27/07/2014

Crítica do filme: 'Omar'



O destino é uma fábula quando não se encontra uma saída para sua própria sobrevivência. Um dos filmes indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro do ano passado, é um retrato marcante e emocionante sobre um tema atemporal que causa dor e sofrimento ano após ano. Omar é muito mais que uma história de amor, é muito mais que um conflito sobre raízes, é um filme sobre traição que mostra que alguns destinos já estão traçados. Dirigido por Hany Abu-Assad e com uma atuação inspirada do ator Adam Bakri, o projeto foi o primeiro filme palestino a ser indicado ao Oscar.

Na trama, acompanhamos a vida de Omar (Adam Bakri), um padeiro que vive com a família na Cisjordânia, ocupada. O protagonista e seus dois amigos de infância, fazem parte de um movimento de libertação e lutam à sua maneira pela liberdade de seu povo. Omar é apaixonado por Nadia, irmã de um desses amigos, e isso sempre o coloca em dúvida de como seguir lutando. Quando uma traição ocorre nesse grupo revolucionário, Omar é preso e precisa decidir de qual lado ele está nesse grande conflito.

O filme navega em temas polêmicos que giram em torno do conflito milenar entre Israel e Palestina. A violência a todo instante, os julgamentos premeditados da comunidade, as traições que ocorrem a todo instante, a detenção e o tratamento desumano, torturas e rebeliões por uma causa. Ninguém é inocente nessa história. Por lutarem pelas convicções que acham as corretas, não há como ter um dia de paz nesses lugares.

A grande sacada do filme é o desdobramento da história de amor que lhe é embutida. Mas vocês pensam que isso deixa a história mais leve? Bonitinha? Nada disso. Não há clichês, percebemos novas verdades cruéis a cada sequência. Omar é um sobrevivente em um mundo de dor e violência, como milhões de pessoas que sofrem por conta desse imbecil conflito entre Israel e Palestina.

Já em seu desfecho (que final espetacular, emblemático!), com os créditos aparecendo na tela sem nenhuma trilha sonora, começamos a raciocinar e abrir os olhos de que o filme terminou mas o conflito infelizmente continua e cada vez mais sem finais felizes.
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03/07/2014

Crítica do filme: 'Muppets 2: Procurados e Amados'



Um sucesso do passado pode fazer sucesso no presente? Chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (26.06) a sequência de Os Muppets – O filme, comédia infantil baseada no clássico programa de televisão de anos atrás. Dirigido por James Bobin e com Ricky Gervais e Ty Burrell no elenco, Muppets 2: Procurados e Amados é um tantinho de mais do mesmo misturado com comédia pastelão. Não se propõe a absolutamente nada, nem divertir.

Na trama, voltamos a acompanhar os simpáticos Caco (também conhecido como Kermit), Pig, Gonzo e o restante da turma, agora com o objetivo de fazer uma turnê mundial. Para isso, acabam se juntando a Dominic (Ricky Gervais), um falso cara bonzinho, que na verdade é um criminoso perigoso. Assim, em maus lençóis, os amiguinhos precisarão reunir forças para combater os obstáculos. 

O carisma dos Muppets rompeu gerações na televisão. No formato cinematográfico, nem tanto porque não conseguiu ser um filme divertido para os adultos também. Essa sequência é mais uma daquelas dispensáveis que não acrescentam em nada a toda nostalgia que os personagens conseguiram reviver ao longo desse tempo. O roteiro é chato e sem complemento para as sequências; é maçante e poucos risos vão ser escutados nas salas de cinema. 

A sorte do longa-metragem é que não há em cartaz tantos filmes infantis. Os papais e as mamães é que ficarão reféns dessa história. A tentação para assistir a esse filme será grande, já que ir ao cinema cada vez mais voltou a ser um programa de fim de semana de muitas famílias brasileiras. Para esses, vai uma dica: aluguem A Bela e a Fera, Alladin, O Rei Leão e passe para a criançada.
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Crítica do filme: 'O Grande Hotel Budapeste'



Existe valor para uma grande amizade? Para falar sobre a trivialidade dos sentimentos do ser humano, ninguém melhor que o cineasta, queridinho dos cinéfilos, Wes Anderson (Moonrise Kingdom). Seu mais novo trabalho, O Grande Hotel Budapeste, é uma incrível aventura percorrida através do real valor de uma amizade. Com uma atuação espetacular de Ralph Fiennes (com toda a pinta que vai ser indicado ao próximo Oscar), esse filme vai agradar a grande maioria do público. É uma obra que empolga o espectador, do início ao fim.

Na trama, conhecemos o atual dono do famoso Grande Hotel Budapeste, um homem com um passado sofrido que por meio de flashbacks relembra toda sua história de aventuras inesquecíveis ao lado de seu grande amigo M. Gustave (Ralph Fiennes). Baseado em textos de Stefan Zweig, o roteiro adaptado assinado pelo próprio diretor é o paradoxo quebrado entre o muito bom e o muito bom ainda mais bom. 

A trama, dividida em partes (a La Von trier), é recheada de elemntos fascinantes. Depois de mais esse belo trabalho, não há mais dúvidas sobre a genialidade e originalidade de Wes Anderson que neste novo projeto, consegue executar com maestria todas suas brilhantes ideias em meio a planos incríveis. O mais impressionante nos trabalhos do diretor é que se você acha que seu modo de filmar é sempre igual, você se agarra aos personagens e fica tudo maravilhoso outra vez.

Forçando um sotaque engraçado, andando de Bobsled, passando um perfume atrás do outro, o carismático M. Gustave rouba a cena graças a interpretação iluminada do sempre ótimo Ralph Fiennes. Inseguro, pobre e depois rico, o mais famoso funcionário do Grande Hotel Budapeste se joga em diálogos deliciosos que conquistam o público rapidamente. Em meio a um grande conjunto de rostos conhecidos pelo grande público (Willem Dafoe, Adrien Brody, Edward Norton, Bill Murray, Tilda Swinton, Jude Law, entre outros), Fiennes é a grande atração. 

Com personagens excêntricos, situações inusitadas, uma fantasia disfarçada de ficção e muito bom humor, O Grande Hotel Budapeste é sem dúvidas um dos grandes filmes deste ano. Corram para os cinemas! Bravo!

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Crítica do filme: 'O Céu é de Verdade'



O céu é uma esperança? Milagres, crenças, religiões e convincentes interpretações fazem parte do mais novo trabalho do diretor Randall Wallace (que dirigiu o agora longínquo O Homem da Máscara de Ferro (1998)), O Céu é de Verdade. Com estreia definida no circuito nacional já na próxima quinta-feira (03.07), o filme apresenta argumentos de todo os tipos para despertar e intensificar a fé que existe em nossos corações. 

Na trama, acompanhamos a história do Pastor Todd Burpo (interpretado de maneira inspirada pelo ótimo ator Greg Kinnear), um trabalhador, pai de família que ministra cultos em uma pequena igreja no interior dos Estados Unidos. Certo dia, após o seu filho ser operado e salvo na mesa de cirurgia, recebe confissões desse mesmo filho dizendo que foi no céu e voltou durante a cirurgia. Sem saber o que fazer, se acredita ou não nos relatos e revelações do filho, Todd embarca em uma viagem emocionante em busca da renovação de sua fé.

Um sonho? Percepção extrassensorial? Um milagre? Conforme vamos acompanhando essa peculiar história começamos a entender melhor como pensa o pai da criança. A certa altura do filme, o protagonista passa a questionar a sua fé e a dos outros. O medo de acreditar, o transforma e aos poucos somos testemunhas de que a verdadeira fé dele está no amor que sente por sua família. Quando o espectador foco nesse grande personagem, esquece de qualquer exagero hollywoodiano ou clichês que o filme volta e meia deixa escancarado na telona.

O ponto central da trama é a saga do pastor. Ele quebra a perna, enfrenta um problema no rim, luta para manter saudável a saúde financeira da família e ainda perde o que tinha de mais valor dentro dele, sua fé. O personagem é muito bem exposto dentro da trama, só a atuação do Greg Kinnear vale o ingresso. Mas o longa-metragem, baseado no Best-seller homônimo que já vendeu mais de um milhão de cópias em todo o mundo, é muito mais que apenas uma excelente atuação, escancara em muitas sequências o poder do nosso acreditar. Mesmo não sabendo se o céu é de verdade, você precisa conhecer essa história.
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25/06/2014

Crítica do filme: 'Jersey Boys: Em Busca da Música'



Somos de onde tivermos de ser. Quem diria que chegaria o dia em que um dos reis dos filmes de faroeste norte-americano dirigiria um musical, e o melhor: realizando um trabalho impecável na direção. O novo trabalho do mais que conhecido ator e diretor Clint Eastwood, Jersey Boys: Em Busca da Música é uma deliciosa viagem aos anos 50/60, época em que foi fundado um dos grandes conjuntos de rock que o mundo já viu, o The Four Seasons. A história é narrada de forma divertida pelos personagens, principalmente por Tommy DeVito (grande atuação do ator Vincent Piazza), de longe, o personagem mais carismático da trama.

Na trama, voltamos aos anos 50/60, na cidade de New Jersey, onde conhecemos o encrenqueiro Tommy DeVito que vive de roubos na vizinhança, contrabandos e de música. Seu conjunto musical, vai de mal a pior, tocando em pequenos clubes. Certo dia, convida seu grande amigo Frankie Valli (John Lloyd Young) para ser o novo vocalista da banda e assim o grupo ganha projeção. Para dar o último passo rumo ao estrelato, chega o compositor e tecladista Bob Gaudio (Erich Bergen). Apadrinhados pelo mafioso Gyp De Carlo (interpretado pelo sempre excelente Christopher Walken), o grupo tem uma rápida ascensão e uma queda com grandes consequências.

O filme é super bem-humorado, mostra os duros caminhos até a fama, o poder da amizade e os problemas que podem acontecer quando o sucesso sobe à cabeça. Gravando um sucesso atrás do outro, dando festas na suíte de Sinatra e com uma presença de palco marcante, o grupo The Four Seasons, pouco conhecido dos jovens de hoje emplacaram músicas que todos nós conhecemos. O filme retrata fielmente essa época de ouro da banda e com atuações inspiradas e uma direção perto do impecável transformam esse longa-metragem em uma experiência fantástica. Você se sente na primeira fileira de um grande show!

Os números musicais possuem uma qualidade que impressionam. Coreografias robóticas cômicas, fazendo grandes shows em imensos teatros lotados justificam todo o glamour dessa história baseado no Sucesso estrondoso na Broadway. Já no arco final, quase chegando no seu desfecho, a trama cai em um limbo dramático importante onde se explica com detalhes a queda desse grupo emblemático norte-americano. 

Vocês não podem perder esse filme. Nota 10! O longa-metragem meio drama, meio musical, de 130 minutos tem ainda um verdadeiro show nos créditos finais, vale a pena ficar e conferir esse final fantástico.  De filmes assim que precisamos sempre! Bravo Clint!
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