09/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #19 - Cavi Borges

O cinema não deixa de ser um reunião, um grande elo, de pessoas que amam entender os sentimentos que caminham pelo universo que vivemos. Pensando em entender melhor as origens do amado gosto pela sétima arte, esse humilde cinéfilo que vos escreve resolveu de maneira espontânea mandar um questionário de perguntas para uma incrível seleção de cinéfilos brasileiros com o objetivo de trocar experiências sobre tudo que já viveram nesses anos de amor ao cinema.

Gente boa, um ser iluminado que todos adoram conversar. Não tem outra maneira de começar a apresentação de nosso entrevistado de outra forma. Ex-atleta profissional de judô, jurado de concurso de karaokê cinéfilo, amante da sétima arte, cineasta, produtor e fundador da locadora Cavídeo (referência dos cinéfilos cariocas). Seu extenso currículo, que já teve curta sendo exibido na semana da crítica do Festival de Cannes no ano de 2010, diz muito sobre seu amor pelo audiovisual, já dirigiu cerca de 14 longas e 43 curtas. Como produtor já fez cerca de 150 curtas e mais de seis dezenas de longas exibidos e premiados em diversos Festivais nacionais e internacionais. Cavi Borges, também conhecido como o ‘gigante simpático de camisa regata nos red carpets cariocas’, é uma grande referência para inúmeros cinéfilos. Um querido cinéfilo, amigos de muitos que sempre ajuda a todos ao redor.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Sempre tive uma relação muito especial com o Estação Botafogo. Foi lá que vi meus primeiros filmes de arte e foi lá que exibi meu primeiro filme como realizador. Lá consegui passar de espectador para diretor. Um verdadeiro sonho realizado. Lá também estou podendo ocupar e desenvolver a "SALA 4" onde criei um cine-teatro e realizo minhas PEÇAS -FILMES. Ou seja, foi lá que também fiz minha estreia como diretor de teatro. Meu amor pelo cinema do Estação nem é tanto pela qualidade técnica da sala mas pela relação afetiva que tenho pelo espaço.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Lembro o primeiro "FILME DE ARTE" e diferentão que assisti que me impactou muito: DELICATESSEN do Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet, (diretor do AMELIE POULIN). Só assistia filmes americanos. Lembro bem que quando vi esse filme, senti algo estranho, uma sensação nova de ter assistido uma coisa diferente, interessante e estranha. Acho que ali nasceu a primeira "semente" da locadora Cavideo. Pensar e ver filmes diferentes... filmes de diferentes países, de diferentes gêneros e diferentes estilos. Acho que abriu minha cabeça.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Não tenho 1 diretor favorito, mas vários diretores favoritos:

1- Martin Scorsese - OS BONS COMPANHEIROS

2- Spike Lee - FAÇA A COISA CERTA

3- Spielberg - ET

4- Bergman - PERSONA

5- Walter Salles - CENTRAL DO BRASIL

e por aí vai....

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

CIDADE DE DEUS !!! Um filme onde todos estavam estreando no cinema (diretor, roteirista, editor, atores ) mas que tudo deu muito certo . Se você observar o conjunto do filme vai ver que tudo é sensacional: a música, atores, fotografia, edição!!! Um filme que já revi uma 100 vezes e sempre que por acaso vejo que está passando na tv, fico vendo um pouco, e não consigo parar até seu fim. Até fiz um documentário sobre o filme CIDADE DE DEUS - 10 ANOS DEPOIS - descobri muitas histórias de bastidores e ai passei a gostar mais ainda!!!!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É amar assistir filmes!!!! Tento assistir a pelo menos um filme por dia. Isso me dá prazer.... além disso, também vejo isso como trabalho e aprendizado. Quando por algum motivo fico um tempo sem ver filmes, meu humor começa a mudar... fico irritado... e só vendo filmes que me sinto melhor... É quase um VÍCIO!!!!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Infelizmente sei que muitos programadores nem sempre entendem de cinema. Algumas vezes não são apaixonados pelos filmes (deveriam ser!). Encaram essa função como um trabalho como outro qualquer. Não são apaixonados!!! Sabem se o filme "FUNCIONA" ou não mas não se envolvem tanto pelos filmes como deveriam. Esse é um problema que acontece muito por ai. Você trabalhar numa coisa que não é apaixonado. Apenas pela grana. Entendo... mas tendo a não concordar!!!

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que sempre existirão salas de cinema !!! Mesmo que poucas, para um grupo seleto.... mas elas continuarão a existir!!!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Os filmes do diretor italiano MARIO BAVA!!!! Os curtas de Stanley Kubrick!!! Os primeiros filmes de Jia Zhang Ke entre outros!!!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Realmente é muito arriscado abrir agora. Mas a saudade e falta são grandes!!!!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

 

Cada dia melhor, mais diverso, realizado por todo Brasil. Um cinema rico e muito diferente entre si.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Karin, Kleber Mendonça, Adirley Queiroz, Walter Salles, Claudio Assis...

 

12) Defina cinema com uma frase:

AMOR!!!!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

As pessoas cantando as músicas junto com o filme rolando no Bohemian Rhapsody. Foi emocionante!!!

As pessoas aplaudirem no meio da sessão do BACURAU !!!

Muitos outros momentos especiais!!!

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #18 - Kathia Pompeu

O cinema não deixa de ser um reunião, um grande elo, de pessoas que amam entender os sentimentos que caminham pelo universo que vivemos. Pensando em entender melhor as origens do amado gosto pela sétima arte, esse humilde cinéfilo que vos escreve resolveu de maneira espontânea mandar um questionário de perguntas para uma incrível seleção de cinéfilos brasileiros com o objetivo de trocar experiências sobre tudo que já viveram nesses anos de amor ao cinema.

Nossa convidada de hoje é uma das pessoas que mais assistem filmes por ano no Estado do Rio de Janeiro. Com uma memória de dar inveja a qualquer cinéfilo, sempre simpática e receptiva nas saídas das sessões para conversar sobre o filme visto, Kathia Pompeu é woodyalleana, jornalista, editora-chefe de uma revista de design e arte, diretora de projetos da Agência Ângulo, amante dos filmes, gamada por jazz, colecionadora de HQ, fã do Batman, disneymaníaca e apaixonada por NY.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu gosto muito do circuito em Botafogo, que concentra inúmeras opções de salas e programações, como o Estação (que frequento desde a inauguração), que aguçam meu olhar cinéfilo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Essa pergunta tem a ver com a minha existência, considerando que minha mãe entrou em trabalho de parto num daqueles antigos cinemas da Cinelândia durante a exibição de Belo Antonio, de Mauro Bolognini, com Mastroianni no papel-título. Acho que foi nesse momento que tudo começou. Nasci cinéfila!

Elipse, uns dez anos depois, me lembro do meu tio (por parte de pai) me levar para assistir “Quando o Carnaval Chegar”, do Cacá Diegues, no Odeon - também na Cinelândia. Fiquei fascinada por aquele espaço glamouroso, aquela tela enorme dominando meu olhar. Tudo parecia mágico, e é!

 

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Woody Allen, por tudo! Amo de formas diferentes cada um de seus muitos filmes, mas vou escolher aqui Annie Hall, por ter sido o primeiro dele que assisti, numa tarde dos anos 80, no Cine Joia, em Copacabana. Foi amor à primeira vista.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Um dos grandes amores do início da minha vida cinéfila foi Glauber Rocha, e tive o privilégio de assistir Deus e o Diabo na terra do Sol, no Rian - um cinemaço que ficava à beira mar de Copacabana. Era uma época que a grande maioria dos cinemas só tinha uma sala, exibindo o mesmo filme em todas as sessões, e podíamos ficar na sala, se quiséssemos, para rever o filme. Então, fui eu lá ver o sagrado-profano de Glauber, por acaso, na primeira sessão... e aquele barroco visual a fotografia em preto e branco espetacular de Waldemar Lima, as Bachianas brasileiras n.5 de Villas Lobo, a saga de Rosa e Manuel no sertão baiano, o cangaço de uma câmera quase sempre na mão e muitas ideias na cabeça glauberiana me acachaparam. Vi e revi em sequência hipnótica. Quando sai do Rian já era noite, e eu completamente fascinada por aquela obra-prima do cinema brasileiro.

 

 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Sabe a Cecília, de Rosa Púrpura do Cairo, personagem criada pelo Sr.Allen e magistralmente interpretada por Mia? Sou eu. O cinema é meu refúgio, minha janela para o mundo, meu divã de terapia, minha conexão com outras culturas, linguagens e, de uma maneira bem especial, um lugar de fazer amigos. Não à toa, a maior parte dos meus best friends conheci e convivo nas salas de cinemas.

 

6) Você acredita que os cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Sem juízo de valor, acho que algumas redes de cinema são programadas visando uma relação comercial bem sucedida, atingir grandes plateias e bilheteria. Existe um público significativo que quer isso e é atendido. Por essa razão, acho fundamental a resistência de salas dedicadas e que abram espaços para filmes, mostras e festivais com curadoria de pessoas com uma visão ampla do universo do cinema, e que o lucro venha como consequência de uma programação tão variada quanto atraente a diferentes públicos.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Tomara que não. É uma experiência coletiva-tecnológica que pode evoluir para infinitas possibilidades - o que inclui conforto, qualidade de som, de imagem e sensações. Tenho um bom equipamento na minha casa, mas não compete, e muito menos exclui, o fascínio e a mágica daquela sala escura.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Nossa! Meus amigos veem tudo e muito. Tarefa difícil indicar algo pra essa moçada que explora produções inimagináveis.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não vou fazer média, é mega arriscado.

 

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

 

 

 

Cada vez melhor. Uma nova geração de filmes com protagonismo de equipe de criação e artistas que transitam por todos os gêneros, propostas e públicos.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

A lista, ainda bem, é vasta, mas vou de Kleber Mendonça Filho, um fazedor de obras-primas que levam à reflexão de um Brasil com muitas camadas culturais-sociais. Um diretor intenso que, de filme em filme, constrói um acervo marcado por linguagem própria, reconhecível logo nos primeiros planos, que me emociona sempre. Cinema que dialoga comigo.

Outro nome que vou sublinhar aqui é o do meu irmão Hsu Chian, um diretor que combina proatividade, versatilidade e um longo histórico de participações nos bastidores do cinema nacional. Já até perdi a conta de quantos filmes ele colaborou, mas sei todos que ele roteirizou e dirigiu. Sou fã além da amizade. Vejo tudo que ele faz e, na enorme maioria das vezes, sentada ao lado dele na plateia.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“There's no place like home”, que nesse contexto são as salas de exibição de filmes. O lar dos cinéfilos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Anos 90.  Eu e o meu marido, Marco, levamos nossa filhota, Nathalia, aos 11 meses, para assistir Aristogatas, numa sessão às 15h, no Star Copacabana. Sentamos na primeira fila, para ela ter uma visão mais livre da tela. Enquanto o filme rolava, percebemos um intenso movimento na plateia, notadamente masculina. Era um vai e vem, uma andança pelos corredores, um senta-levanta... até que entendemos que rolava uma pegação na sala. O interesse daquele público não era exatamente pela animação da Disney. O espaço já era manjado para encontros descompromissados. Só eu e Marco não sabíamos... e muito menos a Nath, amarradona no jazz da pesada dos gatinhos que rolava na tela. Já a nossa volta, no escurinho do cinema, uma rapaziada animada se divertia ao som de “Todo mundo quer a vida que um gato tem”.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um clássico involuntário.

 

 

 

15) Você é uma cinéfila assídua dos inúmeras sessões de cinema anualmente nos cinemas do RJ. O que você acha que os cinemas precisam melhorar para serem cada vez mais lotados de cinéfilos?

Cinéfilo é um termo genérico, então apostaria na variedade de filmes, sempre... em origem, gênero, linguagem, proposta. Quanto mais diversidade maior amplitude de alcance.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vou te decepcionar e não dizer nenhum do Nicolas Cage, rssss. Mas já assisti muita bomba por aí, só que tenho a vantagem de ter memória seletiva.

 

17) Indique filmes para a nova geração que gostaria de ser cinéfilo e conhecer um pouco dos grandes clássicos do cinema.

Os filmes fundamentais do cinema estão em todas as listas possíveis. Prefiro dizer que pra ser cinéfilo assista muitos filmes, muitos, para poder formar um olhar embasado. Mais adiante, é até legal filtrar as preferências. Quando eu comecei a me aprofundar no universo dos filmes, me entusiasmei primeiro por diretores, especialmente os europeus. Depois passei a me ligar em movimentos de linguagem, como Nouvelle Vague, Neorrealismo, Cinema novo, entre os óbvios-essenciais, passando pelos títulos alternativos, experimentais, undergrounds e independentes. E por aí foi... ciclos sem fronteiras.

Hoje sou uma cinéfila que continua curiosa, mas estou mais exigente na minha grade de interesses. E quando digo exigente não tem nenhum pedantismo no termo, é só mesmo uma segurança maior na escolha do que me faz feliz em assistir no cinema.

 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #17 - Andrea Cursino

O cinema não deixa de ser um reunião, um grande elo, de pessoas que amam entender os sentimentos que caminham pelo universo que vivemos. Pensando em entender melhor as origens do amado gosto pela sétima arte, esse humilde cinéfilo que vos escreve resolveu de maneira espontânea mandar um questionário de perguntas para uma incrível seleção de cinéfilos brasileiros com o objetivo de trocar experiências sobre tudo que já viveram nesses anos de amor ao cinema.

Nossa convidada de hoje é jornalista formada pela FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso) e já foi repórter, assessora de imprensa, produtora de programas para webtv e crítica de cinema. É professora de crítica de cinema na FACHA e mediadora debates em salas como: Cine Joia, MAM e Teatro Sesi. Fundadora e proprietária do site Cinema Para Sempre (https://cinemaparasempre.com.br/). Andrea é uma das pessoas mais carinhosas desse universo audiovisual sendo figura sempre presente nas diversas cabines de imprensa e eventos na cidade do Rio de Janeiro, principalmente.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu sou do Rio de Janeiro e a sala de cinema que gosto mais é o UCI New York City Center. Eles têm várias salas com tecnologias diferenciadas. As salas são confortáveis e tem mais variedade de títulos em cartaz. Além disso, os filmes ficam em cartaz mais tempo e é a sala mais próxima da minha casa.  

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que desde que me entendo por gente eu sou cinéfila. Acho que é o melhor lugar do mundo para alimentar a mente humana. As histórias, as mensagens e as tantas formas de comunicação e aprendizado sempre me encantaram. Não exatamente da primeira vez que fui ao cinema, mas tenho lembrança de assistir Bernardo e Bianca aos 8 anos de idade, mas tenho certeza que assisti outros filmes da Disney no cinema antes disso.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu não consigo escolher um favorito para nada rsrsrs. Mas tenho os preferidos na lista como: Steven Spielberg. Tenho dúvidas qual meu coração gosta mais entre os três filmes de Indiana Jones (A Arca Perdida / e o Templo da Perdição e a Última Cruzada), E.T e The Post, embora ame muito outros filmes que ele dirigiu.  Os outros dois diretores são: Tim Burton e Susana Garcia.  Em relação ao Tim Burton eu gosto de quase todos os filmes, mas o favorito ainda é A Noiva Cadáver.  Acho que Suzana Garcia consegue transmitir história com muita delicadeza e bom humor e o filme favorito dela é Minha Mãe é Uma Peça 3.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e por quê?

Me quebrou de novo rsrsrs. Vou de Minha Mãe é Uma Peça 3 porque já falei antes. Tenho uma listinha de filmes nacionais que amo muito! Porque é simples, a diretora soube contar uma história familiar que podemos identificar nos personagens pessoas conhecidas, até mesmo na nossa família de forma engraçada, mas respeitosa. Não é um deboche, não trabalha com piada, trabalha com situações engraçadas. Soube dar a delicadeza na hora certa e o exagero também na medida. Ela trabalha o exagero como forma de nos fazer pensar no absurdo da situação. Suzana Garcia tratou a história de Juliano com naturalidade sem bandeirismos de coitado, oprimido. Tem muitos gays como Juliano e o cinema nunca lembra de retratá-los. Gay que tem família, emprego, amigos e relacionamento estável. O texto que Juliano fala no fim do filme fecha com chave de ouro um filme que fala sobre família.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é gostar de cinema, ou seja, dos filmes em si. Pode ser na sala ou na sobre vida de um filme: DVD, Streaming, TV, smartfone. Não é só assistir um filme, é entender o que ele quer dizer e para quem ele quer dizer. Nem todo filme é para todo mundo, mas o cinema é arte da generosidade e é para todo mundo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Alguns cinemas sim, mas acho que falta essa visão de que as salas podem ser mais abrangentes com seus títulos e procurar conhecer mais seu público. Uma pessoa que entende de cinema tem mais possibilidades de fazer a sala funcionar melhor.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Nunca, nunquinha da silva as salas vão acabar. Podem modernizar, mas acabar nunca!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram, mas é ótimo.

Artistas e Modelos com Jerry Lewis e Dean Martin.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho uma temeridade uma sala de cinema abrir antes da doença estar totalmente controlada. Sala de cinema já um ambiente fechado, com ar condicionado e sem ventilação. É um foco de contaminação que coloca em risco a vida do público e dos funcionários que trabalham nas salas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O Cinema Nacional evoluiu muito. Hoje tenho orgulho do nosso cinema e pode ser exibido em qualquer lugar parte do mundo porque fazemos um cinema mais diversificado para atender todos os públicos. É preciso investir mais e tenho certeza de que podemos colher bons frutos de novas produções. Incentivar o estudo e aperfeiçoamento de novos profissionais do mercado cinematográfico, assim também como reciclagem de aprendizado e aperfeiçoamento de profissionais veteranos é fundamental para o Brasil estar entre os melhores produtores de cinema do mundo. 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a Soma de Todas as Artes!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Eu fui assistir Star Wars VII - O Despertar da Força que foi uma corrida para compras antecipadas de ingressos para as sessões de 00:01. Eu na verdade comprei o último ingresso da sala 4 do Kinoplex Leblon. Era na cara da tela, que não gosto, mas fazer o que? A minha cadeira era ao lado do espaço do cadeirante. O cadeirante chegou com o filho e pediu para trocar de lugar. Aceitei na hora. Fiquei três fileiras depois. Ufa!  Visão melhor. Tinham quatro jovens sentados ao meu lado. Super gente boa. E de repente entra o gerente avisando que eles estavam com problema de KDM, confesso que ri. O rapaz ao meu lado perguntou O que é KDM? Eu respondi que é o código do filme. Isso acontecia muito em cabines de imprensa (exibição para os Críticos de Cinema). As vezes demoooora para funcionar o novo código. E foi o que aconteceu. Enquanto esperamos, o cinema liberou refil de pipoca e o estacionamento para quem estava ali naquela situação. De repente todo mundo começou a conversar e parecia uma festa de amigos se divertindo. Muito surreal mesmo. De repente todos tomamos um susto com um cara que surtou na sala, chutou a lixeira e disse que não era palhaço e foi embora deixando todos estarrecidos.  O gerente disse que quem quiser o ingresso de volta ou um outro para assistir o filme em outro dia que se dirigisse à bilheteria. Ninguém foi. Já estávamos ali há horas, então ficamos para ver a nova trilogia de Star Wars. No fim das contas o novo KDM não funcionou também e ficamos para assistir na outra sala que funcionou a sessão das 03h01m. E eu tinha que acordar às 5h30m para me arrumar e falar sobre o filme na Rádio Roquette Pinto, onde eu era comentarista de cinema. Saímos de lá às 05h30m até liberar todos os carros do estacionamento, e ainda ganhei uma carona para casa com meus novos amigos. Fui para rádio e depois voltei para casa morta com farofa. Mas pelo menos foi divertido apesar de confuso. Cheguei no Shopping Leblon às 21h e saí de lá às 05h30m com uma história para contar, além da crítica para escrever.   

 

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Confesso que só vi o trailer, é tão ruim que chega ser engraçado!

 

15) Você é professora de cinema. A maior parte dos alunos que busca especialização em cinema são cinéfilos? O que você acha?

Por incrível que pareça, em geral são alunos que gostam de assistir filmes, mas alguns tem um conhecimento muito limitado a filmes de sua época. Não são muitos que conhecem os clássicos, os antigos e os novos. Isso também se deve com o fim das locadoras de DVD que tinham uma variedade enorme de filmes. Outro fator é que as emissoras de TV pararam de passar filmes antigos. Sem que sejam devidamente alimentados, podem cair no esquecimento porque uma geração inteira não tem conhecimento e não pode passar esse conhecimento para geração seguinte.  Quem me dera ter condições de ter um centro cultural com umas quatro salas de cinema só para passar filmes antigos e reprises.  

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #16 - Katia Chavarry

O cinema é a luz que ilumina os nossos tempos, o passado e o futuro. Pensando em dividir com você leitor, dicas e curiosidades de inúmeros cinéfilos espalhados por nosso país, criamos essa coluna semanal onde convidado amantes da sétima arte que trabalham ou não com cinema.

Nossa convidada de hoje trabalhou durante duas décadas como curadora na área de cinema e vídeo do Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro). A querida cinéfila Katia Chavarry é formada em comunicação na década de 80 e sempre frequentou os cinemas cariocas, sendo figura bastante presente em sessões históricas da cidade maravilhosa.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

CCBB, Estação Botafogo, Estação Net e Cine Joia. Gosto da programação de filmes de arte, que não são filmes comerciais, mas sim de obras exibidas em festivais e selecionadas para o público que prefere esse perfil de Filmes. E são salas que combinam com os filmes e o público cinéfilo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Tom e Jerry.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tenho diversos diretores preferidos, bem difícil. Mas vou ficar com Ken Loach com Meu nome é Joe e seu primeiro filme, Kess.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Lavoura Arcaica, porque é uma boa adaptação do livro, a fotografia e cenografia me encantam e os atores arrasam (difícil responder essa pergunta também...).

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É viver assistindo filmes com estruturas, roteiros, diretores etc diferentes e curtir essa diversidade. Ser cinéfilo é ter uma paixão maravilhosa, que enriquece a vida.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Os cinemas com esse perfil de filmes não comerciais sim. O programador precisa conhecer diretores, filmografias, filmes de diversos países, estar sempre pesquisando e assistindo a maior quantidade de filmes possíveis.

 

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Tenho horror de pensar isso, mas infelizmente quase todos os cinemas de rua fecharam no Rio de Janeiro. E apesar dos streamings nada será como a tela grande, que é a paixão dos cinéfilos. Torço para que nunca fechem.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Fundo do Coração, do Coppola.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Infelizmente creio que não, apesar das saudades de ir ao cinema.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que o cinema nacional é bastante especial, reconhecido internacionalmente, inclusive com diversos atores participando de filmes de outras nacionalidades.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Nunca escolhi um filme nacional por ator/atriz, e sim pelo diretor ou temática.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Como disse Samuel Fuller em Pierrot le Fou, do Godard: “um filme é como um campo de batalha. Amor. Ódio. Ação. Violência. Morte. Em uma só palavra: Emoção.”

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando eu era curadora de cinema no CCBB realizamos uma mostra do Rosa Von Pronheim e no meio da sessão de um filme que não lembro o nome alguém gritou “esse filme é uma merda, só tem viado”! E outro expectador respondeu: “então por que você não vai embora?”. Gargalhada geral. E uma vez no Cine Joia, na exibição de um filme de Jonas Mekas, o público foi saindo aos poucos e uma senhora, quase na porta virou e disse: “Tchau, boa tarde.”  Foi bastante divertido.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Infelizmente não assisti.

 

 

15) Qual o pior filme que viu na vida?

Não gosto de Olga.

 

16) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, mas conhecer filmografias diversas é bastante enriquecedor.


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08/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #15 - Miguel Barbieri Jr.

O cinema é a luz que ilumina os nossos tempos, o passado e o futuro. Pensando em dividir com você leitor, dicas e curiosidades de inúmeros cinéfilos espalhados por nosso país, criamos essa coluna semanal onde convidado amantes da sétima arte que trabalham ou não com cinema.

Nosso convidado de hoje é um dos mais reconhecidos jornalistas especializados em cinema do Brasil. Miguel Barbieri Jr. escreve para a Veja São Paulo há quase 20 anos, utiliza as plataformas digitais para interagir com seus leitores sempre dando diversas dicas, formulando listas e expressando opiniões com muita argumentação sobre o universo audiovisual. Conversar com o querido cinéfilo Miguel é sempre uma grande aula e percebemos o amor pela sétima arte em cada letra, cada palavra.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Pergunta difícil. Eu adoro salas vip e em São Paulo há muitas, como as do JK Iguatemi, que eu adoro. Tenho grande admiração pelo CineSesc, uma gostosa memória afetiva, que tem uma sala confortável, mas, por ser uma única sala, a programação é restrita. O Reserva Cultural tem uma ótima programação (para cinéfilos). Mas se tivesse que escolher apenas UM cinema, seria o complexo do Espaço Itaú Frei Caneca porque, embora as salas já estejam desatualizadas, tem a melhor programação, que combina blockbusters com filmes independentes.  

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Na minha memória, vem as comédias/faroestes do Trinity, estreladas por Terence Hill e Bud Spencer, mas "cinema como um lugar diferente", nada supera os filmes-catástrofe, como Aeroporto 75 e Inferno na Torre.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Outra pergunta impossível. Eu digo que, dos vivos, Almodóvar e Woody Allen. Acho que ficaria, então, com A Lei do Desejo, do Almodóvar. Do Woody Allen, não saberia apontar apenas um. Dos que já foram, Visconti e seu Morte em Veneza.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Lavoura Arcaica, do Luiz Fernando Carvalho, porque poucas vezes vi um livro ser tão bem adaptado para o cinema. É cinema na sua essência e literatura também (e sem ser boring). 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter o cinema como um prazer, algo que te alimenta de alguma forma.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu acho que são pessoas que entendem do business, de negócios e podem, eventualmente, gostar de cinema, mas não necessariamente entender de cinema. 

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. O cinema já esteve várias vezes ameaçado e permanece aí há mais de 100 anos.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Diva, que está no cardápio do Belas Artes à la Carte. É do início dos anos 80, passou num circuito bem cult de SP, mas me marcou com sua estética publicitária, que era moda na época.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Se abrem academias, que considero um espaço muito mais perigoso para pegar o vírus, porque não reabrir os cinemas?

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Como sempre, tem seus altos e baixos. Há muitos filmes brasileiros que são produzidos, são ruins, pouca gente vê e fica por isso mesmo. Mas, por outro lado, surgem umas pérolas como Gabriel e a Montanha, Como Nossos Pais, Benzinho e Pacarrete, que são filmes que "conversam" com o público e não são grandes sucessos de bilheteria.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Como crítico, é difícil perder algum filme de um artista importante. Mas, caso esta não fosse minha profissão, diria Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é viver a vida de outros.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Estava vendo algum Missão: Impossível numa sala da Cinemark do Eldorado quando começou uma briga de socos. Tudo porque um sujeito pediu silêncio para um pai com um filho, eles continuaram a falar e o outro partiu para o ataque esmurrando o pai. Todo mundo começou a pedir para que ele parasse. Até que acenderam as luzes. O agressor saiu da sala como se nada tivesse acontecido e a sessão voltou do ponto que havia parado. Detesto pessoas que falam durante o filme, mas nada justifica você agredir uma pessoa por causa disso. 


Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #15 - Miguel Barbieri Jr.

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #14 - Lufe Steffen

O cinema é a luz que ilumina os nossos tempos, o passado e o futuro. Pensando em dividir com você leitor, dicas e curiosidades de inúmeros cinéfilos espalhados por nosso país, criamos essa coluna semanal onde convidado amantes da sétima arte que trabalham ou não com cinema.

Hoje conversaremos com um artista completo do audiovisual. O cinéfilo, cineasta, jornalista, escritor, ator e cantor, formado em Comunicação – Rádio & Televisão, Lufe Steffen. Já dirigiu 10 curtas-metragens ficcionais e 2 longas documentais, os premiados São Paulo em Hi-Fi (2016) e A Volta da Pauliceia Desvairada (2012), ambos sobre a noite LGBT paulistana. Curador e produtor de algumas mostras audiovisuais, atualmente ministra oficinas de cinema e mantém o canal Naftalufe, no YouTube além de acabar de rodar seu primeiro longa de ficção, o musical queer ambientado nos anos 80 Nós Somos o Amanhã.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

CineSesc, tanto em termos de programação como de tudo, localização, instalações, a sala em si, tela, o café, tudo. É um recanto, um refúgio, um oásis. A programação costuma ter retrospectivas de grandes cineastas. Aí então vira uma apoteose, é maravilhoso acompanhar essas retrospectivas lá. Nos anos mais recentes tivemos do Visconti, Milos Forman, e o Fellini este ano infelizmente foi interrompido pela pandemia.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Xanadu, de 1980. Assisti no cinema quando era muito pequeno, mal podia acompanhar as legendas, mas até hoje lembro desse impacto.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil rs! Tenho vários diretores favoritos... Vou escolher um mas só porque tenho que escolher: Pedro Almodóvar e o filme é Má Educação.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Também aqui teria de escolher vários, eu poderia citar uns 50 filmes brasileiros que são meus preferidos. Então tomo a liberdade de escolher 3: Bye Bye Brasil do Cacá Diegues, considero um retrato brilhante do Brasil e suas contradições, e permanece atual; Onda Nova, de Ícaro Martins e Zé Antônio Garcia, também um retrato, mas da juventude dos anos 80, e está super atual, moderno; e Anjos da Noite, de Wilson Barros, um filme moderno e ousado em sua linguagem, que vem sendo redescoberto.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É viver em função do cinema, balizar a vida a partir disso.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Complicado responder isso rs! Eu teria de conhecer melhor as pessoas que fazem a programação, e conheço poucas. As que conheço, sim, entendem.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não. Se depender de mim, não vão, pois continuarei frequentando enquanto existirem.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou indicar 2 filmes de terror do diretor Carlos Hugo Christensen: Enigma para Demônios de 1974 e A Mulher do Desejo de 1975. São excelentes obras do terror nacional pouco lembradas hoje.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não sei... É complicado. O ideal seria esperar a vacina. Por outro lado, se abrirem e os tais protocolos forem respeitados, tudo bem. No fim, a decisão cabe ao espectador: ir ou não ir.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acredito que tem muita coisa legal, tecnicamente a qualidade sempre cresce e melhora, isso deixou de ser um problema no cinema brasileiro. O que sinto falta é de mais variedade e ecletismo nas propostas e linguagens. Aí é uma questão de gosto meu. Sinto que muitos filmes se parecem entre si, existem estilos e padrões e os filmes acabam se encaixando em algum deles. Sinto que está faltando ousadia, atrevimento e despudor.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto muito da Gilda Nomacce, atriz que faz muita coisa no cinema, é sempre bom vê-la em ação.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Poção mágica.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

O que mais me lembro é das ocasiões em que o público aplaudiu, às vezes de pé, o filme no final. Quando isso acontece é sempre arrebatador e emocionante, me lembro da sessão de Hair no CineSesc em 2018, que teve isso, por exemplo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi esse filme rs... Uma falha no meu currículo.

 

15) Qual pior filme que você viu na vida?

Não sei responder essa pergunta, porque acho que quase todo filme sempre tem algo de bom, algo sempre se salva. E além disso, a memória guarda os filmes que gostei, que vejo, revejo. Os filmes que não gostei, acabo esquecendo!

 


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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #13 - Lucas Vasconcelos

O cinema é a luz que ilumina os nossos tempos, o passado e o futuro. Pensando em dividir com você leitor, dicas e curiosidades de inúmeros cinéfilos espalhados por nosso país, criamos essa coluna semanal onde convidado amantes da sétima arte que trabalham ou não com cinema.

Nosso convidado de hoje é cineasta e ator. Cinéfilo, que tem em Spielberg como seu diretor preferido, Lucas Vasconcelos é um artista da nova geração do universo audiovisual. Já competiu em 2018, com seu curta-metragem Bem-Vindo de Volta no Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF) e também já atuou no elogiado seriado Malhação - Toda Forma de Amar. Para falar um pouco sobre cinema e curiosidades sobre esse mundo, entrevistamos ele.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu gosto muito do estação, lá eu consigo tanto ver os filmes independentes quanto os filmes de bilheteria e comerciais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Cinema Paradiso

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Steven Spielberg e o filme favorito dele é E.T.

 

 4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme favorito nacional é Linha de Passe, acho incrível a forma que o Walter Salles e a Danielle Thomás retrataram a realidade. São performances tão reais que parece ser um documentário.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo para mim remete pertencer a um nicho de amantes da 7 arte.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Nunca, elas podem se enfraquecer por conta dos streamings, mas assim como o teatro, o cinema é uma arte que nunca morrerá.

 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Rebobine Por Favor, de Michel Gondry! A história de uma locadora que vai à falência e os funcionários começam a fazer filmes para salvar o local.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Infelizmente eu acho que seria mais seguro só depois da vacina mesmo... uma pena por que eu estou com sede de sala de cinema.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Em um lento processo de adaptação.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um fluxo constante de um sonho.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando fui na estreia de Noé e vi o Russel Crowe.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Hahahahaha risos!!

 

15) Você é um cineasta da nova geração. Com que artistas gostaria de trabalhar em futuros filmes dirigidos por você?

Selton Mello, Daniel de Oliveira e Leandra Leal!


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07/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #12 - João Rocha

O cinema é a luz que ilumina os nossos tempos, o passado e o futuro. Pensando em dividir com você leitor, dicas e curiosidades de inúmeros cinéfilos espalhados por nosso país, criamos essa coluna semanal onde convidado amantes da sétima arte que trabalham ou não com cinema.

Nosso convidado de hoje é produtor, diretor, ator, formado em Marketing, foi fundador e curador do Brazil Cine Fest / Macaé Cine International Film Festival entre os anos de 2011 e 2015. João Rocha, sobrinho de um dos maiores diretores que o Brasil já produziu, Glauber Rocha, segue seu próprio caminho no audiovisual, que teve início tempos atrás como designer do filme indicado ao Oscar O Que é Isso, Companheiro?

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Escolher uma sala de cinema por programação sempre foi difícil. A crescente difusão das redes das salas comerciais acaba fazendo adequações de mercado e de distribuição, as programações vão de acordo com as bilheterias, retorno financeiro e de mídia. Existem alguns refúgios que mantém uma programação 'off-broadway' com filmes que recebem pouco ou nenhum espaço de exibição, que permitem ao público alcançar produções menos parrudas, midiáticas e com narrativas menos comerciais. Valorizo muito esses locais. Aqui no Rio o Estação é um deles. O cinema Laura Alvim também.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A Dança dos Vampiros de Roman Polanski e seguida O Destino do Poseidon dirigido por Ronald Neame.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Não tenho um. Tenho alguns. O australiano Baz Luhrmann, Darren Aronofsky, tem o Brian de Palma. Diretores com assinatura forte. Sei lá, não me ligo no nome de diretores. Toda mente brilhante tem altos e baixos. Ninguém é criativo o tempo todo, tão pouco genial. Eu gosto de filmes, ponto! Gosto filmes para pensar, filmes para não pensar, para rir, para chorar, para sentir medo, só não gosto de filmes para cochilar. Filmes que começam, acabam e não chegam em lugar nenhum. 

 

 4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Vou ser nepotista, gosto do O que é isso, Companheiro?! (risos) sou o design do filme e concorremos ao Oscar, né?! Mas é difícil escolher, sou fã do cinema nacional. Nasci e cresci nos bastidores, vendo tudo acontecer. Tenho uma relação muito pessoal com quase todos. Poderia listar um monte aqui.       

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter amor pelo cinema como um todo. Sem distinção de segmento. De gênero. É se permitir conhecer o cinema em sua totalidade e apreciar todo o universo que se relaciona direta ou indiretamente com essa maravilhosa sétima arte.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

As salas de cinema são um serviço comercial, são instituições financeiras. Acho que isso já responde.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Da forma que conhecemos, sim. As telas migram mas o cinema nunca morre!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Irreversível (2002) escrito e dirigido por Gaspar Noé.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Uma pergunta difícil que exige uma resposta mais difícil ainda. Tenho opiniões divididas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Somos uma das maiores potências mundiais, porque fazemos filmes incríveis com o mínimo de recursos. É como o carnaval. Avançamos muito desde a retomada e podemos avançar ainda mais quando colocarmos nosso preconceito sobre os gêneros, sobre os aspectos comerciais, sobre indústria de lado. E principalmente, quando pararmos de fazer cinema para satisfazer nossos frágeis egos.  

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Tem isso? Então nenhum. Vejo 'o filme', não vejo o artista. Até mesmo porque um filme não é a obra de uma única pessoa, é uma obra coletiva. É uma comunhão de talentos.   

 

12) Defina cinema com uma frase:

Mágica.

 

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Lembro quando eu era pequeno em Salvador e uma senhora pulou da cadeira e foi até a tela beijar o pé de uma personagem e começou a gritar coisas que não posso repetir aqui. Acho que era A Rosa Púrpura.

 

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um produto do momento, igual a tantos outros no mundo todo. Para todo filme existe um público.

 

15) Você é cineasta. Como você enxerga o setor audiovisual brasileiro? Há muita dificuldade em se realizar um filme e colocar ele em um cinema?

Enxergo como uma roleta russa. Fazer cinema no Brasil é um sacrifício. O incentivo é zero, o retorno quase nenhum e a exibição nos cinemas dependem de uma série de acordos, lobbies e contratos. Na verdade sempre foi assim. Atualmente existem plataformas digitais e canais de tv para assinantes, oferecendo novas possibilidades de exibição para um público muito mais abrangente, globalizado. Muita gente está voltando a produzir pensando nesses novos veículos. 

 

16) Você acha que após a pandemia, vão haver muitos filmes com temática sobre a quarentena que o mundo vive nos dias de hoje?

Sim, com certeza! Na verdade já tem muita gente produzindo na quarentena, se adequando, falando sobre todo esse universo novo e solitário, que antes assistíamos apenas na tela grande. São experiências, sentimentos, sensações novas e que fazem parte de um momento nunca antes vivido em toda a humanidade nessas proporções. Falar sobre esse assunto é necessário para termos as impressões, os registros, as percepções de como cada um viveu e observou essa histórica pandemia.


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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #11 - Ana Carolina Garcia

Como expressar nosso amor pelo cinema? Pensando em reunir diversos cinéfilos de todo o Brasil, essa humilde coluna vem para dividir com vocês fatos e dicas sobre como pensam inúmeros cinéfilos, que trabalham ou não com cinema.

Nossa décima primeira entrevistada é jornalista, autora do ótimo livro A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema, da Editora Senac Rio, e atualmente escreve sobre cinema para o site https://www.srzd.com/. Ana Carolina Garcia é carioca e figura presente nas cabines de cinema que ocorrem na cidade sempre com sua simpatia e habilidade de argumentos falando sobre cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não há, da minha parte, preferência em termos de programação porque na maioria das vezes a oferta é a mesma, principalmente nas grandes redes. Mas há, sim, preferência em termos de conforto e tecnologia. Neste caso, fico com a IMAX, no UCI do New York City Center, na Barra da Tijuca.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Vou ao cinema desde muito pequena, então não lembro qual filme despertou interesse enquanto experiência cinematográfica.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Acho que posso relacionar esta resposta à anterior. Cresci assistindo E.T. – O Extraterrestre e Tubarão na Sessão da Tarde, na Rede Globo. E A Lista de Schindler demonstrou o quão rico é o leque de temas abordados pelo cinema, bem como a genialidade de um de seus realizadores, Steven Spielberg, que é o meu cineasta favorito.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tenho dois, na verdade: Cidade de Deus e Tropa de Elite, que fazem um retrato dolorido do Rio. Não consigo decidir entre eles pelo conteúdo e apuro técnico.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É se permitir relaxar por algumas horas – exceto quando preciso analisar o filme para criticá-lo – e esquecer um pouco do estresse cotidiano.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. A maioria prioriza a questão comercial, algo até compreensível porque as salas precisam gerar lucro suficiente para que possam permanecer em funcionamento. O problema é que títulos independentes, menores, não têm espaço. Às vezes, nem mesmo em cinemas que tradicionalmente priorizam filmes pouco badalados comercialmente.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito nesta possibilidade porque as salas são, historicamente, espaços de socialização. Mas acho que, face à ameaça do streaming e do VOD, considerando a quebra da janela de exibição tradicional pela Universal Pictures em acordo com a AMC Theatres, nos Estados Unidos, as salas terão de se adaptar para atrair o público, inclusive investindo em conforto e tecnologia. Além disso, enfrentarão momentos de crise, principalmente no período pós-pandemia.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo:

Expresso do Amanhã, do Bong Joon-ho. Protagonizado por Chris Evans, é um filme de arte travestido de blockbuster que trabalha com perspicácia os gêneros de ficção-científica, ação e drama, tecendo crítica ao abismo entre classes sociais distintas, representadas pelos vagões da locomotiva, que surgem como fases de videogame.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não devem reabrir enquanto o risco de contágio for alto, principalmente se observarmos a dificuldade de parte da população em respeitar regras. Além disso, acho muito difícil, para não dizer impossível, as salas colocarem máscara como acessório de uso obrigatório por causa da bomboniere.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Está melhorando a cada ano, basta observarmos a quantidade de cineastas que tem se arriscado fora da zona de conforto proporcionada pelas comédias de grande apelo comercial. Há, também, mais cuidado no que tange à técnica, preocupação em se equiparar às produções estrangeiras até para que possam participar de seleções de festivais e da temporada de premiações americana, que termina com o Oscar.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Marco Ricca. É um profissional talentoso e versátil que explode em cena, tendo em sua filmografia dois trabalhos que considero os melhores de sua carreira: Chatô – O Rei do Brasil e Canastra Suja.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Subestimado no passado, cinema é uma forma de arte em constante transformação e que reflete seu tempo, utilizando a seu favor o fato de ser um poderoso meio de comunicação de massa.

 

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Sessões de blockbusters estrelados por super-heróis sempre são barulhentas porque o público realmente interage com o que é mostrado na tela. Em Vingadores: Ultimato havia toda a comoção pelo encerramento de um ciclo no UCM, despedida de personagens amados pelos fãs e defendidos por atores igualmente amados. Na sequência da batalha final, que mostra a despedida de um deles, o silêncio tomou conta da sala em sinal de respeito e devoção. Este é um exemplo de como o cinema pode unir o público, independente da idade.

 


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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #10 - Guilherme Tristão

‘O cinema é um modo divino de contar a vida.’ Com essa frase de Federico Fellini começamos mais uma edição da nossa coluna feita de cinéfilo para cinéfilo: E aí, querido cinéfilo?!

Toda semana estamos colocando entrevistas e curiosidades de amantes da sétima arte espalhados pelo Brasil. Apaixonados por cinema que usam parte de seu tempo diário amando a sétima arte. Na coluna de hoje, entrevistamos uma das mais fantásticas mentes quando pensamos em várias esferas do audiovisual, o nosso convidado é um grande estudioso sobre exibição em cinema e também um dos grandes cinéfilos desse nosso imenso país. Guilherme Tristão, a quem eu carinhosamente chamo de ‘mestre’ é um dos coordenadores de programação de várias edições do Festival do Rio de Cinema, assistente da direção do Centro de Artes (Ceart) da UFF, coordenador do Festival Brasileiro de Cinema Universitário, realizado anualmente no Rio de Janeiro, fora as dezenas de outros projetos que ele participa a cada ano dentro do mercado audiovisual nacional. Dono de um humor peculiar, lembro-me com muito carinho de inúmeras conversas sobre filmes nas mesinhas elegantes de um dos cinemas mais lindos do brasil: O Reserva Cultural Niterói.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

CINE ARTE UFF - uma sala decididamente alternativa, e só lá pode-se assistir filmes que não vão ser exibidos em lugar mais nenhum, especialmente brasileiros artesanais e/ou autorais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro que me trouxe esse fascínio foi O BAGUNCEIRO ARRUMADINHO (The Disordely Ordely), de e com Jerry Lewis, de quem me tornei fã.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Federico Fellini / ROMA. Mas, meu filme preferido é A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (It's a Wonderful Life) de Frank Capra.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

TERRA EM TRANSE. Delirante, cenas incríveis, politicamente complexo e atual.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

 

Ter uma intensa curiosidade por qualquer tipo de filme que pareça ter um mínimo de qualidade.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Bem, depende do que se entende por 'entender de cinema": acho que há programadores que entendem o que é popular; outros entendem o que emociona as pessoas; outras o que são filmes de exceção; outros que entendem o que são filmes mais sofisticados; ainda há os que conhecem a história do cinema, os grandes clássicos e diretores. A depender do objetivo de determinada sala, ela pode ter ou não programadores que atendam esses objetivos. Acho que a maioria das salas que conheço tem gente apropriada para o seu perfil.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho praticamente impossível, especialmente se HOLLYWOOD continuar existindo, com seu marketing e constante inovação tecnológica.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Respondendo, sem pensar muito:  CABARÉ BIBLIOTEQUE PASCAL (Bibliotèque Pascal), de Szabolcs Hadju. Há pouco vi um obscuro (acho!) filme russo que adorei: A RUSSIAN YOUTH, de Alexander Zolotukhin (discípulo do Sukurov).


9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Eu, particularmente, não vou se abrir antes. Se as mortes no estado caírem para menos de 5 por mês, vou pensar! Mas gosto muito de STREAMING!!!

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O grande destaque (parece chavão, mas não é) é a diversidade de propostas. Sinto falta, no entanto, de filmes mais interessantes para a classe média, produções comerciais, de maior qualidade, com roteiros mais bem feitos, tipo QUE HORAS ELA VOLTA, BEIJO NO ASFALTO (nova versão), O FILME DA MINHA VIDA...filmes que evitam fórmulas ou clichês.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

A rigor não tenho esse tipo de artista no Brasil, mas já fui MUITO curioso pelos filmes de Sérgio Bianchi e, hoje, tenho curiosidade pelos filmes do Esmir Filho, mas não gostei de seu último longa (ALGUMA COISA ASSIM).

 

12) Defina cinema com uma frase:

 

'Espetáculo' audiovisual para grande público.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Ao ver TERREMOTO no sistema SENSURROUND no Roxy, na época da estreia, houve um defeito no sistema de som numa das cenas tranquilas do filme: um BUM gravíssimo e alto, vindo da parte de trás direita do cinema. O Sensurround era um sistema com um são tão grave que você não só 'ouvia' como sentia no corpo as vibrações graves do som. Bem quando deu esse BUM acidental, metade do cinema se levantou em pânico sem saber o que fazer. Depois a risada foi geral e o excitamento geral aumentou!

 

 

 

 


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Crítica do filme: 'Virando a Mesa do Poder'

O mundo do poder é muito parecido em qualquer lugar do mundo. Disponível no catálogo da Netflix, o documentário Virando a Mesa do Poder nos apresenta mulheres inteligentes e com vontade de mudar a situação nas regiões onde vivem, decidindo se candidatar a uma vaga no congresso norte-americano. O documentário, importante principalmente sob o ponto de vista de abrir a mente dos jovens eleitores sobre as inúmeras possibilidades e da real importância do voto (que nos Estados Unidos não é obrigatório), é dirigido pela cineasta Rachel Lears. Lançado no início do ano passado, o filme não ganhou tanta repercussão. Mas vale a pena conferir.

Relatos fortes, impactantes, a maioria das candidatas que conhece mais de perto são mulheres, fortes e batalhadoras que abriram os olhos e não querem mais fechar. De Nevada até big apple, o case mais profundo chega da mais badalada cidade norte-americana, Nova Iorque, quando após 14 anos uma prévia para o senado acontece na cidade, tendo a debutante a uma vaga no congresso a ativista Alexandria Ocasio-Cortez. A campanha de todas as candidatas mostradas são baseadas em doações de outras pessoas, diferentes dos poderosos do outro lado que são impulsionados por outros já poderosos de grandes empresas. De maneira bem simples, o documentário passa um raio-x de como o poder é cheio de alianças polêmicas e somente a força de vontade do povo que pode algum dia mudar isso.

Engajamentos, lideranças femininas. Importante menções ao mais engajado universo de hoje em que vivemos, Virando a Mesa do Poder não deixa de ser uma série de relatos sobre como podemos todos juntos mudar um pouco sistemas tão do arco da velha.

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