Partindo da premissa: Você não pode ser feliz o tempo todo,
foram moldados personagens nus e crus, cada um com sua loucura. Esse é o grande
achado dessa ótima fita O Lado bom da vida. O bipolar que
não entende piadas parece que está em constante observação pela comunidade,
pela família, um certo descontrole controlado é instaurado e muito bem
retratado pelos artistas. O descontrole emocional é frequente mas não é
restrito ao protagonista. Seu terapeuta indiano, fã de futebol americano, o
ajuda a controlar certos impulsos mas demonstra em várias cenas um certo tipo
de descontrole.
Na trama, acompanhamos um homem com sérios problemas
emocionais que pegou a mulher o traindo com um homem mais velho e as
consequências disso foram internação e distância da família. Algum tempo depois,
tentando superar seus problemas, o problemático homem volta para casa e conta
com o apoio da família, dos amigos e de uma moça que conhece por acaso. Entre
danças e promessas uma amizade vai se construindo sob pilares genuínos, com
verdade e sem segundas intenções, pelo menos não a princípio.
A direção é detalhista, é parte importante para que toda a
essência seja passada de maneira correta em cada cena. O destaque nessa questão
vai para as corridas de desespero, uma trajetória ansiosa em busca de um
sentido real para sua vida. Quando Jennifer Lawrence entra em cena, o longa começa
a ter mais sentido. Os personagens se completam de uma forma peculiar, diálogos
e reações completamente fora da normalidade. Mais um excelente trabalho desse
exuberante atriz da nova geração. Bradley Cooper (Sem Limites) consegue se
doar ao personagem. A sua construção cênica é inteligente e não se perde em
nenhum momento. Merecida sua indicação ao Oscar desse ano. Robert de Niro volta
a ser marcante em um papel depois de uma série de filmes terríveis. Bom ter o
velho touro indomável de volta.
Linguagens e termos americanizados são frequentes durante a
projeção. O espectador precisa ser no mínimo antenado com alguns termos e
expressões. Quem não conhece absolutamente nada de futebol americano pode
sentir certa dificuldade de compreensão em alguns diálogos.
O ritmo dançante transforma o filme em uma deliciosa
história de amor, louco como qualquer romance do lado de cá da telona. A trilha sonora é muito boa, vai se encaixando
com as sequências como uma moeda entrando num cofrinho. Há algumas
previsibilidades mas nada que atrapalhe a interação com o público. Ótimas
atuações, roteiro afiado e direção perto do impecável. Já viveu um louco amor?
Não perca O Lado bom da vida.