Amor, o velho sucesso de bilheteria. O novo trabalho do
diretor Paulo Caldas é um drama que tenta gerar polêmica tocando em pontos complicados
porém muito mal expostos na telona. A abertura é maravilhosa, simples e muito
bem feita. Pena que é só isso. O roteiro é confuso, o espectador se sente
perdido entre os muitos personagens que rondam a fita. O drama estrelado por Fábio
Assunção e Maria Padilha tem um mérito, pode ser futuramente fruto de discussão
em universidades. Temas como aborto, abandono de batina, entre outros servem
como uma luva par algumas matérias. Também pode ser aproveitado nas aulas de
cinema, mais precisamente nas salas de roteiro como exemplo a não ser seguido.
Na trama, um padre com fortes convicções luta para defender
suas certezas perante um arcebispo impiedoso. Paralelo a essa luta, conhecemos
uma pianista que está morrendo e vive deprimida tendo apenas a música ao seu
alcance. Essas duas almas vão se encontrar e tentar buscar um sentido pra vida
e pro filme, para esse último infelizmente vira uma missão impossível. Uma
paixão que nasce mas não vemos. É uma situação forçada, em 5 minutos o padre
quer largar tudo, doar seu rim e viver um grande amor. Mas cadê as cenas ou
passagens que mostram o porquê dele tomar essa decisão? A trilha chega ao ponto
de ser insuportável. O pensamento: ‘Música clássica de novo só daqui a muitos
meses’ é frequente. Algumas cenas de bisturis só afastam mais ainda os olhos
cinéfilos da telona. O desconforto é frequente e eminente.
São muitas histórias muito mal contadas. O filme toca em
pontos polêmicos como o aborto e o poder da fé. Discussões entre a batina (povo
da fé) e o jaleco (médicos) são frequentes e tentam criar uma espécie de clima
tenso, só que isso não ocorre. Um dos personagens é uma jovem e atraente
oriental que só fala sobre um tal de horóscopo de sangue, não adiciona
absolutamente nada à história além de passar hidrante semi-nua de porta aberta
e comer um pote de hóstias com ketchup lendo mangás pornôs. É para ser
provocativo? Não deu para entender, sinceramente.
Diferentes de outros títulos nacionais recentes, País
do Desejo tem uma mensagem ou discussão para passar, pena que na hora
de juntar todos os elementos no liquidificador cinematográfico virou uma grande
confusão.