31/08/2014

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Crítica do filme: 'Se Eu Ficar'



A vida é uma grande bagunça, uma eterna arte de saber andar na roda gigante. Baseado no livro de sucesso de Gayle Forman, o novo blockbuster a chegar nos cinemas brasileiros, Se Eu Ficar, é um projeto muito interessante que possui diversos pontos positivos. Os diálogos movidos a rock and roll, o carisma dos personagens e o excelente roteiro adaptado, são alguns dos destaques desse emocionante filme. A inflexão da linearidade do roteiro, transforma o ritmo da história, fazendo com que o espectador não consiga desgrudar os olhos da telona.

Na trama, conhecemos a história de Mia Hall (Chloë Grace Moretz), uma jovem e talentosa musicista que vive uma vida feliz ao lado da família e do grande amor de sua vida, Adam (Jamie Blackley). Tudo ia bem, até que um dia de muita neve na estrada, um terrível acidente acontece e desleais consequências catastróficas atingem em cheio essa jovem. Com uso de flashbacks, vamos conhecendo todos os grandes momentos da vida de Mia, até a hora da decisão final que ela precisa tomar.

Lágrimas e lágrimas, sim. Mas o filme é muito maior do que o nosso medo de se emocionar em uma cadeira de cinema. O clima ansioso do arco introdutório se torna um drama daqueles de machucar bem forte nossos corações. Ela escolheu Beethoven e o violoncelo, ele escolheu os Stones e guitarra. A história de amor embutida na trama, entre Mia e Adam é muito bonita, repleta de momentos inesquecíveis. Mia Hall é mais um belo personagem executado pela espetacular atriz Chloë Grace Moretz. Nós conhecemos toda a história através dos olhos dela, que possui uma visão do mundo como a de muitos jovens dessa idade: sonhos, dúvidas, paixões, amores, amizades intensas, dramas e dilemas. O espectador embarca em uma estrada de emoções variadas a todo instante e pode se identificar com grande parte dessa trajetória.

Como o filme foi adaptado de um livro, com certeza vão existir milhares de comparações. Uma coisa é certa, a roteirista Shauna Cross consegue realizar um trabalho excepcional. O roteiro é pensado de forma a preencher todas as lacunas que o livro possui. Os personagens são ótimos e muito bem executados pelos atores. Além da protagonista, vale o destaque para Joshua Leonard e Mireille Enos que fazem os pais de Mia. Ambos possuem uma força cênica impressionante e fazem um contraponto interessante na história, enchendo a tela de alegria com ótimos diálogos.
    
Não sentir mais o cheiro das aventuras culinárias de seu pai, não ouvir os hilários comentários da mamãe metaleira, não viver novas e maravilhosas aventuras apaixonadas com o grande amor de sua vida. Mas Mia tem uma escolha, tem a música, tem o amor. O que será que vai acontecer? Qual será o final dessa história? Preparem os lenços, comprem a pipoca e não deixem de assistir a esse belo longa-metragem.
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28/08/2014

Crítica do filme: 'Uma Lição de Vida'



A educação é uma baita escolha no caminho para você ser feliz. Com um hiato de 3 anos, chegou ao circuito de cinema no Brasil ,esse mês, o maravilhoso filme Uma Lição de Vida. Contando a saga de um homem em busca do simples objetivo em aprender a ler e escrever – isso aos 84 anos – o diretor britânico Justin Chadwick (que dirigiu o interessante A Outra) conseguiu reunir todos os elementos para transformar esse trabalho em algo que emociona até os corações mais duros que possam existir. A atuação de Oliver Litondo, que interpreta o protagonista Maruge, é uma das coisas mais lindas que vimos no cinema neste ano.

Na trama, conhecemos melhor um país que sabemos muito pouco infelizmente, o Quênia. Lá, após um incentivo na educação, surge um senhor carismático de 84 anos chamado Maruge (Oliver Litondo) que possui uma vontade inspiradora de aprender a ler e escrever. Lutando contra todo tipo de preconceito que vocês possam imaginar, Maruge contará com a ajuda da corajosa professora Jane (Naomie Harris) para realizar o seu grande sonho.

Esse trabalho entra naquelas longas listas de filmes que devem ser usados por educadores de todo o mundo como forma de inspirar o aprender. Rompendo barreiras, mostrando uma realidade distante de muitos nesse planeta, o sentimento fala tão mais forte que ao final das sessões a emoção toma conta da gente de uma maneira que vira algo marcante. Alguns se incomodam pelos clichês que existem no filme e da maneira como foi conduzida essa história. Mas meus amigos, acreditem, vocês precisam abrir o coração e deixar a história contagiar vocês por inteiro. A direção é competente, preenche todas as lacunas do passado do protagonista o que nos ajuda a entender a cada minuto melhor essa grande história de superação.

O absurdo maior em torno desse lançamento, não tem nada haver com o filme em si. Tem haver com a distribuição bisonha que foi feita pelo filme aqui no Brasil. O que adianta comprar os direitos do filme se não há o mínimo de carinho para colocar ele nas salas quando o mesmo entra em circuito? O filme em questão não foi absorvido pelos magnatas dos multiplex, talvez pelos não tão conhecidos atores , talvez pela grande oferta de outros filmes (muitos deles blockbusters). O fato é que esse filme ficou apenas uma semana em cartaz no RJ e isso, meus caros amigos, é de uma tristeza sem tamanho. Não perca a chance dessa história conquistar o seu coração!
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Crítica do filme: 'Um Belo Domingo'



Em busca de um novo viver, às vezes, damos voltas e voltas. Misturando subtramas interessantes com sonolentos, e nenhum pouco carismáticos  personagens, o novo trabalho da atriz e diretora Nicole Garcia, Um Belo Domingo, daria certo se fosse um curta-metragem que mostra-se apenas o arco final dessa história. Os atores, pouco inspirados, parecem engessados construindo muito pouco seus personagens. De positivo, as lindas paisagens de uma Europa aos olhos da nobreza.

Na trama, conhecemos o tímido/introspectivo/traumatizado professor Baptiste Cambière (Pierre Rochefort), um homem que esconde de todos seu passado. Certo dia, oferece uma carona para um de seus alunos e depois de uma conversa com o pai do menino, acaba parando em uma praia paradisíaca e conhece Sandra (interpretada pela belíssima atriz Louise Bourgoin), a mãe do menino. Sandra, se encontra em uma situação financeira difícil e por isso, o professor resolve ajudá-la mesmo tendo que enfrentar seu passado novamente.

A história demora para conquistar a atenção do público. O clímax acontece quase no fim da história e não causa o impacto que deveria/poderia. A direção de Nicole Garcia é apenas regular, mostra lindas paisagens mas não consegue segurar a atenção nos momentos de interação dos personagens em cena. Senão fosse o desfecho com um certo ar de surpresa e revelações, esse filme seria facilmente figurinha carimbada nas listas de piores e mais chatos filmes do ano.

Com uma abertura apenas modesta no circuito carioca, não vai causar o burburinho da melhor forma de divulgação de um filme, o boca a boca. Fotógrafos podem gostar do filme, produtores podem ter ideias de locações de futuras produções ao assistir Um Belo Domingo, os cinéfilos...bem, tem coisa melhor para assistir no circuito. O titulo nacional bem poderia ser: um belo filme de segunda! Se é que me entendem.
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27/08/2014

Crítica do filme: 'Uma Vida Comum'



O trivial propósito de viver, para alguns, é simplesmente viver. Dirigido por Uberto Pasolini (calma, ele é apenas o sobrinho do grande Pasolini), Uma Vida Comum está longe de ser um filme que estamos acostumados a assistir nos cinemas. Foca na vida de um homem comum que transborda tristeza em tudo que gira ao seu redor, e isso meus amigos é a grande chave, o ingrediente nada secreto, que faz desse filme uma pequena joia rara em meio aos blockbusters debiloides que entram e saem do circuito de cinema aqui no Brasil constantemente ao longo dos anos. A atuação do britânico, quase desconhecido por aqui, Eddie Marsan é maravilhosa e eleva a qualidade desse trabalho.

Na trama, conhecemos o sereno John May (Eddie Marsan). Um homem que trabalha a mais de 20 anos na mesma empresa, onde exerce a função inusitada de ser o encarregado de encontrar o parente mais próximo de pessoas que morreram sozinhas. Meticuloso e detalhista em suas pesquisas, não é visto com bons olhos pelo restante do departamento. Assim, quando há uma mudança na estrutura onde trabalha, é demitido mas pede para resolver o último caso que vai levá-lo a uma viagem de descobertas e amores buscando encontrar um sentido para sua própria vida.

John May foi construído de maneira genial por Eddie Marsan. Simples, meticuloso, prático e objetivo, deixa o público perplexo quando entendemos que ele busca sua maneira de viver a partir do elo de convívio com as histórias dos falecidos, que volta e meia enchem sua mesa de trabalho. Quando embarca na transformadora viagem em seu último caso, abre mão da solidão e descobre o amor. Poético né?

Exibido na 37ª Mostra Internacional de Cinema em SP, Uma Vida Comum se encaixa em um daqueles casos onde ou você ama ou odeia o filme. É compreensível tais julgamentos sobre o filme. A lentidão em algumas sequências podem incomodar o público mas para alguns esse caminho nada mais é do que aproximar o público da realidade que o personagem vive. A história gira em torno de seu personagem principal e as mudanças, ou inflexões dele, levam o espectador a diversas reflexões sobre a própria vida. É um filme muito bonito com um final pra lá de emblemático.
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Crítica do filme: 'No Olho do Tornado'



Depois do temporal, vem a calmaria. Lembra dessa frase? Depois de dirigir o chatíssimo Premonição V, o diretor Steve Quale embarca em um projeto cheio de rajadas de ventos, personagens sem carisma, clichês das antigas que gera altas doses de sono. No Olho do Tornado tem efeitos especiais bem legais, até alguns lances de destruição impressionantes (estilo Michael Bay de destruir cenários) mas nada, absolutamente nada, consegue melhorar a fraca história. Outro ponto negativo é o uso de 2D apenas. Esse filme é para ser visto com o óculos 3D grudados nos olhos do espectador (a cabine de imprensa no RJ pelo menos foi em 2D).

Na trama, conhecemos alguns caçadores de tornados. Sim, isso mesmo: pessoas que vivem andando em bando para capturar imagens inéditas dessa força da natureza. Certo dia, após várias investidas que não deram certo, acabam parando em uma cidadezinha que vira alvo do epicentro de um tornado de força 5, um daqueles jamais vistos. Nessa cidade mora o professor Gary (Richard Armitage, o Thorin da saga ‘O Hobbit’) e seus dois filhos que precisam se unir aos caçadores de tornados para juntos tentarem sobreviver em meio ao caos que vira a cidade.

Quando a gente pensa em tornado, cinefilamente falando, lembramos logo do ótimo Twister (1996). E como no cinema sempre analisamos filmes que se parecem, é até vergonhoso querer comparar o filme dos anos 90 com esse de 2014. Vamos apenas dizer que No Olho Tornado é um parente bem, mas muito bem distante do eletrizante filme protagonizado por Helen Hunt e Bill Paxton. O roteiro compromete muito. Os personagens não conseguem prender a atenção do público e as subtramas criadas (casal de jovens apaixonados presos nas ferragens, falecimentos com ações heroicas, viúvo e pai linha dura, etc...) não convencem, parecem artificiais ou fantasiosas demais.
  
Pra quem gosta muito de filmes de ação, esse trabalho pode incomodar menos. Da maneira como foi filmado, deveria somente ter cópias em 3D, isso ajudaria um pouco pois o ponto alto do filme é exatamente os efeitos especiais. Essa produção deve passar na tela quente ou na temperatura máxima muito em breve. É o tipo de passatempo cinematográfico que pode receber vários tipos de edição das televisões, com dublagem até do vento.  Tem filmes melhores em cartaz, bem melhores.
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