Quando o poder e o lucro se tornam ferramentas egoístas sem pensar no próximo. Chegou recentemente ao catálogo da Netflix o documentário produzido por Ron Howard, Queda Livre: A Tragédia do Caso Boeing. Ao longo de uma hora e meia de projeção vamos descobrindo variáveis importantes deixadas de lado por uma das principais empresas da aviação comercial que visando sua reestruturação, ações, dinheiro, lucro abandonou princípios básicos de segurança ocasionando perdas humanas em dois polêmicos acidentes aéreos em um curto intervalo. No documentário, muito bem conduzido pela cineasta Rory Kennedy, indicada ao Oscar 2015 na categoria de Melhor Documentário em Longa-Metragem por Last Days in Vietnam, vemos as dores das famílias, as investigações de um jornalista de um jornal norte-americano, depoimentos de especialistas em aviação que buscam entender como a omissão fora ator importante para essas tragédias.
Voltamos aos desenrolares de alerta do ano de 2019 e início
de 2020, quando duas aeronaves fabricadas pela empresa Boeing caíram de maneira
misteriosa em dois lugares diferente do mundo matando todos à bordo. Buscando
explicações para o ocorrido, um jornalista começa a receber informações de que
as aeronaves, de mesmo modelo (737 MAX) possuíam um dispositivo que não fora
mencionado nem treinado por pilotos que comandam esse modelo de avião. Assim,
buscando respostas para cada vez mais perguntas que se amontoam, vamos vendo
recortes de tempo de como a Boeing fora mudando seu modo de operar visando cada
vez mais o lucro e passando batido por situações de segurança.
Esse avassalador documentário consegue nos apresentar diversos
pontos de vista sobre essas tragédias em paralelo à busca por respostas e
responsabilidades dos reais responsáveis. Partindo do princípio que para uma avião
cair é preciso que uma série de problemas aconteçam quase ao mesmo tempo, o
documentário busca seus argumentos através de ex-funcionários da companhia norte-americana
e em pesquisas feitas por parentes das vítimas. O lado dos pilotos também é
muito bem representado por influentes organizações deixando bem claro que houve
erros durante todo o processo de modificações de uma espécie de software que
fora acoplado no modelo de aeronave mencionado acima. A agência reguladora
norte-americana também é colocada sob holofote, principalmente com as ações de
governantes mundiais logo após a queda da segunda aeronave.
O resumo óbvio de tudo que é apresentado fica na razão de
que os acidentes poderiam ter sido evitados e que centenas de famílias não
precisariam se despedir dos seus parentes queridos de forma tão trágica. Queda
Livre: A Tragédia do Caso Boeing é um pulsante projeto que mete o dedo nas
feridas de uma das maiores empresas norte-americanas das últimas décadas.