Quais as lições que aprendemos em meio ao caos? Por dentro de emoções sobre as verdades doloridas de um presente incerto, o filme O Que Tiver que Ser, abraça o labirinto angustiante da melancolia mostrando versões de um sufocar que encontram as reconexões através do mais forte dos sentimentos. Escrito, dirigido e protagonizado pela artista sueca Josephine Bornebusch, essa produção europeia, lançada sem grande divulgação pela Netflix, é um grande achado que logo chegou ao Top 3 da plataforma. Um recorte maduro sobre relacionamentos.
Na trama conhecemos o casal Stella (Josephine Bornebusch) e Gustav (Pål Sverre Hagen) que estão em um relacionamento de anos, já em
ruínas. Ela uma mulher amargurada pelo rumo do seu casamento com uma notícia
que esconde da família, ele um psicólogo que deixou faz tempo de ser presente
como pai e marido. Juntos embarcam em uma viagem para acompanhar a filha
adolescente Anna (Sigrid Johnson)
numa competição de pole dance. Durante esse tempo, aprenderão mais uns sobre os
outros e dilemas aparecerão, principalmente por conta do segredo que Stella
esconde de todos.
Comovente e destrinchando seu discurso de forma profunda, o
roteiro estabiliza no seu recorte sobre esse relacionamento em crise abrindo um
leque de camadas que chegam forte na emoção. A narrativa busca complementos nas
imagens e movimentos para enfatizar os fortes e conflituosos sentimentos que
surgem a cada nova descoberta. Percebemos um olhar profundo para o contraste
entre o controle e o descontrole, elementos frequentes nessa gangorra de situações.
Os diálogos, alguns bem intensos, provocam as reflexões através do desencontro e
de conflitos por todos os lados.
Quais as lições que aprendemos em meio ao caos? Essa é uma
pergunta que chega com força, principalmente para quem consegue se aproximar bastante
do que é visto. Relacionamentos não são fáceis, isso é uma questão que sempre
gera boas considerações. Em O Que Tiver
que Ser, as respostas chegam por meio de desconstruções, do baixar a guarda
para o diálogo, no cair da ficha sobre prioridades da vida. Um dos méritos da
produção é ampliar esse novo renascer para os relacionamentos através de todos
os personagens que compõem essa família.