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16/04/2021

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Crítica do filme: 'Röckët Stähr's Death of a Rockstar'


Às vezes é preciso lutar pelo que realmente se acredita. Selecionado para a Competição de animação dentro da Première Internacional do Fantaspoa de 2021, Röckët Stähr's Death of a Rockstar é um musical com técnicas de animação, com o poder vocal de um rockstar que nos leva para uma viagem à mais de 100 anos na frente do nosso tempo onde as futuras gerações parecem não terem aprendido com os erros e imperfeições do passado. Involução da raça humana? Ideias em extinção? Crenças cansadas? Somos testemunhas de uma genial turnê mundial de libertação à prisão de ideias, imposições do que fazer, as tentativas de calar a individualidade. Os simbolismos, as críticas nas canções, o paralelo com a realidade se unem em uma estrada nos dizendo em alto e bom som para encontrarmos nosso próprio caminho, seja ele qual for. Possui um ritmo arrepiante, como se fechássemos os olhos e escutássemos a vida.


Na trama, vemos o início de uma nova revolução no mundo. Estamos no ano de 2164 e movimento rock and roll não existe e ainda é calado por autoridades de personalidades duvidosas. Mas um excêntrico cientista imerso em suas ideias e loucuras resolve criar um rockstar clonado para fazer uma enorme turnê global e assim buscar resgatar a voz individual de cada um de nós. Mas nem todo o plano feito com boas intenções acaba dando 100% certo e obstáculos vão aparecer nessa jornada.


Röckët Stähr's Death of a Rockstar é irônico com sua inteligência nas entrelinhas, reflete sobre as ironias que a vida pode nos oferecer, numa delas: será que todas as grandes tragédias começam com o amor? Quando o sacrifício se torna um vício e feito pelo bem comum, esse bem comum acaba se tornando escasso em sua essência? A questão do desapego é um ponto importante para análise estando em pontos de interseções, dentro disso, uma subtrama super interessante e profunda de uma filha e seus embates com a educação que recebe de seus pais.


A liberdade, em muitos sentidos é o foco de mais reflexões. Uma versão do passado que foi reescrita pelos políticos e seus burocratas leva a uma nova onda por mudanças, principalmente dos que podemos chamar de filhos de uma revolução atemporal onde lutam pelos seus direitos e por um mundo onde a maioria não deve forçar a sua vontade sobre a minoria. A questão do desemprego, menções capitalistas como ‘Mercado estatal’, ‘preços altos’, ‘pequenas opções’, e ainda sobra tempo para uma brilhante e constante homenagem para várias lendas do rock, da música e clássicos do cinema. Röckët Stähr's Death of a Rockstar é completo, genial, pena que poucos vão ter a chance de assistir.

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Crítica do filme: 'Danger! Danger!'


Será que todos temos o desejo de voltar no tempo? Brincando com essa questão muito batida no universo audiovisual, navegando por uma estrada de infinitas possibilidades através de um misterioso protagonista Danger! Danger! em um retrato de universo cheio de dúvidas, extremismo pra todo lado, polarização das opiniões dentro de uma conjuntura sociopolítica. É a saga de um homem buscando mudar sua maior tragédia do passado contra uma nação disposta a tudo para mudar os eventos da Corrida Espacial, da Guerra Fria e da Segunda Guerra Mundial. Dirigido por Lexie Findarle Trivundza e Nick Trivundza.


Na trama, conhecemos Jonathan Danger (Benedict Mazurek) um homem que cai em um lugar distante, a 32 km da costa da África, em meados da década de 80 disposto a achar um templo, que inclusive o caminho está tatuado um mapa no seu peito. Só que ele não é o único atrás desse lugar e assim acaba se metendo em enormes confusões contra soviéticos nervosos mas contando com a ajuda de dois irmãos. É uma aventura com pitadas de Indiana Jones com conceitos de viagem no tempo costurados em uma conjuntura de modificações políticas.


Na linha quase intermediária entre média e longa-metragem, Danger! Danger! Tem sua base, sua concepção, pensada através de uma viagem abordando paralelos à mitos, lendas, nada diferente do que muitos povos ao redor do mundo vivem repetidamente geração após geração, nutrindo dentro de um conservadorismo cultural. Há um campo profundo de reflexão se formos analisar o ponto de vista sócio-político e sempre conflituoso de grandes nações em busca de reafirmação de suas forças. Junte-se a isso diálogos com piadinhas quase infames, personagens excêntricos dentro de um esteriótipo já bastante visto em filmes de aventura, o barato do projeto é que podemos supor que é uma produção criada por cinéfilos, muitas menções à Alien, de volta para o futuro... vale a viagem.

DANGER! DANGER! Official Trailer from Adventure Company on Vimeo.

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15/04/2021

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Crítica do filme: 'A Sombra do Galo'


As verdades após a sonolência. Selecionado para a Competição Ibero-Americana do XVII Fantaspoa, o longa-metragem argentino A Sombra do Galo, La sombra del gallo no original, busca em sua narrativa, nos detalhes ligados à psicologia, o preenchimento de ações e porquês dentro de um cenário caótico de corrupção, mentiras e imposição de comando. Executa com certo sucesso a questão do clima, fundamental para um bom suspense, mas se perde com uma enorme confusão entre o foco principal e as subtramas que aparecem. Flerta com o terror a todo instante mas busca no suspense seu alicerce para o desenvolvimento da trama. Uma trilha sonora incisiva rouba a cena em muitos momentos. Dirigido pelo cineasta argentino Nicolás Herzog.


Na trama, conhecemos Román (Lautaro Delgado), um ex-policial que acaba sendo preso e fica oito anos preso. Ao sair desse tempo de reclusão, retorna a casa de seu pai para ver o estado e decidir se a coloca pra venda, lá é recebido por uma autoridade local, Barani (Claudio Rissi), com quem Román tem alguma espécie de segredo ou esquema, não fica claro.  Sozinho em sua solidão, o protagonista começa a sofrer de algo parecido como uma apneia do sono, levando-o a alucinações, assim surge para ele Angélica (Rita Pauls), uma jovem que sumira anos atrás na região com quem Román começa a se comunicar e assim descobre um esquema de prostituição e tráfico de mulheres.


Sonhos? Alucinações? Pensamentos ligados ao inconsciente? Culpa? Redenção? Muito difícil decifrar o complicado personagem, talvez por não sabermos muito sobre seu passado, de como chegara naquela situação. Há uma melancolia embutida em suas expressões, não entendemos o introspectivo personagem principal logo no início, demora para buscarmos uma certa compreensão. Completamente perdido entre o mundo real e a alucinação, navega entre a linha tênue da interseção sobre tudo que começa a enxergar através da comunicação com a jovem desaparecida.  Dentro dos conflitos contra os que o cercam, sua trajetória vira inconsequente, sufocante, um grito de tristeza em meio ao caos que acaba descobrindo.

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