23/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #189 - Edryenne e Felippe


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossos entrevistados de hoje são cinéfilos, uma sergipana e um catarinense. Edryenne e Felippe formam um casal apaixonados pela arte do cinema e decidiram compartilhar suas análises e percepções sobre o que assistem em um perfil no Instagram com o jeitinho deles, o @dlseis.cinema. Além do amor pelo cinema, eles amam cachorríneos, gatíneos, fazer atividade física juntos e terem longas conversas sobre a existência.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

As salas do Cinemark no shopping Riomar, não existe um motivo muito especial para ser sincera, mas nós amamos filmes legendados e é apenas naquele shopping que as salas oferecem praticamente todos os filmes legendados, menos animações (infelizmente). Então, costumamos ir ao cinema de lá.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Edryenne: Madagascar.

Felippe: Blade Runner 2049.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Edryenne: Wes Anderson e The Darjeeling Limited.

Felippe: Denis Villeneuve e Os Suspeitos.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Edryenne: Bacurau, pois ele é um ponto fora da curva no cinema nacional (pelo pouquíssimo que o conheço, admito).

Felippe: Bacurau representa o Brasil através da sua temática, sempre explorando folclore brasileiro através de críticas sociais e fazendo homenagens aos mestres do cinema. O equilíbrio ideal entre arte, entretenimento e rebeldia.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Edryenne: É amar o cinema como uma expressão de algo de modo artístico, é sentir o que a obra te propõe e utilizá-la como ferramenta de análise para a sociedade.

Felippe: Uma pessoa que ama o cinema, alguém que sempre busca a diversão junto com a evolução e conhecimento para a melhor compreensão da sétima arte.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, acho que curadoria em grandes redes de exibidores ainda não existe.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Cremador de 1969, dirigido por Juraj Herz.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim, o cinema é, inegavelmente, uma indústria e a fonte de renda de milhões de pessoas, de maneira direta ou não. A questão é: vai ao cinema quem estiver disposto a assumir os riscos, enquanto não houver uma vacina.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Fora do mainstream acredito que estamos evoluindo cada vez mais, principalmente no cinema de gênero.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Murilo Benício, apesar de não ter visto todos os filmes dele.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema não é uma arte fria, é feita por e para pessoas com todas as suas afetações e histórias, ele é para ser compreendido com o calor puro e humano.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Acho que não vivemos nenhuma, tanto é que não consigo lembrar de algo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi, nunca verei.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

De acordo com o que respondi acima, sim, mas não acho que todos sejam. Por exemplo, o Tarantino claramente ama cinema, ama reverenciar grandes filmes, é basicamente uma grande metalinguagem, mas já vi entrevistas com Lynch e ele não costuma ver muitos filmes, ele parece ser muito centrado em seu próprio trabalho, mas isto não significa que ele não seja um cinéfilo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Escape from Tomorrow de 2013, dirigido por Randy Moore.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não consigo escolher um, não houve um marcante o suficiente para ganhar o título de preferido.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Palmas internas com certeza, mas para todos na sala, não.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Vamos pular esta?!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete.

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22/11/2020

Crítica do filme: 'Destruição Final: O Último Refúgio'


A sobrevivência humana nos fazem ter e ver atitudes nada agradáveis. Dirigido pelo cineasta Ric Roman Waugh (do competente Sem Perdão), com roteiro assinado por Chris Sparling, Destruição Final: O Último Refúgio, ou Greenland no original, é um filme que de certo modo surpreende por focar no drama e a ação ser somente um pretexto para uma análise sobre relações humanas. Óbvio que tem clichês (quase todo blockbuster tem) mas há uma força nas linhas do roteiro que se fortalecem dentro das escolhas dos personagens. Há um princípio de darwinismo bastante interessante para refletirmos.  


Na trama, conhecemos o engenheiro John (Gerard Butler) que está passando por uma grande dificuldade em seu casamento com Allison (Morena Baccarin). Eles tem um filho pequeno que já sofre de diabetes desde cedo. Certo dia, após saberem pelos meios de comunicação que um objeto vai se chocar com a Terra, eles recebem alertas nos celulares dizendo para irem até um abrigo próximo. Só que nada será fácil quando o planeta entra em colapso, principalmente com escolhas a lá Darwin de seus governantes.


O fato da escolha pelos arcos dentro do drama e esquecendo um pouco a ação da destruição do planeta faz o filme crescer muito na tela. Em todos os arcos conflitos são vistos. O protagonista John e uma pessoa amargurada que só pensa em reconquistar sua família após ter errado bastante principalmente com sua esposa. Esse conflito do casamento é levado por todo o filme entre uma queda de asteroide e outra. Falando um pouco da ação contida nesse, os efeitos especiais são muito legais, focam na interação dos personagens (a partir dele) a todo instante e suas reações.  

Outro ponto reflexivo é a escolha dos governos sobre quem merece ir até os abrigos já que não cabe todo o planeta neles. Isso gera uma revolta popular muito grande e embates de muitos tipos são colocados a nossa vitrine para uma análise até certo ponto profunda sobre nossa sociedade e nossos valores. Nesse ponto do projeto as leis da sobrevivência são colocadas em ação e vemos muitas cenas chocantes. Greenland é um projeto muito interessante sobre relações humanas disfarçado de filme caos planetário.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #188 - Kamila Azevedo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Natal. Kamila Azevedo é formada em Publicidade e Propaganda e Jornalismo, com especialização em Jornalismo e Crítica Cultural e Mestrado em Gestão da Informação e do Conhecimento. Nascida e criada em Natal, desde que se entende por gente gosta de – e se emociona com – ler, escutar música e assistir filmes. É fã de Audrey Hepburn, Edward Norton e Marcelo Camelo. Tem como filme – e livro – favoritos As Horas e seu vício cinematográfico é o filme Orgulho e Preconceito (que já perdeu as contas de quantas vezes assistiu). Acompanha com fervor o buzz em torno dos shows de premiações, especialmente o Oscar, e não se exime de publicar sempre as suas listas de palpites para aqueles que devem ser indicados ao prêmio mais importante da sétima arte.

 

Escreve sobre cinema, televisão, música, literatura, teatro e shows de premiações, no Cinéfila por Natureza e, agora, no AnotaFilmes, desde 05 de novembro de 2005. Estes espaços têm sido uma constante plataforma de aprendizado para a editora, que adora trocar opiniões e experiências com seus leitores sobre estes temas que tanto a fascinam. Os textos aqui publicados são de total responsabilidade da editora.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A que eu mais frequento são as salas do Cinépolis Natal Shopping, pois a programação costuma ser bastante variada, com preferência para as sessões legendadas. Além disso, eles também possuem uma sessão específica para os filmes de arte.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Tive essa sensação quando assisti, ainda criança, a Cinema Paradiso, numa pequena sala de cinema que ficava localizada na galeria de lojas de um hotel, em João Pessoa-PB. Fui com minhas irmãs e outras crianças, enquanto nossos pais saíam para se divertir na cidade. Enquanto eles ficavam conversando, eu fiquei vidrada na tela. rsrs

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Billy Wilder - Crepúsculo dos Deuses.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil, por todas as sensações que o filme me causou - e me causa - quando assisto.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo, para mim, é, pura e simplesmente, gostar de assistir filmes, independente do seu gênero, de sua nacionalidade, e dos louros envolvidos.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Entendo que o que predomina é a lógica do mercado na escolha das programações.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

De jeito nenhum. A magia de assistir a um filme na sala de cinema é insubstituível.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Outra História Americana, de Tony Kaye.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, pois as salas de cinema, como um ambiente fechado e climatizado, são vetores altamente potenciais da COVID-19.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que o que tem predominado é a tentativa de um diálogo maior com o público, com gêneros mais populares, como comédia. Porém, como acontece em toda indústria cinematográfica, existe espaço para todo tipo de produção e isso é muito válido. Acho que estamos, de degrau em degrau, alcançando uma maior qualidade e uma maior penetração mundial, com respaldo da crítica, inclusive.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça Filho e Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é uma forma de arte cuja principal função é nos ajudar a compreender o mundo em que vivemos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Vou contar uma que aconteceu comigo: assistindo a O Fantasma da Ópera numa sala de cinema, no Recife, me vi cantando alto a música principal, e sendo alvo de olhares não tão aprovadores. rsrsrs

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Como nunca assisti a esse filme, não posso defini-lo em poucas palavras. :)

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que um diretor de cinema precisa ser cinéfilo. Para mim, a qualidade principal de um diretor é a sensibilidade para contar a história.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Pergunta complicada... Mas eu diria que foi Serpentes a Bordo.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Nunca bati.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O que eu mais gosto é Cidade dos Anjos.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Leio muitos sites de críticas de cinema. Talvez, o meu favorito seja o Cinema e Argumento, do Matheus Pannebecker. Um crítico sensível e que consegue expressar muito bem o que os filmes que ele assiste representam para ele.

 

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21/11/2020

Crítica do filme: 'On the Rocks'


As verdades precisam ser contadas ou descobertas? Analisando um peculiar raio-x da desconfiança na cabeça de uma esposa que se sente afastada do marido, a cineasta Sofia Coppola (que escreve e dirige esse projeto) nos leva em bom ritmo a uma trama repleta de ótimos diálogos mesmo com um clima amargurado que percorre toda a trama. Entre um drink e outro pai e filha nos divertem com diálogos sobre casamentos, o mundo, traições, escolhas, atos machistas. Bill Murray e Rashida Jones nos brindam com ótimas atuações. As passagens dos arcos são lindas, metáforas de interseção entre a cidade e os problemas cotidianos entre quatro paredes.


Na trama, conhecemos Laura (Rashida Jones) uma escritora que está em uma péssima fase no seu trabalho e ainda começa a desconfiar da constante falta de tempo do seu marido Dean (Marlon Wayans). Nisso, surge seu pai Felix (Bill Murray) na história, um negociante de artes bem sucedido, sedutor, bom vivant, que acha ser o maior conhecedor sobre relacionamentos da face da terra. E assim, no vai e vém pelas principais ruas de uma nova Iorque que nunca dorme pai e filha tentarão descobrir se há segredos de Dean.


Uma pulga atrás da orelha é uma expressão que se encaixa na vida da protagonista. Em busca da própria aventura, Laura tenta a todo instante analisar cada variável da vida que leva e acaba entrando em constante pane emocional quando vestígios de mentiras aparecem em sua frente. Nessa hora que surge a figura do pai, de cara vemos uma relação pai e filha muito amistosa, resumindo é objetivo e deveras protetor por parte do mais velho. Caricato, porém, exalando carisma, o seu excêntrico Felix vira algo marcante na história, méritos do sempre hilário Bill Murray. Os ótimos diálogos não avançam muito em profundidade e a situação matrimonial ganha contornos de background em alguns momentos.

Mesmo não sendo perfeito, On the Rocks nos apresenta um drama disfarçado de comédia elegante com pitadas sobre um recorte do que acontece entre quatro paredes.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #187 - Dominick Abreu


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevista de hoje é cinéfila, de Belo Horizonte. Dominik Abreu é formada em Cinema pela Escola Livre de Cinema- ELC (2011-2012), especialista em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas (2017-2020) pela Escola de Belas Artes- EBA/ UFMG; Pós Graduada em Psicologia em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/MG (2015-2016) e Licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Educação-FaE/UEMG (2010-2014). Realizadora independente em Minas Gerais, além de idealizadora do coletivo de cinema independente Claquete de Giz fundado em 2016, o qual reúne artistas e demais profissionais do cinema independente com o intuito de realizar produções de qualidade que dêem visibilidade aos talentos do audiovisual mineiro.

 

 Seu primeiro trabalho como diretora foi o curta-metragem Erre H (2016) que narra a história de um jovem mineiro à procura de seu primeiro emprego. Realizou ainda o documentário Maletta: Sebos & Prosas (2019), uma compilação de entrevistas com livreiros de sebos do tradicional edifício mineiro Arcângelo Maletta. A realizadora ainda em 2019-2020 produziu e dirigiu os mini-curtas Sombras Lúdicas, Vento, Lácteo,Céu de pipa e Chama selecionados na categoria Tema Livre do Festival do Minuto.

 

Atualmente contribui com seus textos reflexivos e críticos sobre o universo da sétima arte para a página do Cenário B!

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Humberto Mauro, por manter a tradição do Cineclubismo e possuir uma programação diversificada que abrange desde o cinema clássico ao independente, além de valorizar a produção audiovisual mineira.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Jurassic Park (1993) de Steven Spielberg, ainda era uma criança e desde aquele dia o cinema passou a ser um lugar de fascínio para mim.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Alfred Hitchcock, O Homem que Sabia Demais (1956).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Vidas Secas (1963) do genial Nelson Pereira dos Santos, devido a sua excelência artística ao retratar de modo tocante a face cruel da desigualdade social e a resistência do homem sertanejo brasileiro que mesmo explorado ainda renova sua esperança na luta diária por uma existência digna.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo para mim é ter além de conhecimento um certo devotamento e respeito por essa arte completa e maravilhosa. É comprometer-se ao debate e propagação da sétima arte respeitando a subjetividade de cada espectador, é compreender o ato de assistir um filme não como mero entretenimento, mas como um momento de entrega, de deixar-se levar pela obra fílmica e suas histórias maravilhosas enquanto, como diz Woody Allen, “[...] a cortina feia da realidade não se levanta”.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim, os que freqüento sim.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Infelizmente no cenário atual isto é algo inevitável, devido ao domínio dos Streamings que trouxeram comodidade e praticidade aos espectadores e um novo modo de relaciona-se com o cinema. Soma-se a isso o fechamento cada vez mais crescente de salas de cinema acentuado recentemente pela pandemia do COVID-19,em Belo Horizonte algumas salas estão fechando ou fazendo um apelo para doações para não sucumbirem.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Aquiles e a Tartaruga (2008) de Takeshi Kitano.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Creio que sim, seguindo todos os protocolos corretamente e disponibilizando um número menor de ingressos para evitar aglomeração acredito que gradualmente é possível retomar.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Boa, o cinema nacional melhorou bastante e tem gente competente produzindo filmes de qualidade (com exceção dos filões) , mas ainda vemos o predomínio das saturadas comédias besteirol no circuito comercial e algumas produções de péssimo gosto nos Streamings, contudo nosso cinema atualmente já provou que não deixa a desejar para produções estrangeiras.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Walter Salles.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Deslumbramento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Certa vez em uma mostra de cinema uma senhora, frequentadora assídua da sala, dormiu durante toda a mostra a ponto de quem estava próximo, como eu , podia ouví-la roncando e até babando (ugh!).

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Grotesco.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Sim. Obviamente o fato de ser um ótimo cineasta não está condicionado a cinefilia, mas no meu ponto de vista é extremamente positivo e necessário um cineasta-cinéfilo, pois o conhecimento mais abrangente da arte cinematográfica enriquecerá suas histórias sendo notável ao espectador cinéfilo a diferença entre filmes dirigidos por diretores ‘comuns’ e os que possuem além de um conhecimento amplo acerca da sétima arte uma relação afetiva com o cinema, nota-se uma identidade destes cineastas em suas escolhas estéticas e técnicas presente em cada filme, diferenciando-os dos demais.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Mapa para as Estrelas (2014) de David Cronenberg.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Boca de Lixo (1992) do maravilhoso e saudoso Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Arizona Nunca Mais (1987) de Ethan Coen e Joel Coen.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Plano Crítico.

 

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20/11/2020

Crítica do filme: 'Mulheres ao Poder'


Uma luta pelos direitos não é somente diária, semanal, mensal...é pra toda a vida. Dirigido pela cineasta britânica Philippa Lowthorpe e baseado em uma obra de Rebecca Frayn,  Misbehaviour é um filme, antes de tudo atemporal, que mostra a luta de movimentos feministas e suas ações de revolta contra o concurso Miss Mundo na década de 70. Acompanhamos essa trajetória pela a ótica de Sally (Keira Knightley) uma estudante de história que sofre demais por não conseguir ter os mesmos direitos que os homens na sua profissão. O longa-metragem abre margem para vários paralelos importantes, bastante reflexivo joga na cara dos machistas todo o absurdo sobre a diminuição das mulheres. Destaque para ótimas atuações de Keira Knightley, Rhys Ifans e Greg Kinnear.


Na trama, conhecemos Sally (Keira Knightley), uma jovem mãe de uma criança, divorciada que busca uma pós-graduação em História em consagrados centros de estudos mas sofre bastante preconceito a todo instante por ser mulher. Certo dia, acaba esbarrando com Jo (Jessie Buckley) uma ativista feminina que usa dos protestos com pichações e passeatas para poder reinvindicar o papel feminino mais preponderante e de direitos iguais aos homens. Com a chegada do concurso Miss Mundo 1970, o grupo de Jo e Sally resolve organizar um protesto contra o concurso, algo que ficou marcado na história.


O roteiro é muito bem construído, com arcos harmônicos sempre deixando portas interessantes para acompanharmos os futuros passos de uma protagonista em constante descoberta sobre como pode se expressar melhor e lutar pelos seus direitos. O ponto de vista das concorrentes do Miss Mundo também ganham ótimas cenas, a questão racial e o emblemático pódio do concurso. O machismo é mostrado bem didaticamente em muitas cenas e nas atitudes dos personagens Bob Hope (Greg Kinnear) e Eric Morley (Rhys Ifans), o primeiro um famoso apresentador da época, o segundo o criador do Miss Mundo.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #186 - Karen Linhares


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Karen Linhares tem 29 anos e sempre amou cinema desde pequena. A sétima arte ganhou seu coração e Rubens Ewald Filho ajudou muito com esse seu amor pelo cinema. Criou a página Lokah dos Filmes (Instagram @lokahdosfilmes), porque muitos amigos sempre lhe pediam dicas e listas de filmes ou séries para assistirem. Então hoje divide seu tempo entre sua empresa e a página, se dedica em fazer as artes e passar as dicas com muito bom humor.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui no Rio de Janeiro o que não falta é cinema, mas tenho um apego, um carinho muito grande pela rede UCI Cinemas, principalmente pela sala Xplus. O motivo de tanto afeto por uma rede tão grande de cinema é a qualidade no atendimento, sempre fui bem recebida e muito bem atendida, vou tantas vezes que já conheço as pessoas que trabalham lá.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

X-Men 2, eu tinha uns 12 anos. Me sentei bem próxima as caixas de som e quando o X-Jet levantou vôo, aquele som, aquele momento, me senti dentro do filme e percebi que cinema era um lugar único.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Sem dúvida Quentin Tarantino, meu filme favorito dele é Django Livre.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida. Eu lembro de assistir a série quando foi exibida pela primeira vez na Globo, depois comprei o box com filme e série. E gosto muito do Selton Mello.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser uma pessoa que enxerga aquele filme além de mais um filme. Consegue ver a mensagem passada além da sinopse, é a pessoa que pesquisa e lê tudo antes de ir a estreia e mesmo se o filme for ruim, leva em conta que todo filme merece ser visto.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Na verdade, eu acredito que tem programação feita para todos e de todos os gostos.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu espero que não, é um lugar que pra mim é como um segundo lar e na pandemia eu descobri que amo e respeito o cinema como um templo.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Maldição da Casa Winchester, estrelado pela brilhante Helen Mirren.

 

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Com protocolos de segurança adequados sim.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Mudou muito dos anos 90/00 pra cá, né? Vejo que os grandes sucessos de bilheteria ainda são as comédias, mas temos bons filmes biográficos e dramas excelentes.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Giovanna Antonelli, já atuou em filme de comédia e drama, ela é incrível.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Meu segundo lar que eu respeito como um templo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Durante o filme It - Capítulo 2. Eu fui com meu marido na estreia e ganhei uma bola vermelha igual a do Pennywise.  Sentou um casal na nossa frente que também tinha a tal bola. Em um certo momento do filme, desceu um senhorzinho lá de cima da última fileira, só que ele desceu as escadas igual a velhinha do filme, isso me deixou atenta a ele, no filme estava rolando uma música tensa, do nada a moça da frente mexeu a bola que ela ganhou e eu tive a sensação de estar no filme, cheguei a suar frio na hora achando Pennywise poderia aparecer a qualquer momento. Kkkkkkk.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Obrigada Cinderela Baiana, hoje temos Lázaro Ramos.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não, pelo menos eu acho que não. Porque pode ser que acabe influenciado pela técnica ou visão de outros, e o que eu gosto é a forma única da visão de cada diretor.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A Noiva, filme Russo disponível na Netflix.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não sou de ver documentários.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já, Bohemian Rhapsody e Joker.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

60 segundos. 

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete e Minha série.

 

 

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Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #186 - Karen Linhares

19/11/2020

Crítica do filme: 'Charter'


Se tivesse que escolher, você ficaria com sua mãe ou seu pai? Indicado da Suécia ao próximo Oscar na categoria Melhor Filme Estrangeiro, Charter, escrito e dirigido pela cineasta sueca de 34 anos Amanda Kernell, possui um arrepiante abre alas, um diálogo no escuro que diz muito sobre sentimentos dúvidas/incertezas que veremos ao longo dos intensos 94 minutos de projeção. No início tudo é muito misterioso, aos poucos vamos descobrindo as verdades e alguns porquês (nem todos) sobre como todos os personagens foram parar ali naquela situação complexa que envolve guarda das crianças, a polícia, assistentes sociais, e uma mãe em fuga com os próprios filhos. Um drama profundo, muito bem dirigido. A atuação de Ane Dahl Torp é uma das melhores dos últimos anos quando pensamos em filmes europeus.


Na trama, conhecemos Alice (Ane Dahl Torp) uma mulher que precisou se distanciar dos dois filhos, Elina (Tintin Poggats Sarri) e Vincent (Troy Lundkvist) por alguns meses esperando sair a decisão sobre a custódia das crianças. Mas certo dia, Vicent liga para mãe no meio da noite e isso faz com que ela volte correndo para o lugar onde seus filhos vivem e acaba sequestrando as crianças com destino às ilhas canárias. Mas o pai das crianças, o indecifrável Mattis (Sverrir Gudnason) não deixará barato e aciona a polícia em busca do paradeiro deles.


O roteiro bate na tecla ‘Peso na consciência’ constantemente. Há uma mágoa imensa dos filhos para com a mãe deles. Por conta de escolhas do passado, isso fica evidente com mais clareza quando analisamos as atitudes pela ótica da filha Elina. Mas as demonstrações de arrependimento os une, quando o espírito materno grita, atitudes desesperadas e impulsivas se jogam na tela gerando uma fuga para redescobertas e um entrelinhado pedido de desculpas embutido em cada atitude simpática vindo dessa mãe que se distanciou mas voltou.  Charter é uma poderosa Fita nórdica que fala sobre assuntos importantes que acontecem diariamente no mundo, principalmente quando envolve filhos, pais e separação.

 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #185 - Fátima Palmieri


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevista de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Fátima Palmieri é fisioterapeuta, professora universitária de Neurociências, com especialização em Neurologia Pediátrica em Londres e Paris.  Estudiosa das obras de Fellini e do cinema italiano. Fã do cinema iraniano, dinamarquês e holandês. Atualmente, Ricardo Darin e Isabelle Huppert são seus atores favoritos.

 

Obs: querida amiga professora. Que saudades tenho de nossos papos cinéfilos na frente do Joia, quando o mundo ainda estava longe desse colapso louco fruto da pandemia. A sra. é muito especial e uma grande cinéfila, espero um dia reencontrá-la para tomarmos um café e falarmos dessa arte que tanto amamos.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Joia, é claro. A programação é muito boa e há um lado sentimental que me liga a esta sala; gosto também dos cinemas do NetRio.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Vou ao cinema e ganho livros desde menina. Meu pai me levava às sessões passatempo do Capitólio, na Cinelândia e ao Cineac (sou uma senhora idosa); eu esperava, ansiosamente pelos domingos. Acho que foi nesta época que comecei a amar livros e filmes

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

São 2: Lars Von Trier e Tim Burton; Dogville - Edward Mãos de Tesoura (gosto muito também de Os Fantasmas se Divertem e Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas). Gostaria de citar também os mexicanos (Labirinto do Fauno e A Forma da Água são excelentes).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São vários, mas posso destacar Macunaima e Bye, Bye, Brasil. A direção é ótima, os atores são de primeira linha.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Cinema é arte e ser cinéfilo é amar a arte.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Frequento cinemas ditos de arte; sendo assim, acredito que a que programação é feita por pessoas que entendem o que estão fazendo. Não se esqueça que não sou crítica, sou apenas uma apaixonada pela sétima arte.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não creio.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Labirinto do Fauno.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Dúvida cruel; acho que tomados os devidos cuidados, podem reabrir; o problema é o público mal educado.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Já foi melhor; há grandes filmes e outros que chegam às raias da mediocridade.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gostava muito de ver Paulo José, nos filmes de Joaquim Pedro, José Wilker e Dina Sfat (maravilhosa); hoje, vou mais pelo diretor.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é arte e arte é vida.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não foi bem na sala do cinema; foi à entrada do Cine Paissandu, primeira sessão, hall cheio e público se aglomerando para assistir A Classe Operária vai ao Paraíso, com o primoroso Gian Maria Volonté. Ao término, fomos surpreendidos com a retirada do filme de cartaz. Era época da ditadura e ele havia sido considerado subversivo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não posso opinar, não assisti.

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não; acho que é preciso sim, ter sensibilidade.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Para mim, Apocalipse Now. Odeio este filme.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #184 - Marcelo Milici


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Santo André (SP). Marcelo Milici é formado em Letras, com especialização no Horror Gótico nas Literaturas Inglesa e Americana, fundou em 2001 o site Boca do Inferno, uma referência do gênero no Brasil. Já palestrou sobre o gênero, foi jurado de inúmeros festivais fantásticos, e entrevistado por redes de televisão e jornais. Possui publicações em diversas antologias, como Terra Morta – Relatos de Sobrevivência a um Apocalipse Zumbi, Arquivos do Mal, Galáxias Ocultas, A Hora Morta III – Vol. 2 e Insanidade, além de ser um dos autores da obra Medo de Palhaço.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade, o Cinemark do Shopping Atrium. Mas, não é a minha sala favorita. A que eu mais frequento fica no Park Shopping São Caetano.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

De Volta para o Futuro, na década de 80, com meu pai. Especial porque eu senti todo o clima do público, diante de uma produção incrível cheia de reviravoltas e emoção. Experiência única!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Varia muito, até porque não vejo um diretor como impecável, mas obras, sim. Mantenho a minha opção clássica, embora já tenha surgido outras boas opções: Pulp Fiction, do Quentin Tarantino.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

A Meia-Noite Encarnarei no Teu Cadáver, de José Mojica Marins. É o filme que me introduziu ao cinema de horror nacional, e tem as qualidades que eu viria admirar no gênero, como fotografia, direção, trilha sonora e, principalmente, roteiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É se encantar com as telonas ao ponto de conferir uma produção mais de uma vez para apreciar todas as suas qualidades. É não se importar com nada mais além do filme, quando estiver disposto a assisti-lo. É tornar cada sessão, seja de cinema ou até mesmo em casa, como um momento de respeito e dedicação, atentando-se a detalhes com admiração e satisfação.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, até porque a grande maioria das produções que chega aos cinemas - eu me refiro aos populares, como os de shopping - vem de um mesmo circuito, ignorando boa parte do que vem de outros países e que também mereciam uma oportunidade. Há salas que são feitas para cinéfilos, com produções variadas e distantes dos padrões, mas são pouco aproveitadas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

De jeito algum. Há cineastas que dizem o streaming está destruindo o cinema, e eu discordo. Jamais substituiria o conforto e a grandiosidade de uma tela de cinema por uma opção caseira.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Fácil de Enterrar, 2001. Teve somente passagem pelos cinemas na Mostra BR em 2001. É um filme de terror com apenas três falas, mas com um enredo bem agressivo.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Nem as salas de cinema, nem os shoppings, os bares. Nada.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Cada vez mais interessante, com opções voltadas para o gênero fantástico e o horror!

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gabriela Amaral.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um deleite visual de imagens e movimentos, uma válvula de escape da realidade e um convite a universos distintos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando fui ver o longa Mar Aberto nos cinemas, consciente do que iria encontrar, acabei por confrontar uma situação curiosa. O filme traz um casal de mergulhadores perdidos no mar aberto, envolto de tubarões e tempestades, sem poder tocar os pés no chão. Ao terminar a sessão, um senhor se levantou e esbravejou de que se tratava de uma propaganda enganosa. Ele apontava o indicador para baixo e falava repetidas vezes que havia sido enganado. Perguntei a ele de maneira educada o que ele esperava de um filme chamado Mar Aberto. Talvez a história de Moisés? Ele me xingou e foi embora.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Patético, uma vergonha para a produção nacional.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Precisa conhecer cinema para trabalhar com ele. Acredito que não se pode basear apenas em estudos e trechos de obras, é preciso experimentar o cinema das mais variadas formas.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Há muitos, mas House of the Dead, adaptação do famoso game, é uma afronta ao bom gosto.

 

17) Qual seu documentário preferido?

This is Spinal Tap.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?   

Somente fiz isso em pré-estreias no Festival do Boca do Inferno, com a presença do diretor. Não faria numa sala de cinema qualquer, sem a presença de algum envolvido.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Selvagem da Motocicleta, de Francis Ford Coppola.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O meu, bocadoinferno.com.br :-)

 

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18/11/2020

Crítica do filme: 'Caminhos Violentos'


Violência gera violência. Explorando uma relação explosiva entre pai e filho, o cineasta nova iorquino James Foley nos apresenta um longa-metragem repleto de questões que envolvem principalmente questões familiares e a falta de uma maturidade em um início de uma fase adulta conturbada, sem muitas referências. Somos testemunhas de caminhos inconsequentes, violentos em uma primavera de 1978 no interior da Pensilvânia. Vale o destaque também para a trilha sonora, com direito a canção Live to Tell da Madonna. Destaques para as atuações de Christopher Walken e Sean Penn.


Na trama, conhecemos Brad Jr. (Sean Penn), um jovem que trabalha com um bico pouco rentável e vive com a mãe, a avó e o irmão em uma simples casa na Pensilvânia. Brad Jr. se apaixona por Terry (Mary Stuart Masterson) com quem deseja fugir da cidade e ter uma nova vida. Mas, ao mesmo tempo, Brad tem em sua vida novamente o seu pai, o bandido Brad Sr. (Christopher Walken) com que começa a ter uma reaproximação que culminará em um desfecho tenso, frio e sangrento.  


Baseado em fatos reais, At Close Range, no original, possui um roteiro bem desenvolvido, assinado por Nicholas Kazan. As verdades da vida são colocadas todas expostas, nem toda trama tem um final feliz, como muitas trajetórias inconsequentes e/ou perdidas do lado de cá da telona. O foco é total na relação complicada entre pai e filho, uma verdadeira luta entre a imaturidade e o pensar sem escrúpulos. Toda a trajetória é violenta, desde o abandono da ex-esposa e dos filhos até a maneira como lida com isso e os inconsequentes atos que se seguem. Um filme marcante, com cenas fortes que apresentam ao público uma história chocante, indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #183 - Danilo Morales


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São José dos Campos (SP). Danilo Morales é Jornalista, Autor e Cineasta com filmes de curta, média e longa metragem. Muitos deles rodaram festivais nacionais e internacionais. É também o responsável pela Psíquico Produções e o criador do Festival POE de Cinema Fantástico de São Jose dos Campos-SP.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em São Jose dos Campos-SP a minha rede preferida é o Cinemark.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que vi, ainda em vhs, e que me marcou foi Keoma com Franco Nero. Esse western me fez gostar de cinema, com uma trilha sonora fantástica!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

O Exorcista - William Friedkin.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus - Com uma edição impecável e uma realidade crua e desnudada, o filme te arrasta para dentro do seu universo, com personagens fortes e marcantes como Zé Pequeno.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é respirar o universo do cinema, é permitir que essa arte nos guie durante toda uma vida.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Se entendem eu não sei, mas o que predomina são os filmes blockbuster. Eles atendem uma cultura, se a maioria dos clientes preferem esses tipos de filmes, é isso o que vão oferecer. Uma mudança da cultura e do bom gosto dos espectadores refletiria nas telas de cinema.

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Podem acabar se não se inovar. Na verdade quem vai ao cinema, busca uma interação social, o que não tem em grande escala dentro de sua casa. Ir ao cinema é um evento, mas não devem subestimar a força e o poder do streaming, que veio para ficar. Por esse motivo devem estar sempre se reinventando.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Tenho que indicar o filme que me levou ao mundo do cinema. Keoma. Esse filme tem um poder imagético poderoso, e as novas gerações praticamente desconhecem essa obra prima.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que devem reabrir, como já reabriram aqui na minha cidade, seguindo os protocolos de segurança e distanciamento, e as diretrizes da OMS.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema Brasileiro está em expansão, com uma qualidade que não fica em nada devendo ao exterior. O cinema independente também ganhou sua força com o advento do hd, e da multiplicação dos canais de streaming e a força potente da internet. Só tem a crescer, e o público está mudando o conceito e preconceito com obras nacionais, a cada dia tem maior aceitação de público.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Tenho acompanhado todos os filmes do Dennison Ramalho e Rodrigo Aragão. Já que curto o cinema fantástico.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é um espelho para imersão em novos e desconhecidos mundos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Meu filho não tinha idade para assistir o filme do Batman- O Cavalheiro das Trevas. Ele estava doente, e tinha ganhado alta do hospital. Estava tão empolgado que foi assistir usando uma capa e máscara do batman. Chegando lá não pode entrar mesmo com o acompanhamento do pai ao lado autorizando. Mas promessa é dívida, então eu comprei um ingresso para assistir Wall-E, e entrei na sessão do Batman. Quando acabaram os trailers todas as luzes do cinema se acenderam, já estava preparado para ser retirado da sala pelo lanterninha. Mas depois apagou de novo. (Uma falha técnica?), e como sabem, a experiência em assistir esse filme só poderia ser fantástica!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti esse clássico, mas como curto uma podreira, pode até ser que me divirta.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Para dirigir um filme o cineasta precisa amar o que faz. Vejo pessoas dirigindo filmes de terror, que não assistem filmes de terror. Isso é uma heresia. Não precisa ser cinéfilo, mas tem que ter bagagem cultural, e isso no mundo do cinema se adquire assistindo filmes com olhar critico.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vi muito filme ruim, mas nenhum que tenha esse lugar de destaque na minha mente. Até porque, quando é muito ruim, fica bom.

 

17) Qual seu documentário preferido?

In Search of Darkness - Dirigido por David A. Weiner vale uma menção, um ótimo compilado dos filmes de terror da década de 80.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

A Bruxa – 2006 -  do Robert Eggers - A sala inteira bateu palmas para aquela epifania maravilhosa.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face melhor filme - Leaving Las Vegas - melhor atuação – Mandy - Filme que mais me identifico.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Getro e Omelete.

 

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17/11/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #182 - André Sobreiro


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, paulista. André Sobreiro é um jornalista que não se intitula cinéfilo, mas um apaixonado pela magia que uma sala escura proporciona na vida das pessoas. É o criador e editor chefe do portal Salada de Cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Espaço Unibanco de Cinema da Rua Augusta. Primeiro por adorar cinema de rua, segundo que sempre tem um filme bom passando. As chances de ir até lá, escolher um filme aleatoriamente e sair surpreendido são enormes.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Fácil: De Volta para o Futuro. Foi a primeira vez que um filme conseguiu me transportar para um outro mundo e isso, para mim, é algo fundamental: o mergulho, a imersão.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Aqui minha emoção fala mais alto: mesmo não sendo meu filme favorito da vida, A Lista de Schindler do Steven Spielberg, para mim, é ele no seu auge, com uma verdadeira obra-prima. E Spielberg é um gênio de criar mundos.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida, sem dúvida. Acho uma adaptação muito respeitosa a uma obra que é a cara do povo brasileiro com elenco muito afiado e entrosado. Não consigo não me divertir vendo.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Vamos ao oposto: para mim ser cinéfilo é não ser enciclopédico, pedante, ser aquela pessoa que por saber um monte de dado se acha superior. Cinéfilo é quem se permite ir na magia, no mergulho da obra e que sabe trocar sobre o filme. Ouvir opiniões distintas, conversar sobre e ter paixão por aquilo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Certamente que não. É sobre bilheteria. Inclusive em salas ditas artísticas, vale destacar.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não, mas vão se ressignificar. O blockbuster vai ganhar outros caminhos e as salas precisarão se reinventar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Corra Lola, Corra. Se não assistiu, vai atrás que é um primor.

 

9)  Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim. Protocolos de segurança existem, são rígidos e, sendo respeitados, são bastante seguros.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Plural. Temos filmes geniais de enorme bilheteria e pouco vistos. Temos filmes ruins de enorme bilheteria e pouco vistos. Isso é muito importante. Cinema não é sobre elite, é sobre diversidade. Quanto mais filme feito, bons e ruins, blockbusters e cults, melhor.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Matheus Nachtergaele. O cara é genial. E a Karine Teles.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A possibilidade de viajar em vidas e histórias sentado em uma cadeira. Uma máquina de sonhos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Nossa, já vi brigas, choros, discussões, de tudo. Mas o mais inusitado, para mim, é um espaço no centro de São Paulo, o Cine Matilha, que permite levar pets. Sempre tem um cachorro na sessão, acho tão aconchegante.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Uma porcaria deliciosa.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Jamais. Um diretor de cinema tem que gostar de cinema. Isso basta.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Honestamente? Não sei. Tenho um dom incrível de apagar isso da memória.

 

17) Qual seu documentário preferido?

São Paulo em Hi-Fi. Um trabalho primoroso sobre a noite LGBT Paulistana.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já. Mas era em evento, com equipe presente, então era mais sobre as pessoas.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O não visto filme do Superman.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Além do meu Salada de Cinema, claro, leio muito sites gringos. CBM, Hollywood Reporter, EW, por aí vamos.

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Crítica do filme: 'Kadaver'


Existe limite para a sobrevivência? Como faço para parar minha imaginação? Disponível no catálogo da Netflix, Kadaver, escrito e dirigido pelo cineasta Jarand Herdal (em seu primeiro longa-metragem) é um filme que possui confusos jogos de cena contidos em um paradoxo sobre a sobrevivência e a moral. Há um clima de tensão, o espectador é levado até perguntas sobre o que diabos é aquilo ali que está vendo, mas só isso. Muito corrido, o roteiro peca pela falta de contexto. De positivo, podemos explorar o caminho de que distopias nos fazem entender melhor sobre relações sociais dentro do ‘normal’ onde vivemos.


Na trama, conhecemos Leonora (Gitte Witt) e Jacob (Thomas Gullestad), um casal que vive com sua filha pequena Alice em um mundo pós alguma coisa de ruim que deixou o planeta destruído e seus habitantes, sobreviventes, lutando diariamente por comida. Certo dia, descobrem um anfitrião com recursos que está encenando uma peça de teatro dentro de um luxuoso hotel e dando comida de graça por um preço simbólico. Chegando até lá, o casal se depara com situações que não sabem se são reais ou encenadas.


Fazer pensar pela originalidade não basta, é preciso ter mais ferramentas e conteúdo para atrair a atenção do espectador. Tempos assustadores (não explicados), perda, esperança, angústia, esses são elementos emocionais que nos levam a buscar um entendimento do que aconteceu e os sentidos morais que se colocam os assustados protagonistas. O show não é no palco, não há filas, o anfitrião Mathias (Thorbjørn Harr) é um eminente vilão que faz o que faz não pela situação do mundo mas pela sua própria, o que nos leva a raciocinar sobre o egocentrismo que mexe bastante as peças nesse tabuleiro confuso que tenta emplacar a cada cena uma ideia e nos fazem ter em mente sempre a mesma pergunta: Todas as verdades chegam em forma de mentiras?

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16/11/2020

Crítica do filme: 'Kajillionaire'


O que acontece quando você joga um baralho completo na mesa? Você tem a intenção de catar ou deixar tudo como está? Escrito e dirigido pela cineasta Miranda July, em seu terceiro longa-metragem na direção, Kajillionaire é, antes de mais nada, um grande desafio para o espectador. Pode funcionar para alguns, outros irão achar maçante. Contando a estranheza em forma de conflitos sociais, tendo como manequim nessa vitrine de experimento existencial uma família desajustada, o projeto desafio o espectador a encontrar sentido nas peculiaridades que deixam migalhas de tons reflexivos, onde, a cada vez que pensamos mais sobre, podemos encontrar caminhos e saídas para explicações existenciais bastante profundas. Esse não é um filme fácil é preciso um grande mergulho em uma piscina cheia de almas em busca de algum conforto sobre o futuro.


Na trama, conhecemos a família quase sem teto Robert (Richard Jenkins), Theresa (Debra Winger) e Old Dolio (Evan Rachel Wood) que vivem de pequenas falcatruas ensaiadas de maneira amadora em busca de sobrevivência. A jovem Old Dolio, aprendeu a fraudar antes mesmo de ler e escrever, é a cabeça dos planos e estratégias. Mas tudo muda com a chegada de Melanie (Gina Rodriguez), uma outra trambiqueira que se junta ao trio e a partir disso muitas mudanças podem ocorrer no caminho de todos os personagens. No fundo, o filme é uma vitrine para refletir sobre a solidão de almas completamente perdidas em um contexto pra lá de inusitado.


Não há muito na superfície, quase tudo está na grande profundidade que o roteiro consegue doar aos seus personagens. Na superfície apenas um relacionamento complicado de terríveis pais e uma filha com outros sonhos sem ser roubar que só despertam mais fortemente quando Melanie chega. O exercício proposto por July é o de tentarmos entender entrelinhas dentro de um contexto norte-americano atual. É um grande estudo sobre nômades do contraponto, ou quase isso, já que, provavelmente, estão em algum dado estatístico perto do não ter nada e ter algumas migalhas dentro de uma país conhecido como uma vasta terra de oportunidades mas que muita gente não consegue nem ao menos sobreviver ao caos do cotidiano e vivem da maneira que podem: invadindo casas, roubando encomendas dos correios, enrolando o dono do lugar onde moram. Há uma originalidade mas que não entrega muito sentido, serve o paralelo que consigamos traçar.

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