11/08/2013

Crítica do filme: 'Deixe a Luz Acesa'

Em um relacionamento, as pessoas se somam ou se complementam? Para falar de amor a um nível intenso, cheio de dramas e conflitos, o diretor Ira Sachs (Vida de Casado) aborda todas essas variáveis aplicadas a um relacionamento homossexual no excelente drama Deixe a Luz Acesa.  Além da direção primorosa, o longa conta com uma atuação espetacular de seu protagonista, o dinamarquês Thure Lindhardt (Velozes e Furiosos 6).

Na trama, acompanhamos o cineasta Erik (Lindhardt), um documentarista morador de Manhattan, homossexual, que gosta de conhecer pessoas pelo telefone. Em uma dessas ligações, conhece o enrustido advogado Paul. O relacionamento dos dois se torna cada vez mais excessivo, alimentado por altos e baixos e comportamentos fora do normal. A luta de ambos é na verdade uma grande negociação dos limites que ambos ultrapassam a cada nova ação inconsequente.

A falta de maturidade é a grande questão abordada do magnificente roteiro. O relacionamento dos protagonistas se torna descontrolado, há amor, paixão e amizade mas ambos não conseguem dosar suas atitudes, vícios de drogas e sumiços sem explicações. Traições se tornam frequentes, levando ambos para o fundo do poço. Um dos personagens ainda consegue desafogar suas mágoas no excelente núcleo familiar comandado pela carismática e querida pelos cinéfilos Paprika Steen (Amor é Tudo o Que Você Precisa).

O filme não é em nenhum momento vulgar e não possui cenas desnecessárias de nudez e sexo. Tudo é muito bem dosado nos excelentes planos e enquadramentos de Sachs. Há um grande preconceito contra filmes que falam de maneira aberta e clara sobre relacionamentos homossexuais. Esse drama é uma aula de cinema, há pureza e poesia nesta história que vai marcar quem a conferir.


A entrega dos atores que mais circulam pelas lentes de Sachs é um ponto importante para criar a mais possível veracidade da história. Thure Lindhardt e Zachary Booth (Um Novo Despertar) dão um verdadeiro show em cena. Como o filme é repleto de altos e baixos, contando a saga deste conturbado relacionamento, os artistas precisam ser fiéis a seus personagens, rindo e chorando ao limite. Um esforço que vemos do primeiro ao último minuto. Merece ser conferido! Bravo!