O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Felipe Bragança tem 40 anos. É cineasta,
formado pela UFF. Tem no currículo ótimos projetos, às vezes na direção, às
vezes como roteirista ou até mesmo co-diretor. Seu início veio ao lado da
também cineasta Marina Meliande, com
os projetos independentes A Fuga da
Mulher Gorila e A Alegria. Foi
diretor-assistente e também assinou o roteiro do maravilhoso filme de Karim Aïnouz, O Céu de Suely. Em carreira solo, dirigiu anos atrás o interessante
longa-metragem Não devore meu coração.
Recentemente no início de 2020, lançou Um
Animal Amarelo, seu segundo trabalho solo na direção, o filme esteve em
competição no prestigiado Festival de Roterdã.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Gosto do meu pequeno cinema de bairro: o CINE SANTA, no centro do Rio, onde
vivo.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Na infância, A
História Sem Fim. Grudou nos olhos. Quando jovem adulto: O Sétimo Selo, do Bergman.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Não tenho um favorito. Vou citar aquele de quem mais filmes
vi e revi: Luis Buñuel.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Também não tenho um favorito. Vou citar 3 dos essenciais na
minha formação do olhar como cineasta brasileiro quando anda era estudante há
15 anos atrás: A Hora e a Vez de Augusto Matraga (Roberto Santos), Matou a
Família e Foi ao Cinema (Julio
Bressane) e Santo Forte (Eduardo Coutinho).
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Ver no cinema uma forma de constante reinvencão da vida.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
O cinema é tanta coisa. Entender de cinema também. Acho que
quanto mais independentes os programadores e as programadoras, mais livres para
propor recortes, melhor.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Nunca. Vão se tornar mais raras. Mas vão sobreviver.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Valerie and Her Week
of Wonders. Filme tcheco de 1970.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
É possível sim reabrir seguindo um protocolo de segurança
sanitária rígido e que respeite o momento que estamos vivendo.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
O cinema é espelho do
país. Na última década, vivemos uma
ebulição interessante de vozes e linguagens entre 2010 e 2020 - em um momento
de um certo otimismo ou entusiasmo reinante. A próxima década, será de
reinvenção para atravessar as trevas em que mergulhamos e que nos faz pensar em
questões e dilemas do Século XX e que precisamos ser olhados de frente.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Um ator ou atriz atual? Gosto muito do Fabrício Boliveira, do Rui
Ricardo Diaz e da gênia Helena Ignez.
12) Defina cinema com
uma frase:
Escrever com luz e som.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.
O que acontece numa sala de cinema, fica na sala de cinema
:)
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
O Brasil é extraordinário.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Para mim, sentir e pensar cinema passa por se ver filmes.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Pearl Harbor ou
quase tudo do Bay. Não consigo.
17) Qual seu
documentário preferido?
Vou citar Santo Forte,
do Coutinho. Real e fantasmagoria.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Diversas vezes. A última vez: um filme vietnamita que vi no
Festival de Berlin em Fevereiro: TASTE.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Arizona Nunca Mais.
20) Qual site de
cinema você mais lê pela internet?
Papo de Cinema.