26/10/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #149 - Letícia Mota


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Aracaju. Letícia Mota é natural de Aracaju, Sergipe, mas atualmente mora em Minas Gerais. Faz licenciatura em Letras na Universidade Federal de Minas Gerais, tem 18 anos e foi introduzida no mundo do entretenimento relativamente cedo. Acabou se afastando um pouco do hábito de consumir conteúdo por motivos pessoais, mas agora, com certa frequência, resolveu registrar suas impressões no perfil Um filme todo dia (@_umfilmetododia).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Curiosamente (para não dizer tragicamente), o acesso ao cinema é bem limitado na minha cidade de origem. A rede de cinema é monopolizada pelo Cinemark, que quase exclusivamente exibe Blockbusters. Ainda assim, existe um cinema local chamado Cine Vitória, que exibe produções alternativas e brasileiras. Me recordo de ter assistido lá um dos meus filmes nacionais favoritos, Hoje eu quero voltar sozinho.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O segundo filme da franquia Vingadores. Eu não gosto de filmes de herói (apesar de entender seu peso cultural), mas fui com um grupo de amigos e entendi naquele dia o quanto o cinema e o entretenimento em geral pode causar as mais diversas emoções nas pessoas: tristeza, raiva, euforia. Presenciei pessoas em lágrimas, aplaudindo o final do filme; foi uma experiência e tanto.  

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tim Burton. Meu filme favorito dele é A noiva cadáver, por causa do apego nostálgico que eu tenho a ele. Eu sempre amei animação, e essa foi a trama que me introduziu, quando mais nova, a uma linha narrativa diferente do que estava acostumada (Disney/DreamWorks).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Que horas ela volta. Talvez por ter vivido uma situação parecida, com também pela empatia desenvolvida ao longo dos anos pela história retratada no filme. Não somente isso, mas a entrega de atuação de todos os atores e as cenas extremamente significativas; me toca muito.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Reconhecer que um filme é bom mesmo não gostando dele. Não classifico como entender de semiótica ou ver todos os filmes da recorrente expressionista alemã, mas entender que algumas produções, apesar de desagradáveis ao nosso tato por questões pessoais, são bem feitas e bem construídas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Depende do que se concebe como "entender de cinema"; muitas pessoas não gostam de consumir aquilo que se mostra como cultura de massa e eu entendo esse posicionamento. Depois que se começa a ter contato com produções mais trabalhadas, com o objetivo de causas sensações - não vender -, fica difícil tentar absorver alguma coisa de uma trama que tem como finalidade única gerar bilheteria. A questão é que, às vezes, o cinema como local físico e experiência sensorial oferece uma dose de leveza necessária. Eu amo blockbusters, amo filmes clichês com o final previsível; talvez as salas de cinema não sejam feitas para quem "entende" de cinema, mas essas pessoas também podem aproveitá-las.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Tive essa discussão com uns amigos recentemente. Apesar de estarmos imergindo num momento voltado ao streaming, essas plataformas nunca vão oferecer a mesma experiência que uma sala de cinema. O ato de sair de casa, encontrar amigos, comprar (ou não) comida e dividir um espaço com desconhecidos que, aparentemente, têm as mesmas preferências e interesses que você nunca vai conseguir ser reproduzido de forma fidedigna pelas plataformas de streaming.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A gente se vê ontem. É um filme perdido na Netflix, mas extremamente bem feito, com um tema muito relevante; me deixou angustiada por pelo menos três dias. É maravilhoso.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Nós brasileiros não conseguimos absorver completamente ainda como colocar em prática as normas de segurança e higiene. Por isso, não acho que o cinema deve ser reaberto agora, como também não acho que bares e shoppings deveriam estar abertos também; deveríamos priorizar programações ao ar livre e eu creio que o cinema poderia se adaptar a isso. Seria uma tentativa interessante.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sempre gostei das produções cinematográficas nacionais. O cinema brasileiro é lindo, de muita qualidade e deveria ser mais valorizado.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto muito da Sônia Braga; não consigo pensar em uma produção que ela esteja e não seja boa.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A habilidade de resumir uma boa história de uma forma marcante e satisfatória.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Lançou, em 2013, salvo engano, o documentário daquela banda One Direction. Presenciei as fãs roubando o cartaz de papelão da sala de cinema e correndo pelo shopping, detidas pelo segurança pouco tempo depois. Foi engraçado.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Carla Perez é uma mulher extremamente excêntrica; seu filme também.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho isso engraçado até. Um escritor precisa ter uma carga positiva e negativa de leitura para se guiar, bem como um fotógrafo e um musicista. Não acho que seria diferente com o cinema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A Barraca do Beijo. Vi o filme com uma amiga, então não queria ter a descortesia de desligar a televisão e ir dormir; tudo naquele filme é terrível pra mim, desde a atuação das personagens à escolha da trilha sonora. Dispensarei comentários sobre a história.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Secreto e Proibido. Me debulhei em lágrimas, é lindo. Todo mundo deveria ver.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Por incrível que pareça, não. Me sinto um pouco desconfortável em fazer esse ato, mas entendo quem o faz.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Caça às Bruxas; não costumo ver filmes na linha de gênero em que ele costuma atuar.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Costumo dar uma lida no AdoroCinema vez ou outra, mas consumo mais conteúdo pelo Instagram. Estou sempre acompanhando o naquartaparede, 100.filmes, resenhaseila e o oxentepipoca. Não conhecia o Guia do Cinéfilo, mas estarei interagindo sempre que possível!


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25/10/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #148 - Gilberto Leal


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Petrópolis. Gilberto Leal está dentro do universo audiovisual brasileiro desde o final da década de 80. Já trabalhou em grandes distribuidoras no desenvolvimento de campanha em lançamentos nos cinemas, em todas as áreas de marketing, empresas como: Warner Bros., United International Pictures e empresas independentes como Playarte Pictures (em uma época que distribuia produtos New Line Cinema) e Paris Filmes. Desde 2002 é diretor executivo da Top Cinemas Cinemas, onde trabalho em equipe para desenvolvimento e acompanhamento de todas as áreas financeira, programação, vendas, marketing e administração da empresa e todo relacionamento com as distribuidoras de filmes. Também é o diretor do Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas do Estado do Rio de Janeiro.

 

Obs: Querido Gil, uma das pessoas mais carinhosas desse meio audiovisual. Lembro que o procurei na época que lançamos pelo Joia/Vilacine um filme europeu chamado Happy, Happy e ele colocou em cartaz sendo um grande sucesso, ficou mais de 12 semanas em cartaz. J Continue sendo esse lutador e amante da sétima arte querido cinéfilo!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

CINEMAXX MERCADO ESTAÇÃO / TEM UMA PROGRAMAÇÃO BEM VARIADA E UM PREÇO BEM EM CONTA.

 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado:

ET O EXTRATERRESTRE.

 

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

GEORGE LUCAS / STAR WARS.

 

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

CENTRAL DO BRASIL.

 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É DESFRUTAR UMA BOA SESSÃO DE QUALQUER FILME EM UMA TELA E NUM AMBIENTE DE CINEMA.

 

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

NÃO ACREDITO! O FOCO SÓ EM BLOCKBUSTERS É O GRANDE PROBLEMA!

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

NUNCA! ELA SE REINVENTAM A CADA MOMENTO! E NÃO EXISTE LOCAL MELHOR PARA SE ASSISTIR A UM FILME DO QUE NUMA SALA DE CINEMA DE VERDADE!

 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Boyz N the hood.

 

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

CLARO! RESPEITANDO OS PROTOCOLOS POR QUE NÃO! O CINEMA É O ÚNICO LUGAR ONDE SE SABE QUANTAS PESSOAS VÃO, ONDE FICAM E QUANTO TEMPO FICAM!!!

 

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

MELHORANDO A CADA DIA.

 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

FERNANDA MONTENEGRO.

 

 

12) Defina cinema com uma frase:

É A MINHA VIDA!!

 

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

PEGUEI UM CASAL FAZENDO SEXO DENTRO DA SALA. E MESMO SABENDO QUE ESTAVAM SENDO VISTOS NEM SE PREOCUPARAM! ACHEI O MÁXIMO!!!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

UM ATENTADO AO ESPECTADOR.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

NÃO!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

OS TRAPALHÕES NO RABO DO COMETA.

 

17) Qual seu documentário preferido?

VINÍCIUS.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

SIM! VÁRIAS VEZES

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

CIDADE DOS ANJOS.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

ADORO CINEMA.

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24/10/2020

Crítica do filme: 'Minha Incrível Wanda'


Como uma família pode buscar soluções para uma situação de crise que engloba a todos? Tudo é movido a dinheiro nessa vida? E se não? Qual a solução? Minha Incrível Wanda, que está na programação da Mostra de SP de 2020, é um conto atual que reúne uma família rica repleta de personalidades diferentes e uma trabalhadora polonesa que precisam resolver, com todos saindo ganhando, uma situação pra lá de inusitada. Dirigido pela cineasta Bettina Oberli (que também assina o roteiro ao lado de Cooky Ziesche) somos levados as loucuras do fato com muita habilidade e com riqueza nos detalhes que compõem as excentricidades em contraponto à inconsequência. Há simbolismos bastante delicados na construção do eminente, marca registrada de todo bom cineasta.  


Na trama, conhecemos a jovem trabalhadora polonesa e mãe de dois filhos Wanda (Agnieszka Grochowska) que a cada nova temporada trabalha durante alguns meses para uma família rica na Suíça. Sua prioridade nos afazeres é cuidar do já debilitado Josef (André Jung) como uma espécie de enfermeira. A família adora Wanda, principalmente Josef. Só que as vezes, principalmente quando chega de madrugada, Wanda e Josef, escondido dos demais, entram em um acordo que causará graves confusões e situações para toda a família.


O imprevisível engenhoso roteiro, muito bem definido em seus arcos expostos em números romanos, produz uma série de situações complicadas que vamos buscando compreensão pela ótica conturbada e emocionalmente abalada dos ótimos personagens. Há vários contrapontos interessantes que vão se solucionando como reflexões da sociedade, até mesmo conflitos mais do que batidos entre classes sociais. No primeiro arco, entendemos os personagens, e somos apresentados ao conflito; no segundo chega o conflito e suas primeiras impressões de todos; no terceiro, as tentativas de soluções para que todos ganhem com a situação. Tudo muito simples, objetivo e bastante verdadeiro. Destaque também para a trilha sonora assinada pelo duo Grandbrothers formado em Düsseldorf pelo suiço Lukas Vogel e o alemão Erol Sarp. Ótimo filme.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #147 - Clara Mafra


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Clara Mafra é Designer de moda e pós graduada em cinema, apaixonada por direção de arte e fotografia. Diretora de Conteúdo do Cine.cor (instagram @cine.cor).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Moro em São Paulo e aqui temos algumas opções bem bacanas de cinema, tanto em shoppings quanto na rua. O cinema que mais gosto é o Espaço Itaú de Cinema, pois encontro muitas opções de filmes diferentes e em sua maioria de ótima qualidade.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain de Jean- Pierre Jeunet.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

David Fincher. E o filme que mais gosto dele é o Seven.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

É O Auto da Compadecida do Gael Arraes, pois faz uma mistura visual de vários pedidos artísticos brasileiros (e mundiais), evidencia problemas sociais muito presentes no nosso país, é escrito e dirigido de forma simples, acessível e ainda consegue ser comercial.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim ser cinéfilo é mais que ter uma bagagem grande de cinema, é se interessar e se aprofundar em assuntos teóricos sobre os temas que cada filme propõe.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não acredito.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que o cinema como conhecemos hoje venha a mudar bastante. Não acho que possa acabar, mas sim se transformar para se adequar às novas exigências do público.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Um Conto Chinês dirigido por Sebastián Borenstein. Uma comédia inteligente que conta de forma bem humorada uma história sobre comunicação e choque entre diferentes culturas.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho o cinema brasileiro muito diverso e polarizado. De um lado vemos (uma maioria de) produções que se encaixam em padrões comerciais para agradar a massa, muitas vezes produzidos pela mesma empresa e de outro temos obras maravilhosas, que muitas vezes estão "escondidas", pois os recursos são limitados para produção e distribuição.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É a arte sensorial da emoção e da narrativa.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Pensei, pensei e nada! Acho que fico tão focada no filme que nem me toco do que se passa ao redor.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não vi, não posso opinar.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que para apenas dirigir um filme é necessário mais conhecimento técnico do que propriamente uma bagagem cinematográfica. Porém, para dirigir de forma esplêndida, é necessário ter uma bagagem de filmes muito grande, pois a criatividade e a criação geralmente são frutos de inspirações e referências do que foi tentado anteriormente. Além disso, a observação e análise crítica são muito importantes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

The Room.

 

17) Qual seu documentário preferido?

O Sal da Terra de Win Wanders e Juliano Salgado.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não me lembro, acredito que não.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Senhor das Armas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Costumo ler o cinemascope, cinema com rapadura e jovem nerd.

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Crítica do filme: 'Sem Cabeça'


Os traumas que nunca mais esquecemos. Dirigido pelo cineasta Kaveh Sajjadi Hosseini, Sem Cabeça, longa-metragem do Irã, é um retrato caótico de como um trauma, e tudo que fazemos para esquecê-lo, nos transformam em migalhas. Uma situação com um cachorro com um plano de fundo um casamento em atrito e distanciamento é o pontapé para reflexões sobre casamento, família e sacrifício. O primeiro ato é muito fraco comparado aos outros que se seguem, talvez pelo complexo arranjo em dar entrosamento aos fatos deixando surpresas para o espectador ao longo dos 93 minutos de duração.


Na trama, conhecemos Arghavan (Elham Korda), uma mulher de meia idade que sofre com um casamento de grande distanciamento e trabalha em uma loja de câmbio. Certo dia, após um trauma que nunca irá esquecer, ela resolve não ter mais o cachorro da família, um Lulu da Pomerânia. A situação de mudança abrupta, mal explicada, já que ela adorava o cachorrinho, leva seu casamento até o limite, onde questões sobre o trauma que sofreu recentemente precisam ser ditas.


O roteiro, escrito a seis mãos, Payam Larian, Sadegh Khoshhall e Kaveh Sajjadi Hosseini busca, além da superfície, analisa a situação sobre os pets, no Irã, em um lugar onde muitos não gostam de cachorro. Mas o plano de fundo é que se mostra mais interessante, o conflito no casamento, gera inúmeras saídas para a protagonista que mal ouvimos sua voz mas sentimos sua aflição e ao longo de sua trajetória entendemos bem melhor os porquês de suas questões, uma grande interpretação da experiente atriz Elham Korda.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #146 - Rod Carvalho


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Rod Carvalho é jornalista freelancer focado em cultura, já tendo escrito matérias para veículos como O Globo, Jornal do Brasil, Revista Sexy, e sites como Globo on line e SRZD. Trabalha com audiovisual há 10 anos, produzindo, dirigindo e montando vídeos institucionais, eventos, vídeo clipes e making ofs, além de ter trabalhado como assistente de produção e de direção em curtas como O Crime do Becos dos Gatos, de Ruy Guerra. Produziu e dirigiu o documentário Brazilian Way, sobre as entranhas do cinema brasileiro - em fase de montagem; e atualmente está produzindo e filmando o documentário Peti (sobre o muso inspirador de Caetano Veloso para a música Menino do Rio). Dirigiu video clipes de artistas como Arnaldo Brandão, Fausto Fawcette e banda Leela.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha:

Todas do Grupo Estação, pela variedade de gêneros e nacionalidades distintas.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente: E.T.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Coppola, Apocalipse Now.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São Bernardo, do Leon Hirszman. Por tudo: direção, roteiro, fotografia, atuações.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

E não conseguir viver sem cinema.

 

 

6) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho e espero que não. Pois é uma experiência única.

 

7) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Retablo.

 

8) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim, com todos os cuidados necessários. Mas, por falar nisso, já abriram e já fui ver filme.

 

9) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

É ótimo e sempre foi, o problema está no preconceito nas cabeças das pessoas. Síndrome de vira lata. Só o que vem de fora presta. Triste isso.

 

10) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme:

Rodrigo Santoro.

 

11) Defina cinema com uma frase:

Respiro.

 

12) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não lembro de nenhuma.

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Uma aula de como não se fazer um filme.

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, mas quem é sem dúvida nenhuma ajuda muito mais na hora de criar e se inspirar - referencias é tudo.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Cinderela Baiana.

 

16) Qual seu documentário preferido?

Não tenho um preferido, mas vários.

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Sim

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida em Las Vegas.

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IMDB.

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23/10/2020

Crítica do filme: 'Nimby'


A coragem na busca de contar ao mundo quem você ama vs o grito é o primeiro patamar da violência. Quase inédito no mundo todo, o ótimo longa-metragem finlandês Nimby é um drama cômico trágico que busca reflexões mas que gera risos altos. Escrito (também assina Jani Pösö) e dirigido pelo cineasta Teemu Nikki, o filme em um pouco mais de 90 minutos consegue explorar com profundidade conflitos existenciais como: imigração, orientação sexual, religião, política, conflitos familiares entre outros. Os embates dialogados, inclusive com uma linha vertical na tela (cada um no seu quadro) é uma ótima sacada, talvez até mesmo um alerta para prestar atenção à reflexão. Um ótimo trabalho, na programação da Mostra de SP 2020.


Na trama, conhecemos Marvi e Kata, duas jovens inteligentes que namoram faz um ano, so que ambas ainda não contaram para suas famílias sobre esse relacionamento. Buscando resolver essa situação, aproveitam a ida da mãe de Kata (uma famosa comissária da União Europeia) e de seu pai até a Finlândia para talvez conversar sobre o assunto. Mas nesse meio tempo, Marvi convence a namorada de irem primeiro contar para sua família no interior da Finlândia. Muitas situações acontecem mas as famílias das duas se encontram e precisarão muita compreensão para todos se entenderem.


O roteiro é muito bem elaborado, com ótimas subtramas. O filme se transforma de repente e entramos em um clima inusitado de tensão de vários tipos, principalmente o psicológico. Nos encontros inusitados é onde somos testemunhas de desabafos como se fossem confissões ou uma ida ao consultório do psicólogo. Há muitas doses de hipocrisias camuflados na não aceitação das opções de relacionamento dos pais pela ótica de Mervi. O roteiro contorna com elegância e eficácia todas as polêmicas e sabe como dividir sobre as óticas de cada personagem. Ainda há tempo, nas ótimas divisões de arcos, para tentarmos entender as razões de demitidos de uma fábrica de tintas virarem neonazistas, uma excentricidade camuflada de inconsequência e alimentada pelo preconceito contra o próximo.


Com ritmo intenso, nem vemos os minutos passarem, podemos dizer que Nimby, resumidamente, é a eterna busca pelo entendimento mútuo, mas o mundo nunca foi nem nunca será simples.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #145 - Maykon Alves


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Lagamar (MG). Maykon Alves tem 22 anos, é mineiro, bem do interior do estado e formado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. É apaixonado pela 7ª arte e tudo o que a rodeia. Adora filmes de suspense e drama e valoriza muito um roteiro bem escrito e surpreendente. Além disso, é cofundador e atual administrador do Refúgio do Cinéfilo (temos Site, Facebook, Instagram (@refugiodoscinefilos) e Twitter) onde, como um entusiasta da 7ª arte, compartilha de sua paixão pelo cinema.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Bem, na minha cidade, que é muito pequena, não tem cinema. Mas, em uma cidade próxima – Patos de Minas - possui somente um cinema, o Cinemais, que normalmente prioriza filmes mais blockbusters. Então não tem muita escolha, a não ser ver filmes online.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

É difícil escolher ou me lembrar qual foi, afinal são tantos filmes. Posso escolher 02. O primeiro filme é O Gigante de Ferro, porque ele lembra a minha infância e foi um filme que me emocionou pela história e quando uma obra faz isso com você, é porque ela é definitivamente especial.

O outro filme seria O Poderoso Chefão. Ele é meu filme favorito e eu via e ouvia referências dele na série Eu a Patroa e as Crianças que eu adorava assistir a tarde/noite no SBT. Mas eu nunca tinha visto o filme. Quando assisti pela primeira vez foi algo diferente. Porque senti que tinha visto algo perfeito. E ele foi um filme que me fez pesquisar mais sobre o mesmo além do cinema de uma forma geral e contribuiu para que eu buscasse assistir filmes mais clássicos e antigos, que contam um pouco da história do cinema.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

São tantos diretores que admiro, mas vou escolher o Martin Scorsese, porque acho um diretor eclético (não é um diretor só de filmes de máfia, como já ouvi muita gente falar). E meu filme favorito dele é “Goodfellas”. Outro que citaria do diretor é “A Invenção de Hugo Cabret”, porque ele é a personificação do amor ao cinema, além de ser tecnicamente impecável.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Outra escolha difícil, mas vou de Central do Brasil afinal é um filme emocionante, de amor e despedidas de perdas e conquistas. Além disso, tem a maravilhosa Fernanda Montenegro em uma atuação memorável. Para mim, a cena da a carta de Dora é uma das mais lindas do cinema.

 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É difícil definir o que é ser cinéfilo. Acho que é algo que varia de pessoa para pessoa, mas acredito que o principal seja ser apaixonado ou ter o mínimo de interesse pelo cinema e as produções audiovisuais.  Digo interesse porque se eu vejo um filme meramente por ver, sem prestar muita atenção (como normalmente acontece com pessoas que mechem no celular ou ficam conversando durante todo o filme) você não está dando a atenção necessária a esta forma de arte, não está se conectando com a obra. E se você não tem interesse, é porque aquilo não é importante para você. Então acho que a pessoa deve ser interessada pelo cinema para ser cinéfilo. Mas como eu disse, é uma visão minha e o conceito varia para cada pessoa.

 

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Posso citar o cinema que já frequentei e a resposta é ... sim e não. Vou explicar: A pessoa pode sim conhecer e entender de cinema, porém, como a maioria dos cinemas é feito para gerar lucro, sempre vão priorizar obras que tendem a ter uma aceitação maior do público. Porém, eu acredito, que isso poderia ser mudado se dessem uma chance a filmes menos conhecidos, mas com mesma qualidade dos filmes blockbusters, mas que por serem, em muitas vezes, filmes independentes, não conseguem entrar em cartaz em muitas redes de cinema e em alguns casos, não são distribuídos em sequer um cinema de um país.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não e espero que não. O sentimento de assistir um filme em um cinema é indescritível. A cada filme é uma sensação diferente. Porém, o que desanima muito, é o preço e isso favorece as plataformas de streaming. Acredito que ir ao cinema é uma experiência diferente de ver um filme por streaming e vice-versa. Assim, tem espaço para ambos, basta escolher o que mais se adéqua a você. Afinal, o mais importante é desfrutar da sétima arte.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram, mas é ótimo.

Outra escolha complicada, mas vou citar dois: Ladrões de Bicicletas (1948) e O Terceiro Homem (1949).  Dois filmes espetaculares. O 1º é um exemplo primoroso do Neorrealismo Italiano, mostrando como as pessoas sobrevivem após uma nação ser, de diferentes formas, destruída. O 2º é um clássico da espionagem. Além disso, tem o Orson Welles em um papel coadjuvante, mas que, quando entra em cena, tem uma atuação que é hipnotizante.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que não. Mesmo que alguma cidade esteja com números mais controlados, todo o cuidado é pouco. A pandemia já dura meses e o Brasil é um dos principais países do mundo em números de casos. Acho que é necessário ter cautela e esperar tudo normalizar primeiro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Fantástico, mas em constante evolução. O Brasil sempre se mostrou uma grande país em produções cinematográficas, e vemos novos diretores e diretoras mostrando muito talento e levando nosso cinema a dar passos cada vez mais largos. Acredito que, com os incentivos certos e investimento na cultura, o cinema brasileiro vai crescer ainda mais e dar visibilidade para atores, atrizes, cineastas ... enfim, nosso cinema vai conquistar mais ainda o mundo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Sônia Braga. Uma atriz espetacular e que se entrega por inteira em cada papel.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A porta de entrada para construir e descobrir novos mundos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não tenho muitas, acho que são coisas que acontecem com todo mundo, tipo alguém do lado que fica gritando em filme de terror, ou alguém que fica usando o celular etc. Mas eu lembro que no filme Blade Runner 2049, a sala estava praticamente vazia e normalmente, as pessoas assim que as luzes acedem, já começam a levantar e sair. Mas nesse dia, assim que o filme terminou, ficou um silêncio e quem estava na sala demorou um pouco para levantar. Foi algo fora do habitual.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti hahaha

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. (posso até contradizer o que disse na pergunta sobre o que é ser cinéfilo) Acredito que para dirigir um filme necessita do compromisso em realizar algo importante, bem construído e que possui harmonia no contexto geral. Mas, ser cinéfilo, possa fazer dessa uma experiência e uma profissão mais prazerosa.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vou citar A Serbian Film - Terror sem Limites que não é necessariamente o pior, mas foi um filme difícil de assistir, talvez o mais pesado que já vi e que quase desisti no meio.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Vou citar 02: What Happened, Miss Simone? afinal Nina Simone foi uma artista incrível e com uma história construída em meio ao preconceito e muita luta. O segundo seria Humano - Uma Viagem Pela Vida que é um dos melhores documentários que já vi. Tem histórias de partir o coração. A trilha sonora é ótima, e as imagens de paisagens e eventos que interligam os depoimentos, são exuberantes.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Que me lembre, não. Não porque achei que o filme não foi espetacular, mas é que não é do meu estilo fazê-lo. 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não sou muito fã dela, mas irei citar Adaptação (2002).

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema, Filme B, Cinema em Cena e Canto dos Clássicos (também acompanho os canais do Dalenogare e Gustavo Cruz no Youtube).

 

 

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #145 - Maykon Alves

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #144 - Pedro Amaro


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Gonçalo. Pedro Amaro estudou na escola Cinema Nosso e se formou em Estudos de Mídias pela UFF. É roteirista e editor chefe do site Canal Claquete (https://canalclaquete.com.br). Já trabalhou com Fernando Meirelles, Kátia Lund e Roberto Berliner.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Vou pouco ao cinema em minha cidade porque geralmente é após o trabalho que assisto a algum filme. Os cinemas que mais frequento são: o Cinemark de Niterói e o Cine Arte UFF.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Foi O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel. Eu tinha 11 anos de idade e mexeu demais com o pirralho que era fã de RPG. Lembro-me que copiei trechos do filme em minhas aventuras no jogo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Alfred Hitchcock. Meu favorito é fácil e rápido de responder: Psicose (e Janela Indiscreta chegando perto rs)

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

No momento é O Pagador de Promessa. É o meu favorito porque traduz muito sobre quem é o povo brasileiro: altamente religioso, que adora uma história de superação, adora criar ídolos e tudo acaba em jogo político para diminuir o mais pobre.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Cinéfilo, para mim, é aquela pessoa que busca assistir os mais variados tipos de filmes e que tenta analisar, de alguma forma, o que está absorvendo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Uma prova disso foi de não acreditar no potencial de Parasita. Mesmo sendo para um público específico a obra casa consegue dialogar muito com os mais variados gostos de cinema.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Hoje não acredito nisso. Toda hora algo surge para "matar o cinema".

 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Um Dia na Vida (Filme do Eduardo Coutinho disponível no YouTube que JAMAIS será exibido na televisão).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu não sou um profissional da área da saúde para entender dos perigos. Mas avaliando como a situação anda preocupante com tanta mortes: acho que não deveriam abrir.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Somos um dos maiores do mundo no quesito diversidade. Me arrisco a dizer que quase chegamos perto da Coréia do Sul (em termos de diversidade, por favor rs).

Se formos destacar documentário então a briga fica melhor para nós. Poucos fazem como nós.

 

Qualquer um pode criticar o cinema brasileiro. Isso não é um problema. Eu mesmo tenho minhas críticas. Mas qualquer um que esteja antenado nas melhores produções vai enxergar criatividade, controle de narrativa e um olhar crítico.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Anna Muylaert. Minha diretora brasileira favorita!

 

12) Defina cinema com uma frase:

" Já viu esse filme aqui? "

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não sei se é inusitada, mas vamos lá. Uma garota que conheci na época e eu fomos assistir Avatar. Sentamos na parte de cima e ficamos conversando antes do filme começar.

Uns garotos de aproximadamente 15 anos passaram por nós e comentaram em voz alta que éramos um casal. Eu fiquei revoltado porque já estava com segundas intenções com a garota.

Os garotos passaram por nós de novo antes do filme começar falando a mesma coisa.

Hoje a menina desse dia é minha esposa.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Bem estranho né?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

 

Sim. A maioria dos diretores sabem qual tipo de história o público vai gostar ou criar um personagem interessante.

Mas outros não são cinéfilos. E isso deixa a forma do filme mais fraca.

Todo cineasta precisa ser cinéfilo e conhecer o estilo dos maiores nomes da sétima arte.

Claro que o conteúdo importa, mas cinema é forma.

 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Dungeons & Dragons.

 

 

17) Qual seu documentário preferido?

Fico entre Edifício Master e Cabra Marcado para Morrer.

 

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim. Um dos últimos foi O Farol.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face (John Woo).

 

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Acompanho o Cinema Em Cena e o melhor site do mundo: Canal Claquete RS.

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22/10/2020

Crítica do filme: 'White Lie'


Os transtornos narcisistas que não possuem limites nem empatia com o próximo. Chega do Canadá uma fita interessante sobre os valores contidos dentro de uma comunidade que são catalisados por uma mentira de uma pessoa que se faz passar por doente em estado grave. Existe limites sobre as razões e inconsequências do ser humano? Escrito e dirigido pela dupla Yonah Lewis e Calvin Thomas, White Lie é um retrato dos abusos de uma situação por uma jovem completamente perdida em seu conto nada de fadas.


Na trama, conhecemos Katie (Kacey Rohl), uma jovem que está com o cabelo completamente raspado e engajada em várias campanhas na sua comunidade para conseguir dinheiro para seus tratamentos, já que diz a todos que possui câncer. Só que nada disso é verdade, ela mente, até mesmo para sua namorada Jennifer (Amber Anderson), uma das pessoas que mais ajuda ela em todos os projetos de arrecadação. Perto de superar a marca de 24.000 dólares de doações, Katie começa a ter problemas com sua mentira quando precisa de um atestado verdadeiro sobre suas condições.


Exibido em alguns festivais de cinema pelo mundo no ano de 2019, como o importante Festival Internacional de Cinema de Toronto, White Lie nos mostra em várias camadas a personalidade perturbada e mentirosa de uma protagonista que vive intensamente seu cotidiano com o objetivo de trancar todas as saídas para sua grande mentira. O relacionamento com a namorada, por exemplo, fica em xeque quando pensamos se ela gosta dela mesmo ou a usa de alguma forma para conseguir o que quer. Com o traficante que consegue frascos de remédios com o nome dela, a relação é mais aberta e as mentiras não chegam em grande quantidade. Com o pai, talvez a grande virada da história, é uma situação de desespero pois o mesmo sabe, mesmo sem ela confessar, todas as mentiras que ela produz.


White Lie é um drama com uma linha nada tênue entre a tensão e o desespero de uma mente completamente perturbada. Destaque também para a ótima atuação da atriz Kacey Rohl.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #143 - Fernando Fonseca


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Belo Horizonte. Fernando Fonseca é mineiro e formado em Engenharia de Produção pela UFMG, atua na área de Gestão e Performance. Criador da página @viagemcinema no Instagram, que combina suas duas grandes paixões: cinema e viajar.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Cine Belas Artes, que é o único cinema de rua que sobreviveu aqui na capital mineira. A programação é bem diversificada e diferenciada, exibindo filmes de grande bilheteria, filmes alternativos, muitos nacionais e inclusive filmes antigos. O clima lá é bem aconchegante, as salas são pequenas, mas cheias de história. Do lado de fora tem uma senhorinha que vende uma pipoca deliciosa, além da Praça da Liberdade que fica a um quarteirão do cinema e é pra onde eu vou toda vez após assistir os filmes.

 

PS: Inclusive, aproveitando a oportunidade, o Belas Artes está fazendo uma vaquinha para quitar algumas dívidas acumuladas durante a pandemia do Covid 19. Para quem puder ajudar, o link é benfeitoria.com/soscinebelasbh

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

São dois filmes principais. O primeiro foi Titanic. Quando eu estava na sala de cinema (tinha apenas nove anos), meus olhos brilharam ao ver aquela superprodução. Foi um filme que me impressionou de diversas maneiras e desde então passei a ir ao cinema com frequência, buscando sempre encontrar a sensação que aquele filme tinha me proporcionado. Muitos anos depois recebi de presente de uma amiga uma fita cassete bem especial: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Desde que assisti a aquele filme, descobri que o cinema tinha muito mais a oferecer que eu imaginava. Posso dizer que a Amelie realmente mudou a minha vida, ou pelo menos abriu a minha mente sobre o cinema mundial.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

É uma pergunta bem difícil, mas vou de Quentin Tarantino. Ele é um diretor que sempre me instigou e tirou do lugar comum, gerando sensações diversas em mim. Meu filme favorito dele é Bastardos Inglórios. O enredo, roteiro e atuações desse filme são um marco e referência para mim.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme nacional favorito é O Palhaço. Admiro muito o trabalho do Selton Mello e esse filme nos presenteia com diversas camadas e significados. O palhaço circense em crise de identidade explora o interior do Brasil e nos faz rir mas também refletir sobre o vazio que há dentro de nós.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é apreciar e dar suporte a essa arte que é o cinema. É se arrepiar quando se ouve uma frase memorável no meio do filme, é assistir diversas vezes aquele filme para contemplar a sua beleza, é quando seu coração acelera esperando pela estreia ou ficar horas conversando com outro cinéfilo torcendo que o tempo não acabe. Todo cinéfilo o é por paixão, assim como eu. O cinéfilo sabe que o cinema pode transformar as nossas vidas para melhor.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maior parte dos cinemas que eu conheço é de grandes redes de cinema, então estão mais voltados para o entretenimento e bilheteria em si do que pela contemplação. Acredito que eles entendem bem o público, não necessariamente sobre cinema. Ao mesmo tempo, eu vejo que eles conseguem ser populares e mantem o espirito do cinema vivo.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

O cinema é um encontro, algo coletivo e que aproxima as pessoas mesmo que durante apenas algumas horas. Eu acredito que tudo se transforma, então pode ser que o cinema da forma como conhecemos hoje talvez não seja o mesmo no futuro, mas a sua essência vai se manter por se tratar de uma manifestação artística.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Despedida (2019). Acho que no geral foi um filme pouco conhecido/ divulgado e que é incrível! Ele conta a história de uma família de imigrantes chineses que vivem nos Estados Unidos e descobre que a matriarca Nai Nai está com câncer e tem poucos meses de vida. Eles decidem não contar para ela a verdade e arranjam um casamento na China para que a família se reúna para se despedir e fazer com que os últimos dias de Nai Nai sejam felizes. Falando assim parece ser um filme super triste e pesado, mas na verdade é um filme leve, muito bem humorado e extremamente emocionante.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu sou da opinião que muitos serviços essenciais precisam retomar as atividades com urgência maior. Acredito que tudo depende do nível de contaminação e medidas de segurança adotadas nas cidades e regiões. Dependendo do contexto, não vejo problema de salas reabrirem antes da vacina, desde que a segurança da população local seja resguardada.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

A produção audiovisual brasileira tanto comercial quanto autoral possui grande qualidade e tem alcançado prestígio e notoriedade não apenas no Brasil como também pelo mundo. Produções recentes como Bacurau, A Vida Invisível, Aquarius e Minha Mãe É Uma Peça 3, mostram que com diferentes estilos (e mesmo frente a diversos riscos e adversidades) nosso cinema sobrevive com vigor.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Sônia Braga é uma grande referência para mim. Não perco nenhum filme dela!

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é como um sonho: você sente e aprende com uma história sem precisar vivenciá-la no mundo real.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não me lembro de uma história necessariamente inusitada, mas lembrei de uma fase minha nas salas de cinema...Quando eu era mais novo eu frequentava MUITO o cinema na cidade onde nasci e cresci: Divinópolis-MG. Sempre fui muito ligado a trailers e sempre queria saber das novidades dos filmes. Na época a internet pra mim era coisa somente de fim de semana e naqueeela velocidade! O projecionista do cinema já me conhecia e permitia que eu assistisse aos trailers e depois fosse embora das salas de cinema. Aí sempre que surgia uma novidade ele me avisava. Teve trailer que eu devo ter assistido dezenas de vezes. Foi um período especial =)

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Que pergunta inusitada kkkk Só tenho a dizer que “todos os pequeninos merecem proteção, alimentação, amor e paz”. (um dia ainda quero entender o significado daquele helicóptero no final hahaha)

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, mas acredito ser interessante por adicionar novos significados no olhar das lentes. A direção requer acima de tudo um olhar técnico, de um projeto.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Lanterna Verde (2011), filme que não fez sentido para mim. Eu dormi na sala de cinema...

 

17) Qual seu documentário preferido?

Pro Dia Nascer Feliz é um documentário brasileiro de 2005 que mexeu muito comigo. No documentário são apresentados os depoimentos de jovens e professores da rede pública e privada ao redor do Brasil. É um retrato duro sobre a situação da Educação no Brasil. O cenário mudou desde o seu lançamento, mas a desigualdade permanece.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Com toda a certeza!!! Que emoção ao terminar de assistir pela primeira vez O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Cidade dos Anjos, filme clássico e com uma linda canção de Goo Goo Dolls.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Leio muitos sites, mas sempre leio o Rotten Tomatoes e o Omelete.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #142 - Leonardo Ferlin


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Leonardo Ferlin tem 33 anos, administra o perfil Filmes & Filmes ( Instagram @filmesefilmes) e acha graça nos filmes do Adam Sandler.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui em São Paulo, minha sala preferida é o Petra Belas Artes. É um dos poucos redutos que ainda se importam com a qualidade da programação, exibindo filmes que não estão no circuito comercial e com uma curadoria bem interessante. Além de ser um cinema de rua, fora de um shopping ou centro comercial.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Eu lembro de ter ido, junto do meu pai, assistir 2001: Uma Odisséia no Espaço (não na época do lançamento, óbvio). Eu ainda era muito criança para entender o significado de tudo aquilo, devia ter 8 ou 9 anos de idade. Mas me recordo de como eu fiquei fascinado com o filme. Eu realmente achava que aquilo tudo estava sendo feito no espaço, e me perguntava como era possível. Acho que é minha primeira lembrança de ficar maravilhado com o cinema.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Putz...que pergunta difícil, hahaha. Eu tenho uma lista de diretores favoritos, que se revezam nas primeiras posições com o tempo. Hoje posso dizer que são Stanley Kubrick e Ingmar Bergman, e hoje, meus favoritos deles são: Paths Of Glory, do Kubrick e Autumn Sonata, do Bergman. Mas semana que vem pode tudo mudar, hahahaha.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil, do Walter Salles, definitivamente. Basicamente por ser a melhor atuação, da melhor atriz brasileira da história, que é a Fernanda Montenegro. Dou uma menção honrosa aqui para O Pagador de Promessas, filme de 1962 de Anselmo Duarte, único filme nacional a levar a Palma de Ouro em Cannes.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

 

Particularmente, não sou o maior fã da palavra "cinéfilo", muito porque ficou desgastada com o tempo e hoje em dia virou sinônimo de alguém chato e blasé, hahaha. Mas entendo que seja alguém extremamente identificado com o mundo cinematográfico. Não de uma maneira técnica, ou algo do tipo, você não precisa entender absolutamente nada de técnicas de cinema para ser um cinéfilo, apenas se identificar emocionalmente com tudo aquilo.

Se você entra em um cinema, abre um sorriso e se sente em casa, pronto, você é um cinéfilo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Muito pelo contrário. Acredito que as grandes redes de cinema são "tocadas" por gente formada em administração, economia e similares, que nem devem gostar tanto assim de filmes. Por isso os grandes estúdios mandam e desmandam nesse mercado, pois quem decide o que passa ou não está interessada unicamente em números, não em arte.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Duvido muito. Perguntam a mesma coisa dos jornais e da mídia física na música há décadas, e elas continuam aí, vivas e se reinventando. Acredito que o cinema vai mudar bastante ainda com o tempo, ainda mais agora na época da explosão dos streamings, mas acabar jamais.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou deixar um fácil de achar, pois tem na Netflix. O filme chama Shoplifters (ou Assunto de Família aqui no Brasil), filme japonês do diretor Hirokazu Kore-eda, que é um dos meus diretores favoritos, onde ele explora o tema "família" com uma maestria difícil de encontrar hoje em dia. Levou merecidamente a Palma de Ouro em Cannes em 2018. É um filmaço!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que não. É difícil fazer conta com o bolso dos outros né? Não sei como estão as contas dos cinemas menores, que não tem um grande investidor por trás, mas sei que é uma péssima ideia aglomerar pessoas dentro de uma sala completamente fechada durante uma pandemia. Eu, pelo menos, só voltarei a frequentar as salas de cinema após a vacina, por mais que eu sinta falta.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro, apesar de todas as dificuldades, sempre se virou bem, e hoje em dia não é muito diferente. Vivemos tempos terríveis para a cultura nacional, com a Cinemateca desmontada, a ANCINE na mão de gente da pior espécie e um ministro da cultura que não é nem digno de nota. Mesmo assim, temos ótimos diretores, ótimos atores e uma quantidade enorme de pessoas qualificadas nos bastidores. Com isso, temos filmes geniais lançados nos últimos anos, como Bacurau, A Vida Invisível, Inferninho, Azougue Nazaré, entre tantos outros, que fazem sucesso tanto aqui no Brasil quanto fora dele. Então, apesar de todos os esforços contra, o cinema brasileiro sobreviverá e continuará a nos dar ótimos filmes.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Tenho 3 artistas que acho que estão em outro patamar de atuação por aqui: Fernanda Montenegro, Sônia Braga e Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

"Cinema é um mundo onde você sempre quis estar, em uma tela gigante, por cerca de 2 horas".

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu já vi pedido de casamento em sala de cinema, já vi briga de gente dando spoiler, mas acho que o mais inusitado foi uma rede de TV que decidiu "invadir" a sala no meio do filme para gravar uma matéria. Imagine aquelas luzes todas na sua cara, durante uns bons minutos, e o filme rolando. Acabaram com o filme e ainda não deram um novo ingresso pra ninguém que estava lá....tenho raiva até hoje disso, hahahaha.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Como a Carla Perez não concorreu ao Oscar?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que não. Eu acho que, para ser um grande diretor, ou um grande roteirista, você precisar dominar a arte das emoções. Você precisa ser um exímio contador de histórias e saber jogar com as emoções do público. Óbvio que existem técnicas para isso, e um diretor com uma bagagem maior de cinema tende a se dar melhor nesse quesito, mas não acho que seja algo imperativo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa...tem muitos, hahahaha. Dos mais conhecidos, com certeza foi a saga Crepúsculo, todos eles. Aquele 365 Dni que estreou faz pouco tempo na Netflix é terrível também.

 

17) Qual seu documentário preferido?

 

Eu gosto muito de música, então tenho preferência por documentários musicais, e tenho dois em especial que são meus favoritos: Buena Vista Social Club, do mestre Wim Wenders, filme que deu origem ao supergrupo cubano, e Searching for Sugar Man, que conta uma das histórias mais fantásticas da história da música, sobre um cantor americano que fez um sucesso absurdo na África do Sul, vendendo milhões, e nunca soube disso.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Nunca, tenho vergonha...hahahaha.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Con Air. Sou completamente viciado em Con Air, do nível de saber todas as falas....é sério! E acho o Nicolas Cage um ator extremamente subestimado em Hollywood. Ele tem filmes fantásticos!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Nacional eu vejo muito o Cinema com Rapadura e o Omelete. Dos gringos eu vejo o Collider, o The Hollywood Reporter e o Deadline.

 

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