20/09/2014

Crítica do filme: 'Chef'



O poder do empreendedorismo está dentro de todos nós. Revolucione, tome coragem, respire fundo e se jogue.  O novo trabalho do diretor Jon Favreau soa muito natural por diversos motivos. Reuniu um grupo de artistas amigos:  Downey Jr, Dustin Hoffman, Scarlett Johandson, Sofia Vergara e montou uma história sobre o sonho e a liberdade de um experiente chef de cozinha em ter o seu próprio negócio. Com ótimos diálogos, um roteiro bem feijão com arroz e bons atores reunidos, Chef vem fazendo, merecidamente, uma boa carreira no nosso circuito.

Na trama, acompanhamos a vida corrida do hiperativo chef de cozinha Carl (Interpretado pelo diretor e ator Jon Favreau), um homem de meia idade que possui um relacionamento amistoso com sua ex-mulher mas que nunca conseguiu dar a atenção devida a seu único filho. Carl trabalha em um restaurante onde se vê diariamente limitado aos pratos obsoletos que o dono do estabelecimento (Dustin Hoffman) impõe. Certo dia, após conhecer o twitter e a fúria de um renomado crítico culinário, resolve comprar um trailer e sair vendendo comida pelas ruas. Assim, nessa nova vida, Carl redescobre o amor, melhora o relacionamento com seu filho e passa a voltar a ter um grande prazer pela arte do cozinhar.

Um dos pontos positivos a se analisar é a humildade dos artistas que contornam a trama, que respeitam o roteiro e se colocam como coadjuvantes a todo instante. O filme é do protagonista, tudo gira em torno de um único personagem, há um certo limite respeitado que gera uma grande harmonia na tela. O público ri, se vê em momentos dramáticos, há várias inflexões desse roteiro bem simples mas deveras eficiente. O protagonista é forte, possui uma empatia lúcida e clara do início ao fim. Quem está na cadeira do cinema sente isso a todo instante.

O longa-metragem toca em um ponto muito interessante que é o empreender. Esse projeto pode ser um trabalho que muitos professores poderiam usar para instigar, ensinar, dialogar sobre carreiras e mercado de trabalho. O cinema tem um grande poder de instigar a mente do espectador, as vezes dando um certo gás para tornar um sonho realidade. Chef não é o melhor filme do mundo, muito menos constará na lista dos melhores filmes do ano, mas é um daqueles longas metragens que pode fazer você repensar sobre sua vida.
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31/08/2014

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Crítica do filme: 'Se Eu Ficar'



A vida é uma grande bagunça, uma eterna arte de saber andar na roda gigante. Baseado no livro de sucesso de Gayle Forman, o novo blockbuster a chegar nos cinemas brasileiros, Se Eu Ficar, é um projeto muito interessante que possui diversos pontos positivos. Os diálogos movidos a rock and roll, o carisma dos personagens e o excelente roteiro adaptado, são alguns dos destaques desse emocionante filme. A inflexão da linearidade do roteiro, transforma o ritmo da história, fazendo com que o espectador não consiga desgrudar os olhos da telona.

Na trama, conhecemos a história de Mia Hall (Chloë Grace Moretz), uma jovem e talentosa musicista que vive uma vida feliz ao lado da família e do grande amor de sua vida, Adam (Jamie Blackley). Tudo ia bem, até que um dia de muita neve na estrada, um terrível acidente acontece e desleais consequências catastróficas atingem em cheio essa jovem. Com uso de flashbacks, vamos conhecendo todos os grandes momentos da vida de Mia, até a hora da decisão final que ela precisa tomar.

Lágrimas e lágrimas, sim. Mas o filme é muito maior do que o nosso medo de se emocionar em uma cadeira de cinema. O clima ansioso do arco introdutório se torna um drama daqueles de machucar bem forte nossos corações. Ela escolheu Beethoven e o violoncelo, ele escolheu os Stones e guitarra. A história de amor embutida na trama, entre Mia e Adam é muito bonita, repleta de momentos inesquecíveis. Mia Hall é mais um belo personagem executado pela espetacular atriz Chloë Grace Moretz. Nós conhecemos toda a história através dos olhos dela, que possui uma visão do mundo como a de muitos jovens dessa idade: sonhos, dúvidas, paixões, amores, amizades intensas, dramas e dilemas. O espectador embarca em uma estrada de emoções variadas a todo instante e pode se identificar com grande parte dessa trajetória.

Como o filme foi adaptado de um livro, com certeza vão existir milhares de comparações. Uma coisa é certa, a roteirista Shauna Cross consegue realizar um trabalho excepcional. O roteiro é pensado de forma a preencher todas as lacunas que o livro possui. Os personagens são ótimos e muito bem executados pelos atores. Além da protagonista, vale o destaque para Joshua Leonard e Mireille Enos que fazem os pais de Mia. Ambos possuem uma força cênica impressionante e fazem um contraponto interessante na história, enchendo a tela de alegria com ótimos diálogos.
    
Não sentir mais o cheiro das aventuras culinárias de seu pai, não ouvir os hilários comentários da mamãe metaleira, não viver novas e maravilhosas aventuras apaixonadas com o grande amor de sua vida. Mas Mia tem uma escolha, tem a música, tem o amor. O que será que vai acontecer? Qual será o final dessa história? Preparem os lenços, comprem a pipoca e não deixem de assistir a esse belo longa-metragem.
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28/08/2014

Crítica do filme: 'Uma Lição de Vida'



A educação é uma baita escolha no caminho para você ser feliz. Com um hiato de 3 anos, chegou ao circuito de cinema no Brasil ,esse mês, o maravilhoso filme Uma Lição de Vida. Contando a saga de um homem em busca do simples objetivo em aprender a ler e escrever – isso aos 84 anos – o diretor britânico Justin Chadwick (que dirigiu o interessante A Outra) conseguiu reunir todos os elementos para transformar esse trabalho em algo que emociona até os corações mais duros que possam existir. A atuação de Oliver Litondo, que interpreta o protagonista Maruge, é uma das coisas mais lindas que vimos no cinema neste ano.

Na trama, conhecemos melhor um país que sabemos muito pouco infelizmente, o Quênia. Lá, após um incentivo na educação, surge um senhor carismático de 84 anos chamado Maruge (Oliver Litondo) que possui uma vontade inspiradora de aprender a ler e escrever. Lutando contra todo tipo de preconceito que vocês possam imaginar, Maruge contará com a ajuda da corajosa professora Jane (Naomie Harris) para realizar o seu grande sonho.

Esse trabalho entra naquelas longas listas de filmes que devem ser usados por educadores de todo o mundo como forma de inspirar o aprender. Rompendo barreiras, mostrando uma realidade distante de muitos nesse planeta, o sentimento fala tão mais forte que ao final das sessões a emoção toma conta da gente de uma maneira que vira algo marcante. Alguns se incomodam pelos clichês que existem no filme e da maneira como foi conduzida essa história. Mas meus amigos, acreditem, vocês precisam abrir o coração e deixar a história contagiar vocês por inteiro. A direção é competente, preenche todas as lacunas do passado do protagonista o que nos ajuda a entender a cada minuto melhor essa grande história de superação.

O absurdo maior em torno desse lançamento, não tem nada haver com o filme em si. Tem haver com a distribuição bisonha que foi feita pelo filme aqui no Brasil. O que adianta comprar os direitos do filme se não há o mínimo de carinho para colocar ele nas salas quando o mesmo entra em circuito? O filme em questão não foi absorvido pelos magnatas dos multiplex, talvez pelos não tão conhecidos atores , talvez pela grande oferta de outros filmes (muitos deles blockbusters). O fato é que esse filme ficou apenas uma semana em cartaz no RJ e isso, meus caros amigos, é de uma tristeza sem tamanho. Não perca a chance dessa história conquistar o seu coração!
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Crítica do filme: 'Um Belo Domingo'



Em busca de um novo viver, às vezes, damos voltas e voltas. Misturando subtramas interessantes com sonolentos, e nenhum pouco carismáticos  personagens, o novo trabalho da atriz e diretora Nicole Garcia, Um Belo Domingo, daria certo se fosse um curta-metragem que mostra-se apenas o arco final dessa história. Os atores, pouco inspirados, parecem engessados construindo muito pouco seus personagens. De positivo, as lindas paisagens de uma Europa aos olhos da nobreza.

Na trama, conhecemos o tímido/introspectivo/traumatizado professor Baptiste Cambière (Pierre Rochefort), um homem que esconde de todos seu passado. Certo dia, oferece uma carona para um de seus alunos e depois de uma conversa com o pai do menino, acaba parando em uma praia paradisíaca e conhece Sandra (interpretada pela belíssima atriz Louise Bourgoin), a mãe do menino. Sandra, se encontra em uma situação financeira difícil e por isso, o professor resolve ajudá-la mesmo tendo que enfrentar seu passado novamente.

A história demora para conquistar a atenção do público. O clímax acontece quase no fim da história e não causa o impacto que deveria/poderia. A direção de Nicole Garcia é apenas regular, mostra lindas paisagens mas não consegue segurar a atenção nos momentos de interação dos personagens em cena. Senão fosse o desfecho com um certo ar de surpresa e revelações, esse filme seria facilmente figurinha carimbada nas listas de piores e mais chatos filmes do ano.

Com uma abertura apenas modesta no circuito carioca, não vai causar o burburinho da melhor forma de divulgação de um filme, o boca a boca. Fotógrafos podem gostar do filme, produtores podem ter ideias de locações de futuras produções ao assistir Um Belo Domingo, os cinéfilos...bem, tem coisa melhor para assistir no circuito. O titulo nacional bem poderia ser: um belo filme de segunda! Se é que me entendem.
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27/08/2014

Crítica do filme: 'Uma Vida Comum'



O trivial propósito de viver, para alguns, é simplesmente viver. Dirigido por Uberto Pasolini (calma, ele é apenas o sobrinho do grande Pasolini), Uma Vida Comum está longe de ser um filme que estamos acostumados a assistir nos cinemas. Foca na vida de um homem comum que transborda tristeza em tudo que gira ao seu redor, e isso meus amigos é a grande chave, o ingrediente nada secreto, que faz desse filme uma pequena joia rara em meio aos blockbusters debiloides que entram e saem do circuito de cinema aqui no Brasil constantemente ao longo dos anos. A atuação do britânico, quase desconhecido por aqui, Eddie Marsan é maravilhosa e eleva a qualidade desse trabalho.

Na trama, conhecemos o sereno John May (Eddie Marsan). Um homem que trabalha a mais de 20 anos na mesma empresa, onde exerce a função inusitada de ser o encarregado de encontrar o parente mais próximo de pessoas que morreram sozinhas. Meticuloso e detalhista em suas pesquisas, não é visto com bons olhos pelo restante do departamento. Assim, quando há uma mudança na estrutura onde trabalha, é demitido mas pede para resolver o último caso que vai levá-lo a uma viagem de descobertas e amores buscando encontrar um sentido para sua própria vida.

John May foi construído de maneira genial por Eddie Marsan. Simples, meticuloso, prático e objetivo, deixa o público perplexo quando entendemos que ele busca sua maneira de viver a partir do elo de convívio com as histórias dos falecidos, que volta e meia enchem sua mesa de trabalho. Quando embarca na transformadora viagem em seu último caso, abre mão da solidão e descobre o amor. Poético né?

Exibido na 37ª Mostra Internacional de Cinema em SP, Uma Vida Comum se encaixa em um daqueles casos onde ou você ama ou odeia o filme. É compreensível tais julgamentos sobre o filme. A lentidão em algumas sequências podem incomodar o público mas para alguns esse caminho nada mais é do que aproximar o público da realidade que o personagem vive. A história gira em torno de seu personagem principal e as mudanças, ou inflexões dele, levam o espectador a diversas reflexões sobre a própria vida. É um filme muito bonito com um final pra lá de emblemático.
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