27/08/2013

Crítica do filme: 'Se Puder...Dirija!'

Para a primeira tentativa nacional de gravar em live action usando tecnologia 3D, a história escolhida não poderia ser pior. Dirigido pelo cineasta Paulo Fontenelle (Intruso), a nova comédia brasileira Se Puder... Dirija! é uma experiência terrível para quem espera uma história inteligente e longe de bobeiras – típicas nos últimos filmes do gênero feitos no Brasil. Os personagens interagem de maneira superficial, o roteiro não se encontra e logomarcas de patrocinadores recebem mais atenção que a história. Resumindo, uma experiência sonolenta.

Distribuído pela Disney e pela Buena Vista, Se Puder... Dirija! conta a história de João (Luis Fernando Guimarães) um manobrista que vive deprimido por estar longe de sua família após o divórcio. Certo dia, após reflexões em um frustrado aniversário, resolve se tornar um pai mais presente e convida seu filho Quinho para passar o dia com ele. Atrasado para esse compromisso, pega emprestado o carro de uma cliente – a médica Márcia (Bárbara Paz), e parte para uma série de imprevistos no que era para ser um dia de diversão entre pai e filho.

O principal erro do filme tem haver com o roteiro. Personagens sem objetivos circulam pela trama como se estivessem em um desfile de moda. Situações forçadas – que dificilmente iriam acontecer no mundo real – são despejadas na tela transformando o enredo em uma grande confusão que é apresentada ao espectador. O personagem principal, interpretado pelo comediante Luis Fernando Guimarães (Os Normais 2) também é um pobre coitado perdido em cena. Sem objetivo fixo, fica vagando entre as toscas sequências captadas pelas lentes do diretor.

Uma das coisas que mais incomodam é a exposição – algumas desnecessárias – de logomarcas patrocinadoras nas cenas. O protagonista trabalha como manobrista e para surpresa geral, quase todos os carros são de uma marca famosa francesa (que patrocina o filme). Isso destrói qualquer tipo de veracidade. Outro fator irritante no filme é a interação de Reynaldo Gianecchini e Lívia de Bueno, os efeitos no cabelo da personagem feminina e um charme forçado do outro personagem fazem o público ficar atônitos com tamanha bobagem.

A experiência em 3D não muda em nada a interação com público, a expectativa gerada cai por terra quando a história não é boa. A única coisa que muda realmente é que o público vai pagar mais caro na bilheteria dos cinemas. E o que não muda é que o espectador vai comprar seu ticket para ver um filme nacional e – a maioria – se arrependerá.