18/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #217 - Morgana Melo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Niterói. Morgana Melo é destinada à Comunicação. Além de ser geminiana e da formação em Jornalismo, cursa Cinema e está cada vez mais apaixonada pelo mundo da cultura. Tem o sonho de criar narrativas, audiovisuais ou não, para que muitos possam se identificar e encontrar, na sua escrita, sua própria zona de conforto. A arte é muito importante para nos fazer sentir vivos e ela pretende andar de mãos dadas com ela por muitos e muitos anos.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação?

Detalhe o porquê da escolha. Eu gosto muito de ir ao Reserva Cultural, pelo número restrito de pessoas e ser um ambiente que respira cultura. Geralmente, assisto aos filmes que não passam nas grandes cadeias de cinema (principalmente, os do Oscar).

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

 Por incrível que pareça, já tive esta experiência no meu primeiro filme no cinema, que foi Lilo & Stitch. Saí como se tivesse descoberto um novo mundo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Apesar de amar Woody Allen (como profissional), escolho Richard Curtis. Eu admiro diversas obras, então fico entre Notting Hill e About Time.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Estou em falta com filmes brasileiros, então fico com Minha vida em Marte. Gosto muito da escrita da Mônica Martelli.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Gostar de assistir filmes para além do entretenimento e, sim, como estudo e forma de compreender a sociedade. Afinal, a arte imita a vida e vice-versa.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Não mesmo! Querendo ou não, o cinema é uma das principais indústrias e, consequentemente, visa o lucro. Sendo assim, os filmes escolhidos, em geral, são os blockbusters. Aqui mesmo, em Niterói, se quisermos ver obras de qualidade, precisamos ir ao Reserva Cultural, Cine UFF ou pegar um transporte até a Zona Sul do Rio de Janeiro.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Sua estrutura será constantemente modificada de acordo com a tecnologia e nosso conforto.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O francês Qual é o nome do bebê?. Original e com diálogos excelentes.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não! Acho uma tremenda irresponsabilidade fazer isso, visto que são ambientes fechados que as pessoas comem e conversam. Ter o distanciamento social, neste caso, é irrelevante. Já temos alternativas, online e a volta dos drive-ins.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Mudanças são necessárias. Ainda temos muito a visão de que precisamos imitar Hollywood para sermos ouvidos, mas quando vamos por conta própria, temos excelentes resultados.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não sei se faço isso com os nacionais, mas Paulo Gustavo, Ingrid Guimarães e outros da comédia. Gosto muito de vários, mas eles são mais do teatro e da tv.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte que me tira do lugar mesmo sentada em uma cadeira.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Quando estava assistindo Me Chame Pelo Meu Nome, não havia quase ninguém na sessão. Na mesma fileira que eu, tinha um grupo de senhoras assistindo e comentando. Em diversas cenas LGBT, todas faziam comentários homofóbicos e muito pesados. No momento em que o pai do protagonista debate sobre a sexualidade do filho, elas ficam horrorizadas e se opõem ao discurso liberal feito. Minha vontade foi de entrar numa discussão sobre como as pessoas não pesquisam sobre os filmes antes de assistir (além de todo o preconceito que merecia um silenciamento), mas optei por passar raiva e deixar para lá. Tá, tudo bem, aproveitei que estava com uma amiga e comentei, em alto e bom som, o que eu tinha gostado no filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Infelizmente, nunca vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que para ser um diretor de cinema você precisa de referências. Não é essencial que você conheça todos os movimentos e estudos de câmera, mas ter inspirações e conhecer histórias faz com que seu trabalho seja ainda mais completo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

 Tenho uma lista de filmes que detesto, mas acho que O Pequenino.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Elena, de Petra Costa. É tão sensível e potente que me inspira para meus próprios roteiros sobre vivências pessoais. É a mistura de realidade com a imaginação criativa.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, com certeza. Mais no embalo de todos estarem fazendo do que puxar. Inclusive, acho um tanto curioso pessoas baterem palma para algo/alguém que não consegue escutá-las.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não me recordo de nenhum que chame a minha atenção.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete e Adoro Cinema.