04/01/2015

Crítica do filme: 'The Guest'




Dirigido por Adam Wingard e com um ótimo roteiro assinado por Simon Barrett, o longa-metragem de ação The Guest (ainda sem título em português) é uma grata surpresa para os cinéfilos que curtem filmes cheios de suspense, explosões e cenas de tirar o fôlego. Surpreendente também é a atuação do Dan Stevens que incorpora um protagonista seco, frio, sem expressão, que usa e abusa de seu charme para conseguir cumprir seus objetivos. The Guest, sem dúvidas, vai figurar em muitas listas do gênero ação neste ano. 

Na trama, somos rapidamente apresentados a um soldado chamado David (Stevens) que acabara de ser dispensado de uma frente de batalha e resolve ir até a casa de um amigo de pelotão. A família desse amigo o recebe como se ele fosse um filho, só que David esconde muitos segredos que começamos a perceber quando muitas mortes começam a acontecer na cidade e todas, de certa forma, ligadas a chegada desse misterioso homem. 

O filme tem muitos méritos. Já falamos do belo roteiro, do ótimo personagem principal e também devemos falar sobre os coadjuvantes que preenchem com êxito todas as lacunas deixadas pela macabra história. Dentre esses, Anna, a filha mais velha, interpretada pela competente Maika Monroe, é um dos grandes destaques, tem papel fundamental nas mudanças que a história executa, praticamente do meio pra frente as ações dessa ótima personagem domina as sequências. 

A esperança dos cinéfilos brasileiros é que alguma distribuidora consiga trazer esse belo trabalho aqui para nossa terra. Os filmes de ação lotam nossas salas de cinema ano a ano, sempre com atores muito famosos ou diretores já consagrados, porém, isso não quer dizer que a maioria desses títulos tenha alguma qualidade. Merecemos também ver filmes de ação com atores novos e diretores com ideias diferentes, como esse belo projeto chamado The Guest.
Continue lendo... Crítica do filme: 'The Guest'

30/12/2014

Crítica do filme: 'Se Fazendo de Morto'



Como fazer o papel dos outros se você não ouve ninguém? Em seu décimo primeiro trabalho como diretor, o cineasta francês Jean-Paul Salomé apresenta a inusitada história de decadência da profissão de ator mostrados ao público pelos olhos de um teimoso, chato, metido mas bastante empático protagonista. O sempre ótimo François Damiens segura muito bem todas as ‘nuâncias’ de seu complexo personagem.

Em uma região fria da França, um ator que ganhou o Cesar (uma espécie de Oscar do cinema francês) de revelação na década de 80, chamado Jean Renault (François Damiens) que todos não gostam de trabalhar e que está atualmente desempregado, consegue um trabalho inusitado: atuar como ator em reconstituições de crimes. Assim, logo em seu primeiro dia de trabalho enfrenta uma metódica juíza e uma cidade cheia de mistérios, ajudando a polícia a desvendar o assassinato. 

A história é bem construída envolta do protagonista. Possui tons de comédia pastelão, o personagem principal vai ao extremo em diversas características. As sequências de brincadeiras com o nome do personagem principal, Jean Renault com o astro francês Jean Reno são hilárias. O filme possui uma engraçada sintonia com os filmes do Pantera Cor de Rosa, imortalizados pelo Peter Sellers e as levemente intrigantes histórias de Georges Simenon. 

Se Fazendo de Morto tem uma cara de série para televisão. Esse filme pode ser interpretado como um piloto. O personagem tem carisma suficiente para se envolver em muitas histórias parecidas por conta desse novo nicho em sua arte escolhida. Como longa-metragem é um projeto que possui aquele toque mágico francês de transformar bobeirinhas dentro dos diálogos em um filme competente.
Continue lendo... Crítica do filme: 'Se Fazendo de Morto'

29/12/2014

Crítica do filme: 'A Família Bélier'



O que é uma família senão o mais admirável dos governos? O novo trabalho do cineasta francês Eric Lartigau (do questionado Os Infiéis) é uma comédia ao melhor estilo sessão da tarde mas com elementos tão sensíveis que elevam a qualidade da trama a cada frame. Só mesmo um cinema como o francês, que exala qualidade em muitos de seus títulos, para falar com tamanha sutileza sobre os problemas que ocorrem dentro de uma casa. 

Na trama, conhecemos os fazendeiros simpáticos que fazem parte da Família Bélier. A história gira em torno da jovem Paula (interpretada pela ex-concorrente do The Voice francês Louane Emera), uma estudante que ao entrar por acaso em uma aula de canto do colégio, percebe que tem o dom de cantar. Paula vive com sua família, onde todos são surdos e mudos exceto ela, e se dedica diariamente as afazeres familiares e as inúmeras traduções que precisa fazer para ajudar os membros de sua família a terem uma vida mais tranquila. Tudo isso muda quando Paula resolve tentar a sorte em uma seleção para uma escola de canto em Paris. Essa decisão irá mudar de vez o cotidiano de todos na família.

O filme se destaca quando, em meio aos clichês do gênero, consegue ser original pela força dos seus personagens. O entrosamento entre os ótimos François Damiens e Karin Viard (que somando suas carreiras possuem mais de 100 trabalhos no cinema) é de dar água na boca, pintam e bordam fazendo todos os espectadores gostarem desse inusitado casal. A cereja no bolo é a fofíssima Louane Emera, querida artista na França por ter participado de um reality show de sucesso, que consegue desempenhar muito bem seu papel mesmo debutando no cinema neste filme. 

Pra terminar, mais uma vez venho aqui lamentar o circuito pequeno que mais um ótimo filme ganhou, principalmente no Rio de Janeiro. Até quando vamos ter que aturar os blockbusters chatíssimos ocupando salas e mais salas semana pós semana? Filme bom tem que ter lugar nos cinemas! Agora, rapidamente voltando de novo ao filme, não percam essa deliciosa comédia que, entre outras coisas, fará você levitar de alegria com as lindas canções que ouvimos ao longo da fita, grudam que nem chiclete ou que nem aquela música da Simone em véspera de natal. Como dizia o pensador russo Tolstoi: “A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.”!
Continue lendo... Crítica do filme: 'A Família Bélier'

Crítica do filme: 'Cowboys (Kauboji)'



A vida pode até ser chata às vezes, mas um faroeste nunca! Com uma abertura ao melhor estilo dos seriados norte-americanos, o indicado ao Oscar de Melhor filme estrangeiro pela Croácia neste ano de 2015, Cowboys, é uma comédia com tons dramático muito bem dirigida pelo cineasta Tomislav Mrsic e com atuações bem competentes. Ao longo dos 107 minutos de fita, vamos acompanhando diversas situações engraçadas que acontecem com os personagens em cena. É o tipo de filme que agrada a todo tipo de público.

Na trama, um fracassado diretor de teatro precisa reunir um grupo de pessoas para encenar uma peça de teatro que não ocorre há 15 anos no lugar onde vivem. Só que o grupo de atores selecionados nunca pisaram em um palco antes e inúmeras confusões cômicas vão se moldando conforme vamos conhecendo melhor a vida de cada um desses personagens, principalmente quando eles escolhem que o gênero da peça que vão ensaiar é o famoso Western, o faroeste.

Uma grande amizade entre pessoas totalmente diferentes é formada. Dentro e fora dos palcos, um torna-se cúmplice do outro e juntos vão encontrando uma nova forma de chegar na tão sonhada e desejada felicidade. O mentor disso é Sasa, interpretado brilhantemente pelo ator croata Sasa Anlokovic, o professor dessa simpática turma de desajustados. O carisma transborda em cena, impossível não adorar essa deliciosa história.

Esse projeto se mostra tão simples como fazer aquele delicioso feijão com arroz na tarde de domingo para toda uma família. Os atores dominam completamente seus personagens e o público aos poucos vai escolhendo seus favoritos. A fórmula dá certo: um enlatado europeu com pitadas norte-americanas e um roteiro de deixar até John Wayne feliz.
Continue lendo... Crítica do filme: 'Cowboys (Kauboji)'

27/12/2014

Crítica do filme: 'O Vale Sombrio (Das finstere Tal)'



O indicado ao Oscar de Melhor filme estrangeiro este ano pela Áustria é uma jornada sangrenta em busca de um certo conforto emocional. Protagonizado pelo inglês Sam Riley e com o ator Clemens Schick (que fez o longa-metragem Praia do Futuro com Wagner Moura) no elenco, o longa-metragem possui um roteiro fraco que só não classifica a fita como ruim por conta da inteligente maneira do experiente diretor Andreas Prochaska conduzir as sequências. É um dos filmes mais fracos que foram indicados ao pré-Oscar este ano.

Na trama, um forasteiro chega a uma aldeia isolada, nas vésperas de um rigoroso inverno. Logo em sua chegada, paga uma quantidade considerável de dinheiro para os “donos” do lugar. O que ninguém sabe, é que esse homem está com uma grande sede de vingança contra quase todas as pessoas deste lugar. Assim, passo a passo, um plano é arquitetado e executado. 

O filme, desde seu princípio, tem um ar melancólico. Os personagens são frutos de uma época sem lei, onde comboios deram formados para dominar terras e pessoas. O retrato que engloba essa trama, foca nas razões que levaram o protagonista a cometer uma série de atos tão violentos. Quando esse clímax passa, o filme parece não ter muito sentido, além de uma série de pequenos clichês que vão sendo adicionados. É muito pouco para realmente prender a atenção do público, entre outras coisas, falta empatia do personagem principal em cena.

A fotografia é belíssima, a direção de Prochaska tenta captar o que pode dos detalhes dessa dura história mas o roteiro, além da atuação de seu protagonista, deixam muito a desejar. O Vale Sombrio (Das finstere Tal) não é um filme como um todo ruim mas com certeza não está à altura de outros filmes indicados ao Oscar de Melhor filme estrangeiro esse ano.
Continue lendo... Crítica do filme: 'O Vale Sombrio (Das finstere Tal)'