26/03/2021

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Crítica do filme: 'Flores do Cárcere'


No lugar onde a verdade é uma só, a mentira é uma ilusão. Resgatando o passado de algumas ex-prisioneiras da hoje desativada Cadeia Pública Feminina de Santos, também com paralelos em forma de vídeos antigos caseiros que elas filmaram quando estavam presas em 2005, Flores do Cárcere mostra o antes e depois dessas mulheres. O arrependimento, as situações das detentas que eram mães aos olhos de terceiras, e até mesmo algumas que estavam grávidas, a conturbada e complicada relação entre carcereiras e presidiárias, a nova vida quando são libertadas, os sonhos que chegam lentamente quando enxergam uma vida fora da prisão, a visão da família sobre o cárcere. Flores do Cárcere é dirigido pela dupla de cineastas Barbara Cunha e Paulo Caldas, inspirado no livro homônimo de Flavia Ribeiro de Castro.


A cadeia precisa cumprir o papel de reeducação? Ou serve apenas para a criminosa cumprir sua pena? Há segundas chances nessa vida? 250 mulheres em 10 celas. A sensação de acordar e dormir trancadas. O sentimento de vazio. Lembranças de um tempo triste. Ex-traficantes, relacionamento com más companhias, crimes dos mais diversos tipos. Nenhuma das entrevistadas nasceu presa, elas estavam na condição de presas. Um momento da vida delas.


O Brasil possui um pouco mais de 40.000 presidiárias nas mais diversas penitenciárias femininas. Algumas dessas adotam a dança como forma de socializar, atividades promovidas como forma de ajuda para quem está preso. O documentário, exibido anos atrás no Festival do Rio de cinema, não deixa de ser um grande recorte sociológico inserido dentro do contexto de sentimento de liberdade, uma luta para não continuar presa estando livre.

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Crítica do filme: '101 Reykjavík'


As questões do ‘como ou porquê’. Lançado a quase 20 anos, segundo longa-metragem da carreira do ótimo diretor islandês Baltasar Kormákur, 101 Reykjavík é um recorte interessante e até certo ponto atemporal sobre a saída de um homem da bolha em que vive, esperando o passo dos outros antes de dar o seu primeiro, vendo sua vida passar em sua frente sem qualquer sinal de esperança ou plena felicidade. Uma comédia com pitadas de crise existencial que mostra nas entrelinhas das eternas dificuldades de alguns no entender-se com as relações humanas. Roteiro assinado por Kormákur, baseado no livro homônimo de Hallgrímur Helgason.


Na trama, conhecemos Hlynur (Hilmir Snær Guðnason), um amargurado boêmio da vagabundagem que vive seus dias refletindo sobre a vida e buscando soluções rápidas para seus conflitos. Ele mora com mãe em uma casa padrão classe média baixa e vive de ajuda do governo para desempregados. Certo dia, chega na cidade Lola (Victoria Abril), uma professora espanhola de flamengo que logo vira amiga e em seguida namorada de sua mãe. A chegada de Lola dá uma grande reviravolta na acomodada e pacata vida do protagonista.


Há uma melancolia misturada com uma pré-disposição à depressão apresentada pelo curioso personagem, um homem sem muitas pretensões na vida que resolveu vestir as roupas de acomodado eterno vivendo dia após dia fumando seus inúmeros cigarros e indo a bares lotados para tomar cerveja e observar os outros. Suas observações é bem conservadora e isso gera um efeito reverso quando preciso sair do seu pensar e atualizar quando sua mãe resolve se assumir lésbica e ao mesmo tempo Hlynur tem a descoberta de que vai ser pai. Assim, o ‘eremita vivendo em um monastério’ precisa se jogar na vida, aprender, errar, acertar, pois todos sabemos que ela é uma só.


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Crítica do filme: 'Currais'


O silêncio apaga tudo. Um homem, sua Kombi e suas buscas por respostas da história de seu avô, a reconstrução da memória de uma região, por quem ainda se lembra dessa época terrível, fatos que parte da elite se esforça em ocultar. As margens de uma estrada de ferro e no alto do sertão morriam centenas de pessoas nos chamados campos de concentração (os currais do governo), lugares criados no início da década de 30, sob conhecimento do governo federal, onde flagelados da seca eram tratados com indiferença e discriminação pela elite que já morava na cidade de Fortaleza. Escrito e dirigido pela dupla de cineastas David Aguiar e Sabina Colares, modelado em uma mistura entre documentário e ficção, Currais apresenta relatos impactantes, impressionantes, surpreendentes, além de fotos antigas mostrando o que as palavras dizem ao longo dos cerca de 90 minutos de projeção.


Uma história real, onde campos de concentração, chamados assim mesmo, lugares onde pessoas de baixa renda e sem praticamente nenhuma escolaridade, além de pessoas que fugiam da seca de outras regiões eram mantidos confinados, milhares de pessoas em raios pequenos. Um formigueiro humano. Eles eram mantidos nesses lugares, sem alimentação básica, pagamentos, para não conseguirem chegar as grandes cidades ao redor de fortaleza. A dor e o sofrimento são marcantes nos relatos de conhecidos de sobreviventes e alguns até testemunhas oculares dos horrores praticados nesses currais onde as pessoas tentavam sobreviver pessoas, trabalhadores brasileiros, desesperados que foram esquecidos pela história.


Depois que você assiste a esse documentário, é muito difícil de tirá-lo da memória. Pensar que uma cidade se ergueu sob suor e sangue é assustador. Nosso país é enorme. Tantas histórias...e muitas delas desoladoras, tristes. Como um ser humano pode fazer isso com outro ser humano? Um capitalismo desenfreado, um elitismo esnobe e arrogante, entendemos o reflexo dessas atitudes até os tempos atuais se formos comparar com a questão social das favelas, pessoas que vivem à margem de uma sociedade privilegiada. O filme abre espaço também para mostrar a religião ganhando contornos culturais através dos devotos das almas da barragem. Um documentário/ficção arrebatador que diz muito sobre a história de nosso país.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #339 - Marina Lordelo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Salvador (Bahia). Marina Lordelo tem 33 anos, é Bacharel em Artes - concentração em Cinema e Audiovisual, diretora de fotografia, fotógrafa still, roteirista e pesquisadora no Grupo de Estudos e Pesquisa Arqueologia do Sensível.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Espaço Itaú Glauber Rocha de Cinema em Salvador. Uma sala que combina conforto, filmes de maior e de menor circulação. Além da ótima curadoria, é o local que abriga o Festival Panorama de Cinema, com uma vista especial do terraço para a Baía de Todos os Santos. 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Psicose de Hitchcock foi o primeiro filme que eu assisti com alguma consciência cinematográfica. Lembro de ficar impressionada com as camadas narrativas mas também da encenação que o diretor propõe.  

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu já tive vários diretores e diretoras favoritas. Atualmente é Agnes Varda e o filme dela que mais tenho revisitado é Cléo das 5 às 7.  

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Atualmente ando apegada ao O Som Ao Redor de Kleber Mendonça Filho. São muitas as razões que me atraem, mas a consciência de decupagem, sem dúvidas, é a mais sedutora.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Cinefilia é um conceito que sofre muito, desde a Cahiers du Cinema. Eu penso que é preciso usá-lo com parcimônia e gentileza, para que não seja excludente. Um cinéfilo pode carregar muitos estigmas e talvez o mais produtivo deles seja a sensibilidade para apreciar os filmes de forma respeitosa e democrática.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A programação dos cinemas é um assunto demorado. Vai de distribuição ao mercado e, certamente, em alguma medida, os profissionais envolvidos com programação das salas se relacionam com algumas das temáticas necessárias para preencher uma sala de cinema com filmes diversos. 

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Garota Sombria Caminha Pela Noite, Ana Lily Amirpour.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Já há a vacina, o que precisa é de vacinação. Mas penso que as salas de cinema deveriam ter sido subsidiadas pelo estado e pelas distribuidoras para que se mantenham fechadas até que pelo menos uma parte razoável da população tenha sido vacinada.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é diverso assim como o cinema de qualquer outro país. Há cinema de grande orçamento geralmente focado em comédias globais ou filmes de ação e também há um cinema preocupado com a democratização da situação sócio-política do país e de sua população. O Brasil faz cinema de gênero de excelente qualidade, por exemplo (Bacurau, O Animal Cordial, Divino Amor), mas ainda alcança um público restrito. Há incoerência entre o tamanho do público que os diferentes setores alcançam e essa equação é difícil de resolver sem políticas públicas de incentivo à cultura. O sucateamento da ANCINE é um problema grave que precisa de atenção - não há como pensar em qualidade de um cinema nacional sem pesar em suas agências de fomento e promoção.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

 Cinema é invenção e experiência.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

2018 estava em um festival de cinema que exibia uma sessão nostálgica de Mulholland Drive (Cidade dos Sonhos, 2001) de David Lynch, e um senhor que estava sentado atrás de mim achou que o filme era de comédia. Resultado - ele gargalhou em vários momentos (inapropriados, inclusive). Foi uma experiência divertidíssima.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Carla Perez mostrando que todo mundo pode ocupar o cinema. 

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, mas diretores e diretoras que flertam com a cinefilia talvez consigam dimensionar a complexidade que é trabalhar com cinema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A última experiência ruim que tive no cinema foi A Trama Fantasma (2018), de P. Thomas Anderson. 

 

17) Qual seu documentário preferido?

Cabra Marcado Para Morrer (1984, Eduardo Coutinho).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Muitas vezes, geralmente em festivais. 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Homem-Aranha no Aranhaverso, com a voz do Spider-Man Noir. 

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Revista Cinética. Mas ouço muito podcasts também, gosto do Feito Por Elas e do The Cinematography Podcast.

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #338 - Vanessa Demetrio


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Governador Valadares (Minas Gerais). Vanessa Demetrio tem 31 anos, é formada em Design Gráfico pela Universidade Vale do Rio Doce, ilustradora, roteirista de filmes publicitários e estudante da Pós em Cinema pela Belas Artes de São Paulo, isso é o que ela falaria em uma entrevista de emprego. Mas é bem melhor dizer que ela é uma mulher que ama rabiscar sobre cinema, adora monstros e não vê nenhum problema em assistir o mesmo filme dezenas de vezes.

 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Moro em uma cidade de interior, aqui só temos um cinema local que eu não costumo ir com tanta frequência principalmente pelos altos preços cobrados, o que levanta a questão da acessibilidade. Sei que em nas grandes cidades como Rio e São Paulo, existem programas de incentivo que permitem o acesso ao cinema com preços que proporcionam a inclusão à população de baixa renda, mas infelizmente não é a realidade do todo.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Lembro claramente da primeira vez que eu fui ao cinema para assistir Pokémon: O filme – Mewtwo Contra-Ataca, onde é claro eu chorei horrores! Estar dentro daquela sala me despertou tantas sensações... o cheiro da pipoca, o burburinho das crianças na expectativa de vibrar com o Pikachu, o som do refri abrindo até a explosão de cores na tela acontecer. Como criança é claro que não pensava na concepção da obra em si, ou da importância do cinema na sociedade, mas saí dali tendo a certeza que queria sentir aquilo de novo muitas e muitas vezes.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Complicada essa pergunta ein?! Hauhauhau.

Poderia citar nomes que me dão muita felicidade como George A. Romero, Almodóvar, Del Toro, Tarantino mas a verdade é que meu filme preferido nem é de um diretor que carrega um fandom, tô falando de Elvira: A Rainha das Trevas do James Campbell. Ao contrário dos meninos que já crescem vendo homens voando na tv, as meninas sofrem com a falta de referências (sei que isso está mudando alô alô graças a Deusa), Elvira foi essa referência pra mim que sou dos anos 90. Uma mulher que comentava filmes de terror, se vestia de uma forma totalmente fora do padrão e ainda dirigia um Thunderbird 58 customizado especialmente para ela?  É claro que eu pirei!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Com certeza Chuvas de Verão do Cacá Diegues. O filme começa com o relato de um fim de ciclo, um senhor em seu último dia de trabalho, o que pode levar o espectador a pensar “ahh e o que pode acontecer de surpreendente nessa história?” e a resposta é tudo! Desde true crime a quebra de tabus como sexo na terceira idade.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É estudar, conhecer e incentivar o debate sobre o cinema de forma acessível. Acredito muito no cinema como arte transformadora, mas infelizmente elitista, por isso, penso que se você é um amante dessa arte, tem que tentar propaga-la para todos.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Como disse sou de uma cidade de interior, aqui só chegam blockbusters e infelizmente quase nada de cinema nacional. Então, respondendo a pergunta, não acredito mesmo que quem monta essa programação entende de cinema, com certeza entendem de finanças. 

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Ao longo de sua história o cinema já morreu várias vezes e em todas elas teve que se reinventar, como quando o som entrou em cena por exemplo. As salas de cinema podem até acabar mas não acredito que isso represente um fim para a sétima arte. 

 

 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Ladrões de bicicleta, respeita o Neorrealismo italiano galera! Hauhauhau. Filme fantástico e disponível para todo mundo ver no Youtube. Nele o protagonista tem sua bicicleta roubada no primeiro dia de trabalho, item que é crucial para que ele continue empregado. O filme reflete a Itália Pós Guerra e uma população a beira da miséria, importantíssimo tanto o cinema quanto como relato histórico.

 

É claro que esse filme já foi bastante estudado pelos teóricos do cinema, porém volto a questão da acessibilidade, é necessário que o conhecimento sobre o cinema seja estimulado em todas as classes sociais.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu acho que não viu! Sei que já reabriram em alguns lugares, mas não concordo. Ou segura esse lançamento ou lança no streaming. 

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Cinema Brasileiro é revolucionário, entre trancos e barrancos com falta de incentivo, sobrevive lutando para acontecer. Olha a prova aí com Babenco, onde a Bárbara Paz sem apoio da ANCINE tenta levar o filme ao Oscar. É uma pena a pouca divulgação dos filmes nacionais.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Com certeza Fernanda Rainha Ícone Primeira de Seu Nome Montenegro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Agente transformador da sociedade.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Uma avalanche de choro durante Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 2, claro que me incluo nesse fenômeno.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Queria que tivesse dado certo, amo Carlinha.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

Não acho. Vertov, realizador que saiu da escola soviética por exemplo, queria abandonar tudo que já havia sido produzido para começar um cinema do zero. Werner Herzog por exemplo já afirmou inclusive que nunca vê filmes. A gente acaba se baseando no modelo Tarantino de diretor, aquele cara que já viu todos os filmes e faz referências fantásticas, mas não precisa ser bem assim. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida? 

Sobre essa pergunta indico um Podcast que acabou de começar mas que é super válido que se chama Não existe filme ruim, todo filme é bom para alguém. Uma ideia que eu acredito muito, pois não nasci para crítica de cinema infelizmente, penso que sempre dá pra tirar alguma coisa do que a gente tá vendo, nem que seja um exemplo do que nunca fazer.

 

17) Qual seu documentário preferido? 

The true cost, inclusive meu sonho é que todo mundo veja, não custa torcer para uma mudança de comportamento em massa.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?   

Não kkkkk.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu? 

Meu lado amante de monstros diz O Motoqueiro Fantasma mas meu lado pisciana diz Cidade dos Anjos, podem me julgar! Kkkkk.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Nenhum acredita?! Eu sou muito dos livros e podcasts, é claro que vejo uma notícia ou outra mas não posso dizer que acompanho com frequência. Então, vou indicar um outro podcast que amo que é o RDM Cast, também conhecido como República do Medo, que abrange o horror no audiovisual no geral e, de livros indico o Horror Noire da Robin R. Means Coleman, lançado no Brasil pela Darkside que aborda a representação negra no cinema de terror, muito muito muito bom!

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25/03/2021

Crítica do filme: 'A Despedida' (2021)


O último desabafo dentro de razões quase não compreendidas. Baseado em um ótimo filme dinamarquês chamado Coração Mudo, que inclusive teve exibições do Festival do Rio, Blackbird, escrito pelo roteirista Christian Torpe (que também assina o roteiro do projeto europeu e também é o criador da série Rita, disponível na Netflix) traz a tona uma situação bastante complexa para os envolvidos, quando uma mulher decide dar um fim na sua vida e chama toda a família para compartilhar os últimos momentos, em uma fim de semana, com ela. Analisando todos ao seu redor, a matriarca faz suas leituras sobre casamentos, sexualidade, amizade e família. Há uma sutileza nos diálogos mesmo nos momentos de tensão.


Na trama, conhecemos Paul (Sam Neill) e Lily (Susan Sarandon), um casal com anos de relacionamento que decidem reunir as duas filhas, Jennifer (Kate Winslet) e Anna (Mia Wasikowska) para um fim de semana, pois Lily, portadora de uma doença degenerativa, resolve dar um fim na sua vida e gostaria de passar os últimos momentos com os que ama. Há um constrangimento constante entre todos os presentes. Cada um à sua maneira, tentam fazer do fim de semana o mais normal possível mesmo que isso seja impossível.


Conflitos eminentes, escolhas incompreendidas. Segredos, situações não contadas, tudo vem à luz quando os personagens entram em embates entre eles. O projeto gera ótimos debates, principalmente sobre o tema principal, a eutanásia, procedimento ilegal, inclusive no Estado onde mora a família.  Será que todos temos o direito de morrer como queremos? Várias perguntas são levantadas através dessa reunião fúnebre, de 97 minutos, que consegue resgatar as fortes emoções da versão original. O filme conta também com ótimas atuações.


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Crítica do filme: 'Matar Jesus'


Os questionamentos ao poder, a inconsequente justiça com as próprias mãos. Exibido no Festival de Toronto no ano de 2017, Matar Jesus, escrito e dirigido pela cineasta Laura Mora Ortega é um recorte impactante de um choque entre dois mundos, duas realidades dentro de uma mesma cidade. Uma tragédia inesperada. Uma família em dúvidas sobre o futuro em uma cidade tomada pela criminalidade. Uma jovem em busca de respostas e justiça. Um filme que gera uma dezena de reflexões. Potente fita colombiana.


Na trama, conhecemos a jovem e alegre Lita (Natasha Jaramillo), estudante de fotografia, universitária, que tem uma grande admiração pelo pai, um professor universitário. Certo dia, após voltar para casa de carona com seu pai Lita presencia o terrível assassinato do mesmo por dois bandidos em uma moto. O tempo passa e Lita parece estar perdida com a absurda falta de sensibilidade da polícia local e sem nenhuma notícia sobre a justiça no caso. Dois meses após a tragédia, em uma boate, acaba reconhecendo o rosto de um dos responsáveis pelo assassinato do pai, Jesús (Giovanny Rodríguez). Assim, busca se aproximar dele para fazer justiça com as próprias mãos.


Observando de perto a realidade de Jesús, e todo o caos que o cerca, Lita se depara com os amigos dele, a mãe religiosa e a perda do irmão que era uma referência para ele. É um choque para ela também ver tudo que envolve a vida desse jovem que não tem futuro, objetivos e passa seu cotidiano executando ordens que não sabe de onde vem e no aguardo de uma sentença. Sempre em conflito, a personagem principal busca suas respostas mesmo estando cega em busca de uma vingança que não consegue sair de seu coração.


Matar Jesus é um poderoso drama, expõe histórias de parte da comunidade violenta. Também explica o entorno, seus porquês, um paralelo com muitos países latino americanos, parte da sociedade que praticamente é deixada de lado, sem apoio ou incentivo tendo sua única solução para sobrevivência ter que roubar ou cometer crimes, envolvidos na corrupção que algumas vezes também está ligada às leis que deveriam servir para proteger e orientar.



 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #337 - Vivi Amodio


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Vivi Amodio tem uma carreira de mais de 20 anos trabalhando com publicidade, conteúdo e cinema. Estudou roteiro na Academia Internacional de Cinema, Cinema Total no INC e fez oficina de construção de personagem com João Miguel no B_arco. Já trabalhou na O2, F.biz, McCann Health, produzindo e criando para grandes marcas e clientes, atuou por 3 anos como diretora de conteúdo, dirigiu e roteirizou 2 curta-metragens e diversos conteúdos para internet. Também faz parte do grupo de teatro “Deixa Vir”.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Minha sala de cinema preferida em São Paulo é o Cinesala, por ser cinema de rua, por sua história, já foi sede da cinemateca e justamente por sua programação alternativa que sempre me agrada muito.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

História sem Fim, quando eu era criança.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Woody Allen - Annie Hall.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Lobo atrás da Porta - Roteiro surpreendente, difícil de encontrar no cinema nacional.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Viver a vida como se fosse um roteiro.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que infelizmente não!

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Ao menos os cinemas de rua me parecem fadados ao fim, o que me gera uma tristeza gigante.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Mommy, um drama canadense incrível e que sei que poucos assistiram.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Infelizmente, apesar de cinéfila não acho que seja seguro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Em ascensão, acho que ainda estamos engatinhando no mercado do Cinema, mas estamos evoluindo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

João Miguel.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a arte em movimento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Briga de um casal no meio da sessão.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Fiz questão de não assistir.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que seja necessário ser cinéfilo, mas sem ter uma boa bagagem como referência, certamente não passará de um diretor mediano.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

 50 Tons de Cinza.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Democracia em Vertigem.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, quando assistir Cinema Paradiso no Vivo Open Air.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IMDb.

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24/03/2021

Festival MIMO de cinema acontece entre os dias 26 e 28 de março


Nessa próxima 6a, dia 26.03, começa o MIMO Festival, desta vez totalmente digital (como o momento pede). Além de shows, workshops e Fórum de Ideias, haverá também o Festival MIMO de Cinema. Serão exibidos gratuitamente pelo Vimeo (www.vimeo.com/mimofestival) cinco filmes que foram exibidos nas suas últimas edições com grande sucesso e duas estreias no Brasil, o inédito documentário da banda francesa Nouvelle Vague e Alô....tudo bem? dirigido por Helios Molina.
  

O festival já exibiu mais de 370 de filmes, sempre abordando o universo musical, e disponibilizará entre os dias 26 e 28 de março seis documentários, são eles: Nouvelle Vague by Nouvelle Vague (direção: Marc Collin); Vinil, Poeira e Groove (direção: Diego Casanova); Antes que me esqueçam, meu nome é Edy Star (direção: Fernando Moraes); A história de um Silva (direção: Marcelo Gularte e Felipe Bretas); O Astronauta Tupy (direção: Pedro Bronz), Clara Estrela (direção: Rodrigo Alzuguir e Susanna Lira) e Alô....tudo bem? (direção: Helios Molina).


Programação Festival MIMO de Cinema:


NOUVELLE VAGUE BY NOUVELLE VAGUE


Direção: Marc Collin


DOC I 1h14 I 2017 I França I livre


O filme do músico e produtor Marc Collin, que idealizou a gravação de clássicos do punk e do new wave com a batida da Bossa Nova nas vozes de jovens cantoras, conta a história do sucesso mundial do coletivo francês liderado por ele e Olivier Libaux, através de imagens de arquivo (filmes caseiros, com cenas de estúdio, camarins e turnês, clipes e aparições na TV).


 


A HISTÓRIA DE UM SILVA


Direção: Marcelo Gularte e Felipe Bretas


DOC | 1h17 | 2019 | RJ | livre


A produção aborda a vida e a carreira do funkeiro MC Bob Rum, responsável por um dos clássicos do gênero, o "Rap do Silva", que despontou na década de 1990. Com depoimentos de amigos e da família, o filme mostra desde a sua infância, passando pela descoberta da relação com a música, até os altos e baixos da vida artística.


 


ANTES QUE ME ESQUEÇAM MEU NOME É EDY STAR


Direção: Fernando Moraes Souza


DOC | 1h20 | 2019 | BA | 16 anos


O filme narra a trajetória do cantor, ator, dançarino, produtor teatral performer e artista plástico baiano, através de cenários culturais dos anos 1960 a 1980, com depoimentos de Caetano Veloso, Renato Piau, Rubens Lima Jr, João Carlos Rodrigues e das transformistas Rogéria, Jane di Castro e Claudia Celeste a suas memórias. Direção musical de Zeca Baleiro.


 


VINIL, POEIRA E GROOVE


Direção: Diego Casanova


DOC | 1h10 | 2018 | SP | 14 anos


No início dos anos 2000, com o advento dos suportes digitais, o disco de vinil perdeu espaço no mercado fonográfico brasileiro. Entretanto, diversas manifestações em todo o país permitiram manter viva a cultura do vinil, que atualmente move uma economia poderosa. O documentário reúne algumas dessas histórias.


 


O ASTRONAUTA TUPY


Direção: Pedro Bronz


DOC | 1h22 | 2019 | RJ| livre


O filme percorre a carreira do artista Pedro Luís através de seus grandes sucessos. Músico com trajetória única dentro do universo da MPB, demonstrou seu talento em diversas frentes musicais. O filme faz um percurso pela cidade do Rio de Janeiro, a inspiração poética do artista. Da Zona Sul à Zona Norte, o Astronauta Tupy atravessa a cidade com sua música, história e poesia.


 


CLARA ESTRELA


Direção: Susanna Lira e Rodrigo Alzuguir


DOC I 1h12 I 2017 I RJ I livre


O filme narra, na primeira pessoa, a trajetória de Clara Nunes (1942-1983), que conquistou o Brasil e é considerada uma das mais importantes artistas da música popular brasileira. O documentário é construído por depoimentos da cantora na mídia, na voz da atriz Dira Paes.


ALÔ.... TUDO BEM?


Direção: Helios Molina


DOC I 1h08 I 2020 I França I Livre


De que forma a extrema direita está destruindo a máquina cultural do país, interferindo na criação dos artistas? Vamos descobrir nesse documentário os depoimentos de Gregório Duvivier, Marcelo Freixo, Perfeito Fortuna, BNegão, Tiganá Santana, Mauricio Hora, Benedita da Silva, entre outros. O autor faz referência à guerra civil espanhola e sua família como exemplo de resistência as ideias da extrema direita.


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8 e meio em 20 - Bate-Papo #3 - Paulo Fontenelle


Olá cinéfilos! Inventei um novo projeto :) Chama-se "8 e meio em 20". Tá acontecendo toda 4a às 19:30 hrs.

Oito perguntas e meia feitas para um convidado cinéfilo para serem respondidas em até 20 minutos (mas sempre passa bem de 20 minutos rs) numa live ao vivo no Instagram do meu blog @guiadocinefilo .

No programa de hoje, nosso convidado é cinéfilo e cineasta, Paulo Fontenelle.

Espero que vocês consigam acompanhar. Deixarei os vídeos disponíveis no Instagram e no meu blog (link na bio) e em algumas plataformas de áudio deixarei os áudios, algo como um podcast do projeto.

Viva o cinema! Saudações cinéfilas!


#guiadocinefilo #cinema #live #entrevistas #entrevista






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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #336 - Pedro Colnaghi


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo de Passo Fundo (Rio Grande do Sul). Pedro Colnaghi tem 18 anos, é videomaker e apaixonado por cinema desde os seus 3 anos. Seu maior sonho é ser um diretor reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade a única sala de cinema disponível é da rede Arcoplex, por esse motivo não tenho muita escolha.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acredito que Indiana Jones. Quando meu pai me levou pela 1a vez numa locadora para escolher um filme, bati o olho naquele cara aventureiro com chapéu engraçado e levei pra casa assistir, a partir daquele momento vi que o cinema era muito mais do que eu podia imaginar.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito é, logicamente, Quentin Tarantino, sendo Bastardos Inglórios meu filme favorito.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus. Acredito que a forma como esse filme revolucionou o cinema nacional diz muito o porque da minha escolha. Muito além do que se diz respeito à técnica aplicada no filme, o contexto social em que ele se encontra causa um grande impacto em qualquer um que assista.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo nada mais é do que amar o cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Na maioria das vezes não. A lógica é muito mais lucrativa do que artística na maioria dos cinemas do país.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acabar, mas diminuir. Isso faz parte de um processo tecnológico onde os streamings tomaram conta, tanto pela sua acessibilidade quanto pelo fator custo-benefício. Mas, nada disso tira o prazer de frequentar salas de cinema, apesar de enxutas futuramente, elas se tornarão um evento à parte no cotidiano das pessoas.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Drive (2011).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

No momento não. Os streamings dão conta do recado por hora.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Insuficiente.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Rodrigo Santoro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Amor.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não presenciei muitas histórias inusitadas no cinema, mas lembro do dia que fui ao cinema assistir Avengers Endgame com minha turma de aula e, logo após a morte do Tony Stark me vi desabando no choro. Todos riram de mim no outro dia em sala de aula hahaha.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca tive a oportunidade de ver Cinderela Baiana.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acredito que ser cinéfilo ajuda no processo, e os torna muito melhores do que aqueles que apenas fazem filmes sem se envolver profundamente com o cinema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Velocipastor. Algo transcendetal de tão ruim.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Lixo Extraordinário.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sem dúvidas. Joker foi o mais recente.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Con-Air.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Atualmente no "Cropada".

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #335 - Cecília Bezerra


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Natal (Rio Grande do Norte). Cecília Bezerra tem 29 anos, é formada em Rádio e TV pela UFRN e atualmente trabalha como redatora de conteúdo em uma agência de marketing digital. Sempre gostou de cinema desde criança. Cresceu vendo Sessão da Tarde e Cinema em Casa, mas foi na adolescência que a 7° arte virou paixão pra vida toda. Era rata de locadora onde passava horas lendo sinopses de filmes depois da escola ou aos finais de semana, e foi lá que teve o primeiro contato com diretores, atores e atrizes que hoje é muito fã.  Fica extremamente empolgada nas temporadas de festivais, como Toronto, Berlinale, Cannes, Mostra SP, entre outras, e logo começa a pesquisar tudo sobre aqueles filmes que mais chamaram atenção do público e crítica e, consequentemente, a dela. Seu gênero favorito é Drama, seja familiar, romântico ou histórico, e o que menos curte é Terror. E não é porque ela tenha medo - muito pelo contrário! É difícil alguma coisa a impressionar: quando vê terror, é quase certo de que vai rir, revirar os olhos ou bocejar de sono. Este ano, tirou um projeto antigo do papel que é o seu perfil no instagram @cinefiladearaque para falar sobre filmes e séries que anda assistindo com bom humor, embora não se ache muito engraçada. Ainda está no início, mas espera conseguir conquistar uma comunidade bastante ativa.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Aqui em Natal é meio precário de salas de cinema. Temos três cinemas grandes (Cinemark, Cinépolis e Moviecom), porém, a programação é sempre repetida, e pra quem gosta de filmes que fogem do circuito comercial, como eu, a situação piora porque nem sempre esses filmes chegam por aqui. A sala que mais frequento é o Cinépolis porque é sempre mais vazio durante a semana e é o único cinema que tem sessão especial dedicada a filmes alternativos.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Kill Bill, com certeza! Lembro exatamente a 1° vez que assisti, lá pelos meus 12 anos. Quando o filme acabou eu fiquei muito impactada. Já perdi as contas de quantas vezes já assisti.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Meu diretor favorito da vida é Tarantino. E não sei dizer qual é o meu filme favorito dele! hahahaha Kill Bill vol.1, Cães de Aluguel e Pulp Fiction estão tecnicamente empatados :D

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Revi recentemente A História da Eternidade e hoje ele entrou para a lista dos meus favoritos. É um filme muito poético, sensível e com uma interpretação poderosa do Irandhir Santos.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim, é ir além da experiência do “assistir”. É ir em busca de entender os sentimentos e as conexões que aquele filme despertou e deixar a emoção fluir quando alguma cena toca de maneira profunda. Mas, acima de tudo, ser cinéfilo é gostar genuinamente de cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Aqui em Natal, com certeza, não. Por aqui sempre prevalecem os blockbusters que lotam 8 de 12 salas, por exemplo, o que acaba impedindo boa parte do público de conhecer outros filmes interessantes, principalmente o cinema nacional.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Bom, se acabar, espero que seja só depois que eu morrer hahaha.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A Bela Que Dorme, do Marco Bellocchio. Aborda um tema muito delicado em nossa sociedade, a eutanásia, e os pontos de vista político e religioso dos personagens sobre o tema. Ah, tem a Isabelle Huppert no elenco.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Apesar da saudade imensa que eu tenho de ir ao cinema, melhor reabrir somente quando a situação estiver mais segura.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Cada dia melhor! Só orgulho.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Um lugar onde os meus sonhos se tornam realidade.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Durante uma sessão, senti um cheiro de café muito forte atrás de mim. Aí quando olhei pra trás, vi um cara com uma garrafa térmica de café passando para os amigos do lado, enquanto outro tirava da mochila um pacote de bolachas hahahaha.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Eu NUNCA vi Cinderela Baiana hahahaha.

 

15) Muitos diretores de cinema  não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Sim. Pra mim não faz sentido ser cineasta se você não tem a curiosidade de conhecer e entender cinema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O último que vi e achei terrível foi Cats.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Vi pouquíssimos, infelizmente. Ainda não tenho um favorito.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, algumas, mas a mais memorável foi na estreia de Bacurau. O filme acabou e eu levantei logo em seguida muito emocionada e aplaudindo sem parar.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Senhor das Armas. AMO!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IndieWire e AdoroCinema, mas geralmente costumo me informar pelos perfis que sigo tanto no twitter como no Instagram.

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23/03/2021

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Crítica do filme: 'Siron. Tempo Sobre Tela'


A honestidade na arte de criar. Escrito e dirigido pelos cineastas André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos, Siron. Tempo Sobre Tela nos apresenta um profundo e impressionante raio-x sobre a criatividade de um dos maiores artistas plásticos de nosso país, Siron Franco. Com muitos depoimentos do próprio artista em uma espécie de narrativa intimista, o processo criativo é mostrado por várias óticas. Fontes de inspiração, meda da tortura, o pensar como uma peça de teatro, o fascínio com outras artes como o cinema, os fundamentos do sonho sobre à arte. Ao longo de cerca de 90 minutos somos premiados com memórias de sua intensa e bem vivida trajetória, tanto no lado profissional como no lado pessoal, declamadas belo lado do saudosismo. Disponível a partir do dia 25 de março em muitos streamings.


Em Siron. Tempo Sobre Tela, somos imersos ao universo desse grande artista brasileiro, fiel ao seu Goiás. Ele passou por tantas transformações como seu próprio Estado. Buscando fazer o bem e dedicando sua vida à arte acessamos memórias do seu arquivo pessoal, inclusive com um depoimento especial, em uma passagem rápida, do grande Ferreira Gullar que foi crítico de arte durante um tempo. Em um momento tocante, conhecemos as origens, inclusive filmadas do início de uma de suas obras mais famosas, em homenagem à cultura indígena e o absurdo pós destruição de quase 500 colunas onde podemos definir um paradoxo inimaginável sobre a intolerância de terceiros que não entendem nem um pingo do que aquilo tudo representava.


Um fato chama a atenção na afirmação de que ele lembra mais das coisas que já pintou do que já viveu. Nos faz refletir. A ferramenta do inconsciente com a chegada do cansaço, um processo que pelo relato de Siron deve ser bem difícil explicar mas pelas imagens em fundo podemos começar a ter uma ideia. Os sentidos abertos do sonho, a importância desse momento reflexivo que reflete à arte, também de muitos cineastas como David Lynch.


A importância desse documentário é gigante para novas gerações conhecerem artistas emblemáticos de nossa trajetória cultural. A arte, seja ela qual for, é uma conexão entre passado e presente, um exercício de liberdade do seu pensar sem cadeados não criativos contra a novidade após o ontem.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #334 - Luiza Lusvargui


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Luiza Lusvarghi tem 64 anos, é crítica de cinema, jornalista e pesquisadora, graduada em Jornalismo pela PUC SP, Mestrado e Doutorado pela ECA USP com estudos de Cinema e Audiovisual.  Autora de De MTV a Emetevê (2007), O Crime como Gênero: A ficção Audiovisual da América Latina (2018), coautora e organizadora de Mulheres Atrás das Câmeras (2019), coletânea de artigos do Prêmio Jabuti 2020. É integrante do grupo Genecine (Studies on Film and Audiovisual Genres) Unicamp, Socine (Sociedade Brasileira de Estudos de Cineme e Audiovisual), de Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e participa dos coletivos feministas Elviras e Mais Mulheres. 

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

CineSesc. Porque investe no cinema independente e nos bons filmes nacionais, algo que o Espaço Itau não faz mais, virou mainstream.

 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Morangos Silvestres, Persona, todos os filmes do Bergman. E Fellini, e os filmes brasileiros, que só passavam no nosso cineclube, assistir a filmes brasileiros era como participar de uma seita secreta,

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Gritos e Sussurros.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

 A Lira do Delírio, porque sim, foi meu primeiro grande amor.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Isso não existe, mas quem gosta de cinema não tem filme favorito, gosta de tudo, vai para um país estrangeiro e entra no cinema, mesmo que não consiga entender tudo.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Sim. Já foram tão diferentes ao longo da história.

 

8) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

De jeito nenhum, é indecente.

 

9) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Nunca esteve tão bem.

 

10) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Matheus Natchergaele.

 

11) Defina cinema com uma frase:

Arrebatamento.

 

12) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Uma amiga minha que é deficiente pegou o elevador errado e entrou aos brados na sala, atrasada, se queixando de descaso e omissão. E é verdade, a maioria não tem esquema para acolher ninguém com problemas. Quando quebrei o pé, tive de desistir de acompanhar a Mostra, os cinemas são completamente inacessíveis.

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não perdi meu tempo em assistir.

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

Não. Mas é melhor que seja.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Difícil, são tantos. American Pie, talvez.

 

16) Qual seu documentário preferido?

Muitos, mas recentemente Os Segredos de Putumayo, do Michiles.

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, mas não acho uma boa ideia. O silêncio é sempre maravilhoso, e depois ir pra um café comentar com amigos. 

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Arizona Nunca Mais.

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Difícil, gosto do Adoro Cinema, mas tem o Canal Tech, muitos outros. Gosto dos críticos do The Guardian, vejo Nyt, El Pais, La Vanguardia. Quando me interesso por um filme, eu mapeio, vou aonde ele for.

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