15/04/2016

Crítica do filme: 'Geraldinos'

Uma das grandes graças do maracanã, a alegria do povo, uma história que infelizmente só iremos ver nos registros e nos depoimentos apaixonados pelo mundo da bola. Dirigido por Pedro Asbeg e Renato Martins, o longa-metragem Geraldinos presta uma homenagem ao grupo de torcedores mais famosos de um estádio de futebol brasileiro. Com imagens históricas de uma época em que o torcedor podia acompanhar seus ídolos de pertinho, o filme navega por depoimentos e imagens marcantes de um época que bate saudade.

Geraldinos investe forte na lógica de preencher seu espaço até virar um longa-metragem com imagens interessantes que compõem uma narrativa saudosa e simpática. Já no segundo arco, o projeto vai a fundo na questão do extermínio da geral. Antigamente, desde a década de 50, o maraca era uma grande arena da democracia, ingressos a preços populares que reunia todas as classes sociais em volta de um jogo. Após a entrada de empresas, todo o processo polêmico de privatização, no comando deste patrimônio cultural a cidade, tudo aquilo que existia se foi, mesmo sabendo que a cultura que o futebol representa é maior que qualquer empresa privada.


Com depoimentos de grandes ex-jogadores e competentes jornalistas esportivos cariocas como Apolinho, o galinho Zico, o baixinho Romário, Lúcio de Castro vamos percebendo a tristeza nas falas por conta do extermínio de um ponto do mais conhecido estádio do planeta que nunca poderia ter se encerrado.  Chegamos a conclusão que é uma derrota de um projeto de cidade, a eletização dos espetáculos da cidade de alguma maneira reflete em um maracanã mais fraco, que é para alguns e não para todos.
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09/04/2016

Crítica do filme: 'Caçadores de Emoções (2016)'



Dirigido pelo cineasta Ericson Core, o remake do clássico de Bigelow, Caçadores de Emoções é mais um daqueles filmes, oriundos de outro, que nunca deveriam ter saído da imaginação do roteirista. Com uma trama nada envolvente, atuações pífias (extremamente forçadas) e uma direção que mais parece querer criar vários clipes de músicas agitadas da MTV, o projeto nem de longe é a homenagem que a galera de Keanu Reeves e Patrick Swayze merecia por ter marcado todo uma geração com o primeiro original.

Na trama, conhecemos o ex-perito em esportes radicais Utah (Luke Bracey), que agora é agente do FBI, que descobre uma quadrilha especializada em esportes radicais que não obedece a lei. Sendo assim, pede permissão para se infiltrar como agente disfarçado nessa quadrilha e assim acaba conhecendo o líder do bando Bodhi (Edgar Ramirez), um homem cheio de inconsequências nas ações que busca percorrer 7 desafios que ninguém nunca conseguiu. 

Esse remake muito se diferencia do filme original. Alguns rasos paralelos como os nomes dos personagens, uma leve lembranças ao clássicos assaltos a banco com rostos de ex-presidentes norte-americanos, são o que encontramos à vista grossa de semelhança. Tudo é muito diferente. O roteiro não consegue ter o brilho que o primeiro tinha. A direção não chega aos pés, nem à criatividade, que Bigelow conseguiu no primeiro filme. A dupla de protagonista deste...melhor nem comentar. Inventar um universo em cima de outro universo precisa ser um trabalho quase que perfeito para que tenha alguma chance de sucesso no mundo mágico do cinema. Obviamente, Caçadores de Emoções do ano de 2016 não consegue isso.

Em vez de cuidar com carinho do lado emocional dos personagens e tentar passar um pouco de emoção ao público, o diretor optou por focar nas cenas de ação e adrenalina que mais parecem clipes de esportes radicais.  
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08/04/2016

Crítica do filme: 'À Três Vamos Lá'



Nas leis do amor, os limites são meros e delicados detalhes. Escrita e dirigida pelo cineasta Jérôme Bonnell, À Três Vamos Lá é quase que um conto de fadas com alternâncias entre a profundidade do amar e as crônicas que se pode esperar de um conflituoso porém extremamente simpático triângulo amoroso. Ao longo dos curtos 85 minutos de projeção somos testemunhas de uma história nem tão original mas com uma narrativa empolgante e uma direção para lá de competente. 

Com todas as filmagens ocorrendo na linda cidade de Lille, na França, o longa-metragem, que chega ao Brasil no próximo dia 14 de abril, conta a história de Mélodie (Anaïs Demoustier), uma jovem e valente advogada que se encontra em um dilema tanto na sua vida profissional, quanto em sua vida pessoal. Micha (Félix Moati) e Charlotte (Sophie Verbeeck), amigos de Mélodie, são um casal que faz meses que não se entendem e um dos motivos pode ser a própria Mélodie com que mantém um caso com cada um dos personagens. Alternando comédia e drama, este belo filme percorrerá com grande linha objetiva os caminhos de um relacionamento.

O roteiro é empolgante, consegue transformar três personagens em protagonistas sem que em nenhum momento haja algum tipo de conflito. As personalidades dos três personagens é algo muito bem trabalhado: Melanie e seu jeitinho doce mas que esconde uma personalidade forte que se encontra em um momento de conflito em vários campos de sua vida, Charlotte e suas eternas dúvidas sobre como amar e como descobrir uma maneira de renovar seu relacionamento, Micha com seu ar de tolo apaixonado que acaba amando e sofrendo duas mulheres cada uma de maneira completamente diferente. O legal desse conjunto é que torcemos o tempo todo para um final feliz para todos, tamanha a empatia contida em cena.

 Sem dúvidas é um filme com um toque de Nelson Rodrigues, não pela temática picante envolvida mas pela questão do olhar profundo que Bonnell consegue identificar ao olhar por trás da porta deste trio de jovens praticamente envolvidos em sua vontade de gritar pela liberdade do ato de amar.
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06/04/2016

Crítica do filme: 'Invasão a Londres'



Tem determinadas ideias que são somente as mesmas ideias de outros filmes. Dirigido pelo cineasta iraniano Babak Najafi e escrito por nada menos que quatro roteiristas, Invasão a Londres tem fortes chances de concorrer ao cobiçado Framboesa de Ouro. O roteiro beira à chatice, a direção é totalmente descontrolada e as atuações são uma das piores da carreira de Gerard Butler e Aaron Eckhart. É difícil encontrar alguma coisa que se salve nesse projeto que focou nos efeitos de explosões a todo instante e esqueceu de escrever uma trama mais envolvente.

Na trama, que segue como uma espécie de continuação de Invasão à Casa Branca (que faturou mais de 150 milhões de dólares nas bilheterias mundiais), voltamos a encontrar a dupla dinâmica: o presidente dos Estados Unidos, Benjamin Asher (Aaron Eckhart) e o agora chefe do serviço secreto Mike (o moço do 300), que dessa vez unem forças para conseguirem sobreviver a uma série de ataques ao primeiro, em solo britânico, após a ação maldosa de um grupo de terroristas que estão com raiva do planeta.

Olha, sendo bem honesto, fora os filmes do Nicolas Cage, é muito chato falar de filmes muito ruins. Invasão a Londres possui um roteiro previsível, personagens sem carisma e uma direção que se arrasta ao longo da projeção. Parece que as peças não se encaixaram, provavelmente será uma grande decepção para os que gostaram do primeiro filme dessa franquia. O projeto  não funciona como ação, se perde no drama e ainda tenta colocar alguns diálogos meio cômicos que encaixam muito mal. Há falhas nas subtramas, muitas não aproveitadas. Um dos caminhos para o filme dar certo passaria pelo sucesso dessas subtramas. Torcemos para que o filme acabe rapidamente, coisa que não acontece.

O longa estreia nesta quinta-feira e parece tentar manter a ideia de que os Estados Unidos são os sinistrões e que vencem todo mundo, sendo que toda essa ideologia é muito mal conduzida transformando o filme em um grande tédio.
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Crítica do filme: 'Absolutely Anything'



O mundo é um grande palco da arte do sonhar. Dirigido pelo cineasta galês Terry Jones Absolutely Anything é uma comédia britânica que mistura o feijão com arroz de um filme de comédia com um toque peculiar, tipo um tempero diferente, graças a sempre interessante entrega em cena do brilhante Simon Pegg. 

Sem previsão de estreia no Brasil, Absolutely Anything conta a história de Neil (Simon Pegg), um professor, que sonha em ser um escritor de sucesso, deveras infeliz que nutre uma quase paixão impossível, pela sua bela vizinha Catherine (Kate Beckinsale). Certo dia, tudo muda em sua pacata e sem expectativa vida. Graças a uma experiência de alguns alienígenas que estão em dúvidas sobre as qualidades na vida em nosso planeta , Neil ganha poderes de um Deus e precisa saber utilizar suas novas habilidades de maneira correta mas logo de início percebemos que isso será bem difícil. 

O longa-metragem, que estreou em agosto do ano passado nas terras britânicas, é um filme aguinha com açúcar que de bom mesmo fica somente a atuação de Simon Pegg que tem o poder de transformar diálogos fracos em piadas ótimas. Uma coisa honesta na trama é isso, o filme não tem muitas pretensões, o roteiro parece muito com outros filmes do gênero por mais que a dupla de protagonistas se sintam muito bem em cima. Há muitos improvisos da dupla, isso é nítido. 

Absolutely Anything cumpre parte de seu papel que é o de divertir, com uma certa qualidade imposta pelos atores em cena. Por outro lado, graças ao roteiro principalmente, o filme se encaixa também para futuras sessões da tarde, o roteiro é muito parecido com outros filmes que já foram exibidos nessa famosa sessão daquele famoso canal.  
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26/03/2016

Crítica do filme: 'Desajustados'

O homem nasceu para lutar e a sua vida é uma eterna batalha. Escrito e dirigido pelo cineasta francês Dagur Kári (diretor do ótimo O Bom Coração) Fúsi, no original, é uma grande fábula moderna sobre a solidão e o ato simples de recomeçar a vida. Muito definido em seus arcos, o roteiro navega com muita suavidade para dentro dos sentimentos do protagonista que são lapidados por características bastante peculiares e muito bem executadas pelo ótimo ator Gunnar Jónsson.  Desajustados é um daqueles filmes que entram no circuito de maneira discreta e surpreendem a gente.

Na trama, conhecemos o solitário Fúsi (Gunnar Jónsson), um ser humano que leva uma vida monótona em uma cidadezinha europeia. Fúsi trabalha no departamento de cargas e bagagens do aeroporto de sua cidade e quase diariamente sofre Bulliyng de alguns colegas de trabalho. O protagonista mora com sua mãe e seu padrasto, e certo dia, o segundo matricula Fúsi em uma aula de dança onde ele acaba conhecendo Sjöfn (Ilmur Kristjánsdóttir) e essa pode ser a grande chance dele descobrir uma nova vida.

O protagonista é repleto de curiosidades que fazem dele um ser humano único.  Se diverte jogando uma espécie de war com bonequinhos (Possui na sala de casa um modelo em miniatura da Batalha de El Alamein - durante a Segunda Guerra foi nesse campo de batalha que os aliados derrotaram pela primeira vez os nazistas), janta  no mesmo restaurante toda sexta-feira, quase toda noite liga para a rádio local e pede um heavy metal pesado para o apresentador do canal, além, de gostar de comer algo parecido com Nescau misturado no leite pela manhã, possuir um relacionamento até certo ponto distante com sua mãe e possuir uma capacidade fora do normal de agüentar as inúmeras pancadas que a vida lhe dá. 

Detalhista, a câmera do diretor faz questão de transportar o espectador para qualquer variável que se apresente na trajetória do protagonista. A solidão é muito bem desenvolvida nesta linha do detalhe. Na cena do restaurante, onde a lente da câmera aponta para o guardanapo e talheres que são retirados, já que Fusi jantará novamente sozinho, é delicada e abre espaço para o segundo ato. A questão dos detalhes aponta ainda para uma inteligente analogia entre um campo de batalha e as dificuldades do nosso dia a dia.

Nomeado para alguns prêmios internacionais, Desajustados, diretamente da Islândia, chega ao circuito brasileiro nesses próximos dias e merece muito ser conferido.

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25/03/2016

Crítica do filme: 'Pai em Dose Dupla'

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe. Dirigido pelo experiente em filmes de comédias, Sean Anders, Pai em Dose Dupla estreou há algumas semanas em nosso circuito de cinema trazendo mais uma vez a possibilidade do público assistir a um filme de sessão da tarde antes dele estrear na própria sessão da tarde. Misturando raros momentos interessantes com um show de trapalhadas ao estilo Os Trapalhões, o longa-metragem que tem a dupla Will Ferrell e Mark Wahlberg como protagonistas é mais um daqueles projetos que vamos esquecer rapidamente até o final do ano.

Na trama, conhecemos Brad (Will Ferrell), um homem certinho que vive uma vida confortável ao lado da esposa e dos dois filhos dela. Brad não é o pai biológico das crianças e seu grande sonho é que elas o respeitem como pai. Certo dia, o pai biológico das crianças, Dusty (Mark Wahlberg), volta depois de muito tempo sem aparecer e Brad precisará enfrentar as inúmeras tentativas dele em atrapalhar o cotidiano de sua família.

 Se o filme conseguisse se livrar das inúmeras besteiras que o roteiro apronta, o ponto principal da história não seria tão mal desenvolvido. Falar sobre paternidade é sempre interessante, quando o assunto é tratado com mais criatividade. Jogar ‘dois pais’ em cenas fazendo milhares de bizarrices para provar quem é melhor, é uma das ideias mais vistas em longas metragens hollywoodianos em toda a história do cinema. A falha principal é essa, não ser criativo na hora de desenvolver uma trama já vista em muitos outros filmes.

Outro fato que chama a atenção é o não desenvolvimento do personagem de Will Ferrell ao longo do longa, de protagonista inicial vira um coadjuvante quase imperceptível voltando a ter luz apenas nos momentos onde se precisa de dois personagens para executar alguma cena bizarra, seja andando de moto e ficando preso em uma parede, seja sendo constrangido por um médico especialista em fertilidade.


Pai em Dose Dupla em seu resumo final se propõe a divertir o público com a mesma fórmula de outros filmes. Será que consegue? 
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