20/12/2016

Crítica do filme: 'O Lar das Crianças Peculiares'

Expectativas são sempre angustiantes, mas a realidade pode corresponder à nossa fantasia, às vezes. Baseado no livro O Orfanato da Srta. Peregrine, de Ransom Riggs. o novo trabalho do mago da peculiaridade Tim Burton chegou aos cinemas brasileiros em setembro desse ano com a promessa de conquistar uma legião de fãs do famoso cineasta. O Lar das Crianças Peculiares é um trabalho que mostra a marca desse incrível diretor e sua arte de dar vida a seres inusitados que exalam carisma em cada cena.

Na trama, conhecemos o jovem Jacob (Asa Butterfield), um adolescente que após uma impactante tragédia ocorrida com seu avô em barca em uma aventura para descobrir as respostas de alguns mistérios cheios de lacunas. Assim, embarca com o pai até uma região remota do País de Gales à procura do desconhecido Orfanato da Srta. Peregrine para crianças Peculiares. O que ele não esperava era encontrar um incrível universo cheio de poderes especiais, fendas que estabilizam o tempo e personagens inesquecíveis.

A arte de trabalhar com o sobrenatural e as ramificações oriundas da leveza do ser humano é uma das marcas desse incrível projeto. Burton se supera mais uma vez, preenche os elementos técnicos do filme com muita sabedoria, dá voz a alma de todos os personagens, impressionante como conseguimos nos conectar com a trama a cada segundo. Os movimentos inusitados que o roteiro feito por Jane Goldman (que participou das equipes de dois filmes da franquia X-Men) aborda se tornam um grande canal de conexão com o espectador.


Ao longo dos 127 minutos de projeção, nos sentimos em um grande jogo de RPG, onde cada rodada novos personagens ficam mais fortes e surpresas pelo caminho são eminentes. O Lar das Crianças Peculiares não é o melhor filme de Tim Burton mas é uma aventura que entra para a galeria de personagens incríveis que só um diretor como Burton consegue dar vida sempre em torno de uma poesia melodramática dark que se torna sempre diferente de tudo que já vimos.