20/01/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #251 - Brenda Jobim


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Brenda Jobim tem 25 anos. É gaúcha de Porto Alegre, mas atualmente mora no Rio de Janeiro (mais ou menos 5 anos). Está se formando em Cinema. Criou o Cinema & Café (no Instagram @cinemaecafe) recentemente, para poder se expressar mais sobre este universo que é extremamente apaixonada. Gosta muito de trazer conteúdos diferentes, principalmente sobre o Cinema Brasileiro. Trabalha como social media e edição de vídeos e quer que o Cinema & Café se torne o seu trabalho futuramente.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade as melhores salas são da UCI CINEMAS pois sempre saem os melhores lançamentos e tem um preço justo para os estudantes. Gosto muito do espaço Itaú de Cinemas, sempre traz filmes brasileiros que talvez não teriam espaço em um Cinema maior.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Foi quando assisti Dois Filhos de Francisco com meus avós, eu tinha 9 anos e fiquei impactada com tudo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito atualmente é o Kleber Mendonça Filho e o meu filme favorito é Bacurau.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Difícil falar só um mas vou falar que no momento é Casa Grande porque me fez refletir muito sobre as classes sociais do Brasil.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É você ser apaixonado por este mundo do cinema, é você vibrar quando chega algum filme novo, é você compartilhar filmes que você assistiu e amou. Ser cinéfilo é amar cinema com todas as forças <3

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Que legal, não sabia desta informação.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que com o poder dos streamings, elas irão se tornar cada vez mais raras mas não ao ponto de acabar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Elena da Petra Costa, é um filme comovente e muito tocante! Acredito que poucas pessoas viram.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Alguns lugares já abriram, mas acho que foi um pouco precoce. Com certeza é melhor esperar a vacina.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu sou muito fã de cinema brasileiro e sinto que os filmes mais "cults" estão ganhando cada vez mais seu devido espaço. Acho que temos filmes ótimos, com qualidades impecáveis.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Sônia Braga.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O lugar onde o coração fica quentinho e a mente refletindo sobre a vida.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando fui assistir Era Uma Vez Em Hollywood teve gente que saiu no meio e teve gente que aplaudiu o filme em pé.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Ainda não assisti, mas agora vou ter que ver. :)

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Eu sou estudante de cinema e posso dizer que para algumas referências é importante você ter um leque de filmes que você se inspira, mas não necessariamente um cinéfilo. O que eu acho difícil é um cineasta não ser um cinéfilo antes de tudo, porque a paixão dele tem que vir de algum lugar.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Calmaria, não gostei mesmo.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Democracia em Vertigem.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já sim, em Bacurau.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Presságio.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete.

 

 

 

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #251 - Brenda Jobim

19/01/2021

Um Filme em 30 Segundos - #2 Rodrigo Fonseca


Esse é o nosso novo projeto: UM FILME EM 30 SEGUNDOS. Onde cinéfilos e cinéfilas enviarão uma dica de filme e sua justificativa em 30 segundos. :)

.
.
Nosso convidado número #2 é jornalista, crítico de cinema e uma verdadeira enciclopédia cinematográfica, o querido Fonsa Rodrigo Fonseca .
.
.
#umfilmeem30segundos #cinema #guiadocinefilo


















Continue lendo... Um Filme em 30 Segundos - #2 Rodrigo Fonseca
,

Crítica do filme: 'Uma Noite em Miami...'


Dirigido pela atriz e cineasta, ganhadora do Oscar, Regina King, Uma Noite em Miami... produzido e já no catálogo da Amazon, é um filme que fala sobre amizade, direitos humanos, causas sociais e que gera uma grande reflexão sobre como era os Estados Unidos e o mundo no meio da década de 60 em relação a desigualdades sociais, religião e preconceitos que ainda existem até hoje. Em um inusitado e ficcional encontro entre quatro amigos, negros, famosos entendemos escolhas marcantes na história norte-americana. Baseado na peça de teatro de Kemp Powers, que também assina o roteiro da produção. O longa-metragem, com chances em algumas categorias do próximo Oscar, foi selecionado para o Festival de Cinema de Veneza do ano passado, sendo o primeiro filme dirigido por uma mulher afro-americana a ser selecionado na história do festival.


A trama é ambientada em meados da década de 60, mais precisamente na noite onde o grande pugilista norte-americano Cassius Clay (Eli Goree), depois Muhammad Ali, venceu Sonny Liston e conquistou o título mundial de campeão dos pesos pesados. Naquele mesmo dia, para comemorar, Cassius fora se encontrar com os amigos de longa data: o cantor Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), o ativista Malcom X (Kingsley Ben-Adir) e a estrela do futebol americano na época Jim Brown (Aldis Hodge) em um quarto de hotel em Miami. Nesse encontro, longos debates sobre causas sociais, ativismo político e a importância deles para mudanças futuras nos direitos iguais para os negros.


Diálogos acalorados, questões religiosas, sucessão de argumentos conforme sentimento vivido até ali, linha tênue entre amizade e imposição de convencimento, tudo isso acontece entre os quatro personagens em um quarto de hotel. Os rumos e conclusões dessas trocas de ideias seriam fundamentais para a consolidação do pensar no movimento negro nos Estados Unidos, já que os quatro eram negros de grande sucesso e exposição nas suas respectivas carreiras. Regina King, que antes desse já dirigiu um documentário e alguns episódios de séries como: This is Us, The Good Doctor e Scandal, consegue muito sucesso em transmitir as ideias dessas brilhantes mentes que foram fundamentais na luta constante pelos direitos iguais. As argumentações se tornam uma grande aula de história para todos que não conheciam ou por algum motivo nunca pararam para pensar o quão caótico era (ainda é!) a questão do preconceito na maior super potência do planeta.


O desfecho ao som de A Change is Gonna Come, na voz do ator Leslie Odom Jr. (ganhador do Tony por sua atuação magistral no musical Hamilton) é a cereja do bolo. Uma música que diz muito sobre o que conversam os quatro amigos. Tem sido um longo, um longo tempo para chegar, mas quem sabe algum dia...a mudança está chegando.

 

Continue lendo... Crítica do filme: 'Uma Noite em Miami...'

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #250 - Adriana Jales


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevista de hoje é cinéfila, de Fortaleza (Ceará). Adriana Jales tem 33 anos, formada em Gestão de RH. Ama filmes desde o ruim ao magnífico. Não tem formação em cinema, jornalismo, artes, enfim, nada que possa dizer que tenha respaldos, tem somente suas experiências assistindo filmes e séries. Criou um canal recentemente no Youtube sobre esse assunto, no canal ela e seu esposo levam dicas de filmes, falando dos últimos lançamentos, tudo com a percepção deles, do jeito deles.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Kinoplex – sala ampla, tela grande, poltronas confortáveis e com perfeito.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Quando assisti jogos mortais no cinema e achei um máximo depois quando assisti em casa vi que o cinema realmente tem uma magia.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Martin ScorseseIlha do Medo.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São tantos, mas o último filme que vi e até hoje não sai da minha cabeça é O homem do futuro, com Vagner Moura. Gosto de filmes de ficção, de viagens no tempo e esse tem aquela pitada do humor brasileiro, com uma trilha sonora incrível que me faz lembrar de bons momentos, diria que é um filme nostálgico pra mim.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser fã de cinema, assistir filmes mesmo sendo ruins porque apreciar a essa sétima arte é maravilhoso e ainda poder fazer comparações com as péssimas produções ( rsrsrs ), é imergir nas histórias e viajar pra onde cada filme tenta nos levar.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Creio que não. Não existe magia maior que ir ver um filme no cinema onde a atmosfera é toda criada pra curtir o filme, todo aquele clima com pipoca e até mesmo com o barulhos dos tagarelas querendo entregar o filme porque já viram várias vezes ( kkk)

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Mãe! 2017

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Pelo menos por aqui já reabriram e vejo as pessoas indo com precaução e em número pequeno, percebo que estão realmente com medo. Mas acho que ainda não é momento de voltar com tudo.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Vejo que está bem melhor na qualidade, tanto na fotografia como na narrativa da história, as produções estão mais caprichadas, as atuações não parecem mais com aquelas de novela, quer dizer, algumas, vejo que ainda precisam ter um pouco mais de trabalho pra isso.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello. Tem outros também que tenho muito carinho; Tony Ramos, Gloria Pires.

 

12) Defina cinema com uma frase:

 

Cinema faz a gente conhecer outros lugares sem precisar sair do nosso país e faz a gente experimentar varias sensações só olhando pra uma tela grande 😊

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Nossa! Estava eu e meu esposo assistindo o filme do Rei Leão em Live Action e tinha moça bem na cadeira do meu lado, até aí tudo bem... Aí começou a tocar as músicas do filme e meu esposo como grande fã que é começou a batucar e cantar bem alto, mas a moça me olhou irritada e pediu para que parássemos pois ela tinha TOC.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não vi esse filme, só acompanhei uma crítica sobre ele falando que era de pior qualidade e inclusive essa crítica eu vi recentemente, falou tão mal do filme que me fez querer ver.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Sim, acredito que quem dirige um filme precisa amar isso, como fazer algo tão bem feito se você não gostar?

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Lanterna Verde.

 

17) Qual seu documentário preferido?

O mais recente que está disponível na NetflixO Dilema das Redes.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim! Vingadores.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Vidente.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema.

 

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #250 - Adriana Jales

18/01/2021

Um Filme em 30 Segundos - #1 Hsu Chien


Iniciando nosso novo projeto: UM FILME EM 30 SEGUNDOS. Onde cinéfilos e cinéfilas enviarão uma dica de filme e sua justificativa em 30 segundos. :)

Nosso convidado número #1 é o grande cinéfilo Hsu Chien, professor, assistente de direção e uma pessoa de enorme coração. 

#umfilmeem30segundos #cinema #guiadocinefilo


Continue lendo... Um Filme em 30 Segundos - #1 Hsu Chien

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #249 - Ana Alves


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa convidada de hoje é cinéfila, de Salvador (Bahia). Ana Alves tem 23 anos, é Soteropolitana com orgulho, cinéfila e serinática com satisfação.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Nenhuma, todas parecem iguais para mim.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Os Smurfs.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Christopher Nolan, Batman: o cavaleiro das trevas.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida, simplesmente por ser umas das obras mais fiéis ao sertão e fazendo sátira de uma forma reflexiva.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É saber que todos tem gostos diferentes e tudo bem.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programações feitas por pessoas que entendem de cinema?

 

Não, os cinemas estão carentes de tais programações.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Creio que caia um pouco a audiência presencial, mas não deixará de existir

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Mary e Max, uma amizade diferente.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim, já que muitos lugares funcionam, respeitando as medidas restritivas é claro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sinceramente, uma grande m*rda.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Paulo Gustavo.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Vamos cinemar!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

O de sempre, pessoas sempre se levantando nas partes mais importantes do filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Vergonha desde que foi lançado.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, mas seria bom em termos de conhecimento e apreciação de outras obras.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nem me lembro o nome, apesar de ter sido muito ruim.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Um que aborda a ascensão e queda dos Romanov

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

No meio, na verdade, com uma cena muito chocante, mas aguardada!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Todos que eu assisti, os filmes dele são bons até a metade, ou do começo para o meio, ou do meio para o fim, mas gostaria de tê-lo visto no papel de superman, kkkkk

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não tenho um específico, pois sempre acompanho as novidades por igs, stories ou tags no instagram.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #249 - Ana Alves

17/01/2021

, ,

Crítica do filme: 'O Porco Espinho'


Toda família feliz é igual mas toda família infeliz é única. Escrito e dirigido pela cineasta francesa Mona Achache, com roteiro baseado na obra A Elegância do Ouriço de Muriel Barbery, O Porco Espinho, lançado no ano de 2009, é um belíssimo filme que usa de diversos contrapontos para nos fazer enxergar todo um contexto sob a ótica de duas solitárias (cada uma à sua maneira): uma jovem super esperta que está decidida a se matar e uma solitária zeladora leitora assídua. Diálogos sobre livros, questões existenciais, cotidiano estressante, impossível não abrir um sorriso e também não ficar com o coração apertado após assistir a esse belo trabalho que diz muito sobre amizade e esperança.


Na trama, conhecemos Paloma (Garance Le Guillermic), uma jovem inteligente, muito à frente do seu tempo, que está decidida a se matar por não mais conseguir aturar sua vida e se sentir deslocada em uma família egoísta, rica e distantes entre si. Mas no prédio que ela mora, não é a única que se sente solitária. Reneé (Josiane Balasko) é a zeladora do prédio e precisa aturar todo tipo de situação no seu dia a dia. Amante dos livros, conversa com os poucos amigos que tem. A chegada de um novo vizinho, Sr. Ozu (Togo Igawa), acaba mexendo com a vida não só de Paloma mas também com a de Reneé, criando inclusive uma amizade entre as duas.


Uma rigidez no pensar e a infelicidade no contraponto. Há duas protagonistas nessa história, o que torna essa jornada ainda mais interessante. Paloma é inteligente, estuda japonês e ama cinema. Com sua câmera portátil, filme situações ao seu redor e toda sua família, além dos moradores do prédio onde mora. Está envolvida de alguma forma no pensar da parábola do aquário, onde se sente limitada, sem saída em muitos momentos. Os desabafos dela são feitos virados para sua câmera, uma espécie de consulta a um psicólogo. Já Reneé impõe no seu lindo pensar limitações por conta de sua classe social e medos, principalmente com a chegada do novo vizinho que mexe muito com sua vida. Quando Paloma e Reneé se aproximam, conseguimos sentir a força da solidão das duas mas também que quando estão conversando a alegria e riso fácil as acompanham. Uma faz a outra ver algum lado bom da vida.


A vida e a morte, a eterna desconfiança sobre o destino. Há uma solidão evidente por trás do conhecimento mas quando esses se aproximam, tudo começa a fazer mais sentido. O Porco Espinho, filme que deveria ser visto por psicólogos e estudantes, é um fábula urbana muito interessante sobre a roda gigante de emoções que é viver.

Continue lendo... Crítica do filme: 'O Porco Espinho'

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #248 - Giovane Machado


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo de Juiz de Fora (Minas Gerais). Giovani Machado tem 49 anos, é nascido no Espírito Santo, mas foi criado em Minas Gerais. Fez Letras na UFJF, é ator, produtor, roteirista, apresentador, locutor, professor de inglês e faz bolos nas horas vagas. Filmes e livros são imprescindíveis para manter sua saúde mental e fala um pouco sobre eles no seu perfil no Instagram @egiggiomais.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Juiz de Fora, atualmente, não tem nenhuma sala exclusiva (como já teve, em inúmeros momentos de sua história) para exibição de filmes independentes ou fora do circuito mainstream. A que mais se aproxima desse conceito é o CineMais do Alameda Mall que, recorrentemente, exibe em sua programação filmes “alternativos”. Além disso, é a casa que abriga o Festival Primeiro Plano e o Varilux. É a minha rede de cinema e meu local preferido na cidade.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Curiosamente, a primeira lembrança que eu tenho de ter pensado isso foi justamente um filme que não vi no cinema: o primeiro Superman, de 1978. Minha mãe, por motivos que apaguei da memória, não autorizou minha ida ao cinema com os meus vizinhos e irmãos para assistir ao filme. Fiquei revoltado! E, quando eles retornaram da exibição, contando os detalhes do filme, as sensações, o tamanho da tela e da sala de cinema, me recordo de ter pensado: “Eu preciso conhecer esse lugar mágico!” Eu fui criado em frente á televisão, como a maioria das pessoas da minha geração, e os filmes não eram, exatamente, uma novidade. Porém, não ter ido a essa sessão, especificamente, mudou tudo. Obrigado, mãe!!!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pergunta difícil... Um dos meus filmes preferidos da vida não é de um diretor cuja filmografia sou apaixonado: O Silêncio dos Inocentes de Jonathan Demme. Eu tenho vários diretores preferidos: Ang Lee, Wes Anderson, David Fincher, Fatih Akin, Woody Allen... Mas eu vou ficar com Billy Wilder e seu Crepúsculo dos Deuses e Asas do Desejo do Wim Wenders. Dei uma embromada e acabei citando três. Muito “A Escolha de Sofia” isso, gente!!!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e por quê?

Pergunta dificílima! Como já deve ter ficado evidente, sou um adorador da metalinguagem, então vou citar Saneamento Básico do Jorge Furtado. E, por conta das excelentes atuações, entre inúmeros outros méritos, Cidade Baixa do Sérgio Machado.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ter o cinema como seu local de refúgio, aprendizagem, diversão, acolhimento, experimentação, lugar de se sentir incomodado (mas de forma segura), de exercitar a alteridade, de vivenciar experiências emocionais e apurar um sentido estético como em nenhuma outra forma de arte. É observar a imitação da vida que o cinema oferece e achar que é quase suficiente.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que sim, embora, muitas vezes a programação de uma sala de cinema não seja feita por essas pessoas, mas pelo distribuidor e pela perspectiva de bilheteria que o filme possa arrecadar.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu acredito que não. Porém, acredito também que é importante incentivarmos, de forma orgânica e natural, os jovens e as futuras gerações, a acreditar que a experiência sensorial e emocional de frequentar as salas de cinema é única. A facilidade do streaming é um fator preocupante em relação a isso, além de todos os outros. Acabar, acabar, acredito que não irá. Seguirá se transformando, como vem acontecendo desde seu surgimento.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Custódia, filme de 2017 do diretor Xavier Legrand.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu percebo o cinema como um lugar de segurança e acolhimento, de relaxamento e aprendizagem, e se não é possível que nos sintamos à vontade para tal experiência da melhor forma possível, então eu acredito que abrir as salas de cinema nesse momento é, além de precipitado, inoportuno. Enquanto respondo a essas perguntas, já vemos mais de 47 países tendo sua população sendo vacinada. O cinema vem sofrendo duras quedas nos últimos tempos, então por que não aguardamos um pouco mais e voltamos à sala escura como uma forma de celebração da vida e da arte? Ir ao cinema com receio, medo ou de forma irresponsável, no meu ponto de vista, é mais um desserviço do que um benefício, tanto para o público quanto para a própria importância que o ato carrega em si.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente! No que diz respeito tanto às qualidades técnicas, quanto às atuações e roteiros. E, também, vejo uma diversidade maior de temas, gêneros e inovações narrativas que me deixa empolgado e interessado.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura é um ator que se arrisca em vários gêneros cinematográficos e, na maioria das vezes, se sai muito bem. Acompanho seu trabalho há tempos e estou ansioso para conferir sua estreia como diretor com Marighella.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Vou de cliché: Cinema é luz! (Em vários sentidos...)

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Já fui gerente de uma locadora de vídeo em um Shopping Center e tínhamos uma clientela fiel. Certa feita, eu fui a uma sessão de cinema e entrei bem cedo na sala, pois já estava no Shopping. Logo reparei num casal entrando na sala. Os dois, meus clientes, me cumprimentaram. O curioso é que eles não eram o casal que eu atendia quase diariamente na locadora: eles eram parceiros de outras pessoas que também eram meus clientes. E não é que, minutos depois, entra outro casal na sala formado pelos (naquele momento entendi) ex-parceiros de cada um. Ou seja, os casais estavam trocados, pelo menos para mim! O melhor de tudo: o casal número 2 cumprimentou educadamente o casal número 1 e, logo em seguida, a mim. A única coisa que consegui pensar na hora foi justamente: “Essa história dá um filme!”.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não sou capaz de opinar, nunca vi inteiro. Será que a própria Carla viu o filme todo?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Conhecimento, informação, pesquisa e estudo são essenciais em qualquer profissão. E acredito que em relação à direção de audiovisual não seja diferente. Contudo, há diretores e diretores: alguns se preocupam e pesquisam mais sobre recursos técnicos, outros sobre roteiro e direção de atores, e assim vai. E, além disso, é impossível acompanhar toda a produção cinematográfica que é produzida no mundo, ou seja, é necessário fazer escolhas. Percebo que os grandes diretores acabam “fazendo sempre o mesmo filme”, ou seja, os temas, estilos, universos, são bastante pessoais e o que procuram fazer é apenas desenvolvê-los e lapidá-los. Digo isso pensando em Allen, Scorsese, Wenders, Fincher, Hitchcock, Bergman, Villeneuve, Kurosawa e tantos outros.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Tem filme tão ruim que acaba sendo ótimo! Só que não foi o caso de O Monstro do Armário, filme de 2017 do diretor Stephen Dunn. Não sei se foi o pior; porém, como foi indicação de alguém de confiança, assisti a ele bastante animado e com boas expectativas. Durante o filme, me peguei criticando tudo, das atuações ao roteiro e, de repente, me vi às gargalhadas. Acho que pior do que assistir a um filme ruim é fazê-lo querendo gostar e não conseguir. A sensação que me dá é de vergonha alheia.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Vou escolher dois: O Equilibrista, pois, sempre que o assisto, tenho que fazer um esforço pra acreditar que aquela história realmente aconteceu; e Jogo de Cena do mestre Eduardo Coutinho, que brinca com a relação entre o que é real e o que é ficção.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Já, algumas vezes, embora fique um pouco envergonhado quando sou um dos únicos a fazer isso ao término da sessão.   

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Essa é fácil: Despedida em Las Vegas do Mike Figgs.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema, Plano Crítico, Cinema em Cena, Empire Magazine, Guia do Cinéfilo.

 

 

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #248 - Giovane Machado

16/01/2021

, ,

Crítica do filme: ' 14 jours, 12 nuits'


O amor de mãe a as suas congruências ao amor de quem cuida. Indicado do Canadá ao Oscar 2021, 14 jours, 12 nuits, nos faz refletir sobre o que podemos fazer após uma tragédia para seguir em frente (luto). Mostrando as belezas do Vietnã, muito de sua cultura, sob o olhar de uma canadense em uma ‘missão’, o longa-metragem definido com linhas temporais quase paralelas que nos explicam as razões e objetivos da protagonista, mesmo assim, possui momentos que precisamos ler as entrelinhas. Com uma melancólica trilha sonora de fundo,  vamos acompanhando melhor parte de histórias que se cruzam e sabemos melhor sobre a rigidez de um mundo que também tem o direito de viver sua liberdade. Dirigido por Jean-Philippe Duval, com roteiro assinado por Marie Vien.


Na trama, conhecemos Isabelle (Anne Dorval) uma mulher que sofre com os abalos de uma tragédia. Em paralelas passagens de tempo, acompanhamos essa oceanógrafa canadense que adota uma criança no Vietnã no início dos anos 90. Só que tempos depois descobrimos que algo acontece com a criança, fazendo ela retornar a cidadã natal dela. Nessa ida até o Vietnã, algo para superar o luto, acaba encontrando a mãe biológica da criança, a guia turística Thuy (Leanna Chea). Logo de cara não se identifica e acaba criando uma amizade com ela, assim, precisará encontrar o melhor momento para contar a verdade.


Os diálogos entre duas mães de uma mesma criança. Essa premissa é poderosa e acaba retratando muito bem o que acompanhamos em cerca de 100 minutos de projeção. As belas paisagens do Vietnã transformam toda a jornada em algo muito bonito de se ver, a questão do luto em duas formas diferentes é bastante interessante. Quase caindo em uma série de clichês provocados pelas iminências do seu contexto inicial, o projeto usa do recurso das linhas temporais para explicar ao espectador os porquês do abandono da criança por Thuy e o que houve com a criança quando já estava grande e aos cuidados de Isabelle. Também podemos imaginar, ou melhor, refletir sobre a questão do perdão incluso nas narrativas das duas mulheres só que de formas bem diferentes.


Sem previsão de estreia no Brasil, 14 jours, 12 nuits, belissimamente dirigido por Duval é um belo retrato sobre a força de ser uma mãe em um mundo tão cheio de obstáculos, onde, as escolhas que tomamos podem influenciar muito ao nosso redor e as gerações seguintes.  

Continue lendo... Crítica do filme: ' 14 jours, 12 nuits'

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #247 - Otávio Almeida


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado é cinéfilo, de São Paulo. Otávio Almeida é PR na agência DPZ&T, cinéfilo desde criancinha e fala sobre cinema nos perfis @hollywoodiano no Instagram, Twitter e Facebook.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto do Cinemark do Shopping Eldorado, em São Paulo, para ver os grandes lançamentos. Mas quando o filme exige IMAX, prefiro a qualidade do Cineflix The Square Granja Viana. Por outro lado, sinto falta de cinemas de rua, então vira e mexe vou até o Belas Artes sempre que possível para ver filmes fora do circuito dominado por blockbusters.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

No cinema, acho que senti isso quando me levaram pra ver De Volta Para o Futuro: Parte II. E eu era muito fã do primeiro, então acho que foi a primeira vez que entrei no cinema carregado de expectativa. Ainda bem que saí de lá feliz.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Na infância, Spielberg e escolho E.T. . Mas cito O Resgate do Soldado Ryan como seu último grande filme. Hoje, considero Scorsese e meu favorito é Os Bons Companheiros, sendo que O Lobo de Wall Street é o melhor dele pra mim nesta última década.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus por ser cinema em todos os quesitos. Não é só uma mensagem política; algo que sinto que trava um pouco o nosso cinema, assim como a escassez de filmes de gênero. E acho que o filmaço do Meirelles evoca muito de Scorsese (meu diretor favorito) em sua composição.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É a minha vida. Aprendi quase tudo vendo filmes. Postura, o jeito de falar, andar, gesticular, aprendi inglês com o cinema, fui atrás de músicas e muitas informações importantes para a vida depois de ver filmes. Eu durmo e acordo pensando em cinema. Meus amigos gostavam de sair pra dançar e beber, enquanto minha balada sempre foi o cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, mas são pessoas que entendem de negócios. Elas pensam no lucro e sabem que seus públicos pagam caríssimo por pipoca e refrigerante. Elas conhecem suas regiões e os anseios dos consumidores. Por exemplo, não dá para abrir um Belas Artes em todos os cantos de São Paulo, mas é fato que a região da Avenida Paulista/Consolação atrai um público mais preocupado com arte e, claro, com um poder aquisitivo geralmente elevado. Mas não, não entendem necessariamente de cinema, porque mesmo em lugares dominados por pessoas com renda baixa, existem consumidores dos tais filmes de arte, mas eles costumam se deparar com blockbusters à exaustão.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

A ascensão do streaming e os preços abusivos cobrados por uma simples ida ao cinema indicam que o caminho é esse. Infelizmente, cinema não é para o povo, mas um passeio elitista. É verdade que as salas de cinema sobreviveram à televisão, ao video cassete, DVD e Blu-ray (até mesmo à pirataria), mas nunca houve uma concorrência (legal) tão acessível e “democrática” quanto as plataformas de streaming, que permitem mais de um perfil na mesma assinatura. O movimento da Warner/HBO Max pode ser o início do fim, porque estava faltando acertar a questão da distribuição. Além disso, imagine que o streaming pode virar coisa do passado num futuro bem próximo — a tecnologia evolui tão rápido que a cartada seguinte pode vir a ser ainda mais avassaladora para as salas. O cinema como conhecemos deve sim acabar, mas talvez nossas gerações não vivam pra ver isso acontecer, porque a resistência ainda será duraroura.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Exemplos recentes: Palm Springs e A Vastidão da Noite.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não! Sem vacina, sem cinema. Tem gente que entra com máscara e tira lá dentro. Então, infelizmente, o ideal seria esperar pela vacina.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sinto falta de filmes mais focados em gêneros. Uma variedade maior de comédias de qualidade e não produtos da Globo, suspenses, ficção científica, ação, filmes de terror. Mais isso que o habitual cinema 99% político.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a melhor invenção da humanidade e a forma mais completa de expressar e compartilhar arte e sonhos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Fui ver Boogie Nights no cinema com a minha namorada e ela ficou reclamando desde o início da “pouca vergonha” do diretor (ninguém menos que Paul Thomas Anderson). Antes mesmo da metade, ela levantou e me disse: “Estou indo embora! Você vem?”. Ela saiu e eu fiquei. Pensei, pensei, fui atrás dela e perdi o resto do filme. É claro que o namoro não durou e voltei ao cinema pra ver Boogie Nights de forma... decente.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Risos!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Eu prefiro dizer que seria o ideal. Acredito que a experiência para quem consome cinema vorazmente é muito mais completa quando um filme sai de um cineasta apaixonado por cinema. Um profundo conhecedor não somente das técnicas, mas da história dos filmes desde seus primórdios.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Eu não poupo filmes que miram alto e caem feio no chão. Entre os recentes, odiei Under The Silver Lake, provavelmente o que mais me irritou no ano passado. Então, não gosto de bater em filmes de baixíssimo orçamento, trash ou no Ed Wood. Também não sou cinéfilo que prepara listas dos piores do ano, porque sempre acho que todo e qualquer filme tem algo bom para oferecer.

 

17) Qual seu documentário preferido?

No Direction Home, documentário de Martin Scorsese sobre Bob Dylan. Vou citar um segundo colocado: Buena Vista Social Club, de Wim Wenders.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Várias vezes. Até mesmo sozinho. Já me chamaram de doido ou que isso se faz somente no teatro. Mas não ligo. Acho que a sessão mais ovacionada em que eu estive foi a de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (pré para fãs do Tolkien organizada pela Warner). E as pessoas se abraçavam na saída do cinema, inclusive desconhecidos. A segunda mais aplaudida talvez tenha sido em 2019, Vingadores: Ultimato.

 

 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Ah, eu adoro ele (risos). É uma escolha difícil, mas eu vou citar meu favorito dos Irmãos Coen, Arizona Nunca Mais. Acho que foi um dos primeiros filmes ‘loucos’ que eu vi na vida.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

The Playlist.

 

 

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #247 - Otávio Almeida

15/01/2021

Crítica do filme: 'Minari'


Quando rezamos, podemos ver o céu enquanto dormimos? Exibido em muitos festivais e premiado com os dois principais prêmios do Festival de Sundance ano passado, Minari fala sobre os poderes da fé e até onde pode ir um sonho de uma família que enfrenta obstáculos de todos os tipos quando resolvem se mudar para Arkansas após saírem de uma grande cidade norte-americana. Escrito e dirigido pelo cineasta norte-americano Lee Isaac Chung o projeto, super badalado pela crítica internacional, também é um delicado retrato sobre tradições e culturas.


Na trama, conhecemos Jacob (Steven Yeun) e Monica (Yeri Han), um casal descendentes de coreanos com raízes nos Estados Unidos que estão de mudanças em busca de sonhos em uma terra de oportunidades junto com seus dois filhos Anne (Noel Cho) e David (Alan S. Kim), esse último possui um problema no coração. Chegando lá, as primeiras dificuldades aparecem, a questão da água, da terra... Jacob tem um grande sonho, de ter um enorme jardim onde cultivará vegetais coreanos, só que os obstáculos chegam e colocam seu casamento em risco. Mas a chegada da avó Soonja (Youn Yuh-jung), mãe de Monica, pode adicionar mais algum tempero positivo ou não para essa história.


Os diferentes simbolismos sobre a fé percorrem todo o filme. Podemos exemplificar as questões na figura do amigo Paul (Will Patton) ou mesmo na forte influência de Soonja sobre o cotidiano da família. A chegada da avó coloca em contrapontos valores e tradições, além de comparações sobre o modo de viver no seu país de origem e nos Estados Unidos. Durante boa parte do longa, os conflitos entre avó e neto preenchem a tela com muita delicadeza mostrando todas as etapas desse relacionamento repleto de amor e um pouco de desconfiança à princípio.


Os conflitos dos pais sempre chegam aos filhos de alguma forma. Jacob é orgulhoso, parece sempre estar em uma encruzilhada na qual lida muito mal com o revés, por mais que seja um amoroso pai e marido. Os irmãos sempre escutam os temas de discussão dos pais e conversam entre si sobre isso, um processo de amadurecimento precoce em meio a uma instabilidade emocional que a família passa, principalmente quando pensamos no universo da incerteza, terreno que o Jacob mais se encontra.


Lee Isaac Chung consegue transmitir os sentimentos de diversas maneiras, da fé à terra, das escolhas ao ponto de interseção entre todos: o amor.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Minari'

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #246 - Julianne Lima


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Nilópolis (Rio de Janeiro). Julianne Lima tem 27 anos, é uma grande apreciadora de cinema (cinéfila de carteirinha) e ama viajar! Apaixonada por fotografia e por viver novas experiências.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu gosto das salas da rede Kinoplex. São amplas e a qualidade de som e imagem são perfeitos.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A invenção de Hugo Cabret, vi em 3d(pela primeira vez) e achei o máximo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Shyamalan - O Sexto Sentido.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tropa de Elite, eu acho uma obra prima do cinema nacional.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que é gostar de tudo que tem a ver com o mundo do cinema. Desde assistir os filmes até saber sobre a vida pessoal do seu ator favorito.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não faço ideia. Kkkkk.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Nunca! Cada dia os cinemas estão mais em alta. E mesmo existindo milhares de streamings, nunca será a mesma sensação de assistir um filme em Imax, por exemplo.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Lion - Uma Jornada para Casa.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim, desde que estejam devidamente seguros. Não tem como não reabrir, tem muitos funcionários que dependem disso pra viver.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Tem crescido muito nos últimos anos. A tendência é só melhorar.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Eu gosto muito das comédias do Rodrigo Sant'anna.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema pra mim é pura diversão! Eu amo! Me sinto em casa numa sala de cinema.

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Isso é um filme? Nunca vi!

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Jura? Dessa eu não sabia. Acredito que amar o que faz, faz toda diferença.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Nossa...já vi tantos! Acho que O Homem da Máfia, com Brad Pitt foi um dos piores.

 

16) Qual seu documentário preferido?

Gosto de documentários sobre Segunda Guerra Mundial.

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, muitos! O Último foi Vingadores Ultimato.

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Senhor das Armas e Os Vigaristas eu gosto muito.

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adorocinema.

 

 

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #246 - Julianne Lima

14/01/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #245 - Giovanna Sousa


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Luís (Maranhão). Giovanna Sousa é formada em Letras, finalizou seu curso pelo AIC em Crítica de Cinema, é cinéfila de coração, gosta de ler, adora ouvir música e seu estilo tanto de música quanto de leitura é bem eclético. Em se tratando da sétima arte ela ama filmes de suspense e investigativos, principalmente com serial killer. Gosta de debater sobre filmes e gosta de ler as críticas de outras pessoas. Geralmente as que escreve, não publica, pois sempre acha que não está boa. A quem discorde.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Sempre escolho os filmes mais cotados devido as premiações que acompanho.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão. Filme da minha infância que despertou o amor pelo cinema.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Steven Spielberg - E.T.: O Extraterrestre.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Carandiru. Mostra a realidade do nosso sistema carcerário, possui uma pitada de humor em algumas cenas, apresenta o lado sonhador daqueles que ali estão para serem julgados pelo mal que praticaram a nossa sociedade e pelo teor de violência tão fiel ao realismo do qual o filme se baseou.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é ser apaixonado pela sétima arte. É se permitir viajar no enredo, é chorar, é sorrir, é sofrer e torcer junto com os personagens e se deixar levar até onde o filme permitir.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Creio que não, pois vejo isso quando vou ao cinema e me deparo com 90% das salas exibindo o mesmo filme pelo simples fato dele ser lucrativo. Isso no meu conhecimento não é entender de cinema e sim de lucrar somente.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Com o alto crescimento dos serviços streaming é bem provável que isso ocorra. Infelizmente!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Ventre (Womb) - Drama, filme de 2010. Dirigido e escrito por Benedeck Fliegauf e estrelado por Eva Green.  Quem assistiu Old Boy vai gostar desse também.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Devemos preservar nossa saúde e a do próximo.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

A forma de fazer cinema aqui no Brasil melhorou muito, principalmente na parte técnica. Como amante de cinema fico feliz com o que estou presenciando nas telas e em casa.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Lima Duarte, Lázaro Ramos, Rodrigo Santoro, Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Luís Miranda e nosso eterno José Wilker.

 

12) Defina cinema com uma frase:

MAGIA.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Um garoto de 10 que queria ir muito ao banheiro, mas seu filme tão esperado estava passando na sua frente. O que fazer? Entornar uma coca cola em lata num gole só e urinar na lata. Pronto!! Aliviado e satisfeito estava por não ter pedido um segundo de seu filme. Esse garoto é meu sobrinho (risadas).

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Delicioso, cômico e involuntário.

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Irei responder com outra pergunta: como trabalhar com algo que não é sua área? É o mesmo que pegar um professor de História e fazê-lo ensinar Matemática.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Eu procuro sempre tirar proveito dos filmes que assisto, mas algo que me incomoda muito e chego a detestar: são filmes sem finais.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não aprecio muito documentários, mas um que gostei muito e indico é: O Dilema das Redes.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim. Bacurau foi o último que bati.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Rocha.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #245 - Giovanna Sousa
,

Crítica do filme: 'Babyteeth'


O drama comum de alguém que não querem que se vá. Debutando na direção de longas-metragens, a cineasta Shannon Murphy apresenta ao público seu olhar para um tema difícil, doloroso, uma doença terrível em uma adolescente e como tudo muda muito rápido para todos que estão ao redor da corajosa protagonista que busca em suas ações fugir de rótulos dando lindos e emocionante gritos de liberdade. O roteiro, assinado pela também debutante em roteiros para longas-metragens Rita Kalnejais, possui arcos divididos em situações de encontros e desencontros dos personagens, fator muito interessante. Babyteeth, made in Austrália, emociona bastante, principalmente nos últimos 10 minutos com cenas maravilhosas e inesquecíveis.


Na trama, conhecemos a jovem Milla (Eliza Scanlen) que mora em um bairro de classe media com seu pai, o psiquiatra Henry (Ben Mendelsohn) e sua mãe Anna (Essie Davis). Os três, cada um à sua maneira, precisam enfrentar a doença de Milla que tem um câncer agressivo em evolução. Certo dia, Milla conhece Moses (Toby Wallace), uma desregulado alma que acabou a escola, praticamente um nômade que é expulso de casa pela mãe, mas por quem Milla logo se apaixona. Assim, enfrentando a cada dia uma dura batalha pela vida mas também para sair de vez do ninho montado pelos pais, a personagem principal encontra em Moses, um importante companheiro na luta pelas suas fortes tomadas de decisões.


A princípio os personagens parecem excêntricos mas é que a troca da apresentação do filme vai nos confundindo um pouco, muito até para quem nem leu a sinopse. Mas isso faz parte do ótimo roteiro de Babyteeth, produção australiana ganhadora de muitos prêmios, que fala sobre a vida de uma jovem, sua visão do seu entorno e como a doença que tem afeta a todos. Buscando ser quem sempre quis, começa a tomar decisões que fogem da normalidade que os pais se acostumaram, vivendo intensamente como se fosse o último dia de sua vida. Os pais, procuram entender a situação, eles estão em um casamento cheio de amor mas abalado pela situação da filha. A mãe é medicada pelo pai e vive em crise constante. O pai também, muitas vezes perdido no seu pensamento se equivoca mas tenta logo consertar.


Com muitos assuntos de bem ampla reflexão, ao longo das duas horas de projeção, há espaço para um ótimo debate sobre o uso de medicamentos controlados para problemas de todos os tipos. Babyteeth ainda nos brinca com dez minutos finais arrasadores, com uma força impressionante, de tocar nossos corações.

Continue lendo... Crítica do filme: 'Babyteeth'