Nomeado a cinco categorias na próxima cerimônia do Globo de
Ouro (e com grandes chances de ser indicado também em algumas categorias no
Oscar do ano que vem), o novo trabalho do cineasta californiano Todd Haynes (Não Estou Lá) pode ser, desde já,
considerado um grande hino ao amor em uma época recheada de preconceito. No
papel título, a sensacional atriz australiana Cate Blanchett que mais uma vez
deve levar para casa a estatueta de Melhor Atriz no próximo Oscar por mais esse
impecável trabalho. Completando o elenco, e em atuações acima da média também,
Rooney Mara e Kyle Chandler.
Baseado no livro The
Price of Salt (1952), de Patricia Highsmith, Carol é ambientado na década de 50 e conta a história de Carol Aird
(Cate Blanchett) uma elegante mulher que vive um casamento de aparências, para
os outros diz ainda ser casada mas sua relação com o pai de sua única filha, Harge
Aird (Kyle Chandler), já acabou faz tempo. Tendo um histórico de
relacionamentos com outras mulheres, Carol se aproxima de encontrar novamente um
grande amor quando conhece a vendedora Therese Belivet (Rooney Mara) com quem
tem uma linda e inesquecível história de amor.
Uma coisa importante antes de alguns pontos de análise do
filme: A personagem principal não é só Carol, Therese Belivet (Rooney Mara)
rouba a cena em vários momentos! Descendente de tchecos, Therese é delicada,
observadora e que segue seus instintos sem medos. Pelos olhos dessa última, na
verdade, que vamos conhecendo as dificuldades da época e grande parte dos ‘clímaxs’
estamos sempre na ótica dessa. Quando as duas estão em cena, o que para nossa
sorte são muitas vezes, a troca de olhares entre elas é sempre fulminante, há
um interesse forte e recíproco, contido em cada gesto, cada atitude de que
vemos ao longo dos 118 minutos de projeção. Blanchett e Mara simplesmente se
entregam de corpo e alma em seus papéis.
Carol é uma forte personagem, uma mulher à frente de seu
tempo, que causa um verdadeiro e peculiar impacto com sua presença. Quando uma
questão jurídica chamada Cláusula da moralidade é presente na trama, vemos um
dos maiores absurdos da justiça norte-americana, fruto do preconceito de uma
época que não respeitava o amor entre pessoas do mesmo sexo. Mandante desse
processo contra Carol, Harge Aird, interpretado pelo ótimo Kyle Chandler, que,
entre um drink e outro, não admite perder a esposa, ainda mais para outra
mulher, assim, a confronta o tempo inteiro. Pena que o filme não vai muito
profundamente nesse briga de emoções, dariam ótimas cenas que deixariam a
personagem melhor compreendida.
O longa-metragem, que estreia dia 14 de janeiro no Brasil, concorreu
à Palma de Ouro no Festival de Cannes neste ano e deve, merecidamente, ganhar
muitos prêmios em festivais mundo à fora. Além da história muito bonita, uma
adaptação muito profunda e interessante, Blanchett e Mara simplesmente valem o
ingresso. Belo filme!