23/04/2021

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Crítica do filme: 'Estados Unidos Vs Billie Holiday'


A incompreensão sobre a dona de uma voz marcante, inesquecível. Baseado no livro Chasing the Scream de Johann Hari, Estados Unidos Vs Billie Holiday, novo trabalho do cineasta Lee Daniels (diretor do sucesso Preciosa: Uma História de Esperança), Estados Unidos Vs Billie Holiday conta em certos detalhes (dentro de um ponto de vista que pode ser até questionável) alguns anos de vida da inesquecível cantora norte-americana Billie Holiday e sua guerra contra o governo, entre outras questões por conta de uma música emblemática chamada Strange Fruit onde condena o racismo em seu país, especialmente o linchamento de afro-americanos. O filme está indicado ao Oscar de Melhor atriz pela bela e impactante interpretação de Andra Day.  


Na trama, conhecemos, já no auge, cerca de dez anos em sequência da vida da cantora Billie Holiday (Andra Day), uma mulher corajosa que enfrentou enormes dificuldades desde criança, sofreu abusos durante muito tempo e se relacionou com diversos homens violentos. Durante sua fase de maior sucesso, nem os direitos autorais recebia, ficando nas mãos de produtores de shows e alguns que diziam ajudar sua carreira. Ela foi uma viciada em drogas pesadas e por conta disso acabara sendo condenada à prisão durante algum tempo, muito também pela perseguição imposta por J. Edgar Hoover e seu FBI que se incomodavam quando ela cantava uma música chamada Strange Fruit, um tapa na cara de um governo que não fazia nada na época para mudar as atrocidades que os negros sofriam por toda a América, principalmente no sul do país.


Toda biografia tem seus pontos positivos e negativos. Buscando detalhar mais sobre os absurdos sofridos pela artista, seus vícios, a perseguição que sofrera do governo e seus relacionamentos que vão desde um agente infiltrado do FBI chamado Jimmy (Trevante Rhodes) até com a atriz Tallulah Bankhead (Natasha Lyonne), acaba esquecendo, ou melhor, não dando tanta importância a força da artista no palco à questão musical que, por mais que esteja envolvida na trama, fica apenas na superfície.


Figura incompreendida por muitos, que tinha fãs de todas as cores e classes sociais, foi uma das grandes personalidades a usar sua arte para dizer suas indignações do que via ao mundo, esperando mudanças. Estados Unidos Vs Billie Holiday, disponível na Amazon Prime, vale para conhecermos mais sobre uma das maiores divas do Jazz, ao lado de Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, mesmo que não consiga contar uma história de vida tão complexa de maneira mais completa.