08/11/2013

Crítica do filme: "Minha Vida dava um Filme"


Com muita futilidade, inutilidade e cenas horrorosas o novo trabalho dos cineastas Shari Springer Berman, e Robert Pulcini (Os Acompanhantes) é um filme ao melhor estilo conversa para boi dormir.  Um dos atrativos do filme poderia ser a presença da ganhadora do Oscar Annette Bening (Ginger & Rosa) porém a veterana artista consegue, para grande surpresa negativa, uma de suas piores atuações da carreira.

No pífio roteiro escrito por Michelle Morgan, acompanhamos a vida tumultuada de Imogene (interpretada terrivelmente por Kristen Wiig). Entre seus atuais desastres: acaba de terminar o seu longo relacionamento e sua carreira está em ladeira abaixo. Sem dinheiro, ela é obrigada a voltar a morar com sua excêntrica mãe (Annette Bening), que vive com um jovem ambicioso e mentiroso.

Cenas escrachadas, de muito mal gosto recheiam a grande confusão na tela. A história não segue uma lógica, deixando o espectador perdido em diversos momentos. A atriz Kristen Wiig (Solteiros com Filhos) modela sua personagem de maneira bisonha e pouco inteligente. Provavelmente, com essa fraca atuação, conseguiu seu lugar na próxima cerimônia do Framboesa de Ouro. 

A direção é outro ponto que deixa muito a desejar. Adotando algumas técnicas peculiares na composição das cenas e não preenchendo as lacunas deixadas pelo roteiro. A câmera subjetiva (quando vemos o que o personagem vê) logo no início já indicava que seríamos transformados em jogadores de um modelo experimental de besteirol americano. Terríveis escolhas da dupla de cineastas.

Quem escreveu o roteiro deveria saber que o público hoje em dia está cansado de besteiras e cada vez mais se torna exigente, principalmente com filmes hollywoodianos. Mesmo com o sucesso de Missão Madrinha de Casamento, Kristen Wiig não conseguirá bons comentários desta vez, talvez por falta de competência, talvez por falta de talento. Ou ambos. 
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07/11/2013

Crítica do filme: "Cine Holliúdy"


Um dos mais esperados filmes nacionais deste ano, enfim, chega ao circuito nacional. Com uma tática de lançamento inusitada, começando pelo nordeste antes de estrear em outros lugares, o curioso trabalho de Halder Gomes (As Mães de Chico Xavier) é uma jornada de um sonhador atrás de seu objetivo. Desde os créditos iniciais até as citações e críticas nas letras que aparecem no final, percebemos uma reverência não só a sétima arte mas também a todos os profissionais que ajudam a criar esse universo mágico de entretenimento chamado cinema.

Com cenas ao melhor estilo Tela Class (um seriado que passava na ex-Mtv), Cine Holliúdy conta a incrível jornada de Francisgleydisson (Edmilson Filho) e sua família que abandonam tudo e partem rumo ao desconhecido, com o sonho de abrir novamente uma sala de cinema em alguma cidade. A chegada maciça da televisão nas pequenas cidades do Brasil, nos anos 70, coloca em perigo os pequenos cinemas e essa é uma luta que  Francisgleydisson, à bordo da sua Wanderlea (apelido curioso de seu carro amarelo), luta a todo instante. Em uma cidade onde cinema é uma lenda, o simpático personagem terá mais uma chance de levar a magia do cinema a todos.

O filme não perde o humor em nenhum momento deixando vazios quando tenta encostar nos dramas dos personagens. É como se a emoção não fosse a fundo, fato que poderia encorpar muito mais todas as ideias e objetivos dos personagens. O foco é no protagonista, um contador de histórias absurdas que lembra em muitos aspectos Ed Bloom (personagem principal do clássico de Tim Burton Peixe Grande e suas Maravilhosas Histórias (2003)).

O personagem principal, Francisgleydisson, possui um carisma bastante particular. O ator Edmilson Filho (As Mães de Chico Xavier) esbanja talento e competência. Grande revelação do nosso cinema. Vamos conferir em breve muitos outros bons trabalhos deste talentoso artista. Roberto Bomtempo (Ponto Final) na pele do prefeito Olegrio Elpdio possui ótimas cenas e também se destaca mesmo aparecendo poucas vezes.

Os coadjuvantes tem papel importante no ritmo acelerado da história. Figuras peculiares e algumas conhecidas como o cantor Falcão enchem a tela com sotaques e expressões típicas do nordeste brasileiro. As legendas em um filme nacional, fato quase inédito, cria uma dinâmica inusitada muito bem aceita pelo público. A magia do cinema está em cada cena, seja nas interações dos personagens sejam nas referências aos filmes orientais trash de antigamente.

A vida não existe sem histórias. Cine Holliúdy bate nesta tecla a todo instante. Criar um universo de alegria e emoção mesmo com as dificuldades da vida, como Roberto Benigni fez em A Vida é Bela , é o objetivo desta história escrita pelo próprio diretor. Um indicativo de que a criatividade e originalidade do nosso cinema está vivo. Vida longa e próspera a esse tipo de cinema, o que faz a gente sonhar! Bravo!
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03/11/2013

Crítica do filme: 'Capitão Phillips'

Baseado no livro Dever de Capitão de Richard Phillips, o novo longa-metragem do excepcional diretor britânico Paul Greengrass (Zona Verde) é uma grande aventura de sobrevivência com tremendas críticas sociais. Com uma atuação espetacular de Tom Hanks (A Viagem) e um roteiro muito dinâmico, o espetador nem percebe que o filme tem  duas horas e vinte minutos de duração. Esse trabalho é muito mais do que apenas a incrível história do primeiro navio de carga americano a ser sequestrado em duzentos anos.

Na trama, acompanhamos mais uma viagem na vida do experiente Capitão da marinha norte-americana Richard Phillips (Tom Hanks). À bordo do gigantesco Maersk Alabama, no ano de 2009, sofreu junto com sua tripulação a inusitada situação de ser sequestrado no meio do oceano por um grupo de piratas oriundos da Somália. Lutando contra o tempo, utilizando todo o conhecimento que tem sobre a embarcação e contando com a ajuda de sua tripulação, Phillips trava uma difícil batalha psicológica com o líder dos piratas.

O drama tem um componente de crítica social que enxergamos claramente pelos olhos e ações do protagonista. Uma mescla de medo, terror e pena se misturam nos árduos diálogos e tentativas do Capitão de encerrar o mais breve possível aquela situação. Tom Hanks e Barkhad Abdi travam uma grande guerra para saber quem é o real senhor daquele enorme navio, duas atuações de se tirar o chapéu.

O filme é impulsionado pela bela formação de personalidade do protagonista que é mostrada nos primeiros vinte minutos de filme. Assim, conhecemos  um homem odiado por sua tripulação, distante de sua família e em eterno conflito com um de seus filhos. Com esse conhecimento nas mãos, o espectador compreende melhor cada passo do personagem, sente pena, discorda de algumas posições e entende muitos de seus movimentos para salvar a embarcação .
Tom Hanks volta em grande forma às telonas após o terrível A Viagem (2012) e o fraquíssimo Larry Crowne: O Amor está de Volta (2011). Com uma atuação digna de Oscar, fica muito difícil seu nome não figurar entre os cinco melhores atores na próxima grande festa do cinema. Os atores que interpretaram os piratas da Somália, também mrecem destaque. Estão sensacionais em cada uma das longas sequências que aparecem. Conseguem criar uma atmosfera de realidade absurda, fazendo o público interagir com os acontecimentos a todo instante.

Impressiona o trabalho de preparação desse elenco que mistura um ator consagrado com ouros que nunca tinham feito um filme sequer. É para se emocionar, é para você não perder. Capitão Phillips estreia na próxima-sexta-feira (08) nos cinemas brasileiros e deve levar muita gente aos cinemas. Um filme de Hollywood mas com um toque de genialidade e inteligência de Greengrass. Bravo!
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Crítica do filme: 'Arthur Newman'

Dirigido pelo estreante Dante Ariola, Arthur Newman é quase uma grande brincadeira de faz de contas onde a realidade vai ficando para trás dando lugar a sonhos, desejos e ações executados por alter egos diversos. O filme, que conta com mais uma atuação maravilhosa de Colin Firth, é uma grande estrada sem direção, o que pode incomodar alguns. A falta de objetivos dos personagens é abordada dentro da trama. Eles são guiados por desejos reprimidos, fantasias do que acham ser a felicidade. Tem uma personalidade de um road movie mas na verdade é um drama profundo e inteligente que tem como pano de fundo a relação entre pais e filhos.

Na trama, conhecemos um homem desiludido com sua vida profissional e pessoal. Certo dia, resolve fugir e plantar evidências do seu desaparecimento em uma deserta ilha longe de casa. Na estrada, à bordo de um conversível clássico esbarra com uma mulher completamente insana e juntos vivem dias intensos vivendo literalmente a vida de outras pessoas. A fita tem um dinamismo peculiar que se encaixaria como uma luva no formato peça de teatro. Seria uma interessante adaptação, desde já fica a dica aos que circulam pelo mundo do teatro no Brasil.

Por incrível que pareça, e a sinopse não entrega isso de jeito nenhum, o longa-metragem roteirizado por Becky Johnston (que escreveu o roteiro do maravilhoso Sete Anos no Tibet), é um grande drama familiar, com foco na relação pais e filhos. Conforme somos apresentados aos fatos do passado dos personagens, subtramas ricas em emoção, principalmente os diálogos interessantes que surgem entre o filho abandonado e a atual mulher abandonada surgem para completar as lacunhas de algumas dúvidas que surgem sobre os objetivos dos personagens.

Emily Blunt já é expert em construção de personagens esquisitos. Vimos isso em Sunshine Cleaning e Your Sister’s Sister. A bela atriz britânica precisa tomar um certo cuidado para não cair na mesmice, algumas de suas personagens são muito parecidas. Nesse filme, por exemplo, sua personagem para a continuação de outras que já teve na carreira. Já o ganhador do Oscar Colin Firth, mais competente do que nunca, consegue passar toda a aflição de seu difícil personagem com a maestria de sempre.


O filme tem alguns momentos água com açucar mas ganha um ritmo bacana quando os personagens começam a viver a vida de outros casais, isso acontecendo na história, o filme eleva sua qualidade guiado pela ótima sintonia entre os protagonistas. É um longa muito indicado para psicólogos, sociólogos. Esses, terão vários assuntos para discutir com seus alunos em sala de aula. Não percam!
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27/10/2013

Crítica do filme: 'Uma Noite de Crime'



A abertura aterrorizante da produtora Blumhouse já indicava que teríamos momentos de tensão nessa surpreendente história escrita e dirigida pelo norte-americano James DeMonaco (State Island). Estimado em quase U$$ 3 Milhões de dólares, o filme já faturou mais de 30 milhões em poucos dias de exibição nos Estados Unidos tornando-se  líder de bilheteria e automaticamente a grande sensação da temporada. Protagonizado por Ethan Hawke (Antes da Meia-Noite), o suspense apresenta em tom argumentativo o caos democrático que pode se instaurar quando a violência – em uma única noite a cada ano – pode prevalecer sem punições.

Logo no início do filme, somos avisados que estamos no ano de 2022, onde um acordo governamental permitiu que as pessoas possam cometer crimes e vinganças se qualquer tipo de punição. Assim, conhecemos a família Sandin, que alcançou a riqueza nos últimos anos vendendo sistemas de segurança par aos vizinhos e sempre optou por se proteger ao invés de descarregar a raiva nesses dias one a violência reina. O filme basicamente são os fatos acontecidos em uma dessas noites onde a violência pode se externalizar sem punições e onde a família Sandin é alvo de jovens transtornados, sádicos e completamente insanos que travam uma guerra psicológica e física com os habitantes da mansão.  

O conflito pessoal de cada um dos personagens é preponderante para criar o interessante clima de suspense que é instaurado ao longo dos 82 minutos de fita. O filho mais novo se rebela contra o pensamento dos pais, a filha mais velha fica traumatizada com uma tragédia que acontece durante a noite e a mãe das crianças passa por um longo, traumático e curto período de transformação. James Sandin (Ethan Hawke), o pai das crianças, resolve ir contra tudo que sempre pensou e proteger sua família. Bolas de sinuca, metralhadoras ao melhor estilo Duke Nukem, machados e tacos de golfe são utilizados como armas. O espectador neste momento se sente dentro de um simulador de violência, onde a guerra travada é extremamente sangrenta e totalmente inconsequente.

O inteligente roteiro percorre o campo da argumentação mostrando os dois lados dessa inusitada situação de expurgo: os que são a favor e acreditam que esses violentos dias vieram para salvar a sociedade corrompida e os que são contra e que sofrem ou tem medo de sofrer alguma consequência desses atos radicais sem controle. Respostas claras não são dadas, deixando o público entrar no debate escolhendo algum dos dois lados.

O longa-metragem abre um leque de possibilidades para o seu desfecho levando o público a torcer, ou não, pela indefesa família a cada instante. O suspense gera alguns pequenos sustos até quando parte para seus momentos de ação, do meio para o fim, cumprindo seu papel. Merece ser conferido onde melhor conseguimos sentir a ambientação daquelas sequências, numa sala de cinema. Nada como bons sustos e histórias originais para atrair a atenção dos cinéfilos.
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24/10/2013

Crítica do filme: 'Temporada de Caça' (2013)

O que esperar de um filme de ação com dois atores em final de carreira? Dirigido por Mark Steven Johnson (que comandou o terrível filme de Nicolas Cage, Motoqueiro Fantasma), Killing Season tem bons momentos mas a história sai dos trilhos quando os papéis dos protagonistas são invertidos de maneira tosca, sem nenhuma lógica. É apenas mais um filme de ação com histórinhas para encher linguiça.

Na trama, acompanhamos o aposentado general Benjamin ford (Robert de Niro), um homem ranzinza e que vive solitário em uma cabana longe dos agitos das metrópoles. Distante da família, certo dia resolve aceitar a ajuda do desconhecido Emil Kovac (John Travolta), um homem amargurado por um passado sangrento na guerra da Bósnia e que vai para os Estados Unidos em busca de vingança. Ao pior estilo gato e rato, ambos travam uma batalha de vida e morte com tentativas frustradas de terror psicológico.

O terror psicológico parece que vai ser a grande sacada do filme mas aos 45 minutos do segundo tempo conseguem estragar esse detalhe que seria fundamental para tornar a história mais atraente. Os dois atores famosos em cena tentam se virar com os seus fracos personagens. De Niro interpreta um aposentado e ex-militar, como já fizera parecido em muitos outros filmes, já Travolta inova com um cavanhaque de motoqueiro norte-americano com sotaque de sérvio (uma mistura bizarra, diga-se de passagem). Ambos, produzem até bons diálogos mas muito pouco para prender o espectador por muito tempo.

O longa-metragem tinha muitos ingredientes para agradar a qualquer tipo de público mas o roteiro consegue se perder quando começa a não fechar algumas subtramas, tornando o filme sonolento e sem nenhuma perspectiva de um desfecho que agrade ao público. É o típico caso da história com boa inteção mas muito mal contada. O filme só não é pior pois tiveram o bom senso de encurtar a fita.

O resumo dessa caça é uma temporada escassa de bons filmes de ação norte-americanos. O ano de 2013 é um período para os cinéfilos se esquecerem que em hollywood um dia já se produziu grandes clássicos do cinema. O público se renova, a pipoca fica mais gostosa, o refrigerante fica mais saboroso e continuam a fazer as mesmas historinhas irritantes que o espectador está mais do que cansado de assistir. Hollywood, renovação já!
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23/10/2013

Crítica do filme: "Um Castelo na Itália"


Dirigido, roteirizado e protagonizado pela atriz italiana Valeria Bruni Tedeschi (Beije-me outra Vez) o longa-metragem italiano Um Castelo na Itália fala sobre memórias, lembranças e conflitos pessoais de maneira leve, inteligente e delicada. Aos olhos da protagonista, que percorre a Itália, França e Inglaterra,  conhecemos a solidão e os fracassos daqueles que vivem diariamente na riqueza.

Nesse filme, dividido por estações do ano, conhecemos Louise (Valeria Bruni Tedeschi) uma ex-atriz, solteirona que vive da riqueza de sua família (que inclusive possui um castelo na Itália) e precisa enfrentar momentos turbulentos em sua família já que seu irmão tem uma doença terminal e seus conflitos com sua mãe só aumentam. Ao mesmo tempo, de maneira bastante peculiar, conhece um rapaz chamado Nathan (Louis Garrel) e se apaixona perdidamente, mesmo ele sendo anos mais novo.

O filme tem ritmo divertido, muito por conta do sempre bem-humorado Ludovic, interpretado de maneira brilhante pelo ator italiano Filippo Timi. As ironias e o pensamentos brilhantes que o personagem coloca são peças fundamentais para o carisma formado, por mais que o público saiba que aquilo é uma forma de esconder as dores de sua doença terminal.

O roteiro caminha entre histórias dramáticas (sempre com generosas doses de humor) e um grande dramalhão familiar. A busca da protagonista por uma maneira mais feliz de se viver é hilária. Em uma de suas ideias malucas, resolve pedir benção para engravidar a todas as igrejas entre a França e a Itália, entra clandestinamente em uma igreja e arruma confusão com as assustadas senhorinhas que se dedicam ao Senhor.  

Totalmente despreparados e imaturos para os obstáculos da vida, essa família deve gerar altas gargalhadas e momentos emocionantes para o espectador. O desenrolar dessa história é uma experiência deliciosa que todos os amantes do bom cinema devem conferir. Bravo!
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22/10/2013

Crítica do filme 'Os Suspeitos' (2013)



Quais são os limites na busca de um parente desaparecido? Brilhantemente dirigido pelo cineasta canadense Denis Villeneuve (Incêdios), Os Suspeitos é um dos melhores suspenses e mais surpreendente projeto dos últimos dois anos. Todo o quebra-cabeça que somos testemunhas é engenhoso, brilhante e eletrizante. O espectador não sabe o que vai acontecer na cena seguinte. Como a grande graça desse trabalho é o seu desfecho, o texto não tem nenhum spoiler, podem ficar tranquilos.

Em uma certa tarde, duas meninas são sequestradas na porta de casa levando seus pais a um limite emocional e físico em busca do paradeiro delas. Um desses pais, Keller Dove (Hugh Jackman) ultrapassa todos os limites quando resolve sequestrar e torturar o principal suspeito do sequestro.  O detetive Loki (Jake Gyllenhaal), responsável pelo caso, acaba se envolvendo com a história mais do que devia e acaba descobrindo um plano macabro e inacreditável.

Para um suspense ser bom precisa que em nenhum momento o público tire os olhos da tela. Você só consegue provocar essa reação se a história for interessante, e no caso de um mistério, que as peças do quebra-cabeça lentamente vão se modelando deixando o espectador ansioso em saber como termina todo o mistério. O roteirista Aaron Guzikowski, dá uma aula em como se criar tensão, suspense e surpresa em um filme de 163 minutos.

O longa-metragem tem diversos pontos positivos. O desenvolvimento emocional e desesperante dessas duas famílias afetadas pelo sequestro é perfeitamente executado por cada personagem. Maria Bello – uma das atrizes que mais sabe sofrer em cena – faz o público sentir pena, tamanho desespero que passa na tela. Terrence Howard é o parente mais perdido com todo o desenrolar dos fatos, seu personagem (pai de uma das meninas) não tem forças nem para pensar se seus atos são ou não corretos - grande atuação desse indicado ao Oscar.

Mesmo não tendo um protagonista fixo, a câmera volta muitas vezes a Keller Dove. Um pai desesperado que só pensa em achar sua filha salva. Os conflitos familiares provocados por Dove são intensos, vira um homem sem destino, sem afeto, sem pena e totalmente inconsequente. O espectador consegue e conectar com esse personagem e acaba torcendo para um final feliz mesmo com os pecados que o personagem carrega em suas costas.

Os Suspeitos é um daqueles filmes do qual nunca vamos esquecer o final e sempre que for possível voltaremos para rever. Merece ter um lugar cativo na estante dos cinéfilos, de preferência ao lado de filmes como Seven – Os Sete Crimes Capitais e Os Suspeitos – só que nesse caso, o Kevin Spacey não é o culpado! Bravo!

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