10/02/2021

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10 filmes sobre Irmãos - Parte II


Chegando na segunda parte desse especial, acompanhamos histórias diversas, algumas muito profundas sobre o tema, outras embutidas em subtramas poderosas onde aprendizados sempre chegam como reflexão. Tem filme da Jordânia, francês, canadense, dinamarquês, suíço, polonês, dos Eua, etc. Segue abaixo, 10 filmes sobre Irmãos - Parte II

 

Minha Irmã (Suíça)

A força do amor entre irmãos e as superações da vida que precisam enfrentar. A vida não é fácil, é uma estrada complicada, repleta de obstáculos. Indicado da Suíça ao Oscar 2021, Minha Irmã é um impacto recorte na vida de uma forte mulher que aos poucos vê a solidez de alguns de seus pilares desmoronarem incontrolavelmente, desde o estado complicado de saúde de seu irmão gêmeo até uma crise intensa e amargurada em seu casamento. Escrito e dirigido pela dupla de cineastas Stéphanie Chuat e Véronique Reymond. Destaque para a atuação emocionante da atriz alemã Nina Hoss.

 

Na trama, conhecemos os irmãos gêmeos Sven (Lars Eidinger) e Lisa (Nina Hoss). O primeiro está com um sério problema de saúde e passa por uma não bem sucedida transplante de medula óssea. A segunda é uma escritora de peças de teatro que está com um vendaval de situações importantes acontecendo ao mesmo tempo em sua vida e precisa ainda ser a principal cuidadora do irmão o que gera nela terríveis dramas e uma iminente decadência em seu casamento com o marido Martin.

 

O foco é na irmã, uma mulher que precisa se virar para poder conciliar a terrível doença do irmão, a educação de suas filhas, idas e vindas do seu país de origem até onde seu marido trabalha, as complicadas decisões do futuro de sua família com a oportunidade que chega ao seu marido. Os desenrolares das escolhas dessa forte protagonista acabam sendo uma jornada bem bonita de encarar os obstáculos mesmo que para isso precisem ser tomadas decisões solitárias.

 

Minha Irmã é um longa-metragem repleto de amor e de solidão do afeto. Há contrapontos que se unem em momentos de reflexão, como o fato de uma certa distância da mãe sobre tudo que acontece com o filho. Nem sempre na vida teremos finais felizes mas precisamos converter nossas escolhas em soluções vindas de escolhas que vem do coração. Schwesterlein, no original, nos faz refletir bastante sobre a vida. Belo filme.

 

Jungleland (EUA)

O que você escolhe, medo ou esperança? Falando sobre força de dois Irmãos e seus distantes sonhos em uma realidade cruel lutando contra a falta de dias melhores, Jungleland, dirigido por Max Winkler (em seu terceiro longa-metragem) e produzido por Ridley Scott é um filme forte que mostra a dureza de duas almas nômades sem foco no mundo, caminhando por uma melancolia diária, que resolvem apostar todas suas fichas em um torneio de visibilidade no circuito amador de boxe sem luvas, além de serem obrigados a embarcar em uma missão misteriosa para conseguir pagar uma dívida. Exibido no Festival de Toronto, o projeto é estrelado por Charlie HunnamJack O'Connell e Jessica Barden.

 

Na trama, conhecemos os irmãos Stanley (Charlie Hunnam) e Walter 'Lion' (Jack O'Connell), que vagam pelas ruas de uma cidade norte-americana em busca do sonho de serem famosos dentro do universo do boxe amador. Quando se veem encurralados por uma dívida, são obrigados a levar Sky (Jessica Barden), que eles não fazem a mínima de ideia de quem seja, até uma pessoa em San Francisco, em troca disso tem a dívida perdoada e conseguem a inscrição em um torneio de boxe de alta visibilidade em San Francisco. Assim, os três entram em uma jornada sem muito foco que passa por abalos emocionais enormes.

 

Explorando o Looping em eternos recomeços, Jungleland, mostra todo o sofrimento emocional de dois irmãos com poucos pontos de interseção mas que de alguma forma apresentam uma grande lealdade mútua mesmo que isso implique em confusões e caminhos que ambos não pensam iguais. Há um foco marcante na questão da desestrutura familiar, nessa ótica nos apresentam esporádicos momentos de profundidade sobre o passado dos irmãos e dentro de uma subtrama pouco explicada que é a trajetória de Sky. As lacunas preenchidas das consequências dos atos transformam o desfecho aberto em algo compreendido de quem conseguir ler nas entrelinhas das atitudes de cada personagem em suas trajetórias. Jungleland é forte, duro e mostra uma realidade quase dentro de um universo paralelo para muitos que não conhecem ou não viveram dificuldades na vida.

 

 

Meu Verão em Provença (França)

A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família. Depois do ótimo Amor é Ódio no já distante ano de 2010, a cineasta Rose Bosch volta a direção, dessa vez em um filme muito bonito que mostra todas as fases de uma família contada de uma maneira deliciosa. Somando-se a isso, conta com uma atuação maravilhosa do excelente ator francês Jean Reno.

 

Na trama, conhecemos três irmãos de personalidades diferentes, entre eles um jovenzinho com deficiência auditiva, que partem, forçadamente, de férias para a bela cidade de Florença, na Itália, logo depois de um abalo na estrutura familiar que estavam acostumados. Meio sem saber o que será do destino deles, chegam à casa de Paul (Jean Reno) e Irene (Anna Galiena), seus avós que não viam a muito tempo. Por conta de brigas familiares, não conheciam direito seu avô, um semi-idoso rabugento que vai aprender com a juventude a sorrir novamente.

 

A primeira vista, parece que Meu Verão na Provença não passa de um filme bobinho, aguinha com açúcar, que avançará por clichês durante todos os 105 minutos de duração. Bem, o filme é muito mais profundo do que isso. O entrosamento dos atores em cena é um dos pontos de sustentações da história, que contém uma premissa bem simples, um conflituoso choque de gerações oriundos, em partes, de escolhas do passado. O desenvolvimento desses personagens ao longo do filme é delicado e só realmente percebemos o quanto que a história é cativante no arco final. Alguns podem até achar alguns diálogos bobinhos mas garanto a vocês, de bobinho esse filme não tem nada.

 

 

O foco da trama gira em torno do personagem de Jean Reno, Paul, um quase velhinho amargurado, rabugento, que na verdade sofre internamente com saudades de seu passado underground onde passava dias e dias viajando numa levada Hippie. Como em time de futebol, no cinema acontece a mesma coisa, quando você tem um super talento na sua equipe você joga a bola para ele que o mesmo resolve. Jean Reno, com muita habilidade em cena consegue agarrar o espectador do primeiro ao último minuto e o melhor de tudo: não decepciona! Sem dúvidas, uma das melhores atuações deste grande astro do cinema mundial.

 

 

Jak Pies Z Kotem

Temos de aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como loucos. Dirigido pelo cineasta nascido no Cazaquistão Janusz KondratiukJak Pies Z Kotem (sem tradução para o português) é um projeto que fala sobre as fábulas da vida em paralelo a uma realidade cheias de razões para não mais se acreditar. Uma relação conflituosa entre irmãos se transforma em uma jornada de descobertas, onde o brilho dos personagens está contido em cada cena.

 

Na trama, conhecemos os irmãos cineastas Andrzej (Olgierd Lukaszewicz) e Janusz (Robert Wieckiewicz) que ao longo do tempo nutriram uma relação repleta de altos e baixos. Agora já na etapa final de vida, Andrzej sobre um acidente que o impossibilita de ser sozinho e como não há mais ninguém para ajudar , seu irmão Janusz e sua esposa decidem cuidar dele.

 

A relação de entre os irmãos navega pela tristeza e nos conflitos emotivos. Janusz guiou sua vida através dos sonhos do irmão e sentiu demais uma longa distância entre os dois que acontece já na chegada do terço final da vida de ambos. Andrzej , mente muito criativa talvez pelo fato de trabalhar com arte, após seu derrame só lhe sobra o ato de sonhar e imaginar situações para tudo que está vivendo e o pouco caminho que ainda precisa percorrer antes de falecer.

 

Misturando um drama profundo com pitadas de comédia, esse longa polonês se destaca pela alma de seus personagens e pelo ótimo roteiro que nos faz navegar junto a tudo de emocional que aparece na trama. Sem previsão de estreia no Brasil, o filme é quase uma relíquia em torno de tantos lançamentos aos longos dos anos.

 

 

Nefta Football Club (França, Tunísia, Argélia)

 

Nas linhas da ingenuidade, propósito e razão nunca desaparecem. Um dos indicados ao Oscar de Melhor Curta desse ano, Nefta Football Club usa da criatividade de um assunto comum com a fragilidade do olhar ingênuo. Sacada bastante interessante do cineasta Yves Piat que entre outros pontos incorpora à sua história a essência do futebol pelo olhar das crianças.

 

Ao longo dos quase 17 minutos de projeção, conhecemos rapidamente dois irmãos que estão sozinhos andando de moto por uma estrada deserta da Tunísia (próximo à fronteira com a Argélia) até que eu deles precisa urinar e acaba avistando um burro com o headphone e uma carga curiosa: um pó branco que, no modo deles enxergarem, parece sabão em pó. Tentando descobrir ao certo o que é aquele produto, o mais velho bola um plano para tentar negociar aquilo, enquanto o mais novo acaba tendo outros planos.

 

Todo curta bom precisa ser impactante em algum momento, pois são poucos minutos para se fazer o público se interessar pelo que acontece em tela. Nefta Football Club consegue reunir elementos que juntos constroem um desfecho com mensagem positiva, pra lá de emblemática, onde a pureza e a ingenuidade vencem qualquer tipo de caminho.

 

 

Je Suis a Vous Tout de Suíte (França)

 

Não é preciso que a bondade se mostre; mas sim é preciso que se deixe ver. Em seu primeiro trabalho como diretora de longas metragens, a atriz, roteirista e cineasta Baya Kasmi traz para o público uma história repleta de reviravoltas que começa com uma trama peculiar que gira em torno de uma bondade excessiva em fazer as pessoas se sentirem bem. Je Suis a Vous Tout de Suíte é também um complexo retrato familiar que contorna temas como a religião, o preconceito e as inúmeras maneiras que temos de enxergar as coisas mais simples da vida.

 

Na trama, conhecemos a bela Hanna Belkacem (Vimala Pons), uma assistente de recursos humanos de uma empresa de vinhos que mora na França onde vive um cotidiano repleto de situações inusitadas, muitas dessas por conta de sua vontade de fazer os outros se sentirem bem. Sua família, de descendência argelina, sempre foi bastante parecida. Seu pai (Ramzy Bedia) é um comerciante que não consegue dizer não as pessoas, sua mãe Simone (Agnès Jaoui) é uma pseudoterapeuta que vive tentando fazer sua família viver feliz não importa os acontecimentos conturbados do cotidiano. Já com seu irmão Donnadieu (Mehdi Djaadi), a relação de Hanna era de muita proximidade na infância mas aos poucos foi se afatando a partir de diversas divergências na maioria de enxergarem o mundo ao redor. Assim, com altas doses de feedbacks explicativos, o filme vai mostrando aos poucos as novas possibilidades para a protagonista, regada por muito amor de sua família.

 

Je Suis a Vous Tout de Suíte começa um pouco confuso, talvez por tamanha peculiaridade das cenas iniciais, talvez por não conseguir realmente mostrar nos primeiros minutos sobre o que seria a trama. Quem consegue aguentar chegar ao segundo ato, se surpreende com a virada na trama, que adota flashbacks para explicar o porquê das escolhas de todos nas suas respectivas trajetórias mas sempre focando em sua protagonista. Podemos dizer que é uma comédia nonsense, repleta de diálogos confusos mas que de alguma forma conseguem envolver o espectador. A subtrama mais interessante é a do irmão da personagem principal e sua curiosa escolha em se converter a religião muçulmana e adotar hábitos da mesma, talvez a sua maior complicação na relação com a irmã.

 

Comédia ou drama? O filme navega nessas duas trajetórias e tenta uma fórmula mágica de interação com o espectador que funciona mais do meio para frente. 

 

 

O Lobo do Deserto (Jordânia)

A guerra é feita para que os mais fortes vivam, e os mais fracos lutem pela sobrevivência. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pela Jordânia, O Lobo do Deserto é um filme com uma fotografia belíssima, uma direção determinada e atuações concentradas. A sutileza envolta de situações extremas é a assinatura de Naji Abu Nowar que marca sua estreia na direção de longa-metragem. Mas, mesmo com ótimas qualidades técnicas, é necessário dizer que é um filme deveras difícil e para alguns será facilmente esquecido. 

 

Na trama, ambientada em parte do período da primeira guerra mundial, conhecemos o jovem Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat) um menino, muito apegado com seu irmão, que vive com sua família na província otomana de Hijaz. Certo dia, um soldado do exército britânico aparece buscando ajudando para encontrar um lugar. Assim, em meio a um deserto cheio de perigos, Theeb e seu irmão vão ajudar o soldado e acabam encontrando uma aventura que fará Theeb amadurecer bem mais rápido que qualquer outro menino de sua idade.

 

Com diálogos amadurecidos, personagens convincentes e excelente tecnicamente, O Lobo de Deserto, instiga no espectador uma profundidade ampla sobre o contexto para definir as ações e reações da trama. A descoberta de várias coisas ao mesmo tempo, um precoce amadurecimento evidente e um espírito indomável do jovem protagonista são algumas das marcas desta história forte sobre o cotidiano de uma região em tempos de guerra. O filme não veste o rótulo de comercial, longe disso, prefere detalhar sua ambientação e conta muito com a força dos poucos personagens que vemos em cena. 

 

Vencedor do prêmio de Melhor Diretor na conceituada mostra Horizontes do Festival de Veneza 2014, Naji Abu Nowar brinda o público com uma aula de como fazer cinema em alto nível usando muita habilidade para contextualizar complexas situações ambientadas em um passado conturbado de uma região muitas vezes esquecida por todos nós.

 

 

Brothers (Dinamarca)

Na fita, um militar exemplar, pai de dois filhos, é mandando pela ONU para uma missão no Afeganistão. Seu irmão mais novo acaba de sair da cadeia e vai morar um tempo na casa dele um pouco antes desse viajar. Chegando ao local da missão, o helicóptero em que está, é abatido, e o mesmo é dado como morto. Em contra partida, seu irmão (um ex-presidiário) começa a ter relação mais tênue com a mulher do militar desaparecido. Será que o militar morreu? E se ele voltar para casa e perceber que as coisas estão muito diferentes?

 

Assim, conheci Bier (que mais tarde viraria uma de minhas diretoras favoritas) que desde Depois do Casamento, mexeu comigo com sua narrativa e modo de filmar bastante interessante que marca pelo enredo envolvente e a sempre espera pelo desfecho. No longa, mostra-se a dor impensável de um homem, onde tem que lutar contra muitas coisas que podem até serem banais comparados à guerra, mas não são.

 

O trio Ulrich Thomsen, Nikolaj Lie Kaas e Connie Nielsen atua de maneira impecável, dando um verdadeiro show em cima da tentativa americana de regravação do mesmo. Lembrando aquela velha máxima cinéfila: Nada é melhor que o original, salvo raras exceções.

 

 

Jo de Jonathan (Canadá)

Esse filme canadense é uma espécie de cinema para instituições ou feito mesmo para campanhas de direção perigosa. O garoto, personagem principal, faz de tudo para ferrar com sua vida: dirige sem habilitação, pratica muitos assaltos relâmpagos tudo isso somado à muitas abdominais (cenas que volta e meia aparecem nas sequências). Aos poucos, vamos vendo a decadência da juventude através das conseqüências dos atos impulsivos do protagonista.

 

O jovem que dá nome à produção vive basicamente à sombra do irmão. Um apaixonado por carros, não consegue tirar a licença para dirigir legalmente e volta e meia entra em pegas pela cidade onde mora. Quando entra em dívida por conta de uma aposta não paga, se une ao seu irmão para um racha que pode quitar essa situação. Mais os acontecimentos dessa corrida não saem conforme o planejado.

 

A câmera estacionada em alguns momentos da trama faz o imaginário cinéfilo trabalhar na eminência das conseqüências das ações. Modo muito interessante usado pelo diretor  Maxime Giroux (que também assina o roteiro ao lado de Alexandre Laferrière). O recurso é uma maneira de fazer o espectador refletir.

 

Uma “auto-punição” aflora em Jonathan, interpretado pelo meu xará Raphaël Lacaille. Levando a história para um mar de estranhas cenas dramáticas.

 

O longa lembra um pouco o filme ‘Paranoid Park’, do genial Gus Van Sant. Esses personagens que estão em ebulição em seus conflitos internos é o paralelo dessas produções.

 

Por conta da conscientização, mesmo tendo que ter um pouco da paciência de Jó, recomendo!

 

 

Tudo por Justiça (EUA)

Até onde vai o controle emocional de uma boa pessoa quando percebe que seu mundo desabara ao seu redor? Contando uma história para lá de comovente e sofrida, o diretor Scott Cooper (Coração Louco) consegue em um único trabalho criar um clima de vingança e tensão poucas vezes visto nos últimos filmes norte-americanos do gênero ação. Cada sofrimento que acerta em cheio o protagonista tem uma razão, uma argumentação consistente para existir e a forma que o protagonista lida com isso é tocante e extremamente violenta, não deixando o público tirar os olhos da telona num por um segundo.

 

O foco central do filme é Russell (Christian Bale), o filho boa praça do paizão Rodney Baze (Bingo O'Malley). Um homem muito querido pela comunidade onde mora e que leva uma vida pacata trabalhando onde seu pai trabalhou e sonhando em construir uma família ao lado de sua namorada Lena (Zoe Saldana). Porém, tudo muda em sua vida quando, após pagar uma dívida de um integrante de sua família, se envolve em um terrível acidente de carro e vai parar na prisão. Após anos na cadeia, consegue sair em condicional e logo precisa enfrentar sérios problemas com a nova realidade que o aguarda, principalmente as enrascadas que seu irmão mais novo (Casey Affleck) provoca.

 

Após quatro anos longe das câmeras, quando rodou seu primeiro longa metragem Coração Louco (que deu a Jeff Bridges seu primeiro Oscar), o bom diretor Scott Cooper reaparece no cenário hollywoodiano trazendo de volta a melancolia e a ótima captura do drama de seus personagens.  Com um orçamento de U$$ 22 Milhões, o cineasta apostou no material humano que tinha nas mãos e criou uma atmosfera de dor deixando seus atores, com muita naturalidade, executarem ao extremo cada personagem.  

 

O elenco é admirável. O polivalente Woody Harrelson na pele do terrível bandido Harlan De Groat, Willem Dafoe interpretando o canastrão de bom coração John Petty e o excelente irmão de Ben Affleck, Casey, contribuem e muito para a ótima interação do público com todos os acontecimentos que se desenrolam na trama. Mas quem rouba a cena, mais uma vez, é o protagonista, Christian Bale. O ganhador do Oscar e o melhor intérprete do Batman de todos os tempos, dá mais um show de interpretação. O sofrimento de seu personagem é nítido em cada gesto, cada palavra de Bale. Só por isso, já vale o ingresso do filme.

 

Uma ótima canção executada pela peculiar voz de Eddie Vedder, logo no início do filme, já era um sinal que os cinéfilos estariam diante de uma bela obra. Tudo por Justiça pode ser visto por alguns como apenas um filme de vingança. Mas garanto, é mais do que isso. A transformação súbita que passa seu protagonista é eletrizante, se vingar é apenas umas das armadilhas que a vida coloca em sua frente. Não deixem de conferir esse belo trabalho que possui muitos ingredientes para conquistar o público.  

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #273 - Rodrigo Damasceno


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Rodrigo Damasceno tem 27 anos, é apaixonado por cinema. É daquele tipo de pessoa que se um estranho começar a falar sobre cinema perto dele, ele começa a conversar com ele e pronto. Tenta ler sempre livros direcionados a essa paixão e ama dar sugestões e dicas de filmes.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A minha sala de Cinema Favorita é a Sala De Lux do UCI do New York City Center, ela trás toda a comodidade que precisa, além de ter um som e imagem impecáveis.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Na minha infância eu não tive muito contato com o cinema, então não frequentava, o filme que fez isso comigo foi Gravidade, por toda a experiência sensorial que ele trazia e com um 3D de tirar o fôlego, ali eu disse que precisava respirar cinema pelo menos uma vez no mês .

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

É difícil separar, pois eu tenho alguns diretores favoritos, digo que irei separar pelo diretor que tem mais filmes na minha lista de favoritos e esse seria o Quentin Tarantino, e meu filme favorito dele é o Bastardos Inglórios.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme nacional favorito seria Pixote- A Lei é do Mais Fraco, por trazer uma tensão e termos que encarar a realidade de muitos brasileiros de frente, como passar necessidade de modo geral e de o que às vezes um sistema falho pode fazer com um ser humano.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É gostar de assistir filmes e saber de como a obra é feita.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que isso seja um mito, algo que para mim nunca irá acabar, mesmo que o Streaming esteja fazendo um Boom, as pessoas ainda gostar de sentar em frente a tela gigante e sentir a magia do Cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu irei indicar Coherence, é um filme espetacular. Quanto menos souber dele melhor.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, até hoje eu não fui ao cinema, estou esperando a vacina sair. Aliás, estou com uma tremenda vontade de voltar a frequentar os cinemas.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Enorme, há filmes excelentes sendo lançados anualmente e só acredito na pessoa que fala mal sobre o cinema brasileiro se ela assistiu a todos os lançamentos brasileiros do ano, que são muitos diga-se de passagem. Nós não perdemos em qualidade para filmes lá de fora por exemplo, sem em técnica ou história, todo ano temos filmes incríveis lançados e que precisam ser conhecidos.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Karine Teles, eu sou apaixonado por essa atriz, ela trás em suas interpretações sempre uma performance incrível e diferente do trabalho anterior e é uma das grandes joias do Cinema Nacional.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte de contar histórias, seja ela como for e agradar a qualquer tipo de público.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

O Ano era 2018, eu e meu amigo Daniel estávamos na Pré Estreia de Pantera Negra, o filme começou e logo nos primeiros 20 minutos o filme parou de dar imagem e continuou somente com o som, dado uns 5 minutos o filme reiniciou e logo depois parou de funcionar novamente, nesse tempo a luz da sala apagou. Ficamos esperando, a sala estava completamente cheia e de pessoas vaiando e fui saber o que tinha acontecido: o gerente informou que estava chovendo muito, que o teto de uma sala de cinema tinha caído, mas com ninguém dentro, quando saímos da sala o shopping estava completamente alagado. Foi no dia onde teve um temporal no Rio de Janeiro que ventos muito, quando eu estava voltando da Barra com o meu amigo a cena era de terror, parecia filme de zumbi, com árvores caídas carros destruídos no caminho.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Sou como Gloria Pires: "Não Sou Capaz de Opinar".

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, ele precisa ter uma ideia, saber como planejar uma cena e meter as caras no filme.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Olha, essa é difícil, mas certamente fico com 2012 - O Ano da Profecia, favor não confundirem com o também ruim, mas assistível 2012.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Estamira. Que documentário incrível e que merece ser descoberto por todos.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já sim. Não tinha como não bater palma para o Ultimato, o Cinema inteiro aplaudiu e vibrou.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Boa pergunta. Fico com Mandy, onde ele pode ser louco sem ser julgado.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Indiewire e Awardswatch.

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Crítica do filme: 'Notre Dame'


As facetas do amor em conflito com as escolhas. Em menos de 90 minutos de projeção, o longa-metragem francês Notre Dame consegue de forma metafórica, avançando a mente de uma jovem arquiteta, mãe e sonhadora criar um grande raio-x sobre reflexões que temos ao longo de nossas vidas quando nos sentimos em uma sinuca de bico. Dirigido pela atriz e cineasta Valérie Donzelli (do ótimo A Guerra Está Declarada e que inclusive é a protagonista do projeto), o filme navega por um melodrama ligado ao universo fantasioso dos desejos. Se torna interessante quando o espectador percebe as ótimas analogias sociais embutidas na agitada vida da personagem principal.


Na trama, conhecemos a arquiteta Maud (Valérie Donzelli), mãe de dois filhos no início da adolescência que é separada (ou não) do ex-marido, o faz nada Martial (Thomas Scimeca). Quando, de maneira bastante inusitada, acaba ganhando um concurso para renovação estética do pátio diante da catedral de Notre-Dame sua vida vira uma loucura maior ainda e precisará lidar com um gigante orçamento, as intervenções de seu chefe, o reaparecimento de um antigo amor do passado, uma gravidez inesperada e escolhas que precisarão serem tomadas.


O primeiro arco é quase alucinante, uma série de informações saltam aos nossos olhos, posicionados na forma de analogias sobre o dia a dia corrido de uma mulher forte, batalhadora e guerreira mas que sofre demais com sua situação de idas e vindas com o ex-marido. Criativa, usa da força de seus sonhos para se imaginar, e de fato tentar conseguir almejar seus desejos no campo profissional e também no amoroso. O foco é todo em Maud, através de suas escolhas vamos percorrendo um ótimo recorte atual sobre a força feminina em uma sociedade ainda muito machista.


Notre Dame usa das metáforas e analogias para mostrar a desconstrução e logo depois a construção de uma personagem, sempre à frente do seu tempo mas que tropeça nas suas próprias incertezas. A proximidade com a realidade, se formos pensar em muitas forças femininas que temos pelo mundo, é algo que chega rápido e se conecta com o espectador. Os sonhadores entenderão muito bem o que alguns acharão um eterno labirinto de emoções.

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Crítica do filme: 'Thi Mai'


Até aonde vai o amor de uma mãe na busca pelas concretizações dos desejos de uma filha que não está mais por perto? Escrito pela roteirista Marta Sánchez e dirigido pela cineasta Patricia Ferreira, o longa-metragem espanhol Thi Mai consegue mesclar com muita objetividade as superfícies de momentos cômicos com uma profundidade elegante para falar sobre luto e desejos não realizados. Camuflado de filme água com açúcar, o projeto é sobre a renovação de algum sentido na vida de uma mulher na terceira idade após uma perda terrível. Disponível no catálogo da Netflix.


Na trama, conhecemos a comerciante Carmen (Carmen Machi) que vive seus dias ao lado do marido Javier (Pedro Casablanc) gerenciando uma loja de materiais de construção e pequenos reparos. Certo dia, recebe a terrível notícia do falecimento da filha, que mora na capital, depois de um acidente de carro. Tentando entender os rumos do destino, acaba descobrindo que o processo de adoção que sua filha iniciou para adotar uma criança no Vietnã foi concluído e assim resolve partir para Hanói ao lado das inseparáveis amigas Rosa (Adriana Ozores) e Elvira (Aitana Sánchez-Gijón).


Há uma certa poesia acoplada na ótica da perda, do luto. O contraponto de uma nova vida depois de um trágico acontecimento em uma família acaba se tornando complementar para aliviar as dores que o destino causou. Colocando uma lupa sobre o processo de adoção internacional, onde famílias mundo à fora buscam mais a cada ano, (principalmente na figura do personagem de Eric Nguyen, Dan), entendemos os lados dessa jornada através também dos profissionais que organizam a burocracia e acompanham todo o processo.


Com direito a belas paisagens, situações a lá filmes da sessão da tarde, diálogos inusitados e pra lá de engraçados, ótimo espaço para coadjuvantes brilharem em suas respectivas subtramas, Thi Mai é uma ótima surpresa no catálogo da mais famosa rede de streamings disponível no Brasil.

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09/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #272 - Gleidson Mota


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Fortaleza (Ceará). Gleidson Mota tem 43 anos é graduando em Ciências Sociais. Paulista de nascença, cearense de vivência. Mora em Fortaleza desde 1998, ano em que pisou num cinema pela primeira vez. O filme, Titanic, é claro. É administrador do @dd.cinemando no Instagram, onde faz resenhas de filmes, e traz um pouco da história do cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

As salas de cinema do Centro Cultural Dragão do Mar. Gosto pela pluralidade. A programação é típica de um verdadeiro cinéfilo. Além disso, tem um trabalho muito bacana para além da exibição de filmes: debates, oficinas e mostras, direcionadas para o cinematográfico.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

King Kong (1976). O ano era 1985, fiquei muito fascinado com tudo aquilo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Andrey Tarkovsky. Sou fascinado por toda a filmografia, mas O Espelho, meu preferido, mexeu muito comigo.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil. É meu preferido não só pela excelência da obra, mas também por ter sido o "filme" que me fez olhar sem preconceitos para o cinema brasileiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Uma filosofia. O cinema é muito presente nas minhas falas; nos meus ideais; nas minhas escolhas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não mesmo! Aqui em Fortaleza a maioria das salas são em shopping centers. Acredito que obedeça muito mais uma política de capital do que cinéfila.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Desde o advento dos "videos clubes" que essa pauta rodeia a indústria cinematográfica. O streaming é uma evolução, não acredito que seja uma ameaça às salas de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Espelho, Andrey Tarkovsky.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Essa é a mais difícil, pois vai fundo nas nossas hipocrisias. Sou um defensor ferrenho das políticas de prevenção e combate à COVID19, mas no dia que as salas abriram não me privei de ir. Mas sou favorável de que a abertura ocorresse apenas depois de uma vacinação em grande escala.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema nacional sempre foi excelente, e o histórico cinematográfico está aí pra comprovar. Eu enxergo a qualidade do cinema brasileiro atual como uma evolução, com base referencial nesse histórico.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Cláudio Assis.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Amo essa do Fellini: "o cinema é um modo divino de contar a vida".

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Nunca vivenciei uma situação inusitada numa sala de cinema.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Guilty pleasure.

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Já estive com alguns jovens cineastas aqui de Fortaleza, com quase nada de conhecimento sobre cinema, mas ainda assim, com ótimas ideias e bons trabalhos.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Cinderela Baiana, kkkk.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Terra do Silêncio e da Escuridão, do Werner Herzog.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Várias vezes! A última vez foi na sessão de Era Uma Vez em Hollywood.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Eu gosto de vários, mas meu preferido é Coração Selvagem.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #272 - Gleidson Mota

Crítica do filme: 'King of Peking'


Educar é aprender. Colocando em um liquidificador uma singela homenagem ao mundo mágico do cinema e abordando as curiosas saídas que um pai consegue encontrar para ter a guarda de seu filho, King of Peking, dirigido pelo cineasta australiano Sam Voutas é cômico e reflexivo. Sem ser tão profundo mas deixando à margem uma dezena de pontos para pensarmos sobre, se divide em duas vertentes que é a da relação entre pai e filho e as dificuldades do pai na busca de alguma saída para seus problemas aproveitando o início do que podemos chamar de entretenimento doméstico na década de 90 na China.


Nessa co-produção China, EUA e Austrália, acompanhamos a saga de Wong Pai (Jun Zhao) e Wong Filho (Wang Naixun) em busca de diversão e felicidade através das confusas ideias do primeiro. Wong Pai é projecionista e sem ter muito trabalho em um país repleto de crises, consegue um trabalho como zelador de um enorme cinema e logo em seguida tem a ‘brilhante’ ideia de piratear os filmes que são exibidos nas telonas através de gravações clandestinas espalhadas pela sala de cinema.


Exibido no Festival de Tribeca em 2017, King of Peking é quase uma mistura de alguns filmes dos Trapalhões com a fita norte-americana Rebobine, Por favor, só que consegue buscar sua luz própria no embate educacional causado pela situação do pai e toda a problemática sobre a guarda do filho. De longe, o ponto de vista mais interessante dentro do às vezes confuso roteiro.


Não é um filme para se emocionar e sim de riso fácil. Jogando os paradoxos da inconsequência para o lado cômico, o filme acaba perdendo pausas dramáticas importantes que somente os mais observadores conseguirão chegar ao ponto de reflexão.

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08/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #271 - Maria Fabiana Lima


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Luís (Maranhão). Maria Fabiana Lima tem 22 anos e cria conteúdo para na página @cinemafilia, no Instagram, há dois anos. Criou esse projeto em 2019, com o objetivo de indicar os filmes que assistia e poder compartilhar e dialogar sobre o universo do cinema com mais pessoas. Não tem formação crítica, por isso se entende como uma cinéfila que gosta (muito) de dar sua opinião. Atualmente, cursa o último ano da faculdade de Direito e pretende ter formação direcionada para crítica e marketing digital no futuro.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Geralmente, prefiro dar preferência ao Cinépolis por ter sessões mais vazias e em horários compatíveis com minha rotina. Além disso, costumo conferir a programação de mostras e cinemas locais, quando posso atender.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Quando criança, me lembro de ter visto o filme Os Sem-Floresta (2006). Foi o primeiro momento que me lembro de ter ido ao cinema e ter saído feliz.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito atual com certeza é o Linklater. Apesar de ter uma filmografia consideravelmente pequena, filmes como Before Sunrise e Boyhood fazem parte da minha lista de filmes favoritos. Dos mais clássicos, sou fã do Hitchcock e meu favorito é Janela Indiscreta.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Não tem como não ser Central do Brasil. Pra mim, continua contemplando uma das atuações mais brilhantes do cinema brasileiro, se não a maior, de Fernanda Montenegro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É poder contemplar o cinema com uma visão que vai além do entretenimento, absorvendo as influências da dessa arte na vida. Tudo aquilo que se vê nas telas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Quando falamos sobre grandes redes, acho que fica difícil ter certeza. Muito do que se vê em cinemas que não sejam locais, são filmes de estreia mundial, grandes distribuidoras, nas quais sabemos existir um peso maior no valor comercial que de fato na qualidade dos filmes.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero muito que não. Os streamings ainda não substituem a sensação única de ir ao cinema e poder dividir toda uma experiência, compartilhando a mesma emoção com mais vários desconhecidos em uma sala. Fora que ir ao cinema continua sendo praticamente um ritual para os cinéfilos.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

As Ondas (2019).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu respondi que não em uma pesquisa feita pela rede Cinépolis sobre o assunto e, até o momento a minha resposta continua a mesma. Não acredito que estejamos 100% seguros ainda.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu vi muitos filmes brasileiros com uma qualidade surpreendente nos últimos anos. Um deles foi o incrível Casa de Antiguidades do diretor João Paulo Miranda Maria. Outros que eu vi no último ano foram produzidos no Maranhão, onde moro, e também não deixaram a desejar em qualidade. Então, não tenho nenhuma razão para não achar que a qualidade só está aumentando no Brasil

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A contemplação de todas as artes em uma só.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Fui assistir Mãe! em uma sessão completamente vazia, ao sair eu notei que tinha mais uma mulher na sala. O filme completamente frenético e traumatizante fez com que nenhuma das duas notasse a presença da outra, quando saímos nos olhamos silenciosamente como quem diz “o que acabou de acontecer aqui????”. Foi um sentimento de trauma mútuo e silencioso que me fez rir bastante depois.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um clássico que nunca vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que seja imprescindível, mas vejo certa incoerência. Como é possível trabalhar em uma indústria a qual você mal consome? Talvez reflita bastante nas referências cinematográficas, que pela ausência de diversidade podem acabar por deixar o trabalho do cineasta raso.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O Poço, da Netflix. Mas está empatado com Love Actually (2003). Ambos com qualidade extremamente duvidosa.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não tenho um preferido, mas recomendo o último que eu vi, Time (2020).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já sim! Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 2. Eu sou potterhead, então me emocionei muito ao ver o último filme no cinema.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Motoqueiro Fantasma, claro! Um marco de uma geração.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IndieWire e Omelete, mas tenho muita curiosidade então vou lendo todos os sites que aparecerem com notícias que me interessem.

 

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Crítica do filme: 'Little Boxes'


O pré-conceito e o preconceito na busca pela compreensão ao olhar do próximo. Disponível no catálogo da Netflix, Little Boxes é um recorte simples e objetivo de uma família inter-racial que se muda de Nova Iorque para uma cidadezinha do interior de outra cidade norte-americana e precisa enfrentar todas as diferenças navegando pelos pré-conceitos e com receio dos preconceitos em uma incógnita parte da sociedade norte-americana. Escrito por Annie J. Howell e dirigido por Rob Meyer o filme teve exibição no Festival de Tribeca anos atrás.


Na trama, conhecemos Gina (Melanie Lynskey) e Mack (Nelsan Ellis), um casal apaixonado que resolve se mudar para o interior dos Estados Unidos ao lado de seu único filho Clark (Armani Jackson). Gina é fotógrafa e conseguiu um emprego muito bom no departamento de artes de uma universidade dessa nova cidade, Mack é escritor e busca inspiração para seus novos textos ligados à culinária. A vida dos três passará por uma profunda mudança e tentativa de adaptação nessa nova cidade.


Um dos pontos interessantes desse filme é a trinca de ótica que consegue definir, entendemos melhor como essa família se sente individualmente (e também em conjunto), seu modo de pensar e os porquês de pensamentos defensivos em determinadas situações que logo surgem nessa nova cidade que se mudam. A mãe é branca e com o novo emprego na universidade vê sua carreira decolar, Mack é negro e está infeliz com o desenvolvimento de sua profissão após um livro de sucesso anteriormente, fica na defensiva sempre quando percebe algum tipo de pré-conceito em relação a ele ou a sua família. O jovem Clark também está passando por uma fase de mudanças, conhece outros jovens de sua idade e de alguma forma tenta conhecer melhor o universo de uma cidade do interior mesmo que isso gere alguns conflitos dentro de si.


Com menos de 90 minutos de projeção, essa fita norte-americana também pode ser considerada um filme sobre relacionamentos entre pais e filhos pois em algumas situações vemos como os pais tentam entender todas as ações (algumas inconsequentes) de seu filho. Little Boxes é bastante inteligente em navegar em cima do cismativo e tentar de alguma forma descontruir isso através de ótimos diálogos.

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07/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #270 - Bernardo Silvino


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Belo Horizonte. Bernardo Silvino tem 36 anos é diretor, roteirista e montador. Atualmente trabalha na pós-produção de Sofia seu oitavo curta-metragem que será lançado em fevereiro e também trabalha no roteiro do seu primeiro longa.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Belo Horizonte tem alguns caminhos muito definidos para quem gosta de cinema. O Belas Artes é o xodó de todos nós. Pela localização e qualidade da sala gosto também do Cinemark do Pátio Savassi e, pela tranquilidade, o Cineart do Ponteio Lar Shopping.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A História Sem Fim tem uma presença forte na minha memória. É interessante ver que é um filme infantil com algumas questões filosóficas e existencialistas bem presentes.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Essa coisa do diretor favorito muda muito e acaba variando pra mim. Vai de cada momento. Atualmente coloco o Darren Aronofsky lá no topo da lista. O Lutador é um filmaço!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Também uma questão que vai mudando e não é fixa. Ainda tenho muito o que ver e conhecer, mas recentemente assisti "Entre Nós" e é um filme que já entrou pra minha lista das melhores coisas que eu assisti do cinema brasileiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Respeito e admiração pelo cinema e uma vontade enorme de conhecer e assistir cada vez mais filmes.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Os cinemas dos shoppings, por exemplo, claramente seguem uma lógica de mercado e acompanham o calendário dos blockbusters. Cinemas com um contexto mais artístico e sem tanta preocupação com a bilheteria são os que têm uma curadoria mais cuidadosa e pensada.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. A experiência sensorial de um filme em uma sala de cinema ainda é única.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Manchester à beira-mar. Um trabalho lindo do Kenneth Lonergan. E uma atuação e estudo de personagem muito intensa do Casey Affleck.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não me parece uma boa ideia por ser um ambiente fechado e com tendência à aglomeração. Todo mundo já viu que mesmo nas salas dos shoppings a limpeza nunca foi uma prioridade.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é riquíssimo. O fato de sermos um país continental com uma cultura rica é um dos nossos diferenciais. Fazemos um cinema apreciado em todo o mundo e o brasileiro ainda não se deu conta disso. Mesmo sem termos uma indústria de cinema, já que os investimentos são muito voltados para um nicho específico de filme que gera bilheteria.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Assisti muita coisa boa do Rodrigo Santoro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é coragem.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Pouco tempo atrás chamei minha irmã e minha mãe para ir ao cinema. Com a sala toda escura já e depois de muitos trailers, começou a projeção e só aí me dei conta que estávamos na sala errada. Foi uma correria para sair no escuro e tentar achar a sala certa.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Fábrica de memes.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que precise ser. Eu mesmo não me considero um cinéfilo do mais aplicados. O cinéfilo tem um conhecimento grande e amplo de muitas obras e diretores. É uma qualidade boa já que arte é acúmulo e conhecer muita coisa faz parte do seu repertório. Mas o diretor precisa de outras qualidade que vão além disso.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Quando você se atreve a fazer um filme entende que tem tanta coisa pra dar errado que cada obra é um pequeno milagre. Aí depois temos vários desdobramentos objetivos e subjetivos que entram na discussão de um filme. Mas prefiro falar bonito e correr da resposta.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Notícias de uma guerra particular da Kátia Lund e do João Moreira Salles.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Quando fui assistir a primeira parte de It (essa mais recente do Andy Muschietti) me peguei batendo uma palminha sem perceber.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Gostei do Joe de 2013.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Gosto muito do Cinema em Cena do Pablo Villaça.

 

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06/02/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #269 - Marcelo Holanda


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Marcelo Holanda tem 40 anos. Publicitário, servidor da ANCINE, estudioso da sétima arte e cinéfilo desde criança. Criador do perfil @movieswelove_ no Instagram com muito conteúdo para quem ama cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto do Espaço Itaú que traz desde grandes títulos como filmes mais de arte e de outras partes do mundo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Lembro da primeira vez que fui no cinema e vi E.T. com uns 5 anos de idade, foi maravilhoso e tenso. Da metade para o fim assisti de pé.... hahaha

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Spielberg é o grande diretor da minha geração anos 80. O meu favorito é O regate do soldado Ryan, mas A lista de Schindler é a obra-prima dele.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus é um filme que traz uma grande história, baseadas em fatos, e tecnicamente é muito bem executada com grande direção do Meirelles e linda fotografia. Na minha opinião, é o filme nacional mais completo em termos de roteiro e técnica de filmagem.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É gostar de uma boa história e se envolver nela, não importa o gênero do filme, a nacionalidade, a época...

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, a maioria conhece de negócio. Os exibidores são empresas que pagam impostos, geram empregos e precisam ter lucro. Sem um planejamento de negócio, o exibidor quebra. Hoje em dia, ainda mais com a chegada forte do streaming, o público dos cinemas está cada vez menor e o exibidor tem que pensar com a cabeça e não com o coração. Alguns ainda tentam colocar filmes mais artísticos e não americanos, mas no fim os blockbusters que pagam as contas. É um mercado como qualquer outro.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que não, mas cada vez mais as pessoas irão menos vezes e quando forem, vão querer ver filmes que fazem a diferença quando assistidos nos cinemas, como filmes de ação e terror.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Snatch - porcos e diamantes do Guy Ritchie. Ótimos personagens, roteiro divertido e grande atuação de Brad Pitt.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim, mas com capacidade menor e distanciamento. E aí cada, pessoa decide se vai ou não. Mas acho que economicamente não vale a pena para o exibidor.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Melhorou bastante, principalmente, na parte técnica. Mas ao meu ver ainda temos dificuldades em desenvolver roteiros com boas histórias. Também é necessário desenvolver outros gêneros, estamos muito presos aos dramas e comédias. Ainda somos muito dependentes do dinheiro do governo, então é um mercado que se desenvolve mais quando o país está economicamente bem. Ou seja, vive de ciclos.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura, grande artista que escolhe muito bem os seus trabalhos

 

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é uma maneira de conhecer diferentes culturas, raças, épocas, pessoas e emoções.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Assistindo 60 segundos, acabou o som e travou a projeção e foi aquela bagunça de gritaria e vaias... mas eles voltaram o filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Perfeição!!!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não, não existe uma regra. Antigamente os diretores não tinham nenhuma formação formal e começavam na direção com 40, 50 anos. Outros eram críticos de cinema, outros foram atores... na arte não existe regra. Claro que muitos diretores se utilizam de referências de outros filmes e o grande exemplo é o Tarantino que não esconde suas referências cinematográficas. Acho que ajuda ter referências de outros filmes e artes, sempre serve como inspiração e até de homenagem.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A Serbian Film é um filme forte e desnecessário com cenas nojentas e revoltantes. O mundo já tem muita gente doente e esse filme não ajuda em nada.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Tiros em Columbine foi um filme que me despertou para os documentários, a crítica inteligente e divertida do Michael Moore me encantou.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não, mas vi muitas manifestações em Tiros em Columbine e é claro em Vingadores: Ultimato.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Despedida de Las Vegas com certeza.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete, Adoro Cinema e contas do Instagram.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #268 - Ulisses dos Santos


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). Ulisses dos Santos tem 51 anos, é professor de História faz 19 anos e atualmente está concluindo a graduação em Jornalismo. Tem Pós-Graduação em Patrimônio Cultural em Centros Urbanos. Já colaborou com blogs de esportes com colunas semanais. Hoje em dia escreve para dois projetos colaborativos: www.jcronistas.com na coluna "SobreTudo", normalmente às terças e www.pautarevista.com.br na coluna "Ponto Fora da Curva". Possui um canal no youtube "Prof. Ulisses Santos". Em 2020, devido a pandemia, desenvolveu um programa de entrevistas no seu perfil no instagram @ulissessantosjornalista chamado #batepapocultural, que agora também está disponível no seu canal no youtube. É pai do Leonardo e casado com a Luciane. É o terceiro de cinco irmãos, o famoso irmão do meio. Podem segui-lo no Instagram e no twitter (@prof_colorado).

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não tenho sala preferida. Vou pela programação.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Grease - nos tempos da brilhantina, 1978 ou 1979. Lembro de ter ido com os meus irmãos (eu tinha 10 anos). Quando cheguei em casa perguntei pro meu pai se eu parecia malandro como o cara do filme...qual foi a reação do meu pai "Vai estudar, guri!"

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Não tenho diretor predileto...mas o Tarantino é um cara que eu gosto muito. Outro que gosto muito é o Sergio Leone.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Verdes Anos, pois se passa em Porto Alegre e eu me identifico muito.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É saborear um bom filme muitas vezes e cada vez que revê-lo identificar coisas novas

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Acho que o que elabora a programação são as distribuidoras mesmo.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Boa Noite, Boa Sorte.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Já reabriram. Mantendo os cuidados necessários, não vejo porque não reabrir.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acredito que atualmente, em grande parte, o cinema brasileiro está entre o Projac e a Record, ou é filme da globo videos que, em  muitos casos, tem qualidade duvidosa ou são filmes religiosos da Record que nem se comenta a "qualidade".

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é o mundo visto e apresentado de uma maneira que nunca havíamos pensado antes.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema. Quando fui ver com a minha esposa, o filme Yesterday fomos xingados por um idoso sem razão nenhuma durante a exibição dos trailers. P.S.: ele estava ao nosso lado na fileira de cadeiras. A pessoa quando é babaca ela é independente da idade.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

"Oi?"

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Da mesma forma que não precisa ser craque de futebol pra ser um excelente treinador. Ao contrário...a maioria dos treinadores de exceção foram jogadores toscos (Felipão, Luxa, Abel..) outros nem isso (Mano Menezes);

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Cara Cadê meu carro?

 

17) Qual seu documentário preferido?

Atualmente Privacidade Hackeada.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Olhos de Serpente, Despedida em Las Vegas...pra citar dois.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Nenhum.

 

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Um Filme em 30 Segundos - #18 Priscila Miranda Do Rosario


Esse é o nosso novo projeto: UM FILME EM 30 SEGUNDOS. Onde cinéfilos e cinéfilas enviarão uma dica de filme e sua justificativa em 30 segundos. :)


Nossa convidada número #18 é cinéfila e trabalha com distribuição de filmes. A querida amiga Priscila Miranda Do Rosario.

#umfilmeem30segundos #cinema #guiadocinefilo



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05/02/2021