Porco Espinho, filme que deveria ser visto por psicólogos e estudantes, é um fábula urbana muito interessante sobre a roda gigante de emoções que é viver.

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27/09/2020

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Crítica do filme: 'The Day After i’m Gone'


O que fazer quando se deparar com a idade da ingratidão? Existe mesmo essa questão? As desgraças da distância na comunicação entre pais e filhos é o tema central do longa-metragem de Israel The Day After i’m Gone. Selecionado para o Festival de Berlim em 2019, usa com eficácia as pausas reflexivas do protagonista para dizer muito sobre relacionamentos. Direto e reto, o filme desde seu primeiro arco se torna uma batalha difícil de um pai em busca de entender melhor sua filha. É uma desconstrução (e depois construção) bastante comovente. Belo trabalho do cineasta israelense Nimrod Eldar (debutante em longas-metragens), que dirige e assina o roteiro desse filme.

Na trama, conhecemos o cirurgião veterinário Yoram (Menashe Noy), um homem de meia idade, sério e comprometido com seu trabalho. Quando sua filha Roni (Zohar Meidan) tenta o suicídio, ele precisa buscar ajuda aonde pode para voltar a ter diálogos com ela. Tentando ouvir todos que giram ao seu redor, Yoram embarca em uma viagem de autoconhecimento, quebrando paradigmas existentes em suas geladas e magoadas emoções.


Nada melhor define (com direito a cena inicial e perto do desfecho) esse trabalho como uma investigação, sobe a tal da roda gigante das emoções. Diálogos profundos sobre a vida, emoções, mostrando um recorte na relação de pai x filha. Há uma grande busca pela interseção, algum ponto onde os dois se encontram para poderem desenvolver. É emocionante de uma maneira bem profunda e quieta a busca desse atormentado pai. Mesmo oscilando em um ritmo muito estático, quase dizendo ao espectador onde são seus momentos para reflexão, The Day After i’m Gone é um filme que todo o psicólogo e psiquiatra deveria assistir para até mesmo debater sobre esse importante tema. Um bom primeiro filme do debutante Nimrod Eldar.

 

 

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09/04/2020

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Crítica do filme: 'O Declínio'


A responsabilidade de todos é o único caminho para a sobrevivência. Disponível no catálogo da Netflix desde o finalzinho de março desse ano, O Declínio conta de maneira desapiedada a falta de limites da filáucia humana quando se enxerga em uma situação inquietante, onde cada escolha é vital. Ao longo dos intensos 83 minutos de projeção, somos colocados como testemunhas de até onde o ser humano pode ir para defender seu ponto de vista, flertando a todo instante com empáfia. A direção é do cineasta Patrice Laliberté, que debuta na posição nesse interessante projeto.

Na trama, conhecemos Antoine (Guillaume Laurin) um pai de família que logo percebemos é um aficionado em proteção e muito fã de um youtuber que fala sobre táticas de sobrevivências caso o mundo entre em parafuso por qualquer motivo. Querendo ir mais a fundo nesses ensinamos, que vão desde o manuseio de armas e armadilhas, até como estocar arroz por 20 anos, o protagonismo resolve ir ao treinamento pessoal desse youtuber, que é em uma área isolada cheia de neve no interior de Quebec. Chegando lá, ele e mais alguns alunos precisarão enfrentar uns aos outros quando, após uma aula de explosivos, um deles acaba morrendo acidentalmente. Sem saberem o que fazer, se chamam a polícia ou não, a loucura toma conta do lugar.

Tudo é muito rápido até se chegar ao clímax. De maneira bem objetiva e deixando rastros de sangue em muitas cenas, a trama se desenvolve com arcos curtos e que se blindam pelas inconsequências do instinto de sobrevivência que é instaurado. É quase como se o feitiço virasse contra o feiticeiro, pois, esse último, nunca pensou ou concluiu uma análise mais completa sobre a mente humana e como ela reage em determinadas situações extremas. O jogo de gato e rato se desenvolve quando as escolhas já estão feitas, o bem contra o mal? Talvez, mas cada um precisa chegar na sua conclusão. Uma fita interessante, para se pensar na sociedade e em tempos como o do coronavírus e todo o egoísmo que ainda vemos, principalmente dos que insistem em fugir de uma necessária quarentena.  

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04/06/2016

Crítica do filme: 'Um Doce Refúgio'



Escrito, dirigido e interpretado pelo artista francês Bruno Podalydès, o filme mais doidinho do Festival Varilux de Cinema Francês 2016, Um Doce Refúgio, é uma prosa leve e suave sobre o despertar para a vida através de uma simples obsessão. Ao longo dos 105 minutos de projeção, vamos navegando com o protagonista em seu mundo secreto e explorando a cada sequência um inconsciente muito particular. É um daqueles filmes que você ama ou você odeia.

Na trama, conhecemos o tímido e contido Michel (Bruno Podalydès), um artista gráfico que vive uma pacata vida com sua mulher Rachelle (Sandrine Kiberlain). Andando com sua motinho de casa para o trabalho e do trabalho para casa, mostra não estar muito feliz com a vida que leva. Michel é fascinando pelo mundo aeronáutico e sem querer acaba descobrindo que um caíque tem uma engenharia parecida. Assim, resolve comprar esse enorme objeto, escondido de sua mulher e amigos, e acaba embarcando em uma peculiar história de autodescoberta.

Para comprar a ideia deste trabalho é preciso muita atenção à psicologia agregada ao personagem. Obviamente estamos vendo um obsessivo sonhador que de uma maneira totalmente inconsequente e silenciosa resolve descobrir outras opções e caminhos para sua vida sem graça. Explorando sonhos, uma relação um pouco distante com uma convivência social, e um certo erotismo dentro de sua acesa imaginação, Michel aos poucos vai mostrando-se para o público. O personagem ao longo da projeção vai se abrindo devagarinho e assim vamos descobrindo sua essência. 

Comme un avion, no original, possui ótimos coadjuvantes que ajudam a contar essa história. As ótimas Agnès Jaoui e Vimala Pons são as responsáveis para uma inversão interessante que acontece já perto do ato final. O que não dá para negar é que durante toda a projeção, há uma naturalidade e originalidade impactantes, fruto, provavelmente, do filme ser escrito, dirigido e protagonizado pela mesma pessoa. Atenção professores e estudantes de psicologia, Um Doce Refúgio é um projeto que pode interessar bastante vocês.
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28/01/2014

Crítica do filme: "Jimmy P."



Em qual língua você sonha? Depois de uma série de filmes sem expressão pelo mundo do cinema, o cineasta francês Arnaud Desplechin consegue finalmente alcançar um certo brilho em sua estrela apagada. Com ótimas tomadas e movimentos intrigantes de sua nervosa câmera consegue que uma história densa se torne um delicioso passatempo para quem curte cinema de boa qualidade. Jimmy P. é o tipo de filme que vai te conquistando aos pouquinhos chegando ao seu clímax quando os seus personagens principais, maravilhosamente interpretados por Benicio De Toro e Mathieu Amalric, passam da necessária superficialidade dos diálogos ao embarque em uma linda jornada de amizade e profundidade dessa relação.

Na trama, conhecemos o introvertido Jimmy Picard (Benicio Del Toro), um índio católico, ex-soldado, que após um grave acidente na guerra  teve seu pedido de dispensado aceitado pelos militares norte-americanos. Quando volta para casa de sua irmã começa a ter diversos casos de tonteira e cegueiras parciais. Assim, sua irmã resolve procurar ajuda e o leva a um centro de tratamento vinculado ao exército. Após séries intensas de análises e baterias de exames a todo instante, a alta cúpula do hospital fica perdida por não achar um diagnóstico lógico para o que Jimmy tem. Nessa hora, entra em cena o antropólogo Georges Devereux (Mathieu Amalric), um mulherengo, hiperativo e genial profissional que fará de tudo para tirar Jimmy dessa situação.

Os diálogos, carregados de sotaques, cada qual no seu qual, ganham certo destaque na trama. O público se surpreende quando aqueles papos muito loucos no começo da história se tornam ferramentas inteligentes para entendermos melhor os dois ótimos personagens. O quebra-cabeça de sonhos, analogias e esquisitas verdades são interpretadas brilhantemente pelo antropólogo interpretado por Amalric. Falando de maneira leiga e deveras audaciosa, é uma espécie de confronto amistoso entre a corrente de sonhos de Jung e as espertezas sobre a sexualidade, essa, de Freud.

Somos apresentados ao protagonista, a princípio, pelos olhos preocupados de sua irmã (interpretada de maneira muito competente pela atriz Michelle Thrush), a mais velha dos irmãos que estudou durante toda sua vida na escola dos missionários e acabou casando com um importante funcionário de uma tribo indígena. A relação antes conflituosa com seu irmão, ao longo dos anos se tornou maternal, em poucas cenas já percebemos isso. Um dos pesares do filme é essa rica personagem aparecer apenas no início da história.

O trabalho de Del Toro e seu personagem é meticuloso, espanta pela verdade que passa em cada palavra pronunciada. O ganhador do Oscar mostra mais uma vez como é um artista versátil. Mas quem comanda o show é o francês Mathieu Amalric, a alma da história passa pela sua intensidade e sagacidade em buscar uma solução para o paciente em questão. A dupla consegue manter a atenção do público nessa longa trama de quase duas horas.

Passado no ano passado para a exigente plateia e júri do Festival de Cannes, Jimmy P. é um daqueles filmes que acaba mas não termina, por conta das inúmeras discussões que vai gerar. Um prato cheio para qualquer estudante de antropologia, psicologia, psiquiatria e para todo mundo que gosta de filmes feitos para refletir. Não importa em qual língua você sonha, Jimmy P. mostrará a você que o importante é superar os traumas e ser feliz.
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03/11/2013

Crítica do filme: 'Arthur Newman'

Dirigido pelo estreante Dante Ariola, Arthur Newman é quase uma grande brincadeira de faz de contas onde a realidade vai ficando para trás dando lugar a sonhos, desejos e ações executados por alter egos diversos. O filme, que conta com mais uma atuação maravilhosa de Colin Firth, é uma grande estrada sem direção, o que pode incomodar alguns. A falta de objetivos dos personagens é abordada dentro da trama. Eles são guiados por desejos reprimidos, fantasias do que acham ser a felicidade. Tem uma personalidade de um road movie mas na verdade é um drama profundo e inteligente que tem como pano de fundo a relação entre pais e filhos.

Na trama, conhecemos um homem desiludido com sua vida profissional e pessoal. Certo dia, resolve fugir e plantar evidências do seu desaparecimento em uma deserta ilha longe de casa. Na estrada, à bordo de um conversível clássico esbarra com uma mulher completamente insana e juntos vivem dias intensos vivendo literalmente a vida de outras pessoas. A fita tem um dinamismo peculiar que se encaixaria como uma luva no formato peça de teatro. Seria uma interessante adaptação, desde já fica a dica aos que circulam pelo mundo do teatro no Brasil.

Por incrível que pareça, e a sinopse não entrega isso de jeito nenhum, o longa-metragem roteirizado por Becky Johnston (que escreveu o roteiro do maravilhoso Sete Anos no Tibet), é um grande drama familiar, com foco na relação pais e filhos. Conforme somos apresentados aos fatos do passado dos personagens, subtramas ricas em emoção, principalmente os diálogos interessantes que surgem entre o filho abandonado e a atual mulher abandonada surgem para completar as lacunhas de algumas dúvidas que surgem sobre os objetivos dos personagens.

Emily Blunt já é expert em construção de personagens esquisitos. Vimos isso em Sunshine Cleaning e Your Sister’s Sister. A bela atriz britânica precisa tomar um certo cuidado para não cair na mesmice, algumas de suas personagens são muito parecidas. Nesse filme, por exemplo, sua personagem para a continuação de outras que já teve na carreira. Já o ganhador do Oscar Colin Firth, mais competente do que nunca, consegue passar toda a aflição de seu difícil personagem com a maestria de sempre.


O filme tem alguns momentos água com açucar mas ganha um ritmo bacana quando os personagens começam a viver a vida de outros casais, isso acontecendo na história, o filme eleva sua qualidade guiado pela ótima sintonia entre os protagonistas. É um longa muito indicado para psicólogos, sociólogos. Esses, terão vários assuntos para discutir com seus alunos em sala de aula. Não percam!
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22/03/2012

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Um Método Perigoso - Cinema com Raphael Camacho


Sexo x Sonhos. Quando dois grandes nomes da psicologia se juntam. O mundo da psicanálise fica em evidência, no novo trabalho do experiente diretor David Cronenberg,Jung é o principal, Freud é um mero coadjuvante. Há um conflito interno dentro do pensador suíço, uma cessação da ética. Essa violação da regra elementar da profissão, leva-o à um mar de conflitos.

Cronenberg dá o tom (o maestro) dessa historia. O risco de se fazer um filme muito específico era o grande desafio que o experiente diretor tinha que se desviar. O diretor de ‘Videodrome’ e ‘Spider ‘ teve tudo nas mãos para fazer o grande filme do ano. Talvez, por isso, decepciona com um enredo tão específico.

A trama aborda a relação dos dois grandes nomes da Psicologia e o surgimento da corrente psicanalítica. Também é mostrado a polêmica relação de Sabina Spielrein (que depois viria ser uma das primeiras mulheres psicanalistas do mundo) com o seu mentor de dissertação e a posição de Freud nessa relação.

A peça ‘Jung e Eu’, com o grande Sergio Britto nos palcos, já fazia um paralelo entre o encontro do teatro com a psicanálise. Lembrei muito desse espetáculo quando estava hoje na cadeira do cinema vendo o longa.

Os atores estão muito bem.

Michael Fassbender , um dos grandes rostos em ascensão no mundo de Hollywood, parece que não quis arriscar muito neste personagem. Diferente de Viggo Mortensen que tenta dar a sua cara ao renomado nome da psicologia que é coadjuvante nesse longa. O ator Nova-Iorquino que ficou muito famoso após interpretar Aragorn na saga ‘O Senhor dos Anéis’deve receber uma indicação ao Oscar do ano que vem (na categoria melhor ator coadjuvante) por esse longa.  Keira Knightley tem uma atuação destacada. Seu laboratório foi deveras bem aplicado em cena. As reações de sua personagem, Sabina Spielrein, são intensas. Quem também da o ar de sua graça, é o veterano ator francês, Vincent Cassel, que interpreta um dos personagens mais confusos do filme, Otto Gross.

Apesar dos pontos negativos, recomendo. Pague o ingresso e faça sua consulta!

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