07/07/2025

Crítica do filme: 'Um Tipo de Loucura'


Abordando a força do amor na batalha cruel contra o declínio nas habilidades mentais, o longa-metragem sul-africano Um Tipo de Loucura – completamente escondido no ótimo catálogo do Prime Video - nos leva até uma história apaixonante, com altos graus de emoções, em uma narrativa que mergulha de corpo e a alma nos últimos elos de lembranças enraizadas de uma linda história de amor. Escrito e dirigido pelo cineasta Christiaan Olwagen, o filme deve esquentar até aqueles corações mais gelados.

Elna (Sandra Prinsloo) e Dan (Ian Roberts) se conhecem há muitas décadas e abriram mão de tudo para formar uma família sempre com o objetivo de viverem juntos até os fins dos dias. Já com três filhos e vida consolidada, Elna começa a sofrer de demência, fato que a faz ser hospitalizada e ficar longe de seu grande amor. Sem saber como lidar com a situação, Dan resolve invadir o lugar e partir com Elna para o resgate de lembranças de momentos marcantes do casal.  

Como contar uma história de amor de forma dilacerante? Partindo de um inusitado resgate – que simplifica o poder de um amar – Um Tipo de Loucura atravessa qualquer esconderijo da mesmice para nos levar até o pulsar de um subconsciente através de lapsos de memórias de um alguém com um declínio progressivo nas funções cognitivas. Apresentar esse tema já é algo valioso, que gera muitas reflexões, mas o roteiro consegue ir mais longe e mostrar o olhar de toda uma família para a situação que se apresenta.

Com o uso inteligente de flashbacks e cenas repletas de entrelinhas, a narrativa se desenrola com naturalidade e harmonia. Lançado discretamente em um dos principais catálogos de streaming no Brasil, o projeto apresenta uma história de amor que atravessa décadas, enfrentando dilemas e obstáculos – mas nada tão doloroso quanto os acontecimentos do presente. É fácil para parte do público traçar paralelos com a vida real, já que o tema toca diretamente em aspectos sensíveis da nossa realidade.

Com a demência posicionada no centro da trama – ainda que sem grandes explicações sobre os sintomas envolvidos – a narrativa abre espaço para diversas camadas significativas. Elas vão desde os conflitos sobre como lidar com a condição, que afetam toda a família, até os fragmentos de consciência da protagonista a respeito da própria realidade. Esse carrossel de emoções, com ótimas interpretações, transformam Um Tipo de Loucura é um filme necessário e certeiro para você que vive ou já viveu um grande amor.