03/06/2021

Crítica do filme: 'O Convidado'


No universo dos negócios e do amor, nem sempre o equilíbrio acontece. Dirigido por Michael Winterbottom (do polêmico 9 Canções), O Convidado, disponível na Amazon Prime Video, mais é que um road movie camuflado de suspense. O roteiro é bem simples, busca suas forças em uma introspecção dos personagens, possui um abre alas, um arco inicial, muito confuso deixando lacunas abertas para serem preenchidas ao longo dos quase 100 minutos de projeção. É difícil ser fisgado com uma história travada em mistérios sobre um passado recente que pouco são explorados. Tendo paisagens de muitos lugares como a Índia e o Paquistão como plano de fundo, nos sentimos naqueles programas sobre viagens que encontramos em canais de televisão em algum dia do fim de semana pela manhã.


Na trama, conhecemos um jovem britânico, habilidoso com armas, chamado Jay (Dev Patel) que está em uma missão secreta e vai até a palestina sequestrar a farmacêutica Samira (Radhika Apte). Aos poucos vamos entendendo que esse sequestro acaba sendo uma espécie de missão de resgate, uma fuga da jovem organizada por um amigo de faculdade com o objetivo de fugir daquele lugar e viverem de umas pedras preciosas que conseguiram. A questão é que as peças não são bem explicadas e nada parece no lugar, deixando o desfecho dessa história, talvez, longe de um final feliz.


Um sequestro? Um salvamento? Demora para entendermos sobre o que é aquilo tudo e no fim nem podemos dizer que temos a certeza de que tudo fora explicado. O desejo de uma mulher em fugir de um casamento arranjado e automaticamente das tradições culturais de sua família pode ser definida como o ponto de interseção de uma história que envolve dois homens, um cúmplice e outro contratado. O projeto cresce quando busca o drama dentro de personagens calados, sofridos, mas com vontade de se libertarem sejam do que for, mas a distância do que realmente é aquilo tudo, dentro de um caótico suspense mal explicado, acaba nos afastando de mensagens nas entrelinhas deixando apenas fragmentos de reflexões sobre destino e objetivos.


Um dos principais problemas, é fato, não conseguimos nos conectar com os personagens e isso atrapalha demais nosso olhar sobre todo o contexto. Dizem que um filme bom te conquista nos primeiros 15 minutos. Esse teve mais de uma hora e meia e convence em raros momentos.